Ruas - Zona Oeste

O Toreador concorda com o Brujah, não era o mais indicado a conversar com humanos, ele proprio preferia resolver as coisas ao estilo Brujah, mas se Uther o havia pedido para fazer aquilo talvez fosse realmente melhor que o commpanheiro.

O lutador vê que havia uma ronda policial acontecendo, pensa qual poderia ser sua desculpa, e a melhor ainda não havia surgido. Então, como quem não quer nada, desce do carro chamando Uther com o olhar e apenas caminha para entrar na comunidade, ele amplia sua carisma natural com sua Presença e fala apenas um singelo.

"- Boa noite senhores."

E continua caminhando.

OFF: Ativo Fascínio.

O Toreador tinha que pensar em algo rapido e simples. Ele então tenta descobrir quem é o de posto mais alto entre aqueles policiais e enquanto isso fala.

"- Advogados da companhia de gás, Dr. França, prazer. Precisamos de fotos do local, investigação particular da companhia.

OFF: Caso descubra quem é o chefe daquele grupo uso Transe nele.

O Toreador sorri e responde ao policial, havia dado tudo certo, mas o que era FESN?

"- Espero que a gente consiga ser rapido. Essa chuva maldita causou na minha noite."

Sendo simpatico o Cainita esperava não atrair atenção. Então ele vai até o carro chamando Uther.

"- Tudo tranquilo, a gente pode subir, mas uma tal de FESN veio e levou muita coisa da cena, sabe de quem se trata?"

O Toreador aguardava que Uther o seguisse favela a dentro.

O Toreador concorda com a cabeça com o Brujah, precisava investigar rapidamente e tentar pegar todas as gravações que pudesse sem que Uther o visse.

Ele então começa a caminhar em uma direção oposta à Uther, ativando seus Sentidos Aguçados para ver se localizava algo anormal ou um celular perdido.

OFF: Ativo Auspícios 1 para a investigação.

Com seus sentidos já aguçados ele vê um vulto se movimentando. Caralho, será que o cabeludo ainda estava ali? Ou o Sabá? Ou talvez Natanael tinha se escondido ali para pegá-lo, afinal, ele já sabia que Guille seria indicado para aquela missão. Maldito, filho da puta.

O Toreador no entanto refreia seus medos e segue para o beco que a criatura havia entrado, ele vai encostado pela parede, se escondendo e só colocando metade da cabeça para observar o beco onde iria entrar. Mantinha atenção máxima, inclusive tentando perscrutar uma possível Ofuscação.

Maldito, não acredito que ele está aqui ainda. Não não não. Vou recuar, ninguem precisa saber. Uther não está aqui. Porque eu ainda estou nessa cidade infernal. Maldito cabeludo, maldito Natanael, é plano dele isso. Só pode. Cade você?

Se fosse vivo seu coração bateria a mil, ele queria recuar, sua mente e seu coração queriam recuar, mas seus pés ágeis já estavam se movendo em direção à viela. Ele não acreditava no que estava fazendo. Mas aquela era uma atração fatal, ele queria ir embora. Queria fugir, para os EUA. Mas ali estava, indo em direção aquele que trazia a perdição e indo sem titubear.

Seja o que Deus quiser, se é que ele tem alguma influencia com esse ser infernal.

Aquele lugar vazio era assustador pra qualquer um que o conhecia. Morro que desde sempre fora lugar de muito movimento, muita bagunça, samba e som alto a qualquer momento do dia. E agora era um lugar sangrento e de mau agouro. Pior que qualquer masmorra.

O chão ensanguentado era o preludio do que aconteceria com Guille. Ele sabia disso. Queria voltar. Mas seus pés buscavam o desconhecido, seus ouvidos aguçados seguiam o som hipnotizante do velho violino. Era sua canção de morte, um lulaby, ou melhor, um requiém para os já falecidos.

Mas nada daquilo impede seus pés em transe se movimentarem. O Toreador faz o sinal da cruz num impulso, e então empurra a porta de madeira alquebrada da residência onde só os fantasmas de sua humanidade habitavam.

Os pés continuavam avançando, seu coração e sua mente dizendo para recuar, mas nada parava a impávida busca pelo desconhecido. Sabia que encontraria seu fim ali, mas queria enfrentá-lo de peito aberto. Não, aquilo era mentira, na verdade sabia não haver esperança, não haver onde se esconder, aquele grito agonizante agora fazia sentido, era a morte que anunciava sua chegada. O grito fora da Banshee, que agora vinha o buscar, ao som agonizante das cordas retumbantes do violino.

Se sentia em um filme de terror, e nenhum filme fazia jus a como se sentia. Passo a passo andava, sentia o som de seus sapatos reverberando no chão, não tentava se esconder, seria inútil, seria fútil. Então chega à porta do quarto entreaberta. Com o ranger do último passo o Cainita para, e respirando fundo, mesmo que de maneira inútil, empurra com sua mão esquerda a porta para que abrisse, o som das dobradiças é alto e implacável, a porta começa a girar em seu eixo, revelando seu interior.

Guille entra na sala e a cena é mais assustadora do que imaginava. A boneca que sentava em meio a sala, com sua cadeira de balanços rangendo ria, aquela era uma risada assustadora, era uma risada que poderia matar alguém de susto. E mais ainda, com a cabeça de Emilie em seu colo, a cabeça da Malkaviana, que com seu olhar caótico dera origem a tudo aquilo, e agora jazia morta. O Toreador dá um passo a frente, boquiaberto...

"- Emilie... Como... Não era pra você... Estar... Não pode... MALDITO!"

Era temor, e fúria, e tudo misturado, e o Toreador cai de joelhos, cai no duro chão de madeira, estava em pânico, próximo ao estado catatônico, não podia, como haviam feito aquilo com Emilie, que tipo de jogo Natanael estava fazendo, aquela boneca. Não fazia sentido, era o cabeludo? Victoria? Quem estava fazendo aquilo com ele, e por quê?

Ainda de joelhos Guille deixa uma lágrima de sangue escorrer por sua face, e grita.

"- Por quê? POR QUÊ? Deus tenha piedade da minha alma..."

Ele observava sem tirar os olhos da cabeça ensanguentada da Malkaviana, não podia acreditar, a angústia o impedia de se mexer, iria morrer, sabia disso.

O Toreador não conseguia se mexer. A boneca coloca a cabeça de Emilie em cima de uma mesa de cabeceira e, enquanto o sangue escorria pela mesa a cabeça falava com Guille:

'- Piedade, Guille? Você teve piedade de todas as pessoas que você matou? Teve piedade de todas as famílias que destruiu? Todos os sonhos que enterrou? Você é um monstro Guille, você é o culpado por tudo de ruim que me aconteceu! Você não merece menos do que sofrer...'

Enquanto a cabeça falava, a boneca se aproximava de Guille que - mesmo querendo fugir não conseguia. A boneca segura a cabeça de Guille com as duas mãos espalmadas nas têmporas do Toreador e quando ela começa a se preparar para morder o delegado do Xerife, a voz de Uther pode ser ouvida por Guille:

'- Hey, moleque, acorda... acorda cara... rápido...'

Guille nota então que estava de joelhos chorando sangue no apartamento todo revirado e destruído. Não tinha boneca, tinha ainda a cadeira de balanço mas nada de cabeça de Emilie. Uther Bergmann olha para o Toreador de cima a baixo e fala com ele:

'- Levanta rapaz. Seja o que for que fizeram com você pra você causar tudo isso, nós vamos dar um jeito. Mas você vai ter que confiar em mim. Tá pronto pra isso?'

Uther estendia a mão para que Guille levantasse. Demonstrava já saber o que tinha acontecido no local, mas não parecia inquisidor com Guille.

Não, não é minha culpa, não é. Me fizeram fazer isso Emilie. Eu não queria. Não queria. Queria ficar com você. Não matar ninguém. Não não.

A boneca avançava em sua direção, era seu fim, ela o mataria, ele não conseguia fugir, o peso dos seus atos era muito grande, a perda de si mesmo, a perda da humanidade, de sua consciência, como ele pudera racionalizar aquilo? Era obvio que era culpa dele. Nada ia nunca aliviar a culpa que sentia. A não ser...

A mordida era próxima, estaria acabado, quando um ultimo pensamento passa por sua mente.

Culpa sua Emilie, nunca esteve comigo, sempre esteve com eles!

A boneca morde seu pescoço e então tudo devanece. Estava ajoelhado em seu próprio desespero, em sua poça de sangue que escorria por seus canais lacrimais. Estava ajoelhado e Uther lhe falava. As palavras estavam enevoadas, era dificil compreender, ele pega a mão do Cainita no instinto para levantar.

"- Eu não sei o que fiz... Sei que está errado... Tá tudo errado... Você não viu? A boneca? A cabeça? Onde está Emilie? Preciso falar com ela!"

O Toreador segura Uther pelos braços puxando sua camisa, falava de maneira desesperada, como se fosse uma questão de vida ou morte.

O Toreador balança a cabeça e diz.

"- É impossível me salvar, impossível nos salvar... Estamos condenados, todos.

Guille mantinha a cabeça baixa. Mesmo não precisando, respirava fundo e rápido, estava muito agitado. Não via saída para aquele inferno. Mas o Toreador não fazia nenhum esforço, nem mesmo para ficar de pé. Estava largado nos braços de Uther. Sem coragem de se mexer e enfrentar a realidade que parecia ficção que sua vida se tornara.

O Toreador notava a simpatia do Brujah, mas não sabia até que ponto ele podia estar certo. Ele já não tinha esperanças, não depois de tudo que ele viu. Estava sem forças mesmo para negar. Então diz com a voz fraca, muito diferente do normal de Guille que era firme e forte.

"- As pessoas não são confiaveis, ninguém é confiavel. Todos estão com ELE Uther. Todos. Sem exceção. Natan foi o primeiro, Vincent, Calebros, e agora Eles estão com a Emilie. Ninguém é confiavel cara. Ninguém."

O lutador seguia o Brujah mesmo que seu desejo fosse se encolher em um canto e se proteger Dele. A Gehena se aproximava. E todos cairiam em frente ao Toreador, e seria obrigado a assistir. Seria a testemunha que Deus precisava para eliminar a raça Cainita.