Hotel Glória - bairro da Glória

Bruno estava quieto até que Xica resolveu responder ao questionamento de todos. As frases se sucedem e a confusão só aumenta na mente do bicheiro. A neguinha mistura alhos com bugalhos e Bruno não consegue evitar o pensamento:

*PUTA QUE PARIU!!! QUE CARALHO ESSA DOIDA TÁ FALANDO?*

Bruno observa incrédulo a futura-ex-ex-escrava e tenta imaginar a causa daquilo tudo. *Será que é uma Malkaviana disfarçada? Será uma Anarquista infiltrada?* Instantes da mais profunda contemplação se seguem para ao fim um Insight invadir a mente do Toreador:

*É uma MULHER! Tá explicado! Essa merda toda só podia ser culpa de uma MULHER!*

Ele observa a negra e meneia levemente a cabeça em sinal de desaprovação ao que escutava. Num determinado momento ele se ajeita na poltrona e olha atrás de si como quem procura por alguém: *- Quem foi que abriu a porta da cozinha e deixou essa maluca sair?*

Ele então se volta para Vicent e, depois que Victoria se retira, se manifesta:

“- HAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!! Meu irmão, eu preciso do bagulho que essa doida fumou!!!! HAHAHAHAHAH”

Depois que consegue recuperar o ar, Bruno volta a sua cara séria e expõe sua opinião sobre os relatos, olhando para Xica:

“- Deixa ver se eu entendi. Você entregou o local do Terreiro dos macumbeiros em troca de atacarem os aliados de suas santidades reais e isso tudo pra facilitar nosso trânsito?”

O bicheiro faz uma pequena pausa e prossegue com o raciocínio:

“- Vejamos o que nos aguarda:
1- Os lobisomens, putos da vida, atacam apenas os independentes porque eles sabem a diferença entre nós e eles; a legião ataca os Lobisomens; os Tremeres e os Ventrue se tornam porra nenhuma no jogo do bicho e, fruto de sua astúcia, assumimos os rumos da Mulambada na cidade; você é eleita Príncipe do Rio de Janeiro, Linda Wilson sua secretária e Carlent vira seu oficeboy; eu perco 60 quilos, meus cabelos voltam a crescer lindos, lisos e loiros e arrumo um emprego como galã de novela das oito.
2- Os fedorentos, putos da vida, atacam qualquer um que tenha uma dentição mais saliente; a legião vai pro retiro espiritual pra evitar a confusão; os Tremeres, mais fracos, não ajudam em porra nenhuma; os Ventrues colocam na nossa conta o ataque e  nossa linda e simpática princesa, fruto da sua astúcia, leva a gente pra tomar banho de Sol."

Mais uma pausa se segue antes que Bruno pergunte para Vicent:

“- Isso aqui é sério?”

O bicheiro olha para o primogeno e deixa transparecer sua discordância com os rumos daquela reunião.

Victoria Ash é direta em suas palavras. Dura e muito direta. Principalmente no caso dos Ventrue e dos Tremere. Não imaginava que a senhora de seu ex amante tinha pouca estima diante dos dois clãs. Vincent a observa atentamente enquanto ela fala e nada diz em um primeiro momento, quando ela dá dois passos na direção da saída e se dirige à Vincent, ele se levanta, aguarda as palavras da Toreador e quando ela deixa a sala, Vincent se dirige aos membros do clã, ainda calmo:

-Com licença mademoiselle, messieurs...retorno em um instante.

Ouve os comentários de Bruno, mas permanece sério e diz:

-Um momento monsieur Modenesi. Já retorno para continuarmos esta reunião.

Vincent caminha na direção de Victoria, deixando a sala e fechando a porta quando passa por ela. Viu Victoria deixando o local e não hesitou em dizer:

-Mademoiselle Ash. Um momento por gentileza...

Caminhou na direção da bela mulher até alcançá-la. Tocou-a no ombro, de forma muito gentil e disse, olhando nos olhos da Toreador:

-...não nos deixe mademoiselle Ash. O clã Toreador é forte quando unido e sua importância é muito respeitada por mim e tenho certeza que também pelos outros membros de nosso clã. Peço que confie em mim assim como Monsieur Lacerda confiou.

Retirou sua mão do ombro de Victoria e continuou:

-A cidade do Rio de Janeiro precisa do seu expertise e eu também. Confie em mim...por monsieur Lacerda...lhe peço humildemente que confie em mim.

O que era dúvida agora era um fato: aquela reunião era um verdadeiro circo. A saída de Victoria era compreensível diante da passividade de Vicent, mas sua saída logo atrás era uma ofensa aos demais presentes. Será que eles eram tão insignificantes que a saída de Victoria inviabilizaria qualquer decisão do demais? Ou será que era apenas a insegurança do Primógeno em tomar as decisões que deveria tomar?

Bruno que permanecia sentado balança a cabeça em sinal de desaprovação diante da saída de Vicent, coloca o chapéu de volta à cabeça e se levanta.

"- Bom, senhores, pelo visto nossa reunião acabou. Tenham uma boa noite."

Antes de sair faz um último gesto para Guille:

"- Amanhã eu pago aquela breja que tô devendo."

O Bicheiro sai da sala e pode observar, mais adiante,o quórum qualificado da reunião. Disfarçando sua contrariedade ele se aproxima da dupla. *Se querem decidir as coisas sem mim pelo menos se deem ao trabalho de disfarçar.*

Com um sorriso amarelo no rosto ele aborda a dupla, após as palavras de Vicent, e fala para Victoria:

"- Subscrevo suas palavras, minha senhora." - o bicheiro tira o chapéu e faz, meio desajeitado, um reverência diante da Victoria.

Logo em seguida ele se recompõe, volta para Vicent e dispara amigavelmente:

"- Quando quiser jogar a vera sabe onde me achar, Primógeno."

Dá um tapinha no ombro como sinal de despedida e se prepara para deixar a dupla em suas confabulações.

Henry no seu mundo interno estava quase encontrando a melodia perfeita para o momentod e o silêncio naquele o clima de suspense, quando Xica começa a falar quebrando sua linha de pensamento. Era melhor tentar focar-se no assunto então, mesmo sem entender muito dele. Rapidamente, com as palavras da negra tudo esquentou e algumas mascaras de serenidade se removeram.
Tentando entender as relações que tinham cada um de seu clã , Henry assistia as trocas de palavras e viu Victoria mostrando discordância ali quanto a forma polida e, talvez até frouxa, de Vincent, culminando em sua retirada da sala.
“Confuso, mas curioso... Coisas a tentar entender, guardar e se precisar, usar...”
Em seguida era Bruno que se movia na poltrona como se tivesse nela algo que o incomodava, ele então faz um discurso cômico, cheio de termos populares e regionais que Henry tinha ainda problemas para entender, mas sempre cheios de comicidade não importando a tensão do ambiente. Ele termina questionando Vincent, que o ignora. Talvez o teor cômico de suas palavras o levasse a ser ignorado, cogitou o asiático, afinal os engraçadinhos nunca tinham muito a dizer.
Ignorando Bruno, Vincent apenas pede licença a todos por um instante e também sai da sala correndo atrás de madame Ash, deixando os outros num clima tenso e estranho ali.
Henry abre um sorriso discreto e o mostra olhando para cada uma das rosas que restantes: Bruno, Xica e Guille, num gesto que soava quase como uma tentativa de melhorar o clima do lugar e um pedido de desculpas pela saída de repentina de Ash e Vincent.
Porém aquilo não pareceu gerar efeito. Bruno se levanta, e dando a reunião como acabada, se retira do local também.
Por fim, o asiático olha para Guile, num gesto dando a entender que o questionava sobre o que fazer ali e como proceder em tal situação, mas acaba desistindo nesse intento.
O asiático volta a focar a visão no nada, em ninguém, e recorre ao seu recurso favorito que muito usava nas chatas reuniões de negocio do pai, focar sua mente em suas músicas e partituras, enquanto discretamente ignora o ambiente.
Sentado em seu lugar, numa expressão neutra e vazia, como um bom menino obediente espera o regresso de Vincent, seu superior que disse que logo voltaria.

Mick ignora a ventrue, e assim que Emilie começa a se debater afrouxa um pouco o abraço sem soltá-la, envolvendo-a carinhosamente contra o ombro quando ela se abandona em seus braços. Mas fica tenso quando ela pronuncia seu nome. Deveria ter calculado que, no descontrole da malkaviana, aquilo poderia acontecer. Só lhe restava responder que ela se confundira, mas, antes que pudesse abrir a boca, a própria Emilie o diz, e o brujah sorri dizendo com leveza:

- Não sou Mick, mas posso fingir que sou, se lhe faz bem... Nós irlandeses somos todos "Mick" e "Paddy" afinal!

Havia ignorado também Filippi, e só então ergue os olhos para a cara mal-humorada do "long fellow". Hesita por um instante em deixar que Emilie passe para os braços dele, mas quando ela mesma toma a iniciativa solta-a suavemente e fica por perto, inclinando-se em sua direção, as mãos enfiadas fundo nos bolsos. Lança um olhar para Stevie e diz baixinho:

- Está tudo sob controle agora...

Filippi lança um olhar atravessado para Stevie e recebe Emilie nos braços, aninhando-a com a suavidade tão pouco característica em relação à sua brutalidade habitual. Lança um olhar igualmente belicoso para Mick antes de se voltar para a malkaviana:

- Conta o que viste, guria... quem sabe posso ajudar a pensar o que tu viu com o que já viu antes... - volta a olhar feio para as pessoas em volta - Ou em algum outro lugar, se for melhor...

Marie-Amélie apenas fica zanzando em volta. Já há gente demais querendo socorrer Emilie para que ela se ocupe com isso também. Então põe-se a endireitar os móveis que Richard fizera o desfavor de arrastar. Pensa em perguntar ao brujah de onde ele conhecia a malkaviana, e onde aprendera a falar francês tão bem, mas seria deselegante, já que ele parecia ainda tão preocupado. E, na verdade, a ventrue não está livre de preocupação com a amiga - nem de curiosidade.

Emilie dá um risinho com a piada graciosa de Mick, um pouco mais tranquila, mas apesar de aceitar com carinho o abraço de Filippi, ainda fica hesitante em contar detalhes sobre o que acontecera. Podia realmente confiar em seus amigos? A visão não poderia ter sido justamente um alerta?

Conhecia Marie-Amélie, praticamente, desde seu abraço, e sempre a vira como uma mulher muito íntegra, mas era uma ventrue, e eles sempre privilegiavam seus próprios interesses. Não podia dizer algo diferente sobre Mick, era valente e corajoso, sempre disposto a defender o que achava certo, mas igualmente implacável com quem ficasse em seu caminho...
Filippi ela conhecia há pouco tempo, mas apesar disso confiava nele, como não confiar em alguém que havia salvado-lhe a vida? Porém, o próprio fato de não conhecê-lo há muito tempo poderia guardar desagradáveis surpresas.
Nem podia dizer que era seguro confiar em seu irmão de clã, Constantine, que há pouco lhe recomendara cautela. Ele a entendia, como um malkaviano entende a outro, e parecia disposto a ajuda-la, mesmo de seu jeito torto,mas ele tinha um jeito obscuro, e era difícil dizer quais ideias ele tramava.

Muito tempo em silêncio, com aquelas reflexões, para então decidir o que deveria dizer.
- Eu vi um grupo de vampiros e um bando de lobos lutando… os vampiros, tinha a impressão que eles eram maus, que eram do Sabá talvez… - dá um suspiro, erguendo a cabeça, com um ar mais lúcido.

- Pode não significar nada, pode significar alguma coisa, pra mim é mais um sinal, de que eles podem ser nossos aliados.
Ou pelo menos, aliados dela.

O Primógeno ouve as palavras de Victoria sem esboçar reação alguma. Bruno não tinha segurado o fogo no rabo e viera ver o que estava acontecendo. Olhou-o e sorriu, ao fim das palavras de Victoria, Vincent proferiu à ela:

-É uma pena que não tenha percebido o que eu estou querendo fazer, mademoiselle Ash. Os brios que possuo seriam mostrados ao fim das informações que mademoiselle da Silva ainda iria nos revelar.

Assim que ela vai deixando o Elísio, o Primógeno comenta:

-Não estamos conspirando para a nossa morte. Tenha uma ótima noite mademoiselle Ash. Até breve.

Desta vez se virou para Bruno:

-Achei que o problema do senhor Rildo Borges necessitava da ajuda dos membros de seu clã, monsieur Modenesi. Fico contente que tenha resolvido tudo sozinho. Me desculpe...não sei o que é vera. Tenha uma ótima noite. Com licença.

Vincent se vira para a sala de reuniões e pega seu celular, digita uma mensagem rápida e adentra a sala com um imenso sorriso no rosto.

-Perdão mademoiselle et messieurs. Onde estávamos mesmo?

Olhou o relógio e viu que eram 4 horas da manhã. A reunião Toreador teria que ser rápida ou teriam que passar o dia no Elísio. E imediatamente recebe a resposta de sua SMS. Se acomoda na poltrona em que estava acomodado anteriormente e digita duas mensagens rápidas e envia aos seus destinatários.

OFF – SMS enviada ao Narrador via facebook e Mensagem Privada

Stevie vê que Mick tinha se resolvido com Emilie, ela parecia saber o nome dele mesmo ele se revelando como Richard, ou ela tinha delirado ou ela sabia demais, no entanto ela e Fillipi começam a conversar, ele precisava falar com os Gangrel, e já tinham demorado demais ali, afinal, ele pega seu celular e vê, 4 horas da manhã, não teriam muito tempo e ele gostaria muito de não passar mais uma noite nos esgotos, ele fala alto para que Fillipi o escutasse.

"- Ei, Fillipi, amanhã ao anoitecer a gente se encontra no Lampiaum, beleza?"

Então se volta para Mick e fala mais baixo e em inglês.

"- Bora que eu preciso fazer uma parada e já tá tarde, depois a gente cola pro meu boteco pra passar o dia, se você não tiver um lugar ainda pra ficar."

E então a resposta de Xica vem, e vem pesada. Ela conta que se aliou aos inimigos dos aliados dos Ventrue para ajudar a derrubá-los e derrubar os Feiticeiros, em troca de informações completamente escassas sobre os Independentes que nem eram inimigos nem aliados diretos do Clã Toreador.

Victoria se exalta e se retira, Bruno a acompanha com uma reação similar, ele acena para o gordinho em sua saída. Ainda estava pensando em como reagir diante de tudo aquilo, assim que se vê sozinho, ou quase, com Xica, afinal o coreano ainda estava lá, ele olha para a Negra e fala.

"- Vosmicê sabe que uma ameaça ao Domínio de um Membro é uma quebra de nossas Tradições, e dessa maneira quem deliberaria sobre seus atos é o Ancião local, lembre-se, o Xerife Luis Fillipi me nomeou seu Delegado, e nesse papel, minha função é garantir que as Tradições sejam seguidas, então espero que com suas próximas palavras convença-me a relegar minha função momentaneamente em Prol de nossa Guilda."

Guille mantinha-se sentado, era a primeira vez que se pronunciava, falava de uma maneira muito mais séria do que falara alguma vez na vida, ele odiava aqueles joguinhos, ela tinha algo por trás de contar aquilo para o Clã, só podia ter, ou era muito infantil de revelar traição na frente de um Primógeno e de um Delegado e esperar sair impune. Ela estava colocando o Clã em joguinhos desde cedo, já a vira ameaçar Bruno com uma faca, e agora colocava em risco toda a Torre e todo o sistema mais forte de defesa da Seita, esperava que ela tivesse uma margem de lucro muito alta para uma jogada tão arriscada.

Como disse Bruno, aquela jogada só faria sentido se ele perdesse os 60 quilinhos, e tudo mais da opção 1 ocorresse.

Então Vincent retorna, ainda sentado, com as mãos cruzadas em frente ao rosto, o delegado fala para o Primógeno.

"- Estávamos esperando esta Rosa desabrochar suas intenções."

- Conheço plenamente as tradições, senhor França. - ela respondeu ao lutador, assim que se viu sozinha com ele e o oriental na sala. Não fez questão de responder aos outros. Nem Vincent, nem Modenesi, nem Victoria. Se estavam se retirando, que assim o fizessem. Ali Xica se colocara como boi de piranha e se manteria assim. As luzes da ribalta, a atenção. Cortinas de fumaça não eram seus principais objetivos, antes ela preferia o brilho de uma fogueira intermitente. Ela estava dessa vez, sentada. Exatamente ao lado de Guille França.

Quando Vincent retornou à sala de reuniões encontrou Xica da Silva recitando as tradições.

- A terceira tradição é a progênie e apenas com a permissão do teu ancião criará outro de tua raça. A quarta tradição é a responsabilidade, e tu será responsável por aquilo que tuas crias fizerem até serem libertadas. A quinta tradição é a hospitalidade e honrarás o domínio do teu próximo. Quando chegares em uma cidade se apresentes a quem a comanda, sem a palavra de aceitação, nada és. A segunda tradição é o domínio, teu domínio é tua inteira responsabilidade. Todos devem-te respeito enquanto nele estiverem. A sexta tradição é a destruição e apenas o ancião tem poder sobre o sangue dos outros membros. Por fim, a primeira tradição é a da máscara. Não revelarás tua verdadeira natureza àqueles que não sejam do Sangue. Ao fazer isto, renunciará aos teus direitos de Sangue.

Marie-Amélie não consegue conter um gemido penalizado:

- Oh, Emilie, os lupinos não são confiáveis... Isso parece um risco difícil de superar...

Sabia de pelo menos um membro da Bretanha que se dava com eles - o misterioso primógeno brujah de Saint-Brieuc, Yann Goudec, aliado de sua querida Yannez -, mas a primeira coisa que um vampiro bretão aprendia era que os lobos que infestavam as muitas florestas da região poderiam trucidá-los à menor provocação.

Mas não fica junto muito tempo, pois Victoria sai da reunião dos toreadores, e Marie-Amélie sente-se compelida a abordá-la, falando em seu bom inglês.

- Há algo que eu possa fazer por você, srta. Ash? Tem abrigo para o dia? Tenho muito boas instalações no subsolo para os membros, muito seguras.

OFF: O acesso do saguão do hotel para todas as salas de reunião e para o abrigo dos vampiros no subsolo é feito pelo salão do Elísio.

Guille é quem responde Vincent, que com um sorriso carismático responde ao Secretário e Delegado do clã:

-Obrigado Secretário e Delegado França. Realmente...estávamos aguardando as intenções de mademoiselle Silva.

Cruzou as pernas e recostou-se na poltrona, encarando a irmã de clã enquanto ela falava sobre as tradições da Torre de Marfim. Ao fim das palavras da cainita, Vincent é bem direto:

-Mademoiselle da Silva...vamos parar com os floreios e vamos direto ao assunto. Estou cansado deste teatro e quero saber o que mais conseguiu com a Legião antes que eu me enfureça e tenha que arrancar a sua bela cabeça de seu corpo e jogar aos pés da Príncipe Wilson informando a sua traição diante da Torre de Marfim. Já são quatro horas da manhã e minha intenção é de passar o dia no meu refúgio e não no Elísio.

O sorriso carismático de Vincent desapareceu imediatamente e o Toreador ficou muito sério. O clima na sala já não era tão amistoso assim.

Mick sacode-se um pouco de um pé para outro enquanto Emilie fala, com as sobrancelhas franzidas e um ar concentrado. Já enfrentara um bocado com a loira e já conhecera malkavianos suficientes para saber que os insights deles nem sempre podiam ser desprezados. Acrescenta suas palavras às de Marie-Amélie:

- Isso parece arriscado demais... mas o inimigo de meu inimigo pode ser meu amigo. Talvez seja um risco que vale a pena correr. Se soubermos como fazer isso.

Acompanha com um olhar a ventrue indo conversar com Victoria, mas logo se movimenta bruscamente, tirando as mãos dos bolsos, para responder a Stevie:

- Não tenho, vou precisar de um lugar seguro pelo menos esta noite... Vamos embora, então. Até mais, Emilie, gostaria de conversar com você depois. Um prazer conhecê-lo, Filippi. Nos falamos amanhã.

Filippi escuta Emilie e a manifestação dos outros com o rosto franzido, mas acrescenta, seco:

- Eu já vi isso dar certo antes. Pode ser feito - lança um olhar frio para Marie-Amélie. Não era ela quem dizia durante a reunião que poderia conseguir isso. Ventrue frouxa.

Saúda Stevie e Mick com um aceno de cabeça, respondendo ao primeiro:

- Estarei lá, bagual.

Pega seu celular subitamente, olha alguma coisa, franze mais ainda a testa e diz para Emilie:

- Quero conversar contigo sobre isso. Mas tenho uma coisa para fazer agora. Vem comigo.

Pega a mão da malkaviana e a leva para o corredor que dá acesso às salas de reunião.

Emilie ouviu em silêncio as ressalvas de Marie-Amélie e Mick. Magoou-se um pouco com a ventrue, pois já havia conversado com ela sobre a importância de sua aproximação com os lupinos, embora considerasse que a atitude dela poderia ser de preocupação com ela, ou de cuidado em relação aos outros…

O irlandês parecia menos pessimista que sua amiga, embora ela também tivesse poucas ideias sobre como articular este plano, mas a firmeza como Luiz Filippi defende isso impressiona a malkaviana, que olha para ele, ganhando um pouco mais de confiança.

Chocou-se ao ouvir de Stevie que já eram quatro da manhã. A noite havia passado rápido demais, culpa da lenta reunião. Poderia ter que repensar seu encontro com Constantine, não queria ter que dormir no Submarino.

Despede-se de Mick e do primógeno brujah.
- Até a próxima, senhor Armstrong. Gostaria de conversar com você também... Richard...
Tinham muito o que conversar de fato.

Pelo visto não era o único, nem o mais apressado, e pelo olhar que Filippi fizera ao celular, ele deveria ter acabado de saber algo sério. Ela segue o enorme brujah, em passos desajeitados a princípio, mas que logo recompõe, apesar de mais largos para conseguirem acompanhar os dele, pensando como explicar suas visões , bem como o que ele ainda tinha a fazer.

Bruno se resume a escutar as palavras de seu primógeno e a observar a retirada de Victoria. Ele então olha na relógio e percebe o avançado da noite, resolvendo ligar para que seu lacaio venha buscá-lo.

O retorno de Vincent faz o jovem coreano de olhar para o vazio tornar a ele e abrir um sorriso satisfeito. Mas esta foi a única reação que teve deste então. Permaneceu o resto do tempo em silêncio na cadeira, quase como decoração da sala, apenas ouvindo a conversa entre as 3 rosas. Apesar de parecer alheio a tudo, estava atento as palavras.
Daquela forma era quase como se conseguisse obter as informações sem ter que se sujar, ou sem fazer parte dos ares do lugar que ficava cada vez menos amistoso.
Tinha ali para si uma posição segura. Absorver informação, aprender sobre como o grupo ali funcionava e ainda não se envolver em problema desnecessário a sua pessoa.

O Brujah se despede de Emilie que falara com ele e começa a sair do Hotel, procurando na internet do celular o endereço do Parque que haviam dito que era onde estavam os Gangrel, assim que sai do Hotel se dirige ao carro no qual vieram.

OFF: Segue nas Ruas

Guille mantinha sua postura mas estava totalmente atento, talvez ela tentasse alguma gracinha, já não sabia qual seria a reação de Xica ao ser encurralada.

Volta o silêncio após o retorno de Vincent e seu questionamento a Xica.
Pareceu ao coreano que aquele era um recurso que a negra gostava de usar, manter um silêncio para gerar um suspense antes de falar. Pena que a repetição daquele recurso o tornava sem valor, para não dizer enfadonho.
Henry, enquanto esperava, passou a levemente tamborilar os dedos no braço da poltrona como se com isso fizesse e mantivesse algum tipo de musica para si.

Mick abre seu belo sorriso para Emilie.



Rapidamente, puxa um caderninho preto do bolso e uma caneta e anota o número do celular novo, que já tivera tempo para memorizar.

- Deixa-me um recado que marcamos de nos encontrar na próxima noite.

Despede-se dos demais com um aceno geral e, girando agilmente nos calcanhares, segue com Stevie para o carro.