[Alto Leblon] Mansão Kennedy

Eugênio se resume a um leve aceno de positivo com a cabeça para Lucas como que parabenizando-o, sinceramente, pela escolha e aguarda o desdobramento da reunião.

Boaventura se levanta, abotoando seu blazer e comenta.

"- Uma pena termos nossa reunião interrompida pela inconsequência de outros. Pensei que ainda discutiríamos a estratégia de liderança do clã e o posicionamento de influência individual de cada um de nossos membros. Talvez o pudéssemos fazer no caminho. "

*Marie-Amélie ergue um pouco as sobrancelhas com o que Leon diz a respeito do golpe do toreador Pezzini. Em sua Bretanha natal, toreadores e ventrues nunca haviam sido os melhores amigos, graças à influência perniciosa do finado marquês de Rennes e sua birra com os ventrues da vizinha Normandia, de modo que aquele ato desonesto não lhe causa uma surpresa total. Levanta-se quase imediatamente*

- Bom, não temos tempo a perder, então. A presença maciça e unida do clã é fundamental neste momento.

*Dá um sorriso adorável para Lucas*

- Concordo, caro monsieur Boaventura, mas não acho que devamos tomar essas decisões às pressas, no caminho para o Elísio. Podemos fazer essa reunião tão fundamental amanhã, durante ou logo após a festa de reinauguração do Hotel Glória, de minha propriedade. Há um espaço especialíssimo que podemos utilizar sem ser perturbados. Então já teremos todas as cartas na mesa, todas as posições tomadas, e saberemos exatamente qual terreno pisamos. Aliás... ainda não tive a oportunidade de convidá-los todos para a festa. Pode ser a primeira reunião de membros numa situação dessas desde a retomada. E quem sabe comemorar nosso novo príncipe?

*Termina lançando um olhar e um sorriso significativo para Leon.*

- O que acham disso? Podemos fazer assim?

Percebendo que a reunião chegara ao fim Eugênio se levanta e, como o Sr. Kennedy orientara, segue o Sr. Prinze para o Helicoptero. O Ventrue está pensativo, pega o cel e manda uma mensagem pelo whatsapp para sua carniçal (Volte com William para o refúgio, descanse e continue com nossa programação amanhã. William deve esperar meu contato para me buscar). Ao chegar no Heliporto Eugênio espera que a Sra. Bourdon suba primeiro na aeronave lhe estendendo a mão no sentido de auxiliá-la. Depois que ela e o Sr. Boaventura entram e se sentam, Eugênio entra, se acomoda e afivela o cinto de segurança (voar não era sua preferência). Só então ele compartilha sua preocupação com os outros dois Ventrues:

"- Não me parece muito seguro ter dois Assassinos sob ordens do Clã das Rosas. Principalmente neste momento em que a Côrte ainda está se implementando na cidade." Fala com a intenção de ouvir a opinião dos demais.

E continua:

"- Também acho uma pena que isso tenha atrapalhado a continuação de nossa reunião." Lembrava da preocupação do Sr. Boaventura e achara apropriada a proposta de continuarem na próxima noite feita pela Sra. Bourdon.

"- Mas amanhã poderemos discutir mais detidamente a situação política da Seita na cidade. Dessa vez tendo a Sra. Bourdon como anfitriã." Eugênio sorri para a Ventrue e conclui:

"- É muito bom saber que o Hotel Glória voltará a funcionar, Sra. Bourdon. A cidade só tem a agradecer à Sra."

Lucas entrou no helicóptero após a Praetor e foi seguido por Eugênio, que seguiu fazendo algumas considerações.

"- É mais do que perigoso senhor Beauharnais, é inconsequente, e principalmente, uma afronta. Não sei ao certo o que mais incomodou o Sr. Kennedy, se foi a presença dos Assassinos ou o fato de Horazio ter manipulado o voo dos arcontes para que ele mesmo pudesse recebê-los. Eu tendo a crer na segunda opção. Os Assamitas fazem parte do absurdo que chama a atenção do clã das rosas. Horazio deve considerá-los "toques finais" na produção de seu show. Na certa o degenerado já deve ter experimentado outras espadas desses assassinos...."

Lucas ponderou um pouco mais.

"- Se o clã das rosas for liderado por Horazio, pelo visto não os teremos como aliados nessa cidade."

*Então o mal-educado ousava dirigir-se a ela sem nem sequer tentar apresentar-se propriamente? Ora, Marie-Amélie tem experiência demais em Elísios para saber como colocar esses bajuladores em seu lugar. Ignorando o comentário de Eugênio, volta-se para Lucas calmamente*

- Sei que existe ainda um grande preconceito contra os assamitas na Camarilla, monsieur Boaventura *pronuncia o nome à francesa*, mas nem todos são os monstros selvagens das histórias a que estamos acostumados. Em Nantes, tive a feliz oportunidade de conviver com algumas pessoas realmente fabulosas desse clã, inclusive um primógeno, um membro realmente... incomum. Mas talvez a Bretanha tenha essa capacidade de atrair os membros mais inusitados e fora de padrão *sorri* Mas devo concordar com o senhor que é... perigoso que os instáveis toreadores controlem essa força. As rosas costumam ter muito mais espinhos do que gostam de mostrar.

*Marie-Amélie solta uma exclamação alta, forçando o cinto de segurança para se erguer o mais que consegue*

- Putain!...

*Por alguns segundos fica desorientada, sem saber o que fazer, olhando o fogo nervosamente sem conseguir firmar o raciocínio em nada. Só consegue pensar no que acabaram de falar. Malditos toreadores! A exclamação seguinte, mais baixa, expressa seu pensamento em outra língua mais misteriosa*

- Mallozh ruz...

*É só quando o piloto volta-se para o grupo que se lembra de que é a praetor, agora é seu dever ser o esteio para os outros. Gesticulando um pouco e com a voz trêmula, começa a falar*

- Por favor... procure o heliponto mais próximo que nos deixe descer. Um de vocês *volta-se para Eugênio e Lucas com a voz baixa, mas mais firme*, ligue para a emergência.

Eugênio ouve as considerações de Lucas e concorda em parte, embora se mantivesse calado. Alguma coisa lhe dizia que o papel dos Assamitas não era periférico.

Quando Marie começa a falar, Eugênio percebe que mais uma vez havia sido ignorado e começava a achar interessante tudo aquilo. *Vamos ver até onde vai esse joguinho*

Na medida em que ela fala com o Sr. Boaventura, Eugênio alterna seu olhar, calmamente, entre os dois, tentando identificar alguma reação em Lucas que indicasse sua consciência do que acontecia. É nesse momento que acontece a explosão do outro helicóptero. A surpresa foi tão grande que ele fica simplesmente atônito. Depois de segundos, balbucia baixinho:

"- o...o...o...he...do...do...Ke...Ke..." Respira um pouco e conclui: "- Mer-da!"

Parecia em transe. Não existia mais nada mais nada ao seu redor. Apenas aquela bola de fogo que um dia levara o futuro príncipe. Seu cérebro dispara. Milhões de coisas vêm à sua mente em segundos. Não aquelas que dominam as pessoas quando perdem um ente querido. Ele já não era uma pessoa há algum tempo e o finado Sr. Kennedy, com certeza, não era um ente querido.

Nesse momento a única coisa que consegue, em meio ao caos de lembranças, projeções, dúvidas e certezas, é repetir "- mer-da, mer-da, mer-da, mer-da..." Em certo ponto do mantra o som ao seu redor começa a penetrar em seus ouvidos e a chama-lo de volta à realidade. Então uma voz conhecida diz:

"... um de vocês... ligue para a emergência."

Eugênio então, recobrando a consciência, pega seu telefone e liga para a emergência, dizendo, assim que alguém atende:


"- Houve um acidente. Está havendo um incêndio na Ilha Fiscal."

Sua mente, ainda durante a ligação, volta a serenar e um pensamento resta daquele caos de segundos atrás: *Fudeu!!!*