[ELLISIUM] Ilha Fiscal

As vozes na cabeça da malkaviana se convulsionam de tal forma que Emilie fecha os olhos e tampa os ouvidos com as duas mãos. Percebe então que estava na Rede e faz um esforço para se concentrar nas mensagens caóticas disparadas a todo o momento e entender alguma delas.

A forma abrupta como ela havia sido lançada ali, bem como a presença de vários os malkavianos, principalmente do Arconte, fez Emilie perceber que algo muito sério estava acontecendo. A mensagem de Anatole se sobrepõe à todas as outras, falando sobre uma criança, e sua relação com a Gehenna...

Assim que a imagem dela surge, Emilie sente seu coração se apertar de agonia. Em sua ânsia de protegê-la, faz um apelo emocionado aos irmãos de clã.
- Eu a conheço! Me deixem tentar...
Emile move sua percepção por todos os lados de sua mente, na tentativa de encontrar a criança.

Lucas ouviu a voz de Jessica Montecchio intervir na conversa. A Ventrue agiu como um verdadeiro membro da realeza. Ficou grato quando ela o chamou para uma conversa. Detestava a soberba Tremere. Se voltou para Jessica e já destacou-se para acompanhá-la.

"- Será um prazer." - disse acenando positivamente com a cabeça.

A Tremere mal terminara de falar com o Brujah e uma voz vinda de centenas de anos atrás, faz com que sua atenção seja totalmente voltada para sua fonte... a expressão de Beatrice era indecifrável, estava surpresa e isto somente era possível perceber dado à completa cessação de seus movimentos e um brilho - quase uma faísca - indefinido em seu olhar.

- Johanna...?

E no segundo seguinte Beatrice parecia voltar ao normal, abrindo um leve sorriso para sua irmã, parecendo muito satisfeita com sua inesperada surpresa. Ela volta-se para Luis Filippi rapidamente, de forma cortês e educada, indicando Johanna com a mão.


- Luis Filippi, esta é a Magus Meisner... Minha irmã de clã e um grande reforço para meu clã e para a Camarilla nesta cidade... Johanna, este é Luis Filippi, um sábio membro do clã dos eruditos.

Ela volta-se novamente para sua irmã, com um sorriso que ela sabia ser mais para fora do que para dentro, dizendo em latim logo depois:

- Meio século é muito tempo até para nós... 

Era obvio para a Tremere que Beatrice não a esperava em sua vida novamente...e não sabia o que pensar ainda sobre presença repentina não anunciada pelo clã.

Malditos sapatos, pensou Bianca enquanto corria pelo Cais para o barco que faria o transporte até o Ellisium. Marcelo, seu adorado carniçal ainda tinha muitas dificuldades para dirigir no trânsito do Rio de Janeiro.

Seu apertado corpete que modelava as formas há alguns séculos também não era seu melhor amigo no momento. Desde mais cedo quando tivera uma visão de suas adoradas irmãs em uma festa, ficara extremamente ansiosa. Você é uma grande e malvada tremere, pensou, não precisa desse nervosismo. Mas afinal quem não ficaria assim sabendo que em alguns minutos encontraria Beatrice e Johanna? Um tropeço em uma pedra solta no Cais a lembrou para onde estava indo. No barco, enquanto apreciava a vista do Rio de Janeiro, sentia uma sensação de pertencimento. Sempre soube que tinha um objetivo na vida, e parecia claro que os últimos 400 anos em Moçambique finalmente serviriam de algo. Sim, vê-las significava que seu mestre também logo apareceria.

Muitas pessoas e sons espalhavam-se pelo ambiente e a evidente necessidade de se apresentar a todos foi ofuscada pela urgência.Bianca entrou talvez um pouco rápido demais, seu corpo roliço e firme envolto por um belo vestido longo vermelho (moda no Brasil? Será que existia isso? Por via das dúvidas, mostrou às suas aias uma revista francesa e apontou, nela, o vestido que deveriam comprar, agora, em seu corpo). Esquecendo-se da etiqueta aproximou-se rapidamente das irmãs e um segundo antes de abordá-las lembrou-se de quem eram. Beatrice de uma beleza ímpar sempre soube onde pisar e se uma coisa era certa na vida era seu lema: Nunca bater de frente com Beatrice Verlanghieri. Quanto à Johanna, bem, senso de humor nunca seria seu ponto forte. Sempre direta e eficiente, foi a húngara quem a introduziu à etiqueta da Camarilla e não seria sábio envergonha-la.
Parou, fez um esforço para evitar abraça-las e disse com um sorriso esfuziante e gentil:

- Minhas lindas irmãs, que grande prazer reencontrá-las!

Um leve espanto se apossou da face de ambas, provavelmente entre maquinações diabólicas e sagacidade. Em segundos estavam prontas... Ah que prazer ver suas mentes rápidas trabalhando novamente juntas.
Seu sorriso ficou ainda mais brilhante e acrescentou:

- Quinhentos anos e vocês não envelheceram nenhum dia!

O oriental estava gostando muito de poder conversar em sua própria língua com alguém. Havia anos em que não falava em japonês, exceto com sua carniçal. Emilie, apesar de sua dança meio louca, parecia muito sociável e agradável de manter contato. Talvez uma futura aliada, ou talvez ainda fosse cedo demais para cogitar tal hipótese. Apenas o tempo poderia dizer. Ainda em japonês ele a responde:

-Devo confessar que luto. Mas meu estilo de luto é o kung fu. Talvez possamos treinar juntos em breve Emilie. Se for de seu agrado, é claro.

A polidez oriental de Ian era palpável. Mas a conversa se dirige finalmente ao grupo, quando Beatrice parece portar-se como alguém superior ao Ventrue doido que anteriormente tinha dado as graças na mesa onde Ian estava com Eva Kramer. E realmente éramos superiores, ainda mais Luis Alves com toda aquela ladainha e loucura que ele vomitava em cima dos dois. Os Malkavianos estavam se portando muito melhor do que ele, naquela noite. Mas não era da condição de Luis que ele estava prestando atenção, e sim nos atos de Beatrice.

Ela parecia perigosa, mesmo sendo uma irmã de clã, altiva, misteriosa. E estas qualidades poderiam ser um fardo, ainda mais para Ian que preferia a ação da linha de frente. Logo uma bela mulher se aproxima, dá um resumo do que houve na cidade e leva Luis Alves para longe do grupo, junto com o outro Ventrue.

Em resposta a Luiz Fillipi e Emilie, Ian profere:

-Eu irei com vocês. Tenho duas armas que se encontram com os seguranças na entrada. Posso emprestá-la se for o caso. Vim de taxi....infelizmente acabei de chegar na cidade Emilie. Tem algum automóvel disponível senhor Fillipi?

E então outra mulher se aproxima, dirigindo-se diretamente a Beatrice. Eram conhecidas, pelas palavras proferidas e então ela se apresenta como Johanna, irmã de clã de Ian. As atenções de Ian eram voltadas a recém chegada que é seguida por outra recém chegada. Muitos cainitas pareciam brotar do chão como erva daninha, só esperava que a outra mulher também fosse uma Tremere. O clã precisava ser forte na cidade.

Beatrice fazia o papel de anfitriã da “irmã” para com o Brujah Luiz Fillipi e Ian retorna sua atenção a Emilie, que tapara seus ouvidos e seus olhos, parecia a beira de um ataque qualquer. Ele não a toca, mas diz em japonês apenas para ela ouvir:

-Emilie?! Está tudo bem?

A última coisa que Johanna imaginava, ao pisar no Ellisium, era encontrar uma de suas irmãs. Não fazia sentido. Por que haviam sido mandadas para a mesma corte, tantos anos depois? Seria algum plano de Otto para reuni-las? Não, não podia ser. Ela teria sabido de algo fosse isso. Certamente algum contato de Viena teria contado e ela teria tido tempo de discutir as bases desse plano antes de desembarcar. Poucas coisas a irritavam mais que trafegar em território desconhecido; isso era para Bianca, sempre borbulhando de ousadia em palavras e atitudes. A húngara preferia o silêncio dos planos bem amarrados e a penumbra das estratégias afiadas, sem espaços para erros. Estava pronta para continuar o assunto com Beatrice e seu companheiro quando uma voz conhecida chamou sua atenção. Era coincidência demais para ser verdade.

- Bianca? - disse, os olhos arregalados em choque - Quinhentos anos e seu senso de humor continua o mesmo.

Johanna sabia que as pessoas ao seu redor entenderiam o comentário de forma errada: como sarcasmo direto e irrefreável, uma alfinetada maldosa na irmã. Não era esse o caso - nunca havia sido, desde que se conheceram. Anos de treinamento quando criança haviam tirado absolutamente toda a sua espontaneidade - a condição imortal não havia curado isso - e, por consequência, seu humor. A húngara dificilmente divertia-se com piadas, seja por não entendê-las, seja por achar perda de tempo. Mas Bianca tinha tamanha maestria no traquejo social, com suas risadas perfeitamente colocadas e seus comentários de timing exato, que Johanna não tinha outra opção além de respeitá-la: era competência, pura e simples. E competência era algo que ela valorizava em qualquer situação.

- Encantada, Luis Filippi. - um sorriso discreto, mas sincero, surgiu em seu rosto. - E essa é nossa terceira irmã, Bianca. - disse, em um meneio de cabeça.

Seu olhar cruzou com o das outras duas momentos depois. A sobrancelha levantada e o canto do lábio levemente crispado, imperceptíveis para olhos não treinados, significavam apenas uma coisa: precisavam conversar. Havia algo de muito estranho naquele reencontro.

Sem se mover um milímetro no plano material, a mente da malkaviana continua interagindo dentro de Rede.

- Ela esta na Nuvem! - vocifera Emilie com a súbita lembrança, mas abaixa o tom de voz assim que reflete melhor. - ou estava, pelo menos, na ultima vez que entrei lá. Ela me chamou para derrotar os trolls, e os robôs... talvez a mensagem dela tenha algo a ver com isso.

Emilie nao sabia se seus irmãos iriam entende-lá, mas se eles nao fossem capazes, ninguem mais seria. Para Emilie, no entanto, tudo estava começando a fazer sentido.

Beatrice nem tivera tempo de registrar Johanna de volta em sua vida quando a voz de outra pessoa ressurge de seu passado. A presença de Bianca por fim convence que aquela 'coincidência' não era devido a algo que havia feito...mas que sem dúvida estaria por fazer. E isso serena suas preocupações e faz com que Beatrice sorria de forma mais simpática para Bianca, a mais jovem das três. Apreciava seu senso de humor, sempre gostara da ironia latente da mais jovem e desde que ela chegara em suas vidas, Beatrice parecia nutrir certa afeição por ela... E exatamente por isso adentra em sua pequena brincadeira da maneira viperina que nunca conseguira abandonar.

- Bianca...  Você está ótima! Está até mais magra... como conseguiu? Alguma dieta especial?

Ainda era difícil se concentrar no ambiente com toda emoção do reencontro.  Sim, suas incríveis irmãs estavam na usa frente.

- Sim Johanna querida, vejo que continua sabendo escolher as melhores companhias. É um prazer conhece-lo senhor, e se está com minhas queridas irmãs certamente é um membro da mais alta importância.
Sou Bianca de Nice ao seu dispor, recém chegada de Moçambique. Vim a trabalho e descobri ainda hoje da reunião no Ellisium e da reformulação da Camarilla na bela cidade maravilhosa.

Ao ouvir o comentário jocoso de Beatrice sentiu-se energizada e respondeu prontamente com seu sincero sorriso:

- Você notou? A dieta em Moçambique era hipocalórica, e creio ter mantido minha forma!

Aproximou-se do ouvido da irmã mais velha e sussurrou:

-Além do lindo corpete que uso para sustentar minhas curvas...

Olhou rapidamente ao redor e percebeu as criaturas da noite em pequenos grupos. No mais agitado deles havia uma linda loira (um pouco magra demais talvez) que parecia um pouco fora de si.

Johanna se desligou da conversa por alguns minutos ao avistar Franz passando ao longe com uma ruiva exuberante. Não que sentisse ciúmes - havia deixado esse tipo de sentimento mortal para trás há alguns séculos -, mas gostaria de saber que tipo de informação o carniçal já havia obtido - nunca se sabe quando provariam úteis. Foi tentada a se aproximar dos dois, mas freou seus impulsos com o discurso de apresentação da irmã mais nova. Ah, Bianca e sua propensão para o dramático; como havia sentido saudades disso. Não fosse seu trabalho, a húngara seria capaz de passar semanas em completo silêncio, traçando planos, elencando seus benefícios e perigos e delineando as possíveis táticas a serem utilizadas. Com a irmã próxima, isso se tornava impossível.

- Na verdade, Beatrice estava me apresentando a ele no momento em que você chegou, Bianca. - disse, a expressão inalterada. - Moçambique, então? Conte-nos mais sobre essa experiência.

Olhou ao redor, pensativa. O que estariam fazendo os anciões Tremere daquela corte e, mais importante, por que elas não estavam com eles?

A malkaviana estava por um instante ouvindo o que acontecia ao redor, no elísio. Cláudia brincava com o tablete que tinha recebido quando simplesmente seus pés se desprenderam do chão. Não literalmente. Entretanto sua mente começou a voar e vagar. O barulho era muito alto. Poucas vezes tinham sido tantas vozes, tantos gritos ao mesmo tempo. A filha do Anjo Louco na maioria das vezes conseguia controlar sua interação com a rede. Às vezes era até capaz de bloquear suas mensagens. Não hoje!

Algo urgente estava próximo. Algo contra o qual ela não podia lutar, pelo contrário. Tinha que se entregar ao transe para, quem sabe, identificar algum sentido sem suas palavras. E elas vieram. Anatole! O profeta da Gehena. Ele lhe falava... a ela e a todos. A pequena conseguiu sentir ao mesmo tempo todos os que conhecera em sua existência. E os que não conhecera também. Não queria, entretanto, sequer imaginar como seria seu sofrimento se estivesse em Paris. Ali eles eram poucos lunáticos. Mas e quanto aos Guardados?

- O fim! E grandes feitos realmente se aproximam – ela falou, não apenas mentalmente, mas sua boca ganhou vida e ela deixou escapar as palavras de forma física. Seus olhos estavam fixos nos de Emilie. A única com quem tinha uma proximidade física nesse instante. De um modo ritmado a criança parecia caminhar pelo salão. Seus passos a levavam de um lado para o outro, procurando por Terry e Conselheiro.

- Vamos encontra-la, onde quer que ela esteja. Vamos... precisamos procura-la! Consegue nos levar até a nuvem, Emilie?

O Toreador pode perceber que Horazio era muito educado de uma etiqueta exímia. Vincent gostava disso. A arte nem sempre estava na habilidade de criar quadros, esculturas ou mesmo escrever, muitas vezes a arte estava simplesmente em tratar os outros bem, fazê-los sentirem-se bem, especiais e Horazio parecia fazer isso muito bem.

O Toreador dá um breve resumo do que seria trabalhado entre os membros do clã. Mas um balde de água fria recai sobre a cabeça de Vincent, já que Horazio abdicaria completamente da disputa pela Primogenia. Era uma pena lastimável ao ver de Vincent. Mas Horazio havia feito sua escolha e Vincent não conseguiria rebater as palavras do irmão de clã, já que a responsabilidade dele era bem outra.

Ainda de pé, já que achara que não seria preciso se acomodar, ele ouve que Horazio desejava saber sobre os irmãos de clã, expectativas e coisas do gênero. Aguardou quase uma vida inteira até que alguém se pronunciasse e absolutamente ninguém o fizera, dando então, a entender que Vincent deveria dar o primeiro passo. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Hildegrand se posiciona desejosa do cargo da Primogenia, o que, de certa forma faz com que Vincent suspire de alívio. Não desejava ser o Primógeno nem que todos os belos e as belas dormissem com ele até o fim de sua não vida.

Sorriu e proferiu:

-Monsieur Pezzini, mademoiselle Elboá, irmãos de clã, bem....acredito que o interesse de mademoiselle Elboá  é deveras acertado, em minha opinião. De minha parte não desejo participar de nenhuma disputa pela Primogenia, assim como monsieur Pezzini. Claro que poderemos discutir este assunto com maior liberdade uma outra hora, assim como monsieur Pezzini deixou implícito.

Olhou para Hildegrand e meneou a cabeça positivamente, continuando com suas palavras:

-Enfim....infelizmente não posso dizer muito sobre o que ocorreu aqui esta noite monsieur Pezzini. Acabei me atrasando para a chegada e infelizmente não tive a oportunidade de socializar com os outros membros da futura corte como desejaria. Vejo, em minha humilde opinião, que nosso clã possui grandes chances de elencar cargos mais elevados na corte que começa a nascer aqui no Rio de Janeiro. Pelo pouco que pude conversar com monsieur Haulot, ele tem experiência como Zelador do Elísio, o que pode contar pontos a favor do nosso clã para este cargo e, além disso, é possível notar que somos numerosos aqui nesta corte.

Olhava para todos e quando comentou de Thomas dera um sorriso ao menino.

-Poderemos discutir melhores estratégias de controle de alguns cargos na corte que podem ser a chave de nosso sucesso aqui no Rio e Janeiro. Conversar sobre nossas experiências e tentar apoio de algum outro clã. Gostaria de ouvir de meus irmãos de clã que tipo de visão tiveram em relação aos outros clãs presentes e se já possuem contatos em outros clãs que poderiam ser considerados aliados em potencial.

Terminara sua fala e neste momento se acomodou na mesa, para poder ouvir melhor seus irmãos de clã. Precisaria de maiores informações para tentar elaborar planos com maior fluidez e com objetivos mais diretos. Enquanto se acomodava, comentou apenas para os membros da mesa escutarem:

-É bom que os Ventrue tenham em mente que ascenderão para o trono, mas é como monsieur Pezzini comentara.....nada ainda está certo e o jogo pode mudar rapidamente. Peço imensas desculpas se me estendi demais em minhas opiniões pessoais.

Ian pode perceber que a conversa entre as duas recém-chegadas Johanna, Bianca, Beatrice e Fillipi iam gradativamente se desenvolvendo. Ian não tinha interesse naquilo tipo de conversa e achara que estava prestes a sair do Elísio para investigar a área chamada Bangu. Plano este que provavelmente caíra por terra.

Emilie, por sua vez , ainda parecia inerte em algum transe estranho. Instintivamente Ian leva suas mãos as suas armas, que não estavam lá. Havia deixado as duas na entrada do Elísio, como era de praxe. Estava preocupado se Emilie havia sido atacada por algum inimigo escondido entre os membros e, ainda ao lado dela, profere mais uma vez:

-Emilie?!?

E deixava o grupo alheio aos dois se socializar tranquilamente.

O brujah ficou um longo tempo em silêncio, apenas ouvindo os planos que se fazia. Pensou em responder a pergunta que Beatrice tinha feito a respeito da raposa e do leão, mas acreditou que tinha deixado o timming passar. Enquanto em silêncio ele reunia as informações que eram dadas ao acaso. Observava palavras, gestos, sorrisos. Aproximações e afastamentos. Ao longe ele viu a crise de Emilie e da malkaviana criança. Não se preocupou. Assim eram os lunáticos.

Voltou a se aproximar de Fillipe e dos tremere, com um sorriso nos lábios e um cumprimento de cabeça.

- Com licença senhoritas, boa noite de novo Luiz. Espero que eu não incomode ao me juntar a vocês. Jorge, do clã brujah. - aproximou-se de Beatrice - Essa é Beatrice... e imagino que as outras duas belas damas também sejam do clã tremere,

Sua irmã Johanna começou a perguntar amenidades, e se uma coisa é certa sobre Johanna é que ela não liga para amenidades, e isso fez com que Bianca intensificasse a atenção ao ambiente.

-Moçambique é tão... Nesse momento percebeu que o oriental que estava próximo à loira avoada começou a se afastar e antes que pudesse esboçar qualquer reação outro membro se aproximou.

-Pelo meu pai Olorum! Quanta simpatia! Se todos os Brujah dessa cidade se comportarem com sua educação, logo tomarão o lugar dos toreador no Ellisium e quem sabe até o principado! Perdoe-me se não acredita nas religiões africanas mas estive tantos anos em Moçambique e um de meus mais queridos amigos era fervoroso praticante de uma religião Yorùbá! Disse com seu mais sincero sorriso.

Jorge sorriu mais uma vez ao ver as observações de Bianca. Os tremere eram tudo, menos distraídos. Aparentemente a vampira já tinha percebido o jogo da ralé e, se assim fosse, o capoeirista continuaria a jogar.

- Não posso dizer que todos agiremos assim, senhorita. Lampião e Maria Bonita são um pouco menos sociáveis, embora não menos desagradáveis do que eu ou Luiz Fillipe. E não posso dizer que não acredito nas religiões africanas... sendo eu mesmo um filho de Ogum! Yorubá é a nação à qual eu pertencia antes de cruzar a Calunga grande de mãe Yemanjá em direção a essas terrras!

A expressão atormentada no rosto de Emilie se intensifica ainda mais com a gritaria de vozes dentro da Rede. Curvando as costas, ela aperta e afrouxa as mãos sobre os ouvidos, dando passos a esmo, vacilantes... Até que a mensagem firme de Anatole faz ela enrigecer subitamente o corpo.

O turbilhão de emoções que percorre a Rede provoca reações sutis no rosto de Emilie, desde um sorriso suave a um contorcer horrorizado de seu semlante.
O sol que desponta no horizonte faz a malkaviana estender a mão, de início para bloquear os raios luminosos, e depois para tentar alcançar as pombas voando. A luz explode de tal forma em sua mente que ela sai bruscamente da Rede, piscando os olhos ao se dar conta de que estava no salão do Elísio novamente.

A primeira pessoa que ela alcança é Ian. Emilie toca-lhe o ombro, percebendo a expressão preocupada dele, e com um ar desvairado, mas convicto, ela o fita, tentando explicar.
- A Gehenna... eu preciso evitá-la. Preciso encontrar a criança...

Rapidamente, ela se afasta da roda, correndo até a mesa onde estavam seus irmãos de clã. Vira o rosto para cada um deles, dizendo.
- A Nuvem, eu posso tentar alcançá-la, talvez ela ainda esteja lá!
Olhou para Cláudia, lembrando-se da pergunta que ela havia feito.
- Talvez... nunca deu certo antes, mas você pode tentar. Se dançar comigo, pode conseguir passar pelo mesmo portal que eu...

E dá dois passos para trás, lembrando-se das piruetas que havia feito algumas horas antes, e haviam igualmente revelado uma mensagem para ela. Emilie não ouvia chamados de socorro de sua Nuvem, mas teve a esperança de que mesmo assim, conseguiria alcançá-la dessa forma.
Seus pés foram colocados nas pontas. Os braços, posicionados em forma de círculo, e com um balanço do quadril, a bailarina girou. Seus olhos fechados tinham uma expressão quase serena, mas seu corpo executava todas as variações possíveis do balé sem parar os giro. Dobrando ou esticando uma perna, erguendo ou estendendo os braços, deixando sua mente fluir pelo ar girando até elevá-la a seu plano etéreo.

Lucas sorri e responde a Vampira:

"- Certamente estou disponível. Não há a fazeres mais importantes do que uma reunião do diretório. De certa forma, Eu dependo desta reunião para me estabelecer na cidade, então, conte comigo. "