Marina da Glória

Estupefata, Emilie olha para Constantine, ainda ferido.
- Os humanos... o que você fez com eles?

Repara que o malkaviano não estava com sua arma na mão, e fica alarmada, perguntando-se se seria um Sabá disfarçado. Ou teria sido o Constantine de antes um farsante...?

A loira leva a mão ao cabo de sua espada, desconfiada.

Emilie fez a pergunta que ele gostaria de fazer, mas que não se preocupou em verbalizar. Ela era inocente em esperar que um cainita com fome e perdido em meio àquele caos se preocupasse em manter quem quer que fosse do rebanho vivo. Mesmo que fossem quatro! Mesmo que isso fosse prejudicar um outro vampiro. A própria pele em primeiro lugar. O próprio John pensava nisso.

- Deixemos os humanos para lá, Terry. - ele falou diretamente com o outro vampiro, sem usar de subterfúgios ou pronomes de tratamentos. - SOu John Smith. Você está bem? Espero que a vitae tenha sido suficiente para recupera-lo.

Se Emilie fosse contar todas as suas preocupações naquele momento teria que fazer um lista, que iria, desde a paranóia em saber que seus próprios aliados poderiam ser Sabás disfarçados a não saber onde ela iria dormir aquela noite.

O estado de nervos absurdamente tenso da malkaviana é palpável. Ela solta a aperta o cabo da espada, com espasmos nos dedos, deixa o celular cair no chão, fechando o punho e fazendo os nós dos dedos se estalarem. Recua o quanto pode de Constantine.

Ouve John falar, virando-se por um momento para ele, com o lábio trêmulo, e logo em seguida, volta-se para Terry, alterada.
- Você os matou! Matou mas continua ferido... e sua arma, cadê sua arma? - a loira saca sua espada num movimento só, mas a mantêm ao lado do corpo, sem ameaçar ninguém - onde ela está? Como posso saber se está falando a verdade? Como posso saber se é o verdadeiro Constantine?

O olhar de Emilie se franze, seus ombros se retesam. As pupilas da malkaviana se contraem, feito pontas de agulhas, para penetrar na aura do hacker.*

*OFF: Percepção da Aura

O Nosferatu percebe que sua ligação se deu em momento inoportuno. E desliga o telefone. Em todo caso, continua seguindo para o refugio de Emilie.

A leitura que Emilie faz da aura de Constantine a deixa intrigada; nunca tinha visto nada parecido; mas ao mesmo tempo aquele tipo estranho de composição emocional parecia fazer sentido em um vampiro como Constantine, que já revelara antes ver as coisas através de códigos.

Isso ajuda a malkaviana a se acalmar, e assim que vê a arma na mão de Constantine, Emilie guarda a dela, dissipando todas as suas supeitas, ainda que sentisse uma angústia incômoda com o fato do hacker ter matado todos aqueles humanos para se recuperar.

Já havia se ferido algumas vezes, uma ou outra a ponto de ser carregada para fora do combate. Talvez por isso nunca havia conhecido a mesma extensão de dano que Constantine, ainda que lhe surpreendesse que depois de toda aquela quantidade de vitae, ele não tivesse nem ao menos apresentado uma melhora.

- Está sendo uma noite terrível... - limita-se a responder ao questionamento de Terry, pegando seu celular do chão. Tentou ouvir se tinha alguém do outro lado da linha, mas pelo visto a ligação havia sido encerrada, o que não deixava de ser um alívio momentâneo.

Olha para os dois malkavianos, com um suspiro exausto.
- Acho que só sobraram nós do nosso clã...

Como quem tenta reorganizar as ideias, Emilie se sentou no chão, trazendo sua mala para junto de si.
- Temos muito o que conversar. Terry, poderia começar dizendo exatamente o que houve com você? Como Mikael te atacou, como sobreviveu... - acreditou que o hacker poderia ter levado o traidor à Morte Final, mas queria ouvir isso dele - quantas foram suas perdas. Seu submarino, seus sistemas de informação...

Girando o olhar para John, acrescenta.
- Deve ter percebido que chegou numa cidade caótica e em guerra. Espero que esteja preparado para lutar conosco.

Ele ficou em silêncio, apenas registrando as palavras de Terry e Emilie até que a bailarina perguntou-lhe se sabia que tinha chegado a uma cidade caótica e em guerra.

- Senhorita Primogena, o mundo está em Caos e em Guerra e vários desses focos de destruição parecem convergir dessa cidade. Não vim até o Rio por acaso, nem pra curtir uma semana de folga sob a lua às margens da Bahia de Guanabara. Sou um guerreiro que luta com todas as armas que possuí. O fim está próximo, talvez sejamos incapazes de evita-lo, mas assim o farei enquanto uma única gota de vitae correr em minhas veias mortas.

Stevie estava no carro dirigido pelo outro Brujah, quando ao longe ele vê duas pessoas, uma delas lembrava alguém da noite anterior, seria a Malkaviana Emilie? Era provável, aquilo melhoraria o humor de Luis que aparentemente gostava dela bastante, ele fala em tom mais suave.

"- Não é a Emilie ali? Ta vendo seu veículo por ai cara?"

O Brujah estava atento aos seus arredores, queria saber se estavam seguros, se eles encontraram outros Cainitas aleatoriamente, nada impediria que o Sabá fizesse o mesmo.

- Também não estou aqui para ser herói, Constantine. Nem para entregar meu cadáver para os urubus carniceiros do sabbat. Estar pronto para lutar não significa que estou pronto para morrer. Disposto a isso? Sim. Mas não vai ser fácil, nem serei presa fácil. - enquanto respondia, o lunático desapareceu. John olhou ao redor e logo encarou Emilie. Esperando que a bailarina dissesse algo.

A resposta de John deixou a bailarina visivelmente satisfeita. Sorriria se tivesse sobrado algum bom humor em seu espírito. Apenas balança a cabeça, em concordância estoica,

O alerta de Terry faz Emilie se levantar, rapidamente, apertando os olhos para ver quem vinha. Caminha alguns passos para tentar identificar quem estava dentro do carro, mas ao sentir o olhar de John sobre ela, a bailarina responde reconhecida.
- Você será um bom reforço ao clã...

Até que então, reconhece ao longe, pela janela do motorista, as feições duras do enorme brujah. Stevie não lhe era muito familiar, mas o outro era inconfundível.
- Acho que é o Luiz Filippi - diz para os dois irmãos de clã, acreditando que Constantine ofuscado escutaria - um brujah, meu amigo - explica para John Smith - o outro eu não sei...

*Filippi, que estava olhando para os carros enquanto diminuía a velocidade, procurando onde parar, olha na direção que Stevie aponta e ri*

- Olha, é de fato Emilie! Ela está bem, então! Vou falar com ela. Você assume daqui? Vai querer descer?

*Para no primeiro lugar disponível e ergue seu 1,90m de altura de dentro do carro, acenando*

- Emilie!

*Mas quando começa a caminhar na direção dela, encontra o ponto onde deixara seu carro. Seu punho fecha-se imediatamente. Seu lindo carro, seu Fusca todo original, tão bem conservado, sem um arranhão, agora era um caco inútil, depredado, destroçado. A fúria do brujah começa a emergir num grito amedrontador*

- Filhos da puta!

Ao confirmar que era Filippi saindo carro, a malkaviana sorri sem perceber. O brujah parecia ser uma boa pessoa para se contar num momento difícil, e Emilie fica realmente contente em vê-lo.

- Filippi! - acena de volta, indo até ele em passos largos, mas pára, apreensiva, ao notar o choque dele. O olhar da loira vai até onde o do militar estava, e apesar de não saber que o carro destruído era de Filippi, sabia que ele tinha um, e a fúria incontida do brujah não torna difícil fazer a ligação entre as duas coisas.

Recua assustada ao ouvir o grito aterrador dele e continua andando para trás, com medo do que poderia acontecer. Emilie já lidara com brujahs o suficiente para saber que nunca era bom provocá-los. Se tinha uma coisa que jamais poderia pedir a um naquele momento era para se acalmar.

- Filippi - começa a malkaviana, tentando escolher bem as suas palavras. - eu sinto muito. Sinto muito pelo que aconteceu, mas você não vai recuperar nada se começar a se descontrolar. Todos nós perdemos alguma coisa esta noite, e precisamos que você nos ajude. Ajude a descobrir quem esta por trás disso. Eles queriam fazer você se enfurecer, por isso fizeram isso. Se perder o controle agora vai dar o que eles querem. Vai machucar seus amigos, vai machucar a mim... você não quer me machucar, eu sei disso. Você me salvou. Não deixe eles vencerem, Filippi. Você é mais forte que a sua raiva...

Conforme vai falando, Emilie projeta sua própria emoção sobre o coração de Filippi, tentando conter a explosão de fúria dentro dele até diminuí-la.*

*OFF: Demência 1: Paixão.

Stevie vê a reação de Fillipi com o carro, ele realmente devia gostar daquele veículo, o Brujah já fora ligado em coisas materiais assim antes, mas agora, tendo uma guitarra ou um violão e uma estrada ele estava feito.

Emilie era realmente quem estava ali, ela faz um discurso tentando acalmar Luis, se ela consiguisse seria bom, mas Armstrong não achava que o outro companheiro de Clã corria risco de frenesi, mesmo assim, eles estavam expostos ali, talvez pudesse ajudar.

"- Ae cara, se quiser eu te ajudo a rebocar e reformar ele depois, se a viga central tiver inteira ainda há esperanças."

Então ele se volta para Emilie e o outro desconhecido que não se pronunciara ainda.

"- Vocês estão meio expostos aqui, se quiserem uma carona, estou indo falar com a Príncipe, aqui perto, esse lugar não parece muito seguro."

O Brujah se molhava para conversar, mais ainda do que já estava, sua voz era encantadora, e seu sotaque americano bem carregado, além disso, era muito belo, mais do que praticamente qualquer mortal, não tão comum para os Brujahs.

- Não me considere um reforço - ele respondeu, sem dar mais explicações à sua frase. Aguardou o que Emilie falou sobre a aproximação dos outros. Um brujah. Amigo da garota. Era tão simples assim encontrar outros vampiros no Rio de Janeiro? Ainda mais em meio a uma tempestade como aquela? O americano ficou com um pé atrás, pronto para enfrentar os recém chegados. Terry também estava de prontidão e, o outro, conhecia melhor a cidade, logo estaria pronto para reconhecer qualquer sinal de perigo provocado pelos dois membros da ralé.

- A exposição é só aparente, senhor.... - perguntou, questionando o nome de Amstrong. - Mas também preciso ir até a príncipe. Ainda não me apresentei formalmente a ela. Sou John Smith e você?

*Os olhos claros do brujah estão escuros como um mar de tempestade quando Emilie começa a falar com ele. Seu punho cerrado parece pronto a destroçar o que quer que se coloque na sua frente. Porém, enquanto Filippi a escuta, a contração de seu rosto diminui, a cor de seus olhos volta ao normal, e ele ao fim retruca num tom quase inexpressivo*

- Tudo bem. Não vou machucar ninguém. Era só um carro. Pelo menos você está bem, estava preocupado. *sua voz volta a ganhar emoção* Por que não atendia o telefone?

*Olha para Stevie e acena positivamente*

- Valeu, cara. Só é preciso encontrar algum guri que faça o trabalho...

*Faz um aceno para Terry*

- Como vai, Terry?

*Volta-se para John e, embora não tenha sido a ele que o malkaviano se dirigiu, faz um movimento com a cabeça*

- Sou Luiz Filippi.

Emilie observa apreensiva as reações do brujah, precisando ser firme para manter o seu controle, mas então ele se acalma, e a postura tensa da malkaviana começa a se relaxar. As sobrancelhas dela se franzem, ligeiramente surpresa, ao saber que ele estava preocupado com ela, mas sutilmente seu semblante denota certa satisfação com isso, até a pergunta confundí-la novamente.

- Meu telefone...? - a loira precisa de um instante de reflexão para se lembrar - eu não estava com ele no início da noite, depois que eu o recuperei precisei sair correndo da minha casa e quase não tive tempo de retornar nenhuma ligação. Longa história... - suspira, percebendo que, ainda por cima, Terry não queria que os dois brujahs soubessem que ele estava ferido.

Esperava que possibilidade de conserto do carro realmente desse certo. Filippi devia gostar muito daquele Fusca para ter tido uma reação tão exaltada.

Se impressionara com o pedido que John havia feito antes da chegada dos brujahs. Interpretara-o de forma positiva ainda que não tivesse esboçado reação no momento. Porém, é com um ar de contentamento que o ouve dizer que a exposição era apenas aparente, fortalecendo sua opinião de que, mais do que um refoço, John Smith seria um membro efetivo para o clã. Espera que o outro brujah respondesse o questionamento do malkaviano, já que Emilie também não sabia seu nome.

Stevie se mantinha absolutamente simpático, mesmo nas condições que não pareciam ideais, todos pareciam preocupados, e aquela chuva não dava trégua.

"- Armstrong, Stevie Armstrong, Primógeno do Clã Brujah, e esse outro aqui é seu Xerife."

O Brujah responde John se apresentando e apresentando o cargo de Luis também, segundo Lampião só faltava oficializar.

"- Bom Luis, Emilie, Terry, John, entrem ai e vamos falar com a Príncipe Wilson, que eu já to de saco cheio de ficar tomando chuva o dia todo."

Fillipi conhecia Emilie, então automaticamente Stevie confiava naqueles que ali estavam, imaginava ser Malkavianos, quem mais se encontraria a céu aberto com aquela tempestade? O Brujah senta no banco de motorista que havia sido cedido por Luis e liga novamente o carro "emprestado", esperando todos entrarem.

Responde ao movimento de cabeça de Luiz Fillipi, cumprimentando-o também.

- Como eu disse, John Smith. E já deve ter percebido que pertenço ao sangue de Malkav. - logo em seguida Terry voltou a falar. A ofuscação dele conseguia ocultar as feridas que Smith e Blanc tinham visto há poucos instantes. O hacker não queria demonstrar fraqueza e estava certo nisso. Era uma tática de guerra muito útil. Não deixar que os adversários diretos ou indiretos percebessem que estávamos fragilizados. O estadounidense sorriu.

- Vamos então. Todos juntos em direção ao local que poderemos falar com a príncipe. - apenas concordou com o que tinham dito. Ali estavam dois primogenos e um xerife da cidade. Smith podia perceber certa coesão na conversa, mesmo tendo recém chegado. Os brujah e os malkavianos atuariam em bloco no Rio de Janeiro? Ele gostaria disso. Companheiros de armas, na luta contra o sabbat. Falava, enquanto entrava no carro de Armstrong!

*Filippi acena com a cabeça*

- Vamos, não tem nenhuma graça ficar aqui parados na chuva que nem veleiro em calmaria...

*Coloca a mãozona nas costas de Emily, meio que a empurrando para o carro, e em seguida entra. Vira-se para Smith e Constantine*

- Voces vêm?

Por um instante, Emilie se preocupa com os assuntos que haviam ficado pendentes entre os malkavianos, mas a mensagem telepática de Terry a satisfaz,
(telepatia)"Ótimo, Terry! Me deixe saber se eu puder ajudá-lo de mais alguma forma"
Lança um olhar cúmplice de aprovação para ele.

Surpreende-se duplamente ao ouvir a apresentação de Stevie. Primeiro, por saber que um recém-chegado estava assumindo como Primógeno do clã Brujah, acreditara que Filippi ficara com essa tarefa, mas a segunda surpresa era descobrir que ele havia conseguido o cargo de Xerife, o que muito agradava Emilie.
- Meus parabéns. - diz baixinho para o grandalhão.

Acena em concordância para John, já sendo praticamente empurrada para o carro por Filippi, mas detém-se antes de entrar, com uma súbita lembrança.
- Tem espaço para minha mala no carro - aponta para a bagagem, dando um sorriso triste - não posso largá-la aí...