[BOTAFOGO] CASARÃO GIOVANNI

Ignácio escuta sua irmã atentamente dizendo.

"- Não incomoda nenhum pouco, cuidava desse assunto dos cemitérios também. Vou providenciar um contato na Prefeitura hoje a noite, se tudo der certo amanhã, ou no máximo no dia seguinte todos os cemitérios e funerárias serão nossos."

O Giovanni percebe o tom de preocupação na fala de sua irmã, ela estava achando que um de seus espíritos tinha desaparecido ou algo pior.

"- Como assim irmã? Um de seus espíritos não retornou?"

Abriu um sorriso na direção do irmão. Ele era muito eficiente nos negócios e tinha ideias muito melhores que as dela, na verdade ele tinha as ideias dos negócios enquanto Ida engatinhava na lama neste quesito.

Ao fim das palavras do irmão, ela o responde:

-Obrigada. Como sempre muito eficiente nos negócios. Se precisar de mais recursos, fale com Lucca. Já o deixei instruído a respeito. Pelo que Lucca descobriu, há um cartel fortemente instituído por estas famílias que tem braços na Prefeitura e na Câmara dos Vereadores, mas tenho certeza que saberá resolver este problema.

Sobre Alexander, ela o olhou de uma forma estranha, parecia tristeza.

-Alexander ainda não retornou e os outros espíritos, Samantha e Akin, não sabem para onde ele foi. Mas não me preocuparei com isso, ainda.

Outro sorriso se fez na face da Giovanni e ela continuou:

-Agora podemos tratar tratar sobre os pulguentos que infestam esta cidade. Pelos boatos, teremos que chamar o centro de controle de zoonoses. Tem alguma ideia de onde podemos começar para extinguir de uma vez por todas estes lobisomens?

Ela poderia enviar seus espíritos na procura destas criaturas, mas sem nenhuma pista era praticamente encontrar uma agulha no palheiro. Talvez seu irmão tivesse alguma ideia.

Ignácio concorda com sua irmã, sabia desse cartel, e já estava raciocinando como se livrar dele.

"- Claro, se for necessário falarei com Lucca. Se precisar de ajuda com Alexandre, pode contar com meus dons Necromantes, por mais básicos que sejam perto dos teus irmã."

Então o assunto dos Lobisomens havia sido levantado, e ele ainda não sabia exatamente como resolver.

"- Bom, definitivamente o controle de zoonoses já está por aqui, essa tal de FESN que tenta tomar o governo da cidade, boa coisa não é, mas enquanto estiver de olho nos 'terroristas' peludos, talvez seja uma boa aliada."

Ela sorri diante da ajuda oferecida para com Alexander e responde:

-Eu preciso estudar um pouco as linhas que ainda não tenho conhecimento. E não diga que seu conhecimento é parco no que tange à Necromancia, meu querido. Temos todo o tempo do mundo para o aprendizado.

Colocou a mão no ombro do irmão e continuou:

-O deixarei saber se precisar de ajuda. Sobre o caso desta tal FESN...

Ela pareceu vacilar um pouco. Não achava que aquela instituição governamental fosse realmente uma possível aliada.

-Precisamos ver com mais calma esse caso. Não tenho certeza que esta FESN possa ser nossa aliada. Vou visitar o Cemitério do Jardim da Saudade para ver o que consigo com os espíritos de lá e posso mandá-los para investigar essa tal FESN. Claro que precisarei de uma pesquisa sobre esta tal organização que deixarei para Lucca fazer o mais rápido possível. Preciso saber onde se encontra a base deles para indicar corretamente o local. Não pretendo perder Samantha ou Akin. O que acha? Alguma outra sugestão a respeito?

Olhou para o irmão novamente e lembrou do hospital:

-Alguma novidade sobre o Hospital Italiano?

A Necromante aguardava a resposta do irmão tranquilamente.

"- É melhor mesmo enviar um espírito que não tenhas laço para investigar essa FESN, se puder fazê-lo eu agradeceria. Peça para Lucca investigá-los também, e verei com meus amigos se alguém tem alguma informação quente."

Ida nota claramente que Ignácio sorria quando ela fala do Hospital. Ele aponta uma cadeira em seu quarto, enquanto se senta na outra, um sorriso de orelha a orelha estava aberto.

"- Uma corporação americana é dona do Hospital, ainda não sabemos muito sobre eles, mas assim que eu colocar alguém da mídia lá dentro vamos descobrir algum podre, e dai, pra adquirirmos o local é um passo."

Ida retribui o sorriso do irmão e se acomoda na cadeira indicada por Ignácio. Estava de certa forma curiosa sobre o Hospital, mesmo com os avisos de Paola de que a famiglia não tinha mais interesse no lugar.

-Colocarei um espírito nesta empreitada sobre a Fesn e pedirei à Lucca que também pesquise a respeito. Talvez...podemos oferecer ajuda à Fesn contra os lobisomens, mas não diretamente. O que acho mais seguro.

E então retornaram ao caso do Hospital Italiano.

-Uma empresa americana? Hum...parece interessante. A mídia consegue coisas impressionantes quando bem destinadas. Não duvido de sua capacidade quanto a isso.

Suspirou fundo e fechou os olhos por um instante. O problema maior da família eram os pulguentos na cidade. Suspirou fundo e já ia encerrando a conversa para partir para o Cemitério.

-Bem querido...estarei no celular caso precise de mim.

Não se levanta, esperava que Ignácio ou se pronunciasse com algum outro assunto, ou se despedisse para que Ida pudesse partir definitivamente para seus afazeres.

Logo após falar com seu irmão, um lacaio entra, não sem pedir licença antes, e entrega uma caixa para Ida e outra para Ignácio. Arqueou uma sobrancelha em tom curioso. Um bilhete estava na caixa, junto com uma Desert Eagle com 15 balas. Abriu um sorriso e junto com o sorriso, abriu o bilhete, lendo-o.

Ida ergue a mão direita e a move no ar duas vezes, dispensando o lacaio de Paola. Assim que ele se retira, a Giovanni diz:

-Paola parece se preocupar bastante conosco. Isso é um indício claro que nossa principal tarefa é cuidar dos lobisomens....ou vê outra mensagem neste presente inusitado?

Ida pega a Desert Eagle e sente seu peso. A arma era linda.

O lacaio que trouxera as caixas com as armas se retiram. Ida ainda aguardava a resposto do irmão quando ele cai inconsciente no chão. Ela dá um grito e se aproxima dele imediatamente. Estava desacordado. Alguma coisa tinha acontecido e a primeira coisa que ela olha é a tal caixa entregue pelo carniçal de Paola.

-LUCCA!

Grita a Giovanni, um pouco desesperada. Tinha perdido Alexander e não perderia Ignácio de jeito nenhum. O carniçal de Ida chega e ela logo pede que ele carregue seu irmão nos braços, para a cama do aposento em que estavam. Lucca fica próximo de Ida sem nada dizer. Ignácio parecia ter entrado em torpor e ela teria que dar andamento nos planos que estavam arquitetando. Começaria pela investigação sobre a FESN.

-Lucca...preciso que você consiga o máximo de informações a respeito desta tal FESN que está atuando aqui na cidade. Verifique ligações com outras organizações mundiais de qualquer ramo. Seja muito discreto e use laranjas para isso. Procure crackers que façam qualquer trabalho por dinheiro. Não podemos correr nenhum risco. Agora vá.

Ida acaricia a face de Ignácio e suspira fundo, estava preocupada com ele. Era seu irmão querido e odiado. Mas tinha percebido que Ignácio estava um pouco distante, talvez tivesse percebido alguma coisa. Não poderia deixar o corpo do irmão sem alento. Sem segurança.

-Akin e Samantha...apareçam.

A Giovanni esperava que os dois surgissem do nada, como sempre faziam.

Ignácio abre os olhos sem entender nada, um minuto estava conversando com sua irmã, no seguinte estava deitado sem saber onde estava.

Assim que consegue enxergar vê que estava em seu quarto ainda, escuta a voz de sua irmã invocando espíritos e ao levantar a cabeça vê que os dois espíritos companheiros dela estavam materializados ali.

"- Ma ché cazzo! O que aconteceu irmã?"

O Giovanni escuta sua irmã e assim que ela sai nota seu telefone tocando, rapidamente ele se arruma sentado na cama, arrumando a gravata e seu cabelo, antes de atender, como se quem estivesse do outro lado, Isabel no caso, pudesse vê-lo.
Atende em italiano, falando claramente com sotaque Veneziano.

"- Senhorita Isabel, a que devo a honra?"

Percebendo o tom sério de Isabel, Ignácio responde sem rodeios.

"- Estaremos lá."

Ele se prepara para receber a mensagem, e já pesquisar onde era o endereço, e o que exatamente estava localizado lá.

Ida retorna logo depois. Já não falava ao celular e percebeu que seu irmão gêmeo estava falando com alguém, pelas palavras do irmão conseguiu perceber que era Isabel quem o contatava. Resolveu ficar à porta, aguardando o fim da conversa. Fez um sinal com a mão para Ignácio, caso ele desejasse que ela saísse.

Mas quando ela ouve o "estaremos lá", Ida arqueia uma sobrancelha e não deixa de questionar:

-Algum problema?

Ignácio vê que sua irmã aguardava a porta, sinaliza para ela entrar, e assim que abre o mapa sobre a região que mandaram a mensagem e vê sobre o que se tratava responde a ela.

"- Isabel me ligou. A Famiglia precisa de nós nesse endereço. Aparentemente temos alguns inimigos a enfrentar."

"- Claro irmã, mandarei no seu celular, e já estou indo, nos vemos lá."

Ignácio se despede de sua irmã e apenas entra no quarto, termina de vestir seu terno, pega sua pistola de segurança (não que pretendesse atirá-la, nem que gostasse, mas a precaução era importante), e então, chamando o mordomo, pede para que este avisasse Pablo que eles tinham que sair, e precisava que ele dirigisse caso fosse preciso.

Assim que lhe avisam que o carro e Pablo estavam prontos, o Giovanni desce para este, pronto para seguir para o endereço que lhe havia sido passado.

Ida se despede de seu irmão e segue ao seu aposento. Tinham o primeiro trabalho na cidade e aquilo a animava, mesmo tendo perdido Alexander temporariamente. Seus planos eram outros, mas eles poderia ser adiados em virtude do sucesso do clã na cidade. Isabel e Paola eram as cabeças do clã no Rio, pelo menos por enquanto, e ela seguiria as ordens da família.

No quarto ela chama seus dois escravos espirituais e muito gentil diz:

-Samantha e Akin....temos uma missão esta noite e preciso da proteção de vocês caso alguma coisa dê errado. Ignácio estará lá e peço-lhe Akin que o proteja. Samantha...fique comigo. Não se tornem corpóreos a não ser que seja necessário e não se coloquem em perigo sem necessidade alguma. Quando retornarmos farei o impossível para encontrar Alexander. Alguma dúvida?

Enquanto esperava que os espíritos a respondessem, Ida pega a arma que ganhara do carniçal da residência Giovanni e a observa. Deixaria aquela arma com seu lacaio, pelo menos por enquanto. Aguardava o endereço do local que Ignácio iria mandar pelo celular.

Depois das orientações dadas a seus espíritos, Ida segue até a saída da residência Giovanni e percebe que o carro que levaria o irmão ainda estava à porta, talvez esperando-a. Ela não hesita e então adentra o automóvel sem cerimônias. Sorri ao irmão e então comenta:

-Muita gentileza sua ter me aguardado, querido.

Olhou pela janela do carro e viu Lucca. Acenou para que ele se aproximasse e então disse.

-Tem uma arma em meu aposento. Quero que você a mantenha contigo e a utilize somente contra cães pulguentos. Estamos seguindo para um passeio e quero que fique por aqui. Voltaremos em breve.

E aguardou resposta do lacaio ou a saída do automóvel.