Centro Cultural Banco do Brasil

- A questão não é fazer novas amizades, Calebros. E você sabe disso. - ele respondeu, mas sem demonstrar ironia ou qualquer tipo de deboche em suas palavras, embora ele estivesse transbordando desses sentimentos.

Ali estavam as coisas acontecendo ao redor deles. A cada instante, mais e mais informações. Membros de todas as cores e formatos se aproximando daquele elísio. As garras da noite se estendendo, o brilho vermelho tomando o céu. Farpas trocadas publicamente. Negócios. Medos. Gargalhadas.

John pensava e seus olhos giravam. Sua mente vagava enquanto Victoria Ash e Uther Bergman deixavam o espaço comum do elísio e entravam na sala onde a príncipe recebia os cainitas. O malkaviano já tinha sido recebido. Estava aceito, apesar de algumas gafes. Não era agora que cometeria outra. As farpas trocadas entre os dois nosferatu não passaram despercebidas, mas ele não iria comentá-las. Algo, entretanto, não pode deixar passar.

- Pode parecer medo, Calebros. E é! Mas eu não arrisco uma aproximação à Catedral de Carne sem que tenha um grupo de apoio fortemente preparado para isso. Estamos próximos demais do fim da para correr de braços abertos até ele, entregando-me em sacríficios vãos. E se há um pouco, que seja, de bom senso em seus pensamentos, aceite minha sugestão e não faça isso.

Bruno Modenesi estava calado, preso em sabe-se lá que tipo de pensamentos. Enquanto isso a toreador prosseguia no dialogo com Guille França.

- Veremos o que ele fará dos apostadores. Espero que a bolsa seja considerável. - respondeu sorrindo. Logo em seguida a garota bailarina malkaviana se aproximou, cumprimentando o lutador.

- Boa noite, senhorita Emilie Blanc.

Quando Victoria Ash adentra o recinto e toca o ombro de Vincent, ele abre um imenso sorriso e constata que se ainda fosse mortal, teria com certeza seu membro sexual visivelmente ereto naquele exato momento. Sua calça com certeza denotaria isso. Victoria, além de ser belíssima, ainda havia criado o maravilhoso Natanael Lacerda. Aquele do qual Vincent havia escolhido para ser seu amante e isso já era excitação demais para o pintor.

Vincent se vira para Victoria, toma uma de suas mãos com gentileza e beija as costas da mão que estava em seu poder, muito educado e gentil:

-É um prazer revê-la mademoiselle Ash.

Percebe a educação do Primógeno Brujah bonitão e sorri, proferindo:

-Obrigado Primógeno Armstrong. Muita gentileza sua ceder espaço para a apresentação dos membros de meu clã.

Olhou em volta e não viu Bruno, desta vez para Linda, disse:

-Príncipe Linda Wilson, quero apresentá-la mademoiselle Victoria Ash, do clã Toreador. Chegara na cidade esta noite e está aqui para cumprir com os protocolos da Torre de Marfim.

Vincent sabia que a bela mulher dispensava apresentações. E onde diabos estava Bruno Modenesi? Emilie entrara em um estado catatônico lá fora? Deveria ter entrado já que Guile estava lá.

”Ah....o amor. Tão brutal quanto delicado.”

Bruno resolvera ficar um pouco calado e observar o desenrolar dos fatos  até que Guille e depois Xica o chamam de volta ao papo.

"- Considere feito meus queridos. Hoje mesmo vou começar a espalhar a notícia na rapaziada e garanto que nêgo vai vender a alma pra estar lá."

Assim que acaba o comentário o Toreador escuta seu companheiro de clã ser chamado. Ele se volta para o lugar de onde a voz vem e não consegue evitar um largo sorriso diante do que via. Aproveitando seu longo convívio com imigrantes nordestinos que ocuparam as favelas cariocas, dispara do alto de sua empolgação:

"- FALA GALEGA!" Seu tom de voz é mais alto do que o normal,chamando a atenção de todos no salão sem que chegasse a gritar.

"- Morcegos me mordam se não é meu eterno destaque diante de meus olhos." Bruno, entrão como sempre, caminha e se coloca entre o lutador e a Malkaviana. Ele coloca suas mãos nos ombros da bailarina e a inspeciona de cima a baixo com um jeito de velho tarado.

"- É verdade que um bronzeado lhe cairia bem, mas ninguém é perfeito. Quer dizer que finalmente aceitou meu convite?"

O Brujah ouve a apresentação de Victoria Ash e tem uma oportunidade de analisar a lenda da Camarilla de perto, a aura de confiança dela era palpável e ela parecia ser muito forte, a pergunta era, parecia ou era?

Então, quando a Príncipe da a brecha, ele se pronuncia quanto a Uther, o indicando com a mão enquanto o apresentava publicamente.

"- A Primogenia Brujah apresenta Uther Bergmann a este Principado. Conhecido em muitos lugares e um dos pilares da Camarilla... Além de meu amigo pessoal, que garanto que só terá a ajudar esta cidade a se tornar o maior bastião de nossa Seita."

Stevie sorria para a Príncipe e para Uther, na verdade ele tinha planos a discutir com o Ancião, e com Lampião, e também desejava ver como desenrolaria seu papo com o Zoombie dos Palmitos.

Então ela sai da sala de reuniões da Príncipe, distraída, simpática, delicada, fala um boa noite geral, então seus olhares se cruzam, ela fala apenas uma palavra, o lutador estava prestes a responder quando Bruno entra na frente como se fosse íntimo de Emilie, já fazendo convites e tocando na garota.

O Toreador fecha seus punhos de maneira reflexa, por pouco não se segura em acertar um soco no gordinho, mas recua, aquilo não deveria ser tratado daquele jeito, não em público, era um Elysium afinal de contas, e lembrava o que tinha acontecido na reunião anterior e a coleção de frenesis acumulados.

Guille apenas dá um passo a diante, ficando ao lado de Bruno, e discretamente, com uma ombrada, forte e precisa, afinal, vinha de um Cainita muito mais alto e forte que Modenesi, além de ser especialista em desequilibrar adversários. Mas delicada o suficiente para ser no máximo considerada um acidente.

Então ele sorri para a Malkaviana, observando-a nos olhos.

"- Emilie, que bom te ver bem."

Victoria era lindíssima. Possuía uma altivez digna de uma rainha de antigos impérios medievais, fora que sua reputação também era bem conhecida. Victoria é aceita na cidade, e isso era óbvio, e era a vez do Primógeno bonitão e do tal Uther que também era bem bonito, apresentar-se.

Vincent apenas observa-os e a apresentação, tanto de Victoria quanto de Uther, termina sem a presença de Modenesi. Quando Linda questiona se tinham mais algo a tratar, Vincent profere:

-Tenho mais um membro para se apresentar minha príncipe. Acredito que a Primógena Blanc possa ter se esquecido de avisá-lo. Com sua licença, encaminharei uma mensagem à monsieur Modenesi para que venha imediatamente.

Vincent digita rapidamente uma mensagem em seu celular e encaminha à Bruno. Após digitar a mensagem em seu celular, ele o guarda e diz:

-Pardon minha príncipe. Monsieur Modenesi está a caminho.

OFF: SMS para Bruno Modenesi: É sua vez de apresentar-se monsieur Modenesi. Venha.

Emilie lança um rápido olhar para Xica mas não responde ao cumprimento dela, parecendo estar com a cabeça longe. A aproximação expansiva de Modenesi a arranca de seus devaneios quase que à força, e ela parece levar um tempo para reorganizar suas ideias e dar um leve sorriso para o bicheiro.
- Bruno, você por aqui? - as palavras dele acabam arrancando um risinho dela, mas ela está nitidamente melancólica - não, Bruno. Eu não ando tendo muito tempo para dançar ultimamente...

É então que Guille se aproxima, esbarrando no bicheiro, e os olhos da malkaviana buscam o toreador com ansiedade.
- Guille, que bom que você está bem!

Tinha muito o que conversar com o toreador, mas passada a comoção inicial, Emilie se lembrou do pedido da príncipe. Virou-se para Xica e Bruno, os únicos membros novos que ela podia ver, mas tentou falar de forma geral.
- A príncipe pede para que os membros que precisam se apresentar se dirijam à sala dela.

Calebros direciona sua atenção à Andre Gabrois

De fato, não se trata... Trocaremos impressões mais tarde, por gentileza.

Diferentemente de Gabrois... Calebros era irônico... Decerto esquecera que havia sido designado para assisti-lo....

Retorna sua atenção ao Malkaviano

É justo ter receio... Não temos muitas informações quanto a Catedral de Carne... No entanto, continuaremos a não ter essas mesmas informações quando atacarmos... A unica diferença é que é que estaremos em maior numero e a não sobrará nada para pesquisadores como nós...

*Filippi subitamente fica agitado, passando de um pé para outro e encarando Linda impaciente. Quando Victoria e Uther terminam de se apresentar, dá um passo para trás.*

- Com sua licença, príncipe. Stevie, vem comigo.

*Assim que consegue a licença, segue veloz atrás da toreador e do brujah e, abaixando um pouco a cabeça para falar mais baixo mais perto do ouvido deles, diz*

- Ouvi dizer que os senhores são bons guerreiros. Temos um caso de quebra da Máscara. *só então olha para Victoria* Luiz Filippi, o xerife.

Modenesi e sua misoginia. Por quanto tempo o toreador continuaria assim? Xica havia tomado o caso como uma ofensa pessoal e a cada palavra que saia da boca do balofo ela se tornava mais e mais irritada com ele. Machistas não passarão. Preconceitos não passarão. Ela apenas acena a cabeça, positivamente, quando ele destacou que as apostas seriam feitas. E eles quebrariam a banca. A negra preferia que ela fosse a responsável por isso, mas nada que o tempo não resolvesse.

Quando Emilie lhe disse que a príncipe iria receber os novatos, respondeu a ela.

- Agradecida, primogena Blanc, mas já me apresentei à nossa majestade Linda WIlson.

- Quando quiser, - Malebolgium. - ele respondeu sorrindo ao obeso nosferatu. - Realmente temos muito o que falar a respeito desta noite e daquelas que virão ao longo do tempo.

Andre permaneceu onde estava, mas não se interessava diretamente pelo assunto que o irmão de clã discutia com o malkaviano. Para ele o fim do mundo já tinha chegado, faltava apenas o momento em que todos aceitassem isso e se deixassem levar pelos ventos do destino. Tudo que era sólido se desmanchava no ar e até os mais antigos matusaléns um dia sairiam da toca e se tornariam poeira. Crianças como Calebros, André e os outros cainitas que estavam naquela sala serviriam apenas como diversão. Era sempre assim. Os detentores do capital esmagando os operários. E na sociedade cainita a vitae potente era o capital. Questão de sobrevivência. Talvez um ou outro conseguiriam escapar. O futuro e o passado se entrelaçaram e fizeram com que ele chegasse até ali. Estaria disposto à guerrilha? Não! Seu tempo de vida mortal tinha sido mais que o suficiente para desfazer suas convicções. agora ele queria apenas sobreviver. O máximo de tempo possível. E se para isso fosse preciso servir à uma corte medieval decadente, ele serviria. Talvez escapasse da tormenta. Talvez depois chegaria a bonança. E quem sabe, assim, poderia ser um dos responsáveis por fazer surgir uma sociedade que atendesse aos seus princípios?

E já que deveria servir à corte decadente, era isso que faria. Estava atento às conversas paralelas, registrando impressões, analisando movimentos. Que os jogos comecem.

John estava focado na conversa com Calebros que nem percebeu que Emilie tinha deixado a sala da príncipe. O malkaviano estava atravessado no diálogo entre dois nosferatu e não queria se intrometer. Pareciam, de alguma forma, trocar fardas que poderiam sobrar pro seu lado e ele não tinha interesse algum em se envolver mais do que o necessário com os assuntos dos ratos de esgoto depois das ameaças que recebera.

- Aí é que está a grande questão, Calebros. Existem estudiosos e estudiosos. Aqueles que ficam apenas dentro das suas bibliotecas empoeiradas e aqueles que vão a campo reunir as informações para montar os quebra-cabeças. Pelo que eu te falei pode ter suposto que sou do primeiro tipo. - ele sorriu, havia um brilho louco no olhar do malkaviano. Nada com o que se preocupar, entretanto. Era realmente um louco que falava, não?

- Estou pronto para ir até a Catedral de Carne, sozinho se for preciso. Só acredito que não é necessário! O ataque será feito, um grupo o fara. E nesse momento nossos inimigos não terão um, ou dois membros como alvos. Não serão um malkaviano e um nosferatu tentando se infiltrar no antro tzimisce. Os poderes da ocultação estão entre os presentes na minha família, mas devo admitir que não me encontro apto a me proteger suficientemente sozinho, como grandes possibilidades o senhor está.

Ele fez uma pausa, como se pensasse nas próximas palavras que diria. Em também, para permitir que Calebros refletisse a respeito as suas palavras.

- Do que vai me adiantar invadir a catedral de carne agora, reunir o máximo de informações que eu conseguir, e não sair de lá? Se realmente acha que terá mais chances de descobrir segredos indo até lá agora, esteja a vontade, mas não terá a minha companhia!

Calebros percebia que não teria ali um aliado...

Até iria meu caro Filho da Lua... Mas desconheço o Caminho... Creio que terei que me alistar no ataque à Catedral para finalmente chegar até la...

Ele checa o horario...

Daqui a algumas horas amanhecerá... Ja tens um refugio?

Stevie segue com o convite de Luis para acompanha-lo. Antes de sair cumprimenta com a cabeça a Principe e sai atras de seu companheiro Brujah. Victoria e Uther são as escolhas do Xerife, eram boas escolhas. Uma pena era que houvesse aquela quebra da Mascara, a Principe devia te-lo informado por mensagem durante a reunião, só podia, bom. Eles teriam que investigar. Mas realmente aquele não era o melhor lugar para discutirem aquilo.

"- Talvez a gente consiga uma sala pra discutir isso."

Fala o Brujah procurando se havia alguma sala reservada e vazia que pudessem utilizar.

O Toreador da um sorriso para a Malkaviana. Ele havia esquecido ate mesmo a discussão sobre a luta e estava apenas observando aquele rosto.

"- Tudo certo na reunião Emilie?"

Era conversa pequena de esperar trem, mas era o que podia ser discutido ali com tantos intrusos, com tantas pessoas querendo saber de suas vidas, bisbilhotando, de olho. Conspirando... Tramando. O Toreador teria cuidado.