Hotel Glória - bairro da Glória

No primeiro instante, Marie-Amélie se inteiriça, vagamente ofendida:

- Oh, com certeza não, não há lugar mais seguro no Rio de Janeiro para os membros... - mas rapidamente entende o jogo de harpia que a toreador faz, um jogo a que nenhum zelador de elísio digno desse nome estaria indiferente. Vira a cabeça na direção dela - Quem se atreveria a colocar a segurança da nossa corte em risco dentro de nosso próprio Elísio? Precisamos isolar esse risco...

Filippi praticamente arrasta Emilie atrás de si, até que ela acerte o passo com o dele, e posta-se no corredor das salas de reunião, indicando que a malkaviana encoste na parede oposta àquela em que ele se apoia, de modo que ninguém possa entrar ou sair da área sem passar por eles. Pega o celular e começa a digitar despreocupadamente. Depois muda de ideia e diz a Emilie:

- Pode chamar a sua amiga zeladora aqui?

OFF: SMS enviado via Facebook e mensagem privada.

Emilie sorri de volta, timidamente, mas com algo conspirador em seu olhar.



Então pega o papel, com o telefone dele anotado, guardando-o no bolso de seu casaco.
- Entro em contato assim que eu puder...

Acompanha as passadas largas de Filippi, sem entender muito bem sobre o que ele queria conversar, encostando-se aonde ele pede, mas franze os olhos, confusa, com o que ele pede.
- Marie-Amélie? Por que? O que houve? - e então, com uma lembrança, ela pergunta, em voz mais baixa - é sobre a mensagem que você recebeu no celular?

Filippi enfia o celular de volta no bolso e diz:

- De certa forma, sim. Preciso pedir uma coisa a ela, rápido.

Percebendo a urgência de Filippi, Emilie logo concorda.

- Está bem, está bem. Um minuto.
Pega seu celular, e digita um SMS para Marie-Amélie.  

"O xerife está te chamando no corredor das salas de reunião, com urgência."

Ela permanecia atenta, logo continuaria suas respostas.

Bruno não tinha mais o que fazer ali depois da fraqueza de seu afeminado primogeno. *É isso que acontece com um viado tentando fazer papel de homem.* A ligação já tinha sido encerrada e mal completara o pensamento ele percebe sua SUV encostando na porta do hotel. Sem se despedir de ninguém o bicheiro entre em seu carro e parte em direção ao seu refúgio.

As palavras de Xica eram esperadas, mas mais uma vez ela fica calada. Era uma pena, dependendo do que a Toreador pudesse revelar, Vincent até poderia tentar defendê-la. Mas segundo o provérbio: “Quem cala, consente”, Vincent tinha suspeitas de que Xica estava mais do lado da Legião do que da Torre de Marfim. Ainda calmo e sentado em sua poltrona, Vincent diz:

-Então resolveu escolher o silêncio? É uma pena e é entediante, mademoiselle da Silva. Tsc, tsc, tsc...

Sentiu seu celular vibrar e abriu um imenso sorriso. Olhou para Guille, Henry e por fim para Xica, proferindo:

-Temos um convidado para nossa reunião. Delegado e Secretário França...por gentileza mantenha a traidora sob controle. Um momento por gentileza.

Vincent se levantou e seguiu até à porta da sala de reuniões, abrindo-a e vendo que Luiz Fillipi estava acompanhado de Emilie. Abriu o melhor dos seus sorrisos, deu um passo para o lado e estendeu seu braço direito, convidando os dois a entrar:

-Xerife Fillipi, Primógena Blanc...por gentileza, podem entrar.

Aguardou que os dois entrassem na sala e então disse:

-Mademoiselle da Silva é a traidora que procura, Xerife Filippi. Ela denunciou a localização do refúgio Tremere para a Legião, causando a morte de quatro Anciões. Acabou de confessar...no meio da reunião Toreador e achei necessário informar a príncipe que me solicitou entrar em contato com monsieur e com monsieur Lupinatti.

Tocou no ombro de Luiz Fillipi e com um sorriso, completou:

-A primeira contribuição real do clã da Rosa para a Torre de Marfim. Ah...já ia me esquecendo....

Olhou para Xica:

-...traidores da Torre de Marfim não serão aceitos neste clã, não importa sua idade, reputação, poder, clã ou qualquer outra coisa que possam ser ou ter. E xerife Fillipi...

Desta vez se virou para o Brujah:

-...a príncipe Wilson deseja saber quais as providências tomadas diante da traidora.

Sorriu para Emilie e carismático, proferiu:

-Perdão Primógena Blanc por ter que presenciar esta cena. Mas não posso admitir traidores no seio da Torre de Marfim e muito menos compactuar com este tipo de coisa.

Então era isso? Ela continuava sorrindo. O controle que queriam sobre ela era suficiente? Talvez sim, talvez não. Quando Vincent pediu que Guille a mantivesse sob controle, a toreador aproximou-se ainda mais do lutador e cochilou no seu ouvido.

- Devia ter entendido o que eu disse sobre a máscara, Guille. Posso cair, mas o que vai acontecer com o responsável pelo massacre na Cidade de Deus? - ela perguntou, usando o mais suave tom de voz. -  E providenciei para que essa informação seja conhecida, caso algo me ocorra. Um delegado e uma primogena responsáveis pela quebra de máscara. Na hierarquia das tradições essa é a prioridade não?

Não disse mais nada. Ia esperar pela reação do delegado e pelo que os outros fariam antes que ela continuasse. Enquanto isso, olhava ao redor, procurando por uma rota de fuga.

O leve tamborilar dos dedos sobre a o braço da poltrona dava a Henry a sensação do preenchimento do vazio do local enquanto nada era falado, além da quebra do tédio. O silêncio e a tensão eram tamanha, que era possível ao coreano ouvir se uma agulha caísse do outro lado da sala. Se sons altos, barulho o incomodavam, o silêncio completo também. Era como se no silêncio seus ouvidos buscassem por sons. Era bem comum que os bons músicos, e Henry se incluía no grupo, tivessem um audição privilegiada, ouvido absoluto, e aquilo era tão benção quanto maldição.
Por fim, Vincent rompe o silêncio, talvez apesar do verniz de calma que era sua face, estivesse ansioso pela fala da mulher negra.
Começou a fala notando o tédio que era o silêncio. O erro do excesso da pausa dramática que o coreano já havia cogitado. E então logo em seguida as coisas começaram a ganhar mais tom com a chegada surpresa ao coreano, mas planejada por Vincent, do Xerife e da jovem que havia encontrado no início da noite, a primógena Blanc. Que aos vê-los mesmo sentado na poltrona Henry lhes deu um sorriso pequeno e lhes fez um menear de cabeça como cumprimento.
Logo, em seguida surgem as denuncias contra a Xica. E Vincent mostra que não era tão suave, apenas talvez preferisse as cosias mais sobre o controle antes de agir. Ao menos, foi o que Henry entendeu. Vincent havia enrolado Xica se fazendo de mole enquanto chamava o Xerife. Aquela rosa tinha sim seus espinhos, e o pior, espinhos disfarçados e escondidos. Começava a notar qual era ali o funcionamento do clã no Brasil.
Apesar de tudo Xica não pareceu se abalar. E se aproximou de Guille sentado numa poltrona próxima ao coreano, falando coisas no ouvido do lutador. Usar de segredos como catada final. Infelizmente para a negra, a boa audição de Henry permitiu que este acompanhasse bem o que a negra docemente proferia ao lutador. Com uma suave melodia aos seus ouvidos. As vezes a boa audição era uma benção, mas o que fazer com aquela informação poderia ser uma maldição.
Quando Xica terminou e se afastou de Guille olhando ao redor. Henry lançou um olhar ele junto de um pequeno sorriso e um levantar de sobrancelha, denotando a ele algum tipo de cumplicidade. Se o homem fosse esperto entenderia o recado.
Passou por fim então a observar atentamente Xica. Duvidava que ela naquela situação ficaria apenas olhando sem agir. Enquanto esperava a atitude do Xerife frente a tudo.

((OFF: qualidade - sentido aguçado - audição))

Guille vê que Vincent tinha chamado a cavalaria, iria realmente entregar Xica, ela então tenta novamente um recurso, manipulá-lo, aparentemente ela tinha informações de que ele havia feito o massacre da noite anterior, aquilo tinha siso resolvido, mas ele já tinha quase esquecido aquele ponto, mas ela o relembra.

No entanto, como lutador, era seu treinamento nunca se deixar abalar, com presteza, sem enrolar, ele responde a mulher que lhe sussurrava aos ouvidos, com o mesmo tom de voz baixíssimo que ela tinha utilizado.

"- A janela, sua única escapatória, eu te cubro."

Enquanto isso, o Delegado aumentava seus atributos físicos com o uso de sua Vitae, enquanto um sorriso invisível por todos por estar coberto pelos cabelos de Xica surge em seu rosto.

OFF: Gasto 2 pontos de sangue, 1 para Destreza e 1 para Força.

Ela não iria se defender, não com a mera possibilidade de defesa de Guille França. Esperava que ele pudesse realmente lhe dar cobertura. Assim como acreditava que teria uma dificuldade enorme de se esconder com a proximidade do dia. Entretanto, assim o faria. Concentrou o seu sangue, para aumentar a sua velocidade sobrenatural e, aproveitando seus treinos com Erick, saltou em direção à janela.

OFF: Xica usa 1 de vitae pra rapidez e 2 pra bombar destreza.

'- Saia daí o quanto antes...' - ecoa a voz da menina chorosa na mente de Emilie.

Era o depósito de Lixo e Xica estava em meio ao lixo e cacos de vidro. O local era uma grande câmara com um caminho que deveria dar acesso à saída dos fundos do hotel e uma grande tampa de esgoto, por onde deviam seguir os detritos dos apartamentos e do hotel como um todo. Xica tinha pouco tempo para agir, sabia que em breve iriam atrás dela. Escolher o caminho certo poderia fazer a diferença entre viver e morrer.

A toreador se viu diante do lixo, não era a melhor rota de fuga, mas era melhor que encontrar a morte final. Como poderia se proteger, agora? Os passos de Xica da SIlva deveriam ser rápidos e diretos. Assim que se colocou em meio à câmara, concentrou o poder da vitae para que escondesse a sua presença. Haviam duas possibilidades ali. A primeira delas a levaria para a saída dos fundos do hotel, a segunda para os esgotos. O que fazer? A opção õbvia era seguir em direção aos fundos, não deveria se aproximar dos esgotos em uma cidade governada pelos nosferatu, mas talvez a opção menos óbvia seria mais segura.

A sorte estava lançada , mas não iria por ali. A saída dos fundos era o que ela tinha escolhido. . Enquanto seguia acelerada por aquela que tinha sido sua escolha, encaminhou mensagem para seus carniçais, dizendo que se protegessem, protegessem seus recursos e encontrassem um local melhor. José, o motorista, estava perto dali e Xica tinha dois pensamentos. Não iria para sua casa, ali não estaria segura. Mas teriam coragem de atacar o lar dos midiáticos Anitta e Erick SIlva? A máscara seria sua maior segurança, quando escapasse do perímetro do hotel e, assim, agiria.

OFF: Xica ativa ofuscação e segue em direção à saída dos fundos do hotel.

Henry havia ouvido toda a sutil interação de Guille e Xica, inclusive a resposta dele de cobrir ela. Após o sorriso, não visto ou ignorado, por Guille o jovem coreano continuou sentado sem emitir reação nenhuma como se não soubesse de nada. Internamente se questionava se Guille não havia visto, se estava ignorando, ou se não fora esperto para perceber.
Quando o cristal quebrou, os ouvidos de Henry sentiram um incomodo inicial do barulho gerado seguido de algo quase musicalmente prazeroso com a seqüência de cacos atingindo o som e emitindo sons, havia naquele ato caótico algo musical e que talvez pudesse ser aproveitável num momento de menor tensão.
O coreano olha para a janela quebrada por onde Xica passara e volta então o olhar para Guille, seus dedos que tamborilavam de leve no braço da poltrona para e um deles aponta discretamente ao lutador e logo se move a janela, num questionamento silencioso sobre o que o faria o homem ali. Por fim move os olhos para Emily, de volta a Guille e finaliza os colocando sobre o xerife. Esperando manifestações deles sobre o que fazer e como agir.
Afinal de contas não era função dele, o recém-chegado alheio e nada atlético correr atrás da fugitiva por lugares que nem conhecia. E também havia uma informação que precisava decidir como utilizar e quando a apresentar. Talvez em minutos, talvez nunca.

Nem bem tinha falado para Xica ela toma a atitude que ele esperava que ela tomasse, a Toreador parte e salta quebrando a janela e despencando pelo prédio do Hotel Glória, o Delegado não se demora, e assim que quebra a janela ele já se fazia de pé, partindo também para saltar atrás dela, suas presas expostas, estava pronto para caçá-la, e não deixaria nada impedi-lo.

"- Eu pego ela!"

O lutador fala enquanto corria e saltava, usando seu sangue para ativar a velocidade sobrenatural pela qual era conhecido seu clã, pronto para uma luta, o que ativava sua emoção e euforia, mais do que qualquer beleza ou obra de arte, torcia para ela lutar quando a pegasse, em breve.

Ele despenca pela janela e cai no depósito de lixo, pronto para perseguir a fugitiva, ativando seus Sentidos Aguçados caso ela quisesse se esconder.

OFF: Gasto 1 ponto de sangue para Rapidez e ativo Sentidos Aguçados.

Marie-Amélie pede licença para verificar a mensagem no celular e ergue a cabeça para Victoria

- Excuse-moi...

Mas não tem tempo de terminar a frase, pois o barulho do que deve ser a bela vidraça da sala de reuniões estoura seus ouvidos. A observação de Victoria completa o quadro para a ventrue:

- Oh, parbleu! Perdão, mademoiselle, tenho que resolver isso, com licença.

Pegando o celular, liga para Martine, ordenando que ela ative todas as defesas do prédio na saída de serviço. Em seguida, liga para Léa, dizendo que ela venha correndo da casa, a meio quarteirão de distância, do jeito que estiver, e que ligue para Martine para que a outra carniçal oriente o que ela deve fazer. Enquanto isso, avança o mais rápido que pode na direção da sala de reuniões.

OFF: defesas do Elísio com o narrador.

Filippi não tem tempo de responder a Vincent, pois o barulho vem de dentro da sala. Ele não perde tempo: entra correndo e salta a janela atrás de Guille, alguns segundos depois dele.

Emilie olha para a sala assim que Vincent abre a porta. Um olhar entre confuso e desconfiado, sem entender direito o que estava acontecendo, até o primógeno toreador revelar a traição de uma de suas irmãs de clã. A malkaviana não tinha nenhum amor pelos tremere, mas a acusação lançada era extremamente grave, e ela, que não sabia quem era a Mademoiselle Silva, direcionou seu olhar chocado para a única outra mulher na sala.

A proximidade entre ela e Guille também incomoda Emilie, que franze os olhos ao vê-los aos cochichos, até que subitamente, Xica salta pela janela. Arregala os olhos, perplexa. Isso era praticamente uma declaração de culpa, mas antes que ela se decidisse por ir ou não atrás da traidora, a mensagem da criança dispara na sua mente perturbada, e Emilie não consegue pensar em mais nada.

Colocando os dedos sobre a têmpora, como se isso a ajudasse a manter o contato com a menina, Emilie recua alguns passos para trás, conforme Guille e Filippi pulavam pela janela e fazendo alarde o bastante para que ela não fosse notada, antes de girar os calcanhares e andar em passos largos pelo Elísio, procurando a saída.
"Para onde eu vou...?" questiona suplicante para a voz em sua mente.

Xica da Silva torna sua presença invisível (Ofuscação 2) e a princípio não era notada por ninguém e tenta sair pela porta dos fundos do hotel. Seguia ofuscada na direção do caminho que levada do depósito de lixo até o retorno mas pode notar no fim do corredor que seguranças do Ellisium, como se soubessem que ela caminhava naquela direção pareciam se posiciona na porta.

O primeiro a pular atrás de Xica é Guille, depredando ainda mais os caríssimos cristais que faziam aquele vitral. O Toreador, ao aguçar seus sentidos (Auspícius 1), conseque quebrar a ofuscação de Xica e enxergava o caminho que a Toreador seguia. Luiz Filippi pula em seguida, mas não vê nem rastro de Xica da Silva.

Ao entrar na sala de reuniões, Marie-Amélie se depara com o vitral que separava a sala do depósito de lixo quebrado, com o recém-chegado Henry no meio da mesma, vendo o Xerife e Guille quebrarem ainda mais o vitral para irem atrás de quem ela podia deduzir ser Xica da Silva.

Assistindo a tudo aquilo, Emilie apenas ouvia os sons dos cristais se quebrando e, por alguma louca anlogia de sua mente, parecia ouvi-los pronunciar a palavra água.

OFF GAME: Não esqueçam de especificar sempre o nível da disciplina que estão usando e não apenas o nome da mesma. Aos que não sabem, a disputa entre Auspícius e Ofuscação conta com o valor máximo que cada um tem na disciplina, por isso mesmo com Auspícius 1, Guille França pode enxergar Xica da Silva.

"Água... água..." sente-se captar a mensagem. Cada barulho fino e estridente dos cristais se chocando e estraçalhando no chão a faz ouvir o som da água se agitando, com suas gotículas pulando no ar e batendo de volta na superfície. Esta é uma imagem que lhe traz paz, por isso, acredita que será o melhor lugar para ela estar agora.

"Água... água..." repete em sua mente, com os dedos ainda pressionando sua têmpora, conforme ela caminha até a saída do Elísio que conhece. Percebe a segurança pesada que havia sido formada ali, com os homens bem vestidos correndo pelo local e tomando a passagem. Ela sabe perfeitamente o motivo, embora, em sua concentração, não se detenha nele. Caminhando normalmente, apenas com os dedos na têmpora, ela tenta seguir para fora, apesar dos seguranças, sem parecer estar fugindo ou ser capaz de reagir violentamente caso fosse impedida.