Capela Tremere - Chácara em Vargem Grande

Fatima adentra o laboratório e lhe estende um dos bebês. Ian sorri e pensa que não daria conta de segurar a criança. Mas por mais incrível que pudesse parecer ele consegue segurá-la. Observa Fatima se posicionando, completamente nua e a segue a duras penas.

Neste momento ele observa utensílios médicos, baldes, um pentagrama. Talvez fosse um ritual novo, diferente de tudo aquilo que Ian conhecia. Se apoiou em uma das macas e continuou segurando o bebê que parecia pesar uma tonelada nos braços e disse a magus Figueroa:

-Regente......Figueroa......estou.....pronto.......

Aguardava instruções. O agradecimento à Fátima viria depois.

Ian estava mais que esgotado. Percebeu que Juan segurava uma bengala que provavelmente era o seu talismã pessoal. O oriental, nu e completamente ferido se põe onde o Regente indica e segura o bebê a frente de seus olhos, como deveria ser.

O bebê era recém-nascido, pequeno, mas para Ian que estava tão debilitado, ele parecia pesar toneladas. Os braços do Tremere tremem por alguns instantes, mas ele consegue se esforçar para segurá-lo firme e encará-lo nos olhos. Ian estava preparado para o ritual e estava ansioso para o fim dele.

Silêncio. Isso era tudo de que ela precisava para agir, para curar-se com o ritual que Figueroa estava lhe mostrando. Fátima posicionou-se no epicentro do círculo e levantou o bebê. Logo ela estaria bem. O que aconteceria com a criança não importava!

Ali estava. Não conhecia o ritual, mas logo ele seria uma nova em seu arsenal. A feiticeira continuava concentrada, com os olhos abertos e fixos nos do pequeno bebê. Após alguns instantes os olhos dela se tornaram vermelho e a vitae que preenchia suas veias estava em grande medida direcionada para lá. Não precisava de muita força para ferir a criança desprotegida. Em alguns minutos o sangue do mortal escorria do corpo que ia perdendo a vida e derramava-se sobre os olhos da bruxa, que repetia, incessantemente, o mantra.

- La Muerte se alimenta de la vida y la vida se alimenta de la muerte!

Juan era muito simpático e Ian conseguia entender algumas coisas das quais ele falava. Era como diziam, conviver com uma língua que deseja aprender é muito mais fácil do que aprender em escolas especializadas. Imaginava que com o tempo conseguiria entender absolutamente tudo que o Regente dizia.

Viu que o regente fazia gestos além de falar, explicando o que deveriam fazer. Ian então ergue o bebê acima de sua cabeça e concentra o sangue em seus olhos, como ele explicava. Com as mãos segurando a pequena barriga da criança, ele começa a enfiar os dedos na barriga do rebento. O sangue começava a sair da criança junto de um choro dolorido, e o mesmo sangue começava a cair na face do oriental enquanto ele dizia:

La muerte se alimenta de la vida e la vida se alimenta de la muerte.

O mantra de Ian era repetido e a criança tinha um choro que denotava dor, desespero e impossibilidade de se defender. Logo a criança estaria morta e Ian recuperado.

Ian sente que seu ferimentos vão se fechando enquanto vísceras, sangue e pedaços de carne banham seu corpo. A sensação é maravilhosa. Ter seu corpo renovado era muito bom. Enquanto lambia um pouco de sangue aqui e ali que estava em seu rosto, a imagem de lobos brancos correndo passa por sua mente. Achou aquilo estranho, mas foi tão rápido que ele nem se importou muito.

Jogou o corpo destroçado da criança aos seus pés e como se tivesse renascido das cinzas ele analisa seus braços, pernas tronco minuciosamente. Parecia um milagre ele poder se movimentar sem sentir dores em excesso. Estava de certa forma maravilhado com aquele ritual e imaginou que se importaria com o bebê morto e dilacerado, mas ele era como um saco de lixo para ele que poderia ser chutado sem o menor problema.

Nu, ensanguentado, com pedaços de tripas em seus ombros e pedaços de pele da criança por todo o corpo, Ian começa a se desfazer deste pequenos empecilhos jogando-os no chão como se fossem pó. O sangue, é claro, sairia depois de um banho.

-Gracias....Regente Figueroa.

Começou a se aventurar no espanhol.

-Sinto meu corpo completamente renovado e a um preço muito baixo. Este ritual é muito bom.

Sorriu, mas o carisma de Ian não era tão alto quanto o de Juan. Estava deveras impressionado. Virou-se para Fatima e proferiu:

-Magus Mansur.....teve a visão de um lobo….ou algo parecido durante o ritual?

OFF: 1 sucesso no teste de consciência.

A feiticeira sentia a força fluindo por seu corpo. A vitae que ela tinha reunido nos olhos se misturou à vitae das crianças e começou a transforma-la. Não era apenas sangue, entretanto. Se Petrus estivesse ali a cria dela veria os espíritos infantes deixando aqueles corpos e alcançando os vampiros, ela não veia, mas podia sentir. A morte alimentando a vida. E a morte alimentando a morte. A cada momento, a cada instante, ela estava melhor.

Por quanto tempo ficou daquele jeito? Uma certa dor alcançou sua consciência, mas isso não durou mais do que o êxtase da alimentação. O prazer em se sentir curada. Se algum dia aquela vampira fora humana, realmente essa época tinha passado. Há tempos. Estava tão próxima da bestialidade que talvez um dia se tornasse um animal. Ou não. Sequer se importava com isso, entretanto. Ela era uma pedra de gelo.

E sorria quando viu os lobos, apesar de um arrepio percorrer a sua espinha, deixando-a mais gelada do que era naturalmente.

- Dois lobos. Brancos como a neve mais alva, espero que nada com que tenhamos que nos preocupar. - ela estava nua, mas sequer se lembrava disso. Nem se importava com o fato. - Regente Figueroa. Agradeço mais uma vez por compartilhar conosco esse ritual que nos proporcionou a cura.

OFF: 2014-09-01 13:47:51 Fátima rolls 2 dice to consciência (Diff 6,9 [1 success]

A explicação de Juan é direta e agrada demais Ian. A morte de dois possíveis lobos era uma notícia ótima. Seriam menos dois lobos para importuná-los no futuro. Olhando para Juan, proferiu:

-Serão menos dois lobos no nosso caminho no futuro.

Olhou para Fátima:

-Fez uma ótima escolha na maternidade, Magus Mansur. Agradeço a ajuda.

Continuava nu e sorriu para o regente:

-Se me permite Regente Figueroa, peço licença para poder me banhar e tornar-me apresentável novamente.

Não entendeu quase nada do que Juan dissera, apenas entendera que tanto Ian quanto Fatima teriam uma cópia daquele ritual para futuros estudos e achou aquilo impressionante. O Ritual era poderoso e muito bem-vindo. Com um sorriso no rosto devido ao carisma exacerbado de Juan, Ian diz:

-Agradeço mais uma vez por dividir seu conhecimento regente Figueroa. Só mais uma coisa Regente Figueroa, encaminhei um relatório ao magus Muller anteriormente com minhas intenções de estudos de linhas.....posso encaminhar novamente a ti, Regente? Para que eu consiga uma possível permissão de estudos de tais linhas?

Era o último assunto que seria tratado com Figueroa antes de Ian deixar o laboratório.

A feiticeira agradeceu a Figueroa, com um aceno de cabeça e dizendo.

- Agradecida pela ajuda, Magus Figueroa. Ia sugerir isso. Que pudéssemos registrar o ritual para que ele possa ser estudado por mim e por Magus Tokunaga e que pudesse ficar registrado nos livros da capela. Essa é uma ótima aquisição para nossas habilidades. - despediu-se dele e de Ian. Iria trocar de roupas e, então, procurar por Magus Fritzen. Logo estava no seu quarto. Um banho e preparativos rápido. Não demorou mais do que quinze minutos para estar pronta e perguntar aos serviçais da capela se Fritzen ainda estava na capela.

Adolf tinha deixado a capela. Fátima não gostaria de fazer isso, mas a única forma imediata de se comunicar com Fritzen agora era o telefone. Pegou seu aparelho e ligou para ele.

O regente responde Ian e ele não entende direito, mas acena positivamente com a cabeça a ele e o responde:

-Obrigado Regente. Com sua licença.

E se retirou do laboratório seguindo ao aposento que foi usado anteriormente. Banhou-se e trocou-se. Estava completamente revigorado e ainda impressionado pelo ritual. Mais impressionado ainda por Juan compartilhar aquele conhecimento tão útil para com ele e Fatima.

Pensando em Fatima, ele precisava falar com ela sobre alguns detalhes sobre o caminho que ela percorreu. Procurou um dos lacaios da Capela e questionou-o sobre onde Fatima estaria. Depois do lacaio lhe indicar onde estaria a irmã de clã, seguiu até ela.

-Magus Mansur....peço desculpas em incomodá-la...mas posso questioná-la a respeito de alguns detalhes da maternidade que visitara mais cedo?

Sorriu.

- Claro Magus Tokunaga. - ela responde ao oriental, ao perceber que Magus Fritzen não tinha atendido à sua ligação. - Me dirigi àquela maternidade mais próxima da capela. Foi fácil entrar nela, controlar os recepcionistas para visitar a UTI Neonatal e sair com os pequerruchos.

Ian ouve as palavra de Fatima e continua a conversa:

-Percebi a rapidez com que voltara. Realmente fizera um ótimo trabalho Magus Mansur. Agradeço-lhe imensamente e estou em débito contigo pelo ato.

Olhou-a um pouco e disse:

-Mas e quanto as câmeras da maternidade? Conseguiu acesso à sala de segurança para desligá-las?

- Na verdade tudo foi tão rápido que não me preocupei com as câmeras. Se houver algum problema, é claro, talvez poderei ser rastreada, mas acho que isso não passará. Pretendo assumir o controle da maternidade em algumas noites. - ela respondeu séria, embora agora começasse a refletir sobre as visões e sobre o descuido.

A declaração de Fatima não agrada muito Ian, mas o que ele poderia fazer a respeito? A esta altura a imagem dela estaria sendo divulgada pela polícia por ter sequestrado dois bebês. Ainda mais dois futuros bebês lobos.

-Acho que temos um problema magus Mansur.

Pensou por algum tempo e viu que Fatima utilizava burca a todo momento. Isso seria um grande diferencial.

-Talvez não seja tão preocupante assim. Será difícil reconhecê-la em suas vestes habituais no Rio de Janeiro.

Ian iria deixar a irmã de clã quando ouviu o comentário sobre o controle da maternidade.

-Controle da maternidade? O que quer dizer?

Estava curioso. Se os Tremeres conseguissem controlar a maternidade teriam estoque de sangue quase ilimitado a um preço baixo. Afinal vidas mortais não eram nada se considerado a evolução cainita que eram os feiticeiros.

Ela sorria. Não demorou muito para que Ian pudesse perceber qual tinha sido a diferença que ela fez ao seguir até o hospital. A tremere fazia da burca praticamente seu uniforme, embora tivesse ido ao hospital sem o acessório. O rosto dela poderia se tornar conhecido frente às câmeras, mas em geral ela sempre estaria, dali pra frente, protegida com os panos do profeta. Mesmo que aquela não fosse a sua fé.

- É exatamente isso que pensou, Magus Tokunaga. Eu particularmente não tenho negócios nessa cidade e a área da saúde nunca foi a minha prioridade, mas sitiados como estamos pelo sabbat e correndo riscos como corremos... se tivermos controle sobre um ou outro hospital talvez tenhamos vantagem diante de nossos inimigos. E há algo mais. Pode não ser, exatamente, essa maternidade... as irmãs falaram sobre um determinado hospital na cidade, que além de tudo mantém uma quantidade relevante de energias místicas. Precisamos nos posicionar, localizar esse hospital... e assumi-lo para a Capela do Rio de Janeiro.