Ruas - Zona Oeste

Mais golpes atingiram o Xamã. Sentia dor no corpo e sabia que não podia perder tempo curando-se. Já estava claro que nem mesmo sendo da matilha da Doninha ele teria agilidade suficiente para se esquivar. Pensou por um breve segundo que, se sobrevivesse, das duas uma: ou não se envolveria em missões irresponsáveis (o que seria difícil com líder e beta Ahrouns), ou aprenderia a lutar. Provavelmente a segunda. Precisava conseguir apoio de Kor e Amanda. Mas Kor claramente apoiaria a situação e Amanda, bem, parecia mais uma Guerreira que uma Pacificadora. E nesse momento agradecia a Gaia por isso.

A fúria que corria pelo seu corpo teria que ser usada para seu benefício. Mudou sua forma para Hispo em um instante e ficou com os dentes arreganhados esperando a chegada dos vampiros. O primeiro que entrasse em seu campo de visão levaria umas mordidas fortalecidas pelo poder de seu totem.

Ainda na forma Hispo ele morde o ar duas vezes para dissipar a fúria que corria em seu corpo. A Fúria Negra tão evidentemente habituada ao combate deve ter achado o comportamento ridículo, mas aquela havia sido sua primeira batalha na vida. Ou assim se lembrava. Ele não voltou a forma glabro pois queria se aproveitar dos sentidos aguçados da forma semi lupina para procurar outros vampiros. Logo rosnou para a irmã de matilha.

- Obrigado. Mas não temos tempo a perder. Você deveria ter deixado um para interrogatório. Teria nos poupado de ir à umbra nesse local amaldiçoado. Vamos tentar localizar outros vampiros aqui. De qualquer forma vai ser difícil voltar para esse local depois se não estiver seguro.

Respirava profundamente e tentava reduzir a impressão de histeria que marcava seus olhos de lobo.

O jovem Xamã tentava se acalmar. Sua primeira batalha, não conseguiu tirar sangue de ninguém, mas não deixava de se sentir vitorioso. Acreditou na Fúria Negra e, bem, ela matou 5 vampiros. Ele com certeza estava seguro.
Ainda na forma Hispo voltou a subir as escadas, empurrou uma porta no segundo andar e encontrou um quarto.
Foi até um espelho quebrado e começou a se harmonizar para entrar na umbra.

- Fique próxima Amanda - rosnou - vamos ver o que nos aguarda do outro lado.

A concentração do Xamã estava sendo testada essa noite. Ainda irritado com as poucas informações que conseguiu com os espíritos usou de um velho espelho quebrado para ver seu reflexo e sair da umbra. Um leve desconforto passou por seu corpo, sabia que algo na Umbra pedia que ficasse lá para sempre e se perguntava quando ia ceder ao desejo. Voltou na sala em que a Pacificadora deveria estar aguardando.
Olhou em volta e não a encontrou. Voltou a forma Hispo e ia se aproveitar dos sentidos aguçados desta para procurar pela Garou.

Sussurros seguiu cauteloso. Uma memória fugaz disse-lhe para averiguar o quadro inteiro antes de agir. Pena que a memória era algo que não confiava hoje em dia. Deu um fraco ganido para informar à Fúria que era ele chegando e depois saltou rapidamente e pronto para o combate na direção da porta onde estavam Amanda e o cheiro de sangue.

O Xamã ficou chocado com a quantidade de criaturas da wyrm mortas pelo covil. Parecia quase irreal que uma única pessoa tivesse eliminado tantos vampiros com apenas um corte no braço. Se dependesse dele ela mudaria seu nome para Mão de Gaia, pois somente ela conseguiria limpar o covil tão facilmente. Ainda pouco desnorteado disse:

- Não conseguirei limpar o caminho. O lugar foi tomado por malditos de todos os tipos. Um evento umbral que os espíritos chamam de "nuvem" contaminou todos ali, e agora espíritos de todos os tipos protegem o local. A umbra não é uma opção nesse ataque. Se formos pela umbra seremos destroçados.

Observou o campo de batalha. Todos aqueles monstros mortos.

- Se eu tivesse metade do poder espiritual que você tem físico talvez fosse possível. De qualquer forma não tenho. Vamos nos apressar ao Caern e passar nossas informações para o líder da matilha e sua beta. Como  Guerreiros, talvez possam montar uma estratégia melhor.

O Xamã e a Pacificadora montam na moto dela e se dirigem ao Caern.

OFF: continua no tópico do Caern.

Bateu as mãos em torno de suas roupas tirando a poeira. Havia se sujado no Ellisium. Parecia que alguns haviam morrido, mas a destruição do seu Louboutin era uma afronta que teria vingança. Se odiou por acreditar nos Ventrue e Toreador. Tolos ineptos. De que adiantava se vestir para receber os Arcontes com seu melhor sapato, se teria que correr com ele na escuridão?

Seu senhor desejava cobrar um favor. Como se isso fosse necessário entre eles. Bianca estava condicionada a fazer o que ele pedia sob pena de punições terríveis. Lembrava-se da vez em que ele a deixou em uma sala com 10 crianças e lhe deu a ordem que cuidasse muito bem delas. Quando ela terminou de beber da última das crianças ele a puniu com mais 1 semana cuidando de outras 10. Teve que suportar os pequenos demônios por mais de 1 mês antes de aprender a se controlar ante os pestinhas.

Sentiu a morte de Jorge com algum pesar. Sentia que as chances de uma boa relação com ele eram maiores que com os Ventrue. Bem, talvez Filippi ainda fosse um alvo.

Enquanto pensava nos próximos passos ligou para seu carniçal para busca-la onde quer que estivesse e estendeu seus sentidos para identificar possíveis ameaças.

OFF GAME: Sentidos aguçados de auspícius

Bianca estava pronta. Cancelou o contato telepático pois precisava de toda sua atenção. Não acreditava que seu senhor a colocaria em uma situação de risco. Mas como sempre repetia para si mesma: ninguém vive 500 anos sendo desleixada.

Observou que a sala tinha uma janela e foi lentamente em direção a ela. Se tivesse que sair voando, quebrar a máscara poderia ser melhor do que morrer ali. Olhou mais uma vez para seu sapato. Será que conseguiria correr sem destrui-lo completamente?

Focou seus sentidos na parede de onde vinha a movimentação e esperou o que quer que viesse.

OFF GAME: Uso percepção de aura na parede (auspícius nível 2)

Agora a situação havia se complicado. Ela estava cercada por auras com tons amargurados. A leitura de auras era uma coisa subjetiva, mas cainitas ali estavam e se mesclavam com as paredes de alguma forma. Rituais tremere? Forma de sombras? Sangue ou névoa? Algo novo. Teve que resistir a tentação de seguir por esses pensamentos pois se fosse algo que não conhecia ia querer estudar. Atendeu o telefone, a última vez ele tinha salvo sua vida (ou dos atacantes, isso ela nunca iria saber).

- Alô? Quem é? Respondeu enquanto continuava se movimentando. Seus rituais recém ativados a protegeriam de diversos ataques, mas esse tipo de pensamento tinha custado a vida de 2 arcontes e alguns candidatos a príncipe.

Ficou atenta aos movimentos enquanto falava.

OFF GAME: Mais 2 pontos de sangue em vigor, 1 em força e 1 em destreza

'- Não tenha medo, estás segura. Seu carro já deve estar chegando. Meus servos a protegem.' - Dizia a sombria voz de seu senhor no telefone enquanto Bianca podia ouvir o barulho do carro estacionando. Após uma pausa, a voz segue falando:

'- Não há um passo que vocês três não deem que eu não veja, Cosette. Nunca se esqueçam disso.'

A ligação é encerrada sem esperar respostas.

Seu senhor é rápido e resolve suspender os medos de Bianca. Ao chama-la de Cosette, traz deliciosas lembranças do passado, que a distraem daquele lugar horrível em que se encontra. Teria ficado chateada com o desperdício de sangue, se não fosse o fato de seus pés estarem em estado lastimável. O sangue daquela estúpida Toreador ainda estava manchando seus sapatos e o pior é que não combinavam com as lindas solas vermelhas do seu Louboutin. Se ela estivesse viva, Bianca jurou que a mataria.

Saiu do local olhando insistentemente para as paredes incrustadas por vampiros amargurados. Gostaria muito de poder fazer isso. Se imaginou colocando Thomas e Claudia naquele local e deixando os dois gritando para toda a eternidade. Ah, os pequenos prazeres da vida.

Saiu do armazém e foi até o carro do seu carniçal. Estava ainda ansiosa e nem se sentia muito segura. Ele percebeu imediatamente seu desconforto, e questionou se ela estava bem.

- Obrigada pela preocupação. Agora está tudo bem. Leve-me para esse endereço. E deu as orientações para a chácara de sua irmã Beatrice. Precisava discutir os acontecimentos da noite e decidir os rumos da Camarilla na cidade.

Adentra na noite veloz uma trindade blindada, sem sirenes, sem ostentação, os carros do exército costuram pelo vago trânsito noturno.

Três unidades de transporte das Forças Especiais em alta velocidade, soldados atentos, gatilhos destravados. Um helicópetro acompanha o movimento dos céus, na altura das nuvens.

" Estou acá de volta "

SMS, um texto curto para Jéssica. Problemas demais, o velho não queria ser mais um.

Os Blindados encontram os portões da Vila Militar abertos.

Entram

A blazer blindada de Duque de Caxias desliza potente pela avenida brasil. Seu negro fosco transforma o carro em uma mancha preta na escuridão daquelas ruas.

"Chego em 15 minutos." - Dizia o SMS enviado a Montecchio

O condomínio Santa Cicília não estava longe.

A malkaviana sai do submarino e caminha diretamente até um dos veículos emprestados por Terry. Ela observa ao redor e entra em um deles, esperando que os outros viessem e ocupassem seus espaços para que seguissem em direção à capela.

Natanael se adianta, chegando ao cais. Respira fundo, mesmo sem precisar, já que estava feliz por chegar ao ar fresco da noite infernalmente quente do Rio de Janeiro. Infelizmente seus pulmões, há muito murchos, doem no processo e ele para, já caminhando em direção a um dos carros. Claudia já deveria estar em um deles. Ele se aproxima e aguarda Vincent chegar para lhe abrir a porta. Quem sabe não teriam algum momento de privacidade ali embaixo do céu claro de lua cheia enquanto os outros ainda se despedissem? Claudia certamente não se importaria...

Natanael a encontra em um dos carros e fica do lado de fora aguardando. Apenas acena para a menina sorrindo da forma que sempre faz.