[CAERN] Entrada Oeste - Barra da Tijuca (Zona Oeste)

Finalmente Kiba chega a entrada do Caern pela Barra da Tijuca e sem demoras já encontra um lugar onde estaciona o carro. O Ahroun respira fundo e recolhe sua mochila e Excalibur, fechando o carro logo em seguida.

Com tudo que precisava em mãos o Presa de Prata começa a seguir pela trilha que levaria ao Centro do Caern. Finalmente longe dos olhos humanos o Ahroun assume sua forma de combate (Crinos) e uiva para anunciar sua entrada:

- ASA SOLITÁRIA, AHROUN, CLIATH DOS PRESAS DE PRATA ENTRANDO NAS DIVIDAS DO CAERN E PROCURANDO PELO LÍDER DA SETIA.

Logo após o uivo ele segue pelo caminho sem mais demoras.

Não leva muito tempo e o Ahroun chega na área onde seria a entrada oeste para o Caern de Cura. Enquanto seguia ele desacelerava o passo e começa a olhar em volta buscando por seus companheiros.

A reação inicial ao avistar os três Garous foi literalmente congelar. O estado dos companheiros de Seita não era nada bom e Kiba não tinha poder para cura-los.

Assim que consegue se desprender do choque ele nota a cabeça do maldito sendo carregada por quem deveria ser o Fianna que Mayra convocou. Eles haviam cumprido realmente a missão, aquele maldito jamais iria ferir outro Garou, mas aquilo não diminuía a dor que o Ahroun sentia dentro do peito.

Sem mais esperar ele dispara para perto dos três e assim que chega diz para Angus:

- Samuel...

O Ahroun encarava o líder de seu Campo sem saber que palavras dizer ou o que fazer. Havia solicitado a ajuda da Filhos do Sol e agora ver que só Samuel havia voltado vivo lhe deixa ainda mais mal. Visivelmente mal por tudo aquilo ele olha para Angus e estendendo as mãos diz:

- Pode deixar... Eu a levo...

O Presa de Prata pega Mayra no colo e fica encarando-a por alguns instantes enquanto Samuel falava que estavam vivos graças a ela. Neste instante um pseudo sorriso tímido se formou no rosto de Kiba.

“- Graças a Gaia não perdi você também...”

A atenção de Kiba só é retirada de Mayra quando Angus chama atenção de Kiba para reconhecer o maldito. O Ahroun encara aquela cabeça e o rosto do desgraçado lhe faz rosnar de raiva.

- É ele mesmo...

A voz de Kiba se torna irritadiça e seu olhar encarava a cabeça com um semblante de ódio. Depois de uma longa respirada o Ahroun desvia o rosto da cabeça morta do mago e diz:

- Vamos ao centro... Vocês precisam de cuidados...

Dito isso, o Ahroun caminha mais uma vez em direção ao centro do Caern para encontrar algum Theurge para curar seus amigos.

* Julian seguia seu caminho pelo Caern numa corrida de estourar os pulmões, pulava troncos de arvores e atravessava arbustos e folhas como um gigante que atropelaria o que estivesse em seu caminho - entre ele e a unica pessoa que ainda lhe era importante. Não dizia uma palavra sequer, embora houvesse escutado a resposta conciliadora do Theurge novato da Esquadrão da Fúria, se é que aquela matilha ainda existia. Seguia empreendendo o máximo de velocidade que seus músculos avantajados podiam gerar, o que não era pouco. Tinha uma vaga noção de que Sussurro dos Espiritos estava algum lugar atrás, seguindo-o como podia. O Roedor conhecia os caminhos como a palma de sua mão, toda sua trajetória de vida como Garou havia se passado naquele mesmo Caern. Havia crescido ali, encontrado o amor ali, encontrado uma família ali, e se tornado um homem ali. Agora tudo desmoronava ao seu redor.. pedera a familia e talvez perdesse também o amor. Por isso corria, corria como se seu esforço pudesse mudar as coisas. Corria numa tentativa desesperada de amenizar aquele aperto que sentia no peito. Mal nota o percurso que fazia, posteriormente nem se lembraria de tudo que se passava ao redor. A percepção de que havia alcançado seu destino o atinge quando vislumbra 3 figuras masculinas caminhando em direção ao caminho que acabara de percorrer. Numa fração de segundos reconhece seu primo Punhos-de-Gelo, Angus e Kiba, seu alpha.. mais do que isso, nota que o motivo de sua corrida desvairada encontrava-se nos braços do líder de sua matilha.    *

* Seus pensamentos estavam tão desordenados que mal teve tempo de avaliar a gravidade dos ferimentos de Mayra. Apenas via seu corpo pendendo inerte nos braços do Presas de Prata que a carregava. Mantem sua corrida em direção ao grupo e parecia que não conseguiria parar, dada o peso brutal da investida.. mas para. Para em frente a Kiba, não se importando em obstruir seu caminho. Todos ali sabiam, ou deveriam saber, da história que a Fianna havia construido com o Roedor, e aquela reação não deveria ser estranha aos olhos de todos. Passa ansiosamente sua grande pata de Crinos pelos cabelos ruivos da Fianna com quem já dividira a cama tantas vezes, como quem implora para que os olhos se abram. Só então a pergunta que não podia calar escapa de seu focinho cheio de dentes: *

- O QUE ACONTECEU!? ELA TÁ VIVA?!?!

* A tensão era absolutamente visível. Por mais que o líder dos Roedores de Ossos tentasse se conter, não podia disfarçar que estava muito preocupado. Só então corre os olhos pelo corpo daquela que havia sido sua mulher e nota, para seu espanto, que não havia feridas abertas fatais.. o sangue rubro não escorria em profusão daquele corpo feminino. Sem saber o que se passava mas ansioso por uma resposta, repete a pergunta num furor: *

- Ela tá viva!?!?

* Só então estende os longos braços de um Crinos na direção do corpo inerte. Esperava que Kiba entendesse o gesto e confiasse o corpo da Fianna aos seus cuidados. Ele mais do que ninguém, tinha o direito de velar por Voz-de-Taranis. Queria sentir o toque da pele macia, o corpo musculoso e atletico sobre seus braços. Agora que seu pai havia caido, precisava disso. Precisava. Impaciente com a demora de Kiba em confiar o corpo de Mayra aos seus cuidados, diz com uma frieza nervosa que tentava disfarçar a preocupação: *

- Eu cuido dela agora.

* Lembra-se por fim do theurge que o acompanhava e, sem nem olhar pra traz, antes mesmo de uma resposta efetiva sobre o que se passava, brada: *

- THEURGE! Preciso de ajuda aqui!

* Não havia sido um pedido nem um comando, era um misto desesperado de necessidade com o medo da perda. Recolhe Mayra em seus braços tão logo Kiba a entregue e finalmente olha para os demais com olhos gelados que ansiavam por respostas, mal notando a mulher negra que se mantinha ao lado do grupo. *

O Presa de Prata caminhava com Mayra no colo até sentir um estranho nível de raça pura logo a frente. Provavelmente seria o Theurge que os recém chegados haviam solicitado, mas não era.

Kiba para diante da mulher que então se apresenta como sendo um novo membro para a Esquadrão da Fúria. Wolfhere com certeza já previa que a matilha precisaria de reforços urgente depois da historia do hospital.

O Ahroun chega a abrir a boca para responde-la, mas a investida de Julian é notada de longe pelo Presa de Prata. Com receio de que o Roedor não conseguisse parar ele simples se põe em uma posição que a Fúria Negra não acabasse sendo atingida. Porem, para sua felicidade, Julian consegue parar.

Seu olhar era angustiado e era fácil de entender o porque. Logo assim que Julian faz o primeiro questionamento Kiba lhe estende Mayra para que ele a carregasse enquanto diz:

- Ela esta viva... Só esta exausta... Precisa descansar...

A voz do Presa de Prata era pesada, como se estivesse bastante cansado. Aproveitando-se que Julian se manifesta para cuidar de Mayra, Kiba vira para a recém chegada e diz:

- Seja bem vinda Tolerância-Zero. Sou Kiba Valentine, Alfa da Esquadrão da Fúria... Vamos levar Mayra e os demais para serem curados e depois conversamos... Seu nome humano... Qual é?

Enquanto fala isso o Ahroun olha para Samuel e Angus para ver se os dois conseguiam caminhar sem problemas e, tocando Julian no ombro, diz:

- Vamos para o centro do Caern Julian... Lá será mais fácil acharmos um Theurge...

Dito isso Kiba segue novamente em direção ao centro do Caern.

Off: Segue no tópico Centro do Caern

O Presa de Prata já caminhava para o centro do Caern quando nota um Garou vindo na direção de todos. Não demora para notar que se tratava de um Theurge respondendo ao pedido de socorro.

O Ahroun abre caminho para não atrapalhar a lupina de fazer o seu trabalho. Em questão de minutos todos já estavam completamente curados e fora de perigo. Kiba respira aliviado, por mais que a situação não estivesse boa, ao menos sabia que não iria perder mais ninguém.

- Muito obrigado...

O Presa de Prata agradece a Filho de Gaia e logo que ela começa a sumir de seu campo de visão Samuel toma a palavra para começar a explicar o que havia acontecido. Logo os dois sobreviventes começam a detalhar tudo que aconteceu durante a missão.

“- Amir... Por quê?”

A revelação de que o Andarilho havia sido o responsável por disparar o alarme realmente desaponta o Presa de Prata. Desde que havia assumir a liderança da Esquadrão ele sabia que Amir não possuía muitas habilidades, nem como Theurge e nem como Andarilho, mas depositava confiança de que ele ainda se tornaria um grande Garou um dia.

Ao final do relatório dado pela dupla o Presa de Prata acena com a cabeça em sinal de agradecimento e diz:

- Muito obrigado... Por tudo...

Kiba se despede da dupla que segue carregando a cabeça do maldito que haviam abatido. Ao menos aquele mal já não existiria mais. As coisas estavam em paz, por enquanto. A morte dos companheiros de matilha ainda faziam mal ao Ahroun que, sem palavras, apenas observava Mayra, aguardando que a Fianna acordasse de seu sono ou que algum dos outros dissesse algo.

* Julian recebe Mayra em seus braços e, por dentro, sente-se grato em poder segura-la. Olhava ansioso para ela, aguardando que o theurge Sussurro dos Espiritos se adiantasse para fazer algo, no entanto, e para sua surpresa, uma figura feminina de imensa raça pura se aproxima e toca a Fianna, curando-a de todos os ferimentos. Esquecido não havia percebido toda a movimentação ao seu redor e não sabia de onde a lupina theurge havia saido, só sabia que estava muito grato pelo auxilio. Samuel e Angus também são curados e, enquanto a lupina se afastava, só consegue balbuciar, agora um pouco menos apreensivo: *

- Valeu. Valeu memo..

* Deixa a Theurge de poucas palavras seguir seu caminho e chega a pensar se o novo Theurge da Esquadrão da Furia se recusara a ajudar. Em verdade, acaba percebendo que tudo acontecera rapido demais e não valia a pena pensar nisso, provavelmente o novato não teve a oportunidade. Somente então seu primo, Punhos de Gelo, e Angus contam a história da trajetória da matilha naquela noite que poderia muito bem nunca ter existido. Ouve os relatos com atenção, embora ainda mantivesse os olhos em Mayra, e sente uma raiva crescer em seu peito. Sabia que a lua do Ahroum, que brilhava alto no céu, estava cobrando o seu preço e sabia também que não poderia se deixar possuir pela ira. Quase perdera Mayra e estava deveras aliviado por encontra-la viva, mas a morte de todos os outros irmãos de matilha era um fardo fodidamente inaceitavel. Não conseguia digerir as informações, não queria pensar que ainda na noite anterior estavam todos unidos, apesar das diferenças, e agora quase todos jaziam mortos.. seus corpos queimados em meio a destruição de um prédio qualquer. Olha para Kiba com olhos vazios, não sabia o que pensar. Nem sabia que essa investida estava sendo planejada. Baixa novamente o olhar para a Fianna que jazia desmaiada em seus braços e agora notava os indicios de que ela estava prestes a despertar. Aquilo acalentava uma parte de sua alma já bastante sofrida. Ainda assim, sem tirar os olhos dela e tendo a noção de que todos os que não eram da matilha haviam partido, deixa as palavras carregadas de dor pela dizimação da matilha saissem quase num sussurro: *

- Desde quanto essa parada tava seno planejada? Quem é o filho da puta que perdeu a cabeça?

* As palavras ditas em tom baixo vinham do amago do Roedor, eram duvidas que não queriam calar. As perguntas desoladas de um Roedor que tentava manter a frieza eram apenas suficientemente altas para que os mais próximos escutassem. Ainda mantinha os olhos fixos em Mayra, não tinha vontade de olhar para mais nada. Esperava ansioso que ela despertasse e não olhava nem para Kiba nem para ninguém enquanto aguardava respostas. *

Correu como um louco atrás do Roedor-de-Ossos. O Theurge Uktena não possuía a melhor das formas físicas e acompanhar o forte Garou por trilhas desconhecidas exigiu grande esforço. Sentia-se num turbilhão que o puxava de uma ação até a outra e como esperava ter tempo para ponderar estava bastante tenso.
Quando chegou no fim do caminho percebeu que o Garou "Esquecido" havia se unido a outros 4 Garous, 3 machos e uma fêmea (se é que era uma fêmea), 2 deles muito feridos e havia ainda uma outra fêmea nas mãos do que parecia ser o líder. Este emanava raça pura evidente.
Enquanto tentava recuperar o fôlego foi pego pelo desespero do Roedor, talvez um pouco demais até, já que a fêmea estava menos ferida que os outros 2 machos.
Um grito o levou de volta a cena e estacou... Seria possível que ia passar pela mesma situação novamente? Era exigido dele que curasse um membro de sua nova matilha, e ele não possuía esse dom. Ficou estático tempo o suficiente para incomodar o Roedor de Ossos.
Então se decidiu por fazer o que sabia, e nessa hora foi salvo pelo aparecimento de uma theurge dos Filhos de Gaia. Então era assim no Caern, Theurges tinham uma função muito específica de cura. Bem, isso seria um problema para depois, optou por aguardar os poderes curativos da lupina.

Senhor Asa-Solitária, sou Sussurros-dos-Espíritos, Xamã Cliath dos Uktena. Fui designado pelo líder da seita para sua matilha. Senhores, senhora, um prazer em conhece-los.

O roedor pareceu ignora-lo com suas perguntas repetidas, muito agitado. Claramente a relação entre Garous não era um crime tão grande ali. Isso foi um alívio para o Uktena que deliberadamente omitia de todos o fato de ser impuro.
A história da matilha parecia um grande fracasso. A perda de tantos Garous para um único inimigo? Algo precisaria ser feito pois Sussurros-dos-Espíritos tinha um destino a cumprir, e este não incluía morrer prematuramente.

O Presa de Prata esperava alguma reação da matilha e quando Julian lhe pergunta sobre a missão o Ahroun chega a abrir a boca para responder, mas é cumprimentado por alguém que aparentemente seria mais um reforço enviado por Wolfhere.

Kiba não estava em um de seus melhores dias, fato, mas ainda assim tenta abrir um meio sorriso (mesmo estando em Crinos) e diz:

- Pode me chamar de Kiba, Sussurros... E seja bem vindo a Esquadrão da Fúria... Com certeza você tem muito pra saber... Mas desculpa mesmo... A cabeça ta pesada hoje...

Ele diz isso batendo de leve no ombro do Uktena com quem tentava ser gentil, apesar da tristeza visível em seus olhos. Após cumprimentar o novo Theurge Kiba vira-se para Julian mais uma vez e diz:

- Desde o dia em que este filho da puta matou Lauren... Julian... Desde o dia em que ele decidiu que aquele hospital seria dele... – Kiba toma fôlego para tratar daquele assunto que visivelmente lhe trazia lembranças e, consequentimente, raiva: - Ontem à noite pedi que a matilha se reunisse no ponto de encontro pra detalhes da missão... Sabendo que o maldito conseguiu lidar com Lauren e Anksu com facilidade e usou poderes que nunca tínhamos visto eu pedi suporte da Filhos do Sol pra investida... As missões eram: Encontrar o maldito e mata-lo, descobrir o porquê aquele lugar era tão importante, já que vampiros e agora “aquilo” haviam se apossado do lugar, e se não fosse algo que pudesse ser a favor Gaia que fosse destruído... Durante a reunião que tivemos hoje com os vampiros eles me disseram que quem estava controlando o lugar eram magos...

A Ahroun, apesar de ainda muito cansada, desperta do seu desmaio por fadiga sem sentir seus ferimentos. Seu tato denunciava que alguém a segurava na altura do colo. Seus olhos começam a se abrir lentamente e, a vista pouco turva, revela a face de Julian, na forma Crinos. A Fianna olha para aquele Garou que ela seria capaz de reconhecer em meio a qualquer multidão e, em seguida, ainda no colo dele sussurra:

- Julian...

Mayra observa o entorno, começando a criar forças e se mexer para voltar ao chão. Não demora para perceber que estava no Caern. Kiba e dois estranhos também estavam ali e um uivo avisava de uma cerimônia pelos falecidos que faz com que a Fianna lembre de seus mortos e diga:

- Me coloque no chão, Julian. Eu consigo ficar de pé. Temos que enterrar os nossos...

A Fianna olha pra Kiba e diz, por fim:

- Onde estão Amir e Balik?

- Eu sinto muito pelas suas perdas. Recomendo que vocês se recomponham para acompanhar o funeral. O objetivo final da missão foi cumprido, mesmo com nossas perdas. Devemos honrar os mortos e fortalecer os vivos para que isso não se repita.
Nesses poucos minutos de convivência percebi o carinho que todos tem uns pelos outros e acho que precisam de um tempo para lamber as feridas. Olhou cautelosamente para todos. Esperava não criar nenhuma reação negativa, mas temia pelo excesso de emoções na lua Ahroun.

Kiba escuta um uivo nada inesperado e aquilo lhe lembra da perda que a Vingadores também sofreu naquela noite. Caso Julian não tivesse conseguido salvar o Roedor a soma de perdas já havia subido para oito.

Notando que Mayra começava a despertar pelo uivo o Presa de Prata já passar a focar sua atenção nela, ficando visivelmente mais aliviado por ver que a Fianna já tinha forças pra se por de pé. O ultimo questionamento de Mayra, no entanto, deixa Kiba um pouco confuso.

- Pelo que Angus e Samuel disseram só você sobreviveu ao ataque do hospital...

O comentário do recém-chegado faz Kiba dar um triste sorriso de canto de boca e comentar com o Uktena:

- Vocês estão certos... Não temos corpos para enterrar... E não sei se os Galliards conseguem fazer a cerimônia sem eles... Mas vamos honra-los da mesma forma... Eles são nossos irmãos em vida e em morte... Obrigado pelas palavras Sussurros... E mais uma vez seja bem vindo a Esquadrão da Fúria.

Por mais que Kiba tentasse se manter focado, era notável na voz que o Presa de Prata estava mal pelos companheiros de matilha. Seu ultimo olhar destinava-se a Julian, a quem destina sua ultima pergunta:

- O Roedor da Titãs?

A Fianna ainda confusa esperava ser colocada no chão por Julian para não ter que ela mesma descer e ao ouvir as palavras de Kiba sobre Amir e Balik fica com um semblante de pesar em seu rosto. Todos não-ahrouns da matilha haviam morrido e isso era algo que faz com que a Fianna fique por alguns segundos encarando Kiba perplexa. Não culpava o Presas de Prata, mas olhava para ele com o semblante de pesar que sentia de ter perdido tantos membros naquela missão e, após algum tempo respira fundo e diz:

- Ele pagou Kiba, não tão sofrido quanto ele merecia, mas pagou com a vida... a última coisa que eu me lembro é de ter arrancado a cabeça do desgraçado.

A Fianna, sem esperar, desce ela mesma do colo de Julian (ainda se apoiando no Roedor para ficar de pé) e, olhando no entorno e notando dois estranhos, comenta com Kiba:

- Não que a morte dele diminua nossa dor, mas, de certo modo, vencemos.

A Ahroun então olha para Julian e pergunta sem se preocupar em disfarçar:

- Eles? Quem são?

Não conhecia ainda a dupla que ali se fazia presente e naturalmente faz a pergunta ao notar as presenças.

* A feição do Roedor de Ossos se transforma de preocupada e ansiosa para aliviada assim que Mayra finalmente abre os olhos. Podia imaginar que a Fianna estaria tentando naquele instante se situar e seu corpo relaxa sensivelmente ao ouvi-la sussurrar seu nome. Continua olhando para a grande Garou que segurava em seus braços, transmitindo com os olhos sentimentos afetuosos que nem o próprio Roedor conseguia qualificar com perfeição. Em meio a esses sentimentos mais brandos de reencontro, ouve o relato de Kiba sobre a missão. Se distrai lembrando da morte de Lauren e meio que se surpreende ao descobrir que o mesmo desgraçado que havia matado a guria agora também era responsável pela morte de outros tantos Garous. Não estava habituado a lidar com magos e a noticia de que desconheciam a natureza do inimigo acrescenta pesar ao Roedor. Permanece pensativo, quase não percebendo o peso do leve corpo hominídeo que mantinha seguro em seus braços. É trazido de volta para a realidade no momento em que a Fianna pede para ser posta no chão mas mesmo assim acaba sendo lento em conceder o pedido. Novamente a voz fraca e recém desperta de Mayra chama atenção, dessa vez por mencionar o nome de dois Garous considerados mortos. *

" Eles num tava morto quando ela desmaio?! Ninguem sabe direito como rolo a porra toda... "

* O Theurge novato toma a palavra e discursa sobre a necessidade de tocar o barco apesar da dor e do pesar. Bola pra frente, dizia o Theurge, mas Julian ainda não estava pronto pra simplesmente esquecer a existência daqueles Garous que haviam corrido ao seu lado. Queria saber como aquilo havia acontecido, queria conhecer a história da queda daqueles que partiram para Gaia. Um sentimento indefinido de insatisfação cresce em seu peito ao perceber que não havia sido chamado para a ação e que não sabia de nada do que tinha acontecido com a matilha naquela noite. Ainda segurando Mayra em seus braços, reponde a pergunta que Kiba faz sobre o Julgamento do Roedor, e o faz de maneira breve: *

- Ele vai morre.. não por te matado uma irmã de matilha, mas por ter a porra de uma relação com a Wyrm. Vai ser caçado como um cão e vai pra vala..

* Julian ainda não gostava de falar sobre aquele assunto. Entendia que essa era a pena pelo crime de ter relações profundas com a Wyrm, mas ainda restava a sensação de que o cara poderia ter sido salvo.. de qualquer forma, estava feito e tinha coisas mais importantes a se preocupar. Uma conversa surge sobre a cerimonia pelos falecidos, a nova Philodox finalmente fala algo, e Mayra conta como arrancou a cabeça do filho da puta que havia dizimado a matilha e tenta se convencer de que haviam sido vitoriosos de alguma forma. A voz dela fazia com que Esquecido se sentisse um pouco idiota. Não queria ter demonstrado tantos sentimentos na frente dos outros Garous.. seu desespero em público não era o tipo de atitude que gostava de expor. Meio desconcertado, ajuda Mayra a tocar o solo quando ela manifesta a vontade de descer sozinha e permanece ao lado dela enquanto a mesma se apoia. Se recupera do desconcerto rapidamente, como era de sua natureza espontânea, e comenta baixo e quase satírico com ela: *

- Porra Ruiva.. cê tem um dom pra me deixar preocupado.

* Esboça um semblante mais leve por alguns instante, tentando transmitir algum tipo de tranquilidade apesar dos pesares. Passa sua grande pata de Crinos pelos cabelos ruivos da Fianna, bagunçando-os no processo, e depois meramente apoia o braço nos ombros dela, de forma a ajuda-la a manter-se em pé. Logo se volta para os demais e comenta num misto de resmungo e ironia: *

- Essa guria ainda vai me dar a porra dum enfarto..

* Olha para o Theurge novato e para a Philodox caladona e emenda uma resposta para a pergunta de Voz-de-Taranis, também não se importando nem um pouco em ser discreto: *

- O Wolfhere mandou os dois como reforço. A mina é a nova Philodox e o malandro ali é Theurge..

* Se não estivesse em crinos, esboçaria um sorriso.. mas não estava. Sabendo que não poderia afastar os assuntos mais sérios por muito mais tempo, deixa que sua fronte com características lupinas adote um ar mais enrijecido. Volta-se para Kiba mais uma vez, respira, e entra de vez no assunto, sem prolongar muito o que não tinha motivo para ser prolongado: *

- Cara, na boa.. eu to nessa matilha desdo dia que a Lauren... morreu. Nunca tinha ouvido fala desse lugar e nem desse cuzão mago ai. Não to te culpando nem nada por te atacado o lugar. Pra mim, esses filhos da puta tem mais é que morre memo. Só que perdemo gente pra caralho. Derrubamo uma Colmeia esses dia e num perdemo o tanto de Garou que caíram hoje. São duas matilha que agora tão arrebentada. Só que na Colmeia a gente tinha uma caralhada de gente investigando o lugar e planejando a porra toda. Nessa missão.. bom.. nessa missão eu num sabia nem que esse lugar existia.

* Para por um instante sem nunca desviar os olhos de Kiba. Não falava aquilo tudo num tom de acusação, falava porque sabia em seu peito que as palavras deviam ser ditas. "Se alguem tem que fala, melhor que seja eu", pensava o Roedor de Ossos. Depois de um curto período organizando as ideias e deixando suas palavras serem absorvidas, retoma e conclui: *

- Cê memo disse que descobriu só depois que o cara era um viado Harry Potter. Então vo mandá a letra de novo: teve planejamento ou nóis só fomo lá meteno o pé na porta pra manda o filho da puta pra vala? E qual foi o erro que o povo não tava querenu continua com a missão?

* Continua olhando para o seu Alpha a despeito da presença de todos ali. Mayra também tinha as respostas que Julian queria, mas Kiba era o responsável direto e, como um dos únicos dois Adrens da matilha, sentia-se no direito de tomar conhecimento do que havia se passado. Apenas permanece ali, apoiando Mayra com seu grande corpo em forma de batalha e aguardando por respostas. *

Dois novos membros são apresentados e a Fianna os cumprimenta com um gesto de cabeça após a falta de etiqueta de indagar a terceiros quem eles eram na frente deles. A conversa segue e os comentários sobre a morte do Roedor deixam Mayra confusa, mas as palavras de Julian cobrando respostas necessitavam ser respondidas. Kiba poderia dar essa resposta, mas a Fianna toma a frente e diz para Julian, enquanto encostava a mão com suavidade em um de seus braços:

- Agora não Julian, eu vou te explicar tudo mas deixa as outras perguntas que você tiver para depois da Cerimônia. Temos que Honrar nossos irmãos que partiram lutando em defesa de Gaia.

A Garou faz um carinho em Julian e explica:

- Não houve erro que gerou a insubordinação na missão. Houve covardia de quem ficou a reunião de planejamento inteira em silêncio, sem dizer um ai sequer e na hora H teve uma crise de medo e tentou nos demover da ideia de cumprir a missão que todos haviam concordado em fazer. Nós discutimos a invasão do Hospital no começo da noite. Já havíamos estado lá por duas vezes. Na primeira ele era covil de sanguessugas e quase perdemos Hrist mas expulsamos e eliminamos os sanguessugas. Na verdade, perdemos, mas de algum modo ela voltou dos mortos. Na segunda vez fomos atacados por esse mago e perdemos Lauren. Não sabíamos que era um mago, não tínhamos ideia do que íamos encontrar lá dentro. Somente Ellen, que Gaia a tenha, ponderou sobre não invadirmos hoje para investigar mais durante a reunião da qual você não participou porque eu disse que você estava ocupado com questões tribais aqui no Caern.

A Fianna respira fundo. Ainda não estava 100% e suas palavras eram ditas de forma bem pausada.

- Na hora H, na hora da invasão, o Filho de Gaia Philodox, irônicamente um juiz, resolveu questionar tudo da missão e tentar impedir nossa invasão. Eu me impus e com a ajuda da mesma Ellen e de Angus, que substituía você na missão, resolvemos o problema e entramos. A ideia era entrar furtivamente, mas Amir se antecipou aos Ragabashs, cometeu um erro, denunciou nossa invasão e daí pra frente tudo foi dando errado. Fomos separados por algum poder mágico. Tivemos irmãos controlados mentalmente e nos atacando, enfrentamos uma Hidra e outras criaturas estranhas. Tivemos que inalar pó de prata. O repertório do inimigo era vasto. Não tenho dúvidas em dizer que foi o inimigo mais poderoso que já enfrentei. Um a um nossos irmãos foi caindo.

A Ahroun olha para Kiba. Seus olhos tinham lágrimas de lembrar cada um dos membros perdidos e a Fianna completa:

- Eu mandei Amir trazer Baliki pro Caern. Balik havia sido controlado e matado Anksu e eu o pus para dormir. Não sei o que aconteceu com eles, mas eu acreditava que eles estavam vivos. Eu segui em missão com a Filhos do Sol depois de nossa matilha quase toda cair e vi a Filhos do Sol tombar ante o poder do inimigo.

A Fianna olha para Kiba com pesar e apenas diz:

- Eu fiz todo o possível, mas o inimigo era muito forte. Precisávamos de mais forças para vencer sem baixas.

Mayra abaixa a cabeça por um instante em pesar e olha para Julian, esperando que seu relato fosse o suficiente para o Roedor.

O Xamã olhou atentamente. Olhou e escutou. Entender o que tinha acontecido era importante para que não se repetisse, mas o excesso de emoções envolvidas ali o incomodou. Sim, Garous valorosos haviam tombando (alguns nem tanto segundo Mayra), mas ficar se lamuriando não os traria de volta. Não queria admitir sua indiferença pela morte de desconhecidos, e tentou ser gentil. Claro que com sua aura e aparência sempre sobra espaço para desconforto em quem o ouve. Era um pouco difícil se concentrar próximo a tantos Garous de aparência e raça pura tão elevada, mas tentou focar no problema que achou mais urgente após as explicações.

- Então deixem-me esclarecer uma coisa. É certo que o Philodox esquentado e a Rabash morreram, mas o Theurge e o outro Ragabash sumiram? Ou seus corpos foram incinerados no incêndio? Se não temos certeza, ao invés de ficar aqui, não deveríamos instituir um grupo de buscas? Não gosto da idéia de deixar um membro da minha nova matilha perdido.