[Alto Leblon] Mansão Kennedy

*Marie-Amélie não planejara dormir fora de seu refúgio logo em sua primeira noite, mas os negócios do clã eram mais importantes para ela que suas instalações, e Martine, de qualquer maneira, estaria cuidando muito bem dos negócios, como de hábito. Acorda na casa de Leon Kennedy, num horário um tanto tardio, quando diversos dos outros já estão de pé, só tendo para vestir o mesmo vestido da noite anterior. Permite-se odiar a situação: aparecer desajeitada e ainda passar por preguiçosa.*

- Mas não dizem os franceses que bretões são arrogantes, Maï? *resmunga para si mesma, enfim, forçando-se a recuperar o bom humor* Um ventrue bretão, então, nunca deve nada a ninguém.

*E armando-se de sua arrogância bretã, sobe no salto, ergue o queixo e, cumprimentando elegantemente todos os que encontra, dirige-se diretamente para a área externa, onde procura um recanto longe de ouvidos indiscretos para perguntar a Martine as notícias dos negócios e pedir que lhe envie uma nova muda de roupa*

Logo assim que a noite começa Price desperta de seu sono sobrenatural. O olhar distante se lança sobre o teto do quarto onde estava e rapidamente sua mente trabalha para lembra-lo de que não estava em um de seus refúgios.

Havia passado aquela manhã na mansão de Kennedy e precisava ter certeza de que ainda aquela noite teria um refugio para o qual voltar e não abusar da hospitalidade de seu futuro Príncipe. Mesmo sendo do mesmo Clã o Ventrue sabia como era desagradável ter “agregados” eu seus domínios.

Finalmente de pé, Price se da o direito de tomar um longo banho e assim que se considera devidamente limpo segue para o quarto, onde pega seu celular e manda uma mensagem para Julius, para lembra-lo de providenciar sua mudança o mais rápido possível.

Vestindo-se com as mesmas roupas da noite anterior o Ventrue segue para fora de seu quarto e cumprimenta todos que encontra pelo caminho com um sorriso simpático enquanto seguia para o Hall onde provavelmente encontraria seus outros irmãos de Clã.

A chegada de Jessica ao Hall da mansão faz um novo sorriso surgir nos lábios de Price. Assim que a Sangue Azul se aproxima ele toma sua mão e a beija com gentileza. Logo após sua pergunta sobre a cidade o Ventrue diz:

- Estou ansioso para deixar minha marca no recomeço desta cidade senhorita Montecchio. Sem sombra de duvidas ... Aproveitando que esta aqui poderia me dizer com que frequência o Clã se reúne? Creio que não sejamos apenas nos quatro nesta cidade...

Price falava tranquilamente enquanto acompanhava Jessica em saguão principal da mansão.

O deslocamento do Santos Dumont para a zona sul da cidade foi mais demorado do que Eugênio esperava. O horário e a quantidade de carros não ajudava muito. Sem falar das obras. Parecia existir um buraco em cada esquina da cidade. Enquanto William se esforçava para não ficar tanto tempo parado e Luiza fornecia as informações que conseguira levantar até a chegada do Ventrue, ele olhava pela janela e tentava identificar as mudanças ocorridas desde a última vez que pisara ali. Por mais que acompanhasse à distância as noticias e os acontecimentos da cidade era muito diferente ver ao vivo e a cores tudo aquilo que via através de fotos na net.

Depois de alguns sinais, buzinas e devaneios a Santa Fé se encontrava parada na entrada de uma grande mansão. Eugênio não precisou dizer nada, Luiza já orientava William a localizar o portão de entrada e verificar se haveria alguém que autorizasse a entrada do carro.

O carro para e Eugênio e Luiza descem. O Ventrue passa a mão levemente em seu terno preto de corte italiano, abotoando um dos botões. Só então, se vendo devidamente composto, caminha em direção à porta sendo seguido pela carniçal. Como ainda não tinha idéia do tempo que passaria ali achou melhor não dispensar seus carniçais. Ele se aproxima da senhora que o aguarda, sua feição é tranquila e leve. Então gentilmente diz:

"- Boa noite. "

O Ventrue fica surpreso de saber que não haviam sido apenas ele e Bourdon a chegar na cidade na noite de ontem. Definitivamente aquilo era uma faca de dois gumes, pois deixava um grande leque de possibilidades a ser explorado, mas também tinha menos recursos com que pudesse contar a curto prazo. Diante disso Price deixa escapar apenas uma palavra:

- Certamente...

A chegada da carniçal que era acompanhada de uma desconhecida figura acaba com a conversa. A apresentação do mesmo sendo um outro Sangue Azul recem chegado faz Price abrir um largo sorriso e com a mão estendida diz:

- Seja bem vindo Sr Beauharnais, Rurik Price... É um prazer conhece-lo.

- Quase tanto tempo quanto você eu diria...

Diz Price com um tom de voz comico. O Ventrue então prossegue dizendo:

- Cheguei a cidade na noite passada... Já a senhorita Montecchio esta a tanto tempo quanto sr Kennedy. Sou Europeu... Mais precisamente Ingles. Mas ja deixei minha terra natal a muitos anos... E o sr? De onde vem?

A conversa se desenrolava e a informação de que Eugenio era um carioca nato agradou bastante os ouvidos de Price. Ao menos ele ja estava mais familiarizado com a cidade do que ele.

Diante do comentario de Jéssica o Ventrue deixa escapar uma risada rapida e descontraida e então logo responde com sua tipica voz encantadora e tranquila:

- Não tenho pretenções de sair da cidade tão cedo Sr Montecchio... Não enquanto a Praga não for erradicada da cidade. Depois disso... Quem sabe.

*Marie-Amélie espera na entrada pelo aparecimento de Martine, pega as roupas, vai diretamente para seu quarto e se troca. Só então, com os mesmos sapatos, os cabelos que lhe descem até a metade das costas escovados e uma maquiagem discreta, propõe-se a juntar-se definitivamente aos outros.*

*A balzaquiana bonita, de grandes olhos verdes, equilibrada sobre um salto espetacular, avança na direção de Rurik, Jéssica e Eugênio, deslizando em seu português de ativo sotaque francês*

- Boa noite, messieurs, madame... *Sorri encantadora para Eugênio, estendendo a mão* Muito prazer, sou Marie-Amélie Bourdon. O senhor acabou de chegar? Estou aqui desde ontem.

*E voltando-se com a mesma gentileza para Jéssica*

- Madame Montecchio, sabe dizer a que horas nos reuniremos?

Os olhos de Boaventura se abrem novamente ao fim do dia. Não gostava da ideia de acordar em um local desconhecido, cercado por pessoas desconhecidas, mas essas eram as prioridades do clã. As noites pareciam cada vez mais curtas no verão brasileiro - o que irritava profundamente o vampiro - e todo o tempo era precioso, ainda que tivessem a eternidade pela frente. O vampiro banhou-se e vestiu-se e deixou o quarto.

Chegando ao hall principal Lucas reconhece as figuras da noite anterior, principalmente Montecchio, com quem havia trocado algumas palavras a mais. Lucas desce as escadas com entusiasmo e com um sorriso no rosto, como se ele mesmo fosse o anfitrião daquela situação.

"- Boa noite meus queridos irmãos."

A aproximação de Bourdon faz Price abrir um novo sorriso para a irmã de Clã. Não havia tido tempo de conversar com a mesma na noite passada já que a mesma estava prestes a acabar. Antes mesmo que pudesse lhe desejar boa noite ou qualquer outro comentário sobre a possibilidade de haver uma reunião Leon chega e anuncia que ela seria feita naquele instante.

O Ventrue fica visivelmente satisfeito. Poderia ver ali se haviam outros com o mesmo interesse. A chegada de um outro vampiro chama sua atenção. Não o conhecia ainda, mas não perde a chance de estender-lhe a mão para cumprimenta-lo.

- Boa noite Sr... Rurik Price.

O sorriso e a voz encantadora eram notáveis no vampiro de traços ingleses e assim que termina de cumprimentar Boaventura diz para Leon:

- Eu creio que as estratégias de como exterminar o Sabá estejam inclusos no plano “estratégias de liderança do principado”, então gostaria apenas de solicitar a inclusão no tema “lobisomens”. Creio que todos aqui já ouvimos que existe uma “aliança” com os lobos, mas quais suas bases e o quanto realmente podemos aproveitar isso... Até contra o já dito Sabá...

A resposta dada por Leon não agrada 100% Price, mas ele já imaginava que um acordo com os lobos não poderia ser algo que ele consideraria “seguro”. Se a regra sobre a Máscara era um diferencial entre a vida ou a morte ele não precisaria se esforçar para fazer os lobisomens virarem um problema para o Sabá, pois eles mesmos já se condenariam mais cedo ou mais tarde.

Price pensa em contra argumentar sobre organizar um plano contra o Sabá não ser apenas um problema nosso, mas uma obrigação nossa como lideres da Camarilla, mas preferia deixar que a reunião começasse e colocar sua visão de guerra sobre a estratégia política na cidade.

Então, com um aceno de cabeça e seu típico sorriso Price diz:

- De acordo...

Eugênio, quando fazia menção em retribuir aos cumprimentos dos demais membros que acabavam de chegar, foi interrompido pela entrada do Sr. Kennedy. Na verdade achava aquilo bom pois iriam finalmente tratar do que precisavam. Haveriam outras ocasiões para conversas mais amenas.

Quando os serviçais fizeram menção de lhe servir uma dose de whisky fez um leve gesto de recusa com a mão e se concentrou na voz do Sr. Kennedy. Tinha várias dúvidas sobre a realidade e os rumos da cidade: o sabá, os lobisomens, os outros clãs e as possibilidades de negócios existentes, não necessariamente nesta ordem. Apesar disso, achara melhor, nesse momento, ouvir mais do que falar.

"- De acordo...Sr. Kennedy."