[CAERN] Clareira Central

Sombra da Noite - Todos

Declan estava calmo apenas observando tudo que havia acontecido, ouvia as palavras de todas as matilhas tentando atingir a Arautos do Trovão, uma matilha que tinha seus feitos mas apesar disso trazia muita vergonha para Avô Trovão, estava admirado que o Totem de sua tribo ainda os abençoava. A postura de toda seita era extremamente deselegante, vaias, xingamentos e nenhum pouco de respeito aos que haviam sido enterrados há pouco, frenesis e sangue tomavam conta daquela mini-assembléia e o Senhor das Sombras apenas cruza seus braços e fica observando.

Faltavam alguns Galliards e Philodox tomarem a palavra, entre eles os de sua matilha, a Esquadrão da Fúria não havia ido tão bem quanto os rumores falavam da Titãs mas também não havia ido tão mal como a Arautos do Trovão. Antes que Kor fosse tecer suas palavras, o Ragabash caminha até perto de seu irmão de tribo e diz para somente ele escutasse:

-'Vá lá e mostre seu valor, mostre que não é nenhuma criança como estão achando que você é, mostre a diferença entre você e os demais, você é um Senhor das Sombras não traga desonra para nosso Totem, ele já tem desonra demais por causa dos irmãos que temos naquele grupo ali. Confio em você.'

Após falar isso o Senhor das Sombras dá um leve tapa no ombro de Kor e apenas voltava a assistir o desenrolar da assembléia, ao que parecia, a próxima a falar seria a Galliard da Titãs.

Igor chegou à clareira logo após Mayra. Calado, no entanto, com o espírito bastante inquieto pela cena que havia presenciado há minutos atrás. Em sua cabeça se repetia a cena de Nycole totalmente possuída pela Wyrm se lançando sobre seu companheiro de matilha, arrancando-lhe o braço como se fosse um boneco de Lego. Em contrapartida, Kor arrancara-lhe a perna.

Parecia que as coisas não seriam tão simples como ele havia achado assim que os encontrou e, enfrentar uma Assembléia depois de um frenesi da Wyrm dentro de sua matilha onde dois dos membros quase se mataram - e agora sabia que eram reincidentes - só tornava a sensação de vergonha pior. Ele quase podia ouvir os comentários nos pensamentos dos presentes "lá vai aquela matilha problemática", "são uma vergonha para a seita", "são crianças descontroladas", "eles tem algo da Wyrm no meio de si"...

O lua crescente não conseguia parar de fantasiar sobre o quanto as pessoas os estariam julgando agora que seu alpha havia feito um grande estardalhaço sobre isso para que pudessem salvar o braço de Kor. E ele, que não tinha nada a ver com isso, agora carregaria o mesmo estigma.

"Começou bem, cara... começou bem pra caralho!" - pensava, ironizando a si mesmo.

Logo que se iniciou a mini-Assembléia, ele teve a real noção de que aquele episódio lamentável ocorrido em sua matilha não era nada se comparado ao tamanho do problema que a Arautos tinha nas mãos. O Presas ouviu o relato da juíza e do alpha com atenção e, à medida que a hostilidade crescia entre os presentes, imaginou que estaria prestes a presenciar uma confusão generalizada. Danniel tentou esconder os erros da Arautos atrás de suas glórias, justificá-los, um erro tolo que até mesmo o inexperiente Theurge sabia que a única coisa que isso causaria era piorar a situação.

Quando Adrian decide tomar a palavra para si, Igor fica apreensivo. O cliath da Arautos era um Presas de Prata e, por mais que as coisas no Brasil fossem bem diferentes,Igor sabia que uma palavra errada numa Assembléia saída de um Presas, mesmo que ainda um cliath, poderia prejudicar a imagem de toda a tribo. Mas Adrian fora além. Nâo bastando a tentativa ingenuamente infantil de tirar o foco do problema apoiando-se na possível glória que pudesse existir sobre o retumbante fracasso da Arautos, repetindo e agravando o erro de seu alpha, o FILHO DA PUTA se deixou tomar pela Wyrm assim como Nycole e avançou sobre ninguém menos que o líder da tribo!

As mãos de Igor suavam de ansiedade e tremores perpassavam sua espinha. Aquele frenesi pode ter custado um preço alto à honra dos Presas na seita, agravando-se ainda mais pela forma patética que Adrian fora detido, como um inseto esmagado por um jornal.
Ele realmente não sabia bem se as profecias tinham algum fundo de verdade, mas Igor sentia-se instintivamente responsável pela honra de sua tribo. Era o legado que Arak havia deixado para sua descendência. Era o legado do Rei.

Era um alento que KIba não parecesse ser estúpido como Adrian.

O Presas ficou tenso durante o resto da reunião, apenas distraindo-se um pouco após o discurso de Kor. Era aliviador que, no fim, pelos ânimo geral da platéia, parecia ter ido bem. Por um segundo, sentiu-se feliz pelo alvo da noite ser a Arautos e não a Esquadrão.

Permaneceu junto de sua matilha, próximo de Kiba. Se ele tentasse algo inapropriado, gostaria de estar perto para impedi-lo, just in case.

Coração-Impiedoso bate no ombro de Danniel e apenas comenta com o Fianna em tom baixo:

'- Noite ruim, Bardo. Melhores virão.'

Era uma mensagem de apoio em meio à execração. Sangue-Frio se aproxima da matilha e resolve curar os apagados para que eles pudessem participar da assembleia e ajudar na defesa em um possível ataque da Wyrm. O Presas de Prata toca o Uktena e cura todos os ferimentos dele imediatamente. E toca, em seguida, no Presas de Prata. Seu olho, nesse momento, fica todo branco e o Galliard acorda totalmente curado e se sentindo muito mais calmo. Sua Fúria havia sido amassada por um poder que ninguém tem como notar que fora usado, e que ninguém conhecia. Era mais um estranho poder daquele Garou que junto com Alma-Inquieta carregava consigo uma infinidade de profecias. Antes de acordar, Adrian ouve em sua mente a voz de Sangue-Frio:

'- Considere um presente de Falcão, mas não esqueça que sua honra está manchada por atacar o líder da tribo.'

O Theurge sai sem mais palavras com ninguém e volta para sua matilha. Adrian e Severino podiam acordar. Nymmeria tenta tomar a palavra, mas na sua espera Kor acaba tomando sua frente e falando. Enquanto Kor começava a falar, Ira-de-Thor em pessoa se aproxima de Nymmeria e fala com a Fúria Negra:

'- Fúria Negra, um conselho, se imponha. Estufe o peito, beba da soa coragem e faça seu papel. Não espere, faça.'

O Fenris depois de dar o recado, volta ao seu lugar e continua ouvindo o discurso de Kor. Logo no começo de seu discurso, quando fala que a matilha é liderada por Julian, Sagittarius em tom mais baixo, mas que acabava sendo audível a todos, chama a atenção de Kor corrigindo:

'- Esquecido.'

Não faz correções além dessa. Tinha tentado alertá-lo mas o Senhor das Sombras usa e abusa em seu discurso dos nomes humanos. Ali estavam entre Garous e como tal deveriam se tratar. Alguns Roedores de Ossos começam a cochichar reclamando da maneira como Kor se manifestava sobre o lixão. A pilha de lixo era um totem dos Roedores e mesmo com nenhuma outra tribo se importando com a opinião deles, Garous como Invocador e Morte-Certa estavam com a cara bem amarrada para o Galliard e chegam a encarar Julian em alguns momentos. Aquele assunto ia acabar sendo levado para ser conversado entre os filhos do Rato. Ou não, sempre havia a chance deles desencanarem um pouco depois. A reação de momento havia sido ruim, a futura só Gaia sabia.

Renly claramente não gosta de ser chamado pelo primeiro nome e encara Julian e Kiba com uma cara muito feia quando isso acontece. Alguns comentários de "covarde" podem ser ouvidos quando é narrada a fuga de Julian do Nexus. Eram baixos e poucos, talvez o clima ruim da Arautos ainda tivesse deixado os ânimos exaltados e os Garous mais críticos. Mas os comentários são poucos e cessam rápido na primeira olhada feia de Ira-de-Thor. Ele tinha o controle da assembleia.

A cegueira de Mayra torna-se o assunto mais comentado da Assembleia. Havia pesar, até pelo fato da Narrativa de Kor tê-la exaltado tanto. Os Fiannas ficam olhando na direção da Ahroun que podia sentir-se observada, mas não tinha ideia de quem. Era apenas uma sensação estranha de ser o centro das atenções sem ver nada à sua volta, só ouvindo comentários lamentando sua condição.

O saldo da história contada por Kor é positivo. Mas quando o Galliard vai indo a seu lugar, o Juiz lhe chama atenção:

'- Sopro-da-Tempestade, antes de ir, que fique registrado publicamente seu erro. Não devemos nos tratar com nomes humanos quando estamos entre irmãos Garous. Aqui meu nome é Sagittarius, o seu é Sopro-da-Tempestade e cada Garou tem seu nome próprio sem abreviações. Mesmo sendo uma assembleia informal, tratemo-nos como Garous. É isso que somos, é isso que jamais pode ser esquecido.'

Chama a atenção de maneira dura, mas Kor tinha sido bem sucedido no saldo geral. As falhas da esquadrão não são muito comentadas e a moral da matilha sai acima da média no fim das contas. Alguns uivam quando Kor comenta a queda de Pavor Delirante e muito se lamenta pela cegueira de Mayra, que fica com a imagem de fardo e os não-presentes comentando como era triste que a cegueira tivesse a tirado do combate. Dentre os fatos não esmiuçados por Kor estavam os feitos de Mayra depois de ter perdido a visão. A narrativa que envolvia a Fianna havia sido encerrada na sua cegueira.

Do ponto negativo, o que pega muito mal no discurso de Kor é quando ele rebate a juíza Tolerância-Zero. A narrativa da cena em que ele e Cabelinho-de-Fogo fizeram suas acrobacias, mesmo sem ser tão qualificada pela juíza, deixou claro a imaturidade da cena e a resposta de Kor fizesse com que comentários questionando a maturidade da Esquadrão da Fúria e se a matilha sabia "se portar em uma missão" foram ouvidos após essa parte do relato. Aquilo não era bom para a imagem da matilha.

Apesar de tudo, no entanto, o discurso de Kor veio em boa hora e ajudou a manter sob controle o clima da assembleia. As reações que haviam às palavras de Kor não era nada que não ocorresse em qualquer assembleia. O Senhor das Sombras sai bem avaliado como Galliard e os comentários também elogiam a forma como ele se expressava, sem perdoarem o erro com os nomes Garous. Os Senhores das Sombras eram os mais críticos e esses pareciam não ter gostado de como Kor haiva se manifestado. A expressão de Falcão-Vingador e Tolerância-Zero os colocava na lista de insatisfeitos.

Ira-de-Thor então, com o centro da ferradura livre novamente, indica:

'- Fúria-da-Justiça-Implacável, Nymmeria, só faltam vocês... façam seus trabalhos.'

O Fenris apenas aguarda que a juíze e a Galliard pudessem fazer as honras que faltavam para que finalmente o Renome fosse concedido.

O Senhor das Sombras assente quando Nymmeria se movimenta para se pronunciar, seria a hora dela amenizar aquele massacre que acontecia. Mas a fragilidade da Galliard, criança como era, permite que outro tome seu lugar, e era claro que era um Senhor das Sombras também, que não poderia deixar passar aquele erro infantil da maconheira-mirim.

No entanto, Flávio não esboça sua indignação, e escuta atentamente as palavras de Sopro-da-Tempestade. Ele parecia um Garou honrado, tinha sido acusado de ter feito acrobacias na missão, o que era uma merda, mas seu relato elimina qualquer sombra de dúvida sobre a efetividade de sua matilha e o sucesso da missão. Era uma boa fala, mas realmente, chamar um Garou em assembleia pelo nome humano era uma falha pesada para um Galliard, principalmente um Forsten.

No final das contas tudo parecia ter dado certo, e ao menos aquilo havia tirado o foco do massacre que a Matilha abençoada, sabe-se lá como pelo Avô-Trovão, agora aparentemente faltavam uma Philodox e Nymmeria, e Flávio orava para Gaia que a Furia Negra não cagasse na cabeça de sua própria matilha.

Toda aquela confusão não atraía Philip, ele não estava nenhum pouco interessado no julgamento daquela outra matilha, pois em sua mente outro julgamento surgia. Como a Esquadrão sobreviveria com tantos Impuros surgindo dentre eles, como cuidariam de três filhotes Crinos, como aquilo não respingaria na honra do grupo que agora não tinha Totem? Qual seria o espírito que se daria ao trabalho de abençoar uma matilha tão violadora da Litania, tão fraca em controlar seus erros?

E nesse pensamento que Kor começa seu discurso, e de maneira muito boa coloca tudo que aconteceu, até o momento que Mayra perdera a visão. Sorte que não havia percebido que a culpa do Nexus era de Philip, aparentemente ninguém percebera, e teria que viver sozinho com aquela culpa, nem a Doninha havia reparado. Mas o Senhor das Sombras deixa de lado que mesmo ferida a Ahroun havia lutado, mesmo grávida ela lutara sem problemas, e mesmo naquele estado não era um fardo. Aquilo irrita Philip, e talvez ele tivesse ficado um pouco pessoalmente ofendido com o discurso, mesmo tendo sido de alto grau de descrição e exaltação da matilha.

O Theurge se aproxima de Mayra e sussurra.

"- Não é porque nosso Galliard esquece que os seus feitos durante a noite inteira ficam apagados, você foi e ainda é a melhor guerreira dessa matilha, e a melhor guerreira que já vi. Seu lugar é ao lado do Ard Righ em Tara, lutando contra as mais poderosas criaturas da Wyrm."

Nada do que falassem, nada do que fosse dito a favor e contra a matilha teria efeito diferente de serem massacrados em praça pública. A Fúria de Aman subia com as ofensas máximas à Matilha. Até a sugestão que abandonassem seu próprio totem, a humilhação era de um nível nunca imaginado pela Philodox.

Ela matinha a cabeça baixa e esperava terminar a Assembléia o quanto antes. Seu julgamento havia sido justo, ao menos era o que imaginava, menos o que todos imaginavam, achavam que ela tinha sido fraca e pouco contundente com sua matilha, tinha que aceitar a opinião da maioria, talvez o juiz da seita também achasse aquilo, saberia no julgamento do dia seguinte, queria perguntar pessoalmente para ele também, se tinha a achado muito branda.

Achava que tinha sido rígida na noite anterior, mas mesmo sua rigidez não gerara resultados positivos, de agir contra sua propria matilha, John passou a agir contra outras matilhas.

Os dois novatos da Arautos são espancados por seus erros, aquele era o modo de liderar dos Crias de Fenris, não achava justo, não achava produtivo, mas era assim desde que os Tempo era uno ao Espaço.

Aguardava agora o julgamento da Cria de Fenris que havia perdido um parente com a ação de John, 90% de chances dela esquecer sua matilha e meter o pau na Arautos, não era mais do que esperava Aman, que se mantém atenta, porém deprimida com a humilhação.

Pantaneiro toma atitude como alfa e isso era bom e agradava à Theurge. Selene mantém a expressão séria mas se desloca mais para próxima de Pedro, Draven e Pantaneiro comentando logo após Pantaneiro terminar de falar e se dirigindo ao Filho de Gaia:

- Ignore-os, são todos imbecis.

Fala em tom baixo para que sua matilha ouça mas para que não corresse a assembleia seu comentário. Era apenas uma manifestação de apoio. Por mais que tivesse suas opiniões sobre Pedro, ele era um membro da Titãs e como tal ela estaria ao seu lado contra a seita inteira se necessário.

Selene queria que a porcaria da assembleia acabasse logo, mas o Presas de Prata perde o controle e ataca seu próprio líder tribal. Aquilo é tão bizarro que Selene fica alguns segundos tentando entender. Era assim que os filhos de Falcão se comportavam no Rio de Janeiro? Esses eram os pseudo líderes da Nação? Se não estivesse numa assembleia talvez fosse a primeira vez que sua matilha a visse rindo pois só poderia ser uma piada.

Ira de Thor usa a violência para mostrar quem manda e isso tira qualquer vontade de rir de Selene. Eram os Fenris que lideravam a Seita, existia coisa pior que os Presas de Prata. A autoridade se impõe através da força e talvez só houvesse essa solução ali mesmo. Yasmine sugere jogar Nymmeria aos lobos famintos para diminuir a tensão da Arautos. Além de estragar toda a diversão da assembleia, aquilo não era uma boa atitude visto o que havia acontecido com Pedro. Selene apenas olha desconfiada para a Ragabash.

Selene considerava Nymmeria a pessoa mais próxima a si na assembleia. Ela era de sua tribo, era uma igual e talvez quem mais próximo de lhe entender ali. Havia sorrido para ela quando ela lhe agradeceu por financiar a espada. Selene não cobraria aquilo, esperava apenas que estivesse ajudando a Galliard a se desenvolver. Pensava em convidá-la em privado para treinamento com guerreiras de verdade para surpreender o Fenris que achava que era o Mister Satan. Aquela ideia era boa.

E se a ideia era boa, ela vai embora rápido porque o Senhor das Sombras da terceira idade resolvia também querer colocar Nymmeria na rota dos leões e logo em seguida um novo xilique terminaria com outra martelada. Aquela assembleia estava melhor do que um circo. A Arautos do Trovão serviria como conto para assustar filhotes malcriados depois de tudo que presenciara.

Nymmeria então tomar coragem e vai e Selene apenas pede que a mãe ilumine suas palavras. Antes dela, um troglodita toma a frente para fazer um discurso onde Selene não percebeu beleza. Não que não tivesse, estava sendo injusta e não ligava pra isso. Esperava que ele não tivesse atrapalhado Nymmeria e decidia ali que não gostava dele. A Fúria Negra apenas olha para a irmã tentando passar confiança com o olhar e se surpreende com a postura do líder da seita. Faltavam poucas pessoas para falar e Selene apenas aguarda. Olhando para sua irmã de tribo e tentando passar confiança para ela.

Mayra ouvia uma voz diferente de todas que já tinha ouvido. Não sabia quem era Pedro mas ele se apresenta como o juiz de uma das matilhas que tinha apresentado menos problemas ali: a Titãs. Ouvir o nome da Titãs fazia com que Mayra lembrasse de um passado nem tão distante assim quando a matilha era fundada sob sua liderança e que tinha membros como Sylvia, Julian, John, Sarah, Lúcia... bons tempos, não que os atuais fossem ruins.


A Fianna se permite uma ponta de saudosismo e quando o membro da Titãs pede pela Arautos, Mayra sabia que aquela matilha seguia sendo nobre e embora as vaias ecoem, o coração da Fianna aplaudia o desconhecido Pedro pela coragem de fazer o que achava certo. Lutar pelas coisas que acredita sem ofender a ninguém e nem violar as leis de gaia eram predicados que a Fianna dava valor e Pedro, naquela singela fala, passou a impressão de ser desses. Mayra começava a perceber que o tom de voz indicava certas coisas para além de entonações de emoção. Sua audição era o que tinha no momento e, mesmo com as esperanças lançadas pelo Unicórnio e por Hrist, tinha que se concentrar na superação imediata da limitação da visão. Precisava melhorar em todos os outros sentidos para que eles lhe compensassem.


Barulhos de golpes e gritos de dor são ouvidos e isso coloca as orelhas de Mayra de pé. Fica atenta sem saber o que está acontecendo. Se vira em posição de batalha na direção do golpe que acerta o Presas de Prata em Frenesi. Logo depois ouve o esbravejo em dialeto nordestino de um desconhecido e ouve outro impacto e grito de dor. Se vira na direção esperando a batalha. Teria começado o ataque anunciado por Ira de Thor? Não! Não era isso. Pelas palavras de Ira-de-Thor alguém tinha sido contido ao sair do controle. Melhor assim e que a Seita inteira soubesse a partir daquele instante que Frenesis não eram uma exclusividade da Esquadrão da Fúria. Outras matilhas também sofriam a mesma maldição. E nenhum Garou estava imune à isso.


É então que Kor começa a falar e sua narrativa faz com que Mayra vá se lembrando dos fatos que por ele são citados. Era angustiante lembrar de tudo que aconteceu, das baixas que houveram. Era muito mais angustiante notar que Kor esquecera dos irmãos que caíram. Não falara de Dereck, nem citara Dimas. Não fala do Frenesi raposa de Julian, mas exalta-lhe a queda do Rastejante Nexus. Era uma glória que carregaria consigo e uma glória que ainda pode enxergar com seus olhos removidos pelo inimigo seguinte. A sua história, no entanto, é contada pela metade. Apenas quando perfeita, não depois de multilada. Era angustiante ouvir o zum zum zum que lhe taxava como um fardo. A Ahroun chega a abaixar a cabeça ao ouvir aquilo mas não condena Kor por ter sido ignorada: era uma inválida e ninguém se lembra dos deformados.


As palavras de Phillip vem em um bom momento e a Ahroun apenas vira o focinho na direção dele e mesmo sem enxerga-lo dada sua cegueira, comenta com ele:


- Obrigada, Drink. Suas palavras chegam aos meus ouvidos em ótimo momento.


Aquele reconhecimento lhe fazia bem. Era emotiva como todo Fianna e estava em um turbilhão de emoções difíceis de controlar. Não que precisasse de elogios, mas sua autoestima estava tão ferida que vem em uma ótima hora. Até porque depois vinha o julgamento de Hrist e com ele a mão pesada da Fenris sobre a matilha era algo que deixava a Fianna tensa. Mais tensa ainda por não ter ideia do que aconteceu para além das palavras de Kor.


Mayra não tinha o direito de julgar as palavras de Hrist. Como todos teria uma opinião, mas nem a isso se dá ao direito pois não enxergara o que a matilha fizera ao longo de toda a missão. A maneira como ela é dura com Julian chega a incomodar a Fianna, mas Mayra mesmo tinha suas críticas ao Ahroun e era bom que ele ouvisse alguém que não tivesse coração mole com ele. Fica satisfeita da detecção do problema de Cabelinho e quando Phillip é citado mais uma vez se dirige ao irmão de tribo e fala:

- Essa história se encerra aqui. Não quero um fardo sobre você e não lhe culpo pelo que aconteceu.

Usa um tom de voz baixo para que o Theurge pudesse ouvir e entender. Queria libertá-lo caso ele ainda sentisse alguma culpa. Já bastava ela de inválida na matilha.

O julgamento da juíza era dos mais duros que já ouvira mas tirava dele algo de positivo: estava nitidamente claro o que cada um tinha que melhorar e, em seu íntimo, se orgulhara de ter sido bem falada e da Philodox ter lhe tirado a marca do fardo que Kor havia lhe colocado. As palavras de Hrist são profundamente tocantes para a Ahroun que se sente orgulhosa. Sabia como os Fenris eram orgulhosos e a maneira como ela falou de Mayra a fazia crer que mesmo deficiente tinha conseguido cumprir seu papel. Fica supresa ao saber que matara um Avatar da Wyrm e lamenta que seu Galliard não pudesse ter lhe contado o que acontecera com ela e que ela fora privada de ver.


Tolerância Zero toma a palavra em seguida e também é dura. Especialmente com Julian. Mayra não sabia o porquê daquela avaliação mas imaginava que talvez fosse fruto daquilo que Amanda deixou a matilha. A juíza das Fúrias Negras também faz um rito e expurga Nycole de sua tribo. Não consegue enxergar o Rito, mas consegue sentir a vergonha e imaginava que aquela Fúria Negra iniciava uma descida até o abismo. Torcia para que ela encontrasse um caminho de luz antes de mergulhar nas trevas, mas não tinha certeza se ela seria capaz disso.


É então que o silêncio momentâneo parece a deixa para falar. Mayra diz a Phillip:


- Eu vou falar agora, se alguém tiver se preparando pra falar, me impeça.


Ninguém se preparava e chega a hora de Mayra tomar a palavra. A Fianna dá alguns passos para Frente e chama Esquecido para que ele fique ao seu lado, dizendo:


- Esquecido, onde estiver, por favor se aproxime. Você manifestou que queria participar e chegou a hora.


Espera para poder sentir que ele estava perto de si já que ele disse que queria fazer isso junto. Aquele era um momento deles e a Ahroun chega a pensar em dar a mão a Julian mas seu bom senso a impede disso. Era até bom que tivesse pois seria ridículo ela ficar procurando a mão no vazio. A Fianna puxa o ar, busca coragem em seu coração e diz para toda a Seita:


- Eu sou Voz de Taranis, hominídea, Ahroun, Adren dos Fiannas. Faço parte do campo dos Tuatha de Fionn. Como todos aqui sabem, ou se não sabem passarão a saber, eu mantenho há algum tempo uma relação estável com o Garou conhecido como Esquecido, Adren Ahroun dos Roedores de Ossos. Nós nos amamos e já pagamos pelo crime de violar as nossas leis. Pagamos com nosso renome, pagamos com os olhares e com tudo que vem junto do fato de cometer essa falha. Pagamos o que determinou o juiz à época de oficializarmos que estávamos juntos. Porém, venho novamente a esta Seita para ter que fazer um anúncio sobre a minha relação com Esquecido. Um anúncio que envolve nós dois mas que é direito que toda a seita saiba e que o juiz aja caso ache necessário.


A última frase era dita com dúvida. Tinha medo do que poderia acontecer, nunca tinha acompanhado de perto a gestação de um Impuro e trazia um em seu ventre. Sabia dos riscos da gravidez e do parto e não sabia se seria punida por estar grávida, apesar de esperar que não. A Ahroun faz uma pausa pois era difícil falar aquilo, mas sem ter muito como escolher as palavras fala de uma vez:


- A Doninha, totem que acaba de abandonar a Esquadrão da Fúria como aqui já foi relatado, antes de partir me deu a notícia de que eu estou grávida.  E é isso que eu quero contar a vocês. Eu, Voz de Taranis, estou Grávida de Esquecido e faço saber a toda a Seita. Mas faço saber também que, mais do que me dizer que espero um filho Impuro, a Doninha também me revelou em frente à toda matilha que meu filho será o último dos herdeiros do Leão Branco. E, meus irmãos, eu não tenho medo de estar sendo precipitada, mas isso é mais um sinal de que a lenda dos filhotes das tribos perdidas é verdadeira. E isso é mais um sinal que Esquecido herda o sangue dos Uivadores Brancos. Então eu faço saber também a essa seita que o líder dos Roedores de Ossos, o garou de nome Esquecido, filho de Coração Valente e da Rainha Estrela da Primavera, tem o sangue dos Uivadores Brancos em suas veias e será pai do último membro da tribo abençoada pelo Leão Branco. 

A Fianna faz uma pausa para respiração. Era muita emoção para o momento e Mayra sabia que seria difícil manter a compostura. Tirando forças de sua alma, a Ahroun continua falando sem conseguir esconder que estava emocionada:

- Nascido de um Presas de Prata e da Rainha do Povo Bom, o sangue dos Uivadores Brancos corre nas veias do líder dos Roedores de Ossos e eu carrego em meu ventre aquele que será o último membro da tribo, que como dizem as lentas, lutará a batalha final ao nosso lado. Sei que muitos podem não acreditar no que digo, que muitos podem achar que o meu coração apaixonado se deixou iludir e que interpreto mal, mas rogo aos Galliards mais antigos que façam essa busca, aos Theurges que leiam atentamente os sinais e aos juízes que busquem nas tradições pois eu tenho convicção da veracidade do que vos falo.


A Ahroun tinha dito tudo que tinha para dizer. Sabia que aquelas eram as palavras a serem usadas e tenta voltar exatamente para de onde saíra. Havia cumprido seu papel e não morreria mais com aquela incerteza.

Pedro fica alguns segundos respirando fundo, ele lutava contra a sua fúria interior a muito tempo, sabia como fazê lo, Yasmine chega até pedro com palavras de conforto e isso vale mais que todo dinheiro do mundo para ele, porém, quando Selene a fúria negra demonstra "estar do seu lado" também, Pedro quase chora, um misto de sentimentos lhe atinge, algo muito diferente, uma felicidade diferente, Pedro olha então para sua matilha e percebe que já gostava muito de cada um deles, gostava demais! Pedro da dois tapas no ombro do fenris mostrando que ja estava se acalmando e com muito orgulho de fazer parte daquela matilha ele olha novamente para aqueles que o vaiaram, não iria manter nenhum receio, cada dia nessa terra que não o matasse só o tornaria melhor, Pedro ouve os outros garous falando vê o que acontece ao presa de prata e fica com o coração na mão, poderia ser ele caído ali, a garota que Pedro tinha visto antes socorre ele, Pedro pensa en interferir, mas não seria uma boa idéia... Pedro vê o que acontece com um outro garou e fica abismado com a situação, era incrível como as coisas só podiam ser resolvidas dessa forma ali!?

Pedro continua ouvindo os relatos contados e ao ouvir as palavras de uma garou chamada Fúria-da-Justiça-Implacável, pedro sente como se as palavras fossem para ele...

"...ela irá engolir não apenas você, mas tudo o que você ama."

Pedro pensa no que a garou diz, era uma grande verdade e pedro teria que se preparar para resistir ao impulsos interiores e estar mais preparado ainda para ajudar seus amigos a fazer o mesmo...

Pedro ouve a história de uma Garou guerreira que perdeu a visão lutou contra um monte de criaturas da wyrm mesmo estando grávida, não demora muito e a mesma se levanta para falar, sua voz era linda e Pedro se compadece de sua situação, quando ela fala de quem era seu filho e o que ele poderia ser, Pedro se comove mais ainda e imagina alguma forma de ajudar aquela Garou, ela daria a luz ao último Uivador branco e não veria isso??? Pedro já tinha tomado sua decisão iria buscar uma forma de ajudar ela, assim que acabasse a assembléia falaria com ela sobre isso, provavelmente falaria com Draven e Selene também...

Selene permanece junto de sua matilha quando a juíza da Esquadrão da Fúria começa a falar. Não a conhecia e nem tinha ouvido falar bem das mulheres das Crias de Fenris, por isso fica atenta para avaliar quem seria aquela Garou. Via rigidez e as palavras são muito duras em especial com alguns membros da matilha. Se surpreende quando após apontar que o Senhor das Sombras tinha matado outro Garou, ainda declará-lo confiável. A Theurge apenas pensa.

*Confiável só pra você, eu que não confiaria minha vida pra um assassino de Garous.*

O tema estava na moda e na cabeça de Selene, Julian e Kor eram tão assassinos quanto a Arautos do Trovão. A diferença é que pelos relatos a Arautos matara por imbecilidade e Julian e Kor tinham cometido os crimes com suas próprias mãos. Mas o fato que chama mais sua atenção são os pecados daquela que se dizia Fúria Negra. Selene nem presta atenção no nome da criatura, mas achava repulsiva a abominação que se apresentava. Ser mulher era muito mais que por implantes absurdos ou se trajar como uma. A maldita era uma afronta e Selene sente profundo alívio quando Tolerância Zero e Sopro de Athena fazem o que tinha que ser feito. O lugar daquele lixo era mesmo com o ratos.

A Fianna cega, que não era fardo pela correção feita pela juíza Fenris, toma a palavra e revela que a herança dos Uivadores Brancos ainda vivia nas veias de um Roedor de Ossos e que ela carregava o último membro da tribo em seu ventre. Era uma revelação que deixa Selene surpresa. Surpresa por encontrarem no lixo a semente do Leão Branco e surpresa por essa herança existir. A Fúria Negra nem consegue processar a informação e as falas seguintes do juiz, do líder da seita e de um Presas de Prata faz com que ela compreenda o que aquilo significava: um passo a mais rumo ao apocalipse.

As profecias começavam a se concretizar, as duas estrelas vermelhas estavam no céu e o dia em que as forças de Gaia seriam colocadas à prova se aproximava. Que a Mãe lhes desse força para encarar esse dia.

Assim que volta ao seu lugar ouve as palavras de Punhos de Gelo que corrobora o que ela mesma já havia falado. A verdade começava a vir à tona e isso deixava a Fianna mais aliviada. Não podia morrer com aquela informação e agora ela já estava muito mais do que comprovada para a Ahroun. Tinha agora também, em seu ventre, um destino a cumprir. Iria dar a luz àquela criança e procuraria o melhor menestrel de sua tribo para ensinar a ela todas as tradições dos uivadores brancos.

O juiz é piedoso e, mesmo não sendo adepta da piedade com forma de avaliação, Mayra fica satisfeita com isso. Talvez fossem dois pesos e duas medidas no que tange a si, mas já se sentia punida demais sem a visão e a importância daquela criança a fazia se sentir como guardiã da própria gravidez.

Ira de Thor reforça as profecias que envolvem sua gravidez e a condição de Esquecido. Aquilo era outro ponto positivo. O coração de Mayra saía mais leve daquela assembleia e agora ela apenas aguardava que as obrigações continuassem a ser feitas e que as cerimonias terminassem para poder ir pra casa, lamber as feridas do corpo e da alma e descansar um pouco.

Finalmente chegara a vez de Hrist falar em nome da matilha. Igor não a conhecia há muito tempo, mas pelo pouco contato que tiveram, sabia que ela não pegaria leve. Kor fora um tanto cinematográfico, assim como cabe aos Galliards serem, exaltando os feitos do Esquadrão como se fossem a Matilha de Prata salvando o mundo do Apocalipse. Agora ele teria, certamente, um choque de realidade.

O início do discurso da Meia-Lua fez o Presas se empertigar e estreitar os olhos em estranheza.

"Força da Wyrm em forma de Fúria? O que diabos essa mulher tem na cabeça? Foi ensinada nas Tradições por um curso à distância? A Fúria é uma bênção de Luna para nós! É através dela que somos capazes de mudar, é por causa dela que conseguimos sobreviver na guerra contra a Wyrm! Somente aqueles de espírito fraco sucumbem à sua própria besta!"

Tudo que Hrist dissera dali em diante, contou com a antipatia inicial do Presas. Era inadmissível que ele fosse julgado futuramente por alguém que sequer conhecia suas próprias origens, coisa que até mesmo Igor como um cliath, tinha conhecimento.

Fora meticulosamente ensinado por Vladimir sobre a História e as Tradições. Como um Rei, ele deveria saber.

Igor cruzou os braços durante o relato, observando-a tão fixamente que seu olhar a atravessaria se fosse uma flecha. A Meia-Lua caía-lhe como a melhor das desculpas para que sua presunção fosse, na verdade, vista como rigor e justiça. Sua auto-avaliação resumia-se à, convenientemente, comentar o quanto fora obrigada a cometer erros por conta da matilha.

Fora indulgente em reconhecer os préstimos de Mayra e do filhote de Margrave, mas os demais não foram poupados das críticas duramente proferidas. No entanto, Esquecido parecia ser a estrela do discurso de Hrist, à quem dedicou boa parte de seu tempo, procurando as melhores palavras em seu vocabulário para chamá-lo, repetidamente, de covarde e inapto para liderança. Depois do relato de Kor, parecia que eram dois personagens diferentes sendo retratados na mesma história.

O Presas de Prata arqueou a sobrancelha quando a Meia-Lua citou seu nome mas, felizmente, não se alongou. Embora ela não o conhecesse o bastante para emitir qualquer julgamento, Igor já havia decidido que Hrist não estaria entre seus afetos dentro do Esquadrão.

Ao término do discurso da filha de Golgol, Igor pensou que já estava acabado. No entanto, havia mais um julgamento a ser feito, dessa vez pela antiga juíza da matilha. Antes que ela iniciasse o segundo round do julgamento, Nycole havia sido julgada e, além de já estar suficientemente fodida sem uma das pernas, ainda fora renegada pela sua própria tribo num ritual estranho e um tanto assustador.

Então, Amanda tomou a palavra para julgar o Esquadrão.

"Ainda existem mais coisas ruins pra falar sobre a matilha? Por Gaia!"

No entanto, seu discurso foi severamente diferente do de Hrist, apesar do mesmo teor. Era como a diferença entre a "tia" do orfanato e uma boa mãe tentando ensinar algo a uma criança.

Mayra se prepara para falar e assume diante de todos a gravidez. Mais uma vez, Esquecido está envolvido.

"Esse cara deve ter feito algo muito ruim noutra vida, porque só acontece merda onde ele bota a mão!"

Igor estava começando a ficar um tanto saturado daquela reunião. Num primeiro momento, ele achou que a Fianna apenas anunciaria sua gravidez e seria alvo de mais vaias e desaprovação da seita.

- Nascido de um Presas de Prata? Mas que por... - deixou escapar, incapaz de conter o espanto com a revelação de Mayra.

Julian era filho de Coração Valente. Era difícil acreditar que aquele cara que, nesse momento, valia menos que a perna arrancada de Nycole, era filho de um Presas de renome. E pior, seu sangue misturado daria origem à um impuro Uivador Branco.

"Mestiço..." - O Theurge encarava Esquecido com olhar perdido, a boca entreaberta num esgar.

Nymmeria era obrigada a ouvir o conselho de um Fenris, apesar de achar que quem estava errado era o imbecil que passara na sua frente. Um mestre das emoções e das palavras não ter o mínimo de cortesia com um irmão de augúrio era, no mínimo, feio, pra não dizer grosseiro e vulgar, incompatível com quem buscava a beleza; mas era sensata o suficiente para não retrucar o líder da Seita, que não devia dar conselhos pessoalmente com muita frequência. Havia sido até amistoso, considerando a forma como ele estivera tratando os outros Garous. Apenas acena em entendimento, olhando-o nos olhos, reconhecendo certa boa vontade em sua atitude.

O relato de Sopro-da-Tempestade, apesar de sua birra com ele, transmite emoção, mas ela se deleita mesmo com os erros apontados posteriormente, por Sagittarius e Fúria-da-Justiça Implacável, que fazem ter uma pequena satisfação vingativa. Apesar disso, se preocupa com o que falaria sobre a missão da Titãs. A Esquadrão da Fúria enfrentara Dragões e Rastejante Nexus. Pela Graça da Mãe a Titãs não haviam encontrado criaturas tão poderosas! Porém, isso tornava a missão da outra matilha mais grandiosa, bem como marcava a força incontestável de seus membros, sobretudo de Voz-de-Taranis, que em mais um erro de Sopro-da-Tempestade, precisou ter sua honra devida reparada pela Philodox...

Como as outras Garous da Esquadrão pareciam ter pressa para falar, Nymmeria se afastou e deixou que elas passassem na sua frente. Era melhor, teria mais tempo para pensar em seu discurso. Porém, por mais que não se atentasse muito as palavras ditas, planejando suas próprias, não tem como não se chocar com o ritual de Renúncia Tribal. Não desejaria aquilo para nenhuma irmã, mas quem estava recebendo-o... bem, não podia ser considerada uma irmã.

Fica em silencio diante do burburinho causado pela notícia de Voz-de-Taranis, ainda que fique pensando com seus botões que a história da guerreira, mãe do ultimo Uivador Branco daria uma canção belíssima, a ser cantada ate o Apocalipse. Se o Galliard da Matilha dela não era competente o bastante para reconhecer a grandeza daquela Garou, ela o faria. Cantar sobre mulheres era uma missão pessoal para Nymmeria.

Chegara sua vez enfim, e ela aproveita a deixa para entrar no centro novamente. Seu discurso seria o ultimo, o melhor, mais belo, que traria esperanças aos corações de todos depois de tantas tragédias, ou pelo menos era o que ambicionava...

Decidiu que não se apresentaria de novo, nem demoraria muito para começar, não apenas por causa do conselho de Ira-de-Thor. Seu silêncio inicial, na Cerimônia pelos Falecidos tinha um significado, era sua manifestação de respeito aos mortos. Na sua primeira tentativa de falar, era para retomar a ordem e encontrar sua coragem. Já havia conseguido as duas coisas. A segunda, sobretudo pelo olhar de incentivo de Selene, que ela retribuiu com uma confiança grata. Apenas tomou um segundo de concentração, para criar expectativa, de prender a atenção de todos.

- O calor da batalha mostra as maiores virtudes de um Garou. No ataque feito à Colmeia no Moinho Fluminense pude testemunhar grandes e várias dessas virtudes, tanto nos irmãos de minha Matilha Titãs, quanto nos Garous das Matilhas que nos acompanharam: Desbravadores, Filhos da Mãe Sagrada e Legionários. Algumas delas eu já pude relatar na Cerimônia dos Falecidos... - diz com um tom soturno, abaixando respeitosamente a cabeça por um momento, antes de reerguê-la mais determinada - por isso, se me permitem, gostaria de falar sobre os que estão vivos. Principalmente, dos Cliaths que se juntaram à esta batalha. Jovens que provaram que é possível dar o melhor de si por Gaia. Jovens que se provaram capazes de ser cada vez melhores, e de darem orgulho para esta Seita. Jovens não temeram inimigos mais poderosos, e que lutaram até o fim de suas forças. Jovens que resistiram ao veneno corruptor da Wyrm e insistiram com seu controle e inteligência para impedir a auto-destruição do prédio que mataria todos os Garous que lá estavam. Jovens que lutaram ao lado de seus mestres, e mantiveram-se firmes mesmo quando estes mestres caíram. Jovens que foram além de sua função de Augúrio, orientando todos com sabedoria. Jovens cujos nomes e histórias eu cantarei em detalhes nessa Assembleia.

Os membros da Titãs deveriam saber a quem ela se referia, mas os outros provavelmente não. Queria criar-lhes esta expectativa.

- Antes deste ataque à Colmeia, tivemos uma importante missão noite passada. Atacar um poderoso vampiro chamado Charlie, capaz de mudar de aparência, se comunicar com animais, criar ilusões e conversar com espíritos. Isso nos impôs muitas limitações, mas este e outros conhecimentos do nosso Ragabash, Asa-da-Morte dos Senhores das Sombras, nos permitiu fazer um plano onde ele e mais dois Garous entrariam no esconderijo do vampiro, um Terreiro da região Central, e os demais ficariam vigiando o local, em duplas, para o caso de nosso alvo tentar fugir. Infelizmente, o vampiro conseguiu descobrir nossa presença e mandou seus lacaios para nos atacar. Depois o local foi tomado por um incêndio e na confusão nós o perdemos, mas destruímos vários de seus aliados da Wyrm. Um trabalho muito árduo porque eles eram capazes de ficar invisíveis e induzir nossos irmãos ao frenesi.  Peregrino-do-Lua e Tempestade-da-neve-da-morte tombaram por causa disso, e nosso então alfa, Coração-da-Tempestade, Galliard dos Fianna, deixou a Matilha no meio da missão, passando o comando para Pantaneiro, Ahroun da mesma tribo. Foi uma noite muito dura, ainda mais para Garous jovens, mas isso foi um experiência que nos fortaleceu, ajudou a forjar nossos laços como Matilha e a nos preparar para a grandeza da missão que Sombra-de-Loki nos incumbiu, único motivo pelo qual não procuramos o vampiro novamente, ainda...

Fica aliviada em terminar de falar sobre aquela missão, que fazia parte de seu dever, mas não havia rendido uma história muito boa.

- Asa-da-Morte era dado como morto, já que havíamos perdido-o no incêndio, mas na manhã seguinte descobrimos que ele estava vivo. Acredito que isso foi um sinal de Gaia, de que o Senhor das Sombras serviria a seus propósitos mais uma vez...

Nymmeria retira o Sino que ainda estava em seu pescoço, e o levanta, expondo-o a todos.

- Ele teve uma ideia que foi fundamental para o sucesso de nosso ataque, a utilização deste fetiche chamado Sinos da Capela, que impede a materialização de espíritos fora da Umbra, mas exigiria que um Garou se dedicasse exclusivamente à tarefa de toca-lo, harmonizando-o com sua Gnose. Eu me ofereci, para deixar os Ahroun, os Ragabash e nossa única Theurge livres para agirem.

Coloca o sino novamente no pescoço.

- As ideias de nossa Theurge, Âmago-de-Medeia das Fúrias Negras, também merecem um especial destaque. Ela criou uma capa que ocultaria minha presença enquanto eu tocasse o sino, para garantir que eu não recebesse ataques e continuasse tocando-o, e também providenciou sinos falsos, para todos os membros da Matilha, para confundir nossos inimigos. O que de fato aconteceu. Desesperados em ver suas invocações falharem, os Dançarinos ordenaram que os sinos fossem destruídos, sem porém saberem qual era o verdadeiro...

Contudo, ela tinha um acréscimo espinhoso a fazer.

- Infelizmente, o calor na batalha não mostra apenas virtudes, mostram fraquezas também, e elas ficaram ainda mais evidentes no Philodox dos Roedores de Ossos Sem-Dó. Ele causou transtornos na Matilha desde o primeiro momento que a encontrou, noite passada, com suas críticas infundadas e destrutivas. Antes de partirmos para a Colmeia, ele ofendeu alguém de forma tão grave que foi punido duas vezes. Uma, pela pessoa ofendida, conforme determinou o Philodox Essência-de-Balder; e outra, pelo próprio juiz da Matilha, que julgou que Sem-Dó  não recebeu a punição de forma honrada. Essência-de-Balder considerou as ações de Sem-Dó tão incompatíveis para um Philodox que chegou a ameaçar exigir a renúncia de Augúrio do Roedor caso ele não mudasse seu comportamento.

Imaginou que os Roedores de Ossos ficariam desgostosos, talvez até duvidosos da história, mas falava com a segura certeza de quem dizia a verdade, e não temia ser submetida a um teste se necessário. Sua Matilha também era testemunha de suas palavras. Além disso, o que viria a seguir era mais determinante ainda.

- Como se não bastasse, Sem-Dó mostrou uma atuação fraca na batalha, e quando a Matilha precisou de forças para combater um inimigo, Sem-Dó fugiu da luta. Fugiu! - enfatiza Nymmeria - fugiu quando deveria ter lutado com todos nós. Não o encontramos mais depois disso, ignoro se ele está vivo ou morto. Seja como for, não vou mais gastar um sopro da minha voz para falar sobre este Garou. Os Philodox o julguem caso ele apareça novamente. ..

Faz silêncio, medindo por mais um momento a reação da platéia, e caminha pelo espaço, retomando seu raciocínio.

- Nosso plano de ataque começava com a entrada dos Ragabash da Titãs, Sombra-Fatal dos Andarilhos do Asfalto, e Asa-da-Morte, junto com Trickster, Uktena da Legionários. Eles tiveram a tarefa de entrar na Colmeia por uma janela, para irem desativando armadilhas e plantado bombas no território. Soube o resultado dessa ação apenas mais tarde, por um testemunho que recebi. Asa-da-Morte, que tombou nesta missão, provou, além de sua brilhante ideia, porque recebeu mais uma chance de Gaia, mas falarei sobre isso depois. Quero começar a falar sobre  membros que seguiram junto comigo, começando por nosso líder...

Puxa o ar, antes de introduzi-lo com uma canção, em um ritmo de sertanejo.

"Matuto corajoso, matuto guerreiro
Segue confiante, em qualquer vespeiro
Não se abala nem, sob a maior das dor
Mais gigante é seu senso de humor!
Combatente muito arretadooo...
Mata os inimigo largado!"

Faz um gesto largo na direção do Garou.
- Este é o alpha da Titãs! Pantaneiro Ahroun dos Fiannas. Liderou o combate, encontrando um enorme grupo de Dançarinos assim que derrubou o portão. Brandindo foice e falcão, Pantaneiro enfrentou fortes rivais: um Dançarino com uma lança, tão resistente que se manteve firme, mesmo depois de um ataque que rasgou-lhe o abdômen, mas foi derrotado com um preciso golpe que tirou-lhe a cabeça. Rapidamente, Panteneiro abateu outro, somando dois logo no início da missão. Muito machucado depois de tanta luta, ainda conseguia se esquivar do oponente, e ao ser curado pela nossa theurge, deu a morte á mais um Dançarino. Em uma grande demonstração de coragem, Pantaneiro atraiu a atenção de um experimento da Wyrm que já havia ceifado a vida de vários importantes guerreiros de nossa Nação. Atraindo esta criatura, Pantaneiro deu a chance para Oráculo-do-Abismo, Theurge dos Senhores das Sombras, imobilizá-lo com tentáculos negros, que brotavam das próprias sombras dos oponentes. Com isso, quatro Garous, Lâmina-de-Ártemis, Sombra-do-Amanhã, Ecos-do-Passado e Essência-de-Balder, destruíram a criatura, usando a manobra "Ossos-da-Sorte".  


Um gesto mais discreto, mas igualmente significativo, recebe o Garou seguinte.
-  Vento-Escarlate, Ahroun dos Portadores da Luz Interior engrossava nossas fileiras, derrotando seus inimigos, muitas vezes sem recorrer à sua magnífica espada, mas finalizando-os com as próprias mãos, partindo ossos, quebrando pescoços em movimentos precisos. Uma demonstração do treinamento que recebeu do grande Essência-da-Justiça, Philodox Ancião de sua Tribo. Vento-Escarlate chegou correr o risco de ser infectado por uma gosma esverdeada das garras de um inimigo, mas se esquivou desta energia corruptora e derrotou seu inimigo.

Sua irmã de Tribo, além do gesto, recebe um olhar de admiração.
- Contudo, quem mais me surpreendeu no combate não foi um Ahroun, mas uma Theurge. Âmago-de-Medeia, que mesmo não sendo especialista em combate, lutou como uma verdadeira amazona, abatendo um hispo corrompido com suas garras e aguentando bravamente  os ataques o inimigo lhe desferiu. Não se limitou a matar seus oponentes, mas auxiliou outro Garou que estava tendo dificuldades em matar um dançarino. Isso, sem contar as curas que fez no meio da batalha quando os companheiros precisavam.  Combateu e curou. Duas tarefas difíceis por si só, essa competente Theurge executou ambas, com excelência.

Sorriu para sua irmã de Tribo e sorriu. Tinha mais elogios para fazer sobre ela, em breve, mas antes, exaltaria com sua canção, combinando delicadeza e energia.

"Uma xamã, como amazona lutava...
Como uma mãe, seus companheiros curava.
Os inimigos ela não temeu
E sua matilha a reconheceu
Xamã amazona de mente afiada
Mais que uma espada!

- Com a primorosa atuação destes jovens e promissores Cliaths, e de outros grandes Garous desta seita, pudemos acabar com a primeira leva de inimigos e seguir em frente. Destaco o poder de Chama-das Valkyrias, Alfa da Filhos da Mãe Sagrada, Theurge dos Crias de Fenris, que fazendo jus a seu nome, queimou Dançarinos com o fogo que saía por suas mãos, e Oráculo-do-Abismo, matando inimigos pela sombra. Sombras que os agarram. Sombras que os queimam. Sombras que eles eram incapazes de se esquivarem...


Sua mão gira, desta vez, em direção a Kevin.
- Porém, enquanto eles lutavam contra Dançarinos, havia um Ragabash lutando contra uma máquina. Sombra-Fatal, dos Andarilhos do Asfalto. Ele caiu em um enorme covil da Wyrm, dentro de uma gosma negra. Precisou nadar por ela até chegar em um imenso computador, programado para auto-destruir toda a Colméia. Conseguem imaginar o perigo? Se ele não agisse rápido todos os que estavam ali dentro poderiam morrer! Sombra-Fatal precisou suportar as essências corruptoras da Wyrm, a gosma fervendo, soltando fumaça que ele era obrigado a inalar, enquanto ele tentava, determinado, quebrar os códigos dessa máquina gigante para desativar a auto-destruição. Sombra-Fatal não desistiu, mesmo quando erupções estouraram em sua pele, mesmo quando sua vontade de vomitar beirou o insuportável, ele insistiu até desativar o sistema, salvando solitária e silenciosamente todos os Garous que tiveram a graça de sobreviver ao ataque ao Colmeia. Todos nós que estávamos lá devemos nossa vida a ele.

A historia merecia uma canção, e Nymmeria a faz, entoando com a voz grave e vibrante.

Códigos, todos, não o fazem paraaar...
Com sua astúcia fez todos quebraaar
A corruptora não o corrompe!
Gaia é sempre sua única fonte
Sua esperteza evitou a explosão...
Destruindo a destruição!

- Vamos voltar aos nossos irmãos na linha de frente do campo da batalha. Divididos grupos nós seguimos para deter a fumaça e procurar a Pedra da Lua. Foi depois que nos separamos que as Matilhas Titãs e Filhos da Mãe Sagrada encontraram o Líder da Legião, Vento Dilacerante portando a poderosa Relâmpago-Atado. Proferindo ameaças, ofensas, enfurecendo todos, mas sobretudo aos Portadores da Luz Interior...
Gostaria de falar sobre uma vitória, mas não podia. Então diz lamentosa.
- Essência-da-Justiça lutou bravamente contra este traidor, em uma luta longa e árdua, disputada milímetro a milímetro, mas infelizmente o Mentor de Vento-Escarlate foi derrotado. O pupilo, no meio de sua luta, foi obrigado a assistir a morte de seu mestre, e em sua guarda abaixada por este terrível choque, recebeu um ataque de seu inimigo. Porém, ainda não era sua hora de se unir à Gaia, e juntando todas as suas forças, mas uma vez este Ahroun derrotou seu inimigo.

Suas palavras saem, cristalinas e melancólicas em mais uma canção.

A dor fez nascer um legado...
Por suas mãos, ele se fez respeitadoo.
Defendeu Gaia com sua precisão
Apesar, da dor em seu coração...
Segue os passos do grande mentor
Traçando os seus, com profundo pendor

- O grupo, já tão abalado, quase sofreu mais uma terrível perda. Pantaneiro lutava contra um Dançarino muito forte, munido de uma enorme espada, com uma caveira no cabo. Foi uma luta renhida, até certo ponto, equilibrada, com Pantaneiro absorvendo os potentes golpes que recebia e provocando seu adversário com palavras, mas uma estocada derradeira acabou com as forças deste incansável Ahroun, levando-o ao chão, desmaiado. Poderia ter recebido o golpe final se não fosse pela iniciativa rápida de nossa Theurge...

Nymmeria sorri para ela novamente.

- Âmago-de-Medeia, esta que recebeu muito merecidamente o posto de Beta da Titãs. Assim que Pantaneiro caiu ela assumiu espontaneamente a liderança, orientando Vento-Escarlate e Essência-de-Balder a lutar contra o Dançarino da Espada de Caveira, e a mim para auxiliá-la contra seu inimigo. Nós duas, lutando como irmãs, derrotamos um dançarina sem receber danos. Infelizmente o outro exigiu um sacrifício de Essência-de-Balder, que imobilizou o oponente para dar a chance para Vento-Escarlate dar o golpe final. O nome de Essência-de-Balder. Philodox dos Crias de Fenris, será sempre lembrado com muita honra e respeito pela Titãs.

Faz um segundo de silêncio antes de continuar.

- Com nossos corações despedaçados, seguimos adiante para procurar os outros. Haviam sombreado conosco dois Garous da Filhos das Mãe Sagrada, a alpha, Chama-das-Valkyirias e Alma Inquieta Ahroun dos Presas de Prata. Âmago-de-Medeia continuou nos orientando, com o sábia conselho de que os que haviam restado deveriam agir como uma Matilha. Eu assumi a dianteira, para verificar a presença de inimigos com o auxílio que eu tinha da capa que ocultava minha presença. Alma-Inquieta, e Vento-Escarlate, logo atras de mim. As duas Theurges, Âmago-de-Medeia e Chama-das-Valkyrias, na retaguarda, carregando Pantaneiro.


Sua voz se torna então mais soturna.
- Durante nosso caminho, outra enorme tristeza. Uma explosão, que levou muitos e feriu outros tantos. Um ato sacrificado de Asa-da-Morte para impedir que a fumaça se espalhasse pela chaminé. Este Ragabash, dos Senhores das Sombras que recebeu a chance de Gaia de viver mais uma noite, se uniu a ela, prestando-lhe um último serviço...

Havia dito que não falaria sobre os mortos, mas era inevitável, e em seu segundo de silêncio a Galliard se dá conta disso.

- Com tantos feridos para serem curados, entre eles Oráculos-do-Abismo e Sombra-Fatal; com a Gnose dos Theurges praticamente esgotada, tivemos que recorrer ao nosso poderoso aliado espiritual. Foi mais uma das ideias de Âmago-de-Medeia. Invocar o Javali.

Havia feito uma música para o Totem, e apesar dele não dar a mínima para isso, iria cantá-la.

Na maior aflição da Titãs
Javali veio nos socorrer
Gratos somos por suas bençãos
Javali quem nos fez vencer

Ele honra com sua presença
Oferece energia e nos cura
Renova a nossa esperança
Liderança que ele estrutura

Eu me alegro muito de cantar
Sobre um Totem tão nobre e leal.
A Titãs não cansa de o louvar
Javali, por nos abençoar!

Havia sido o que conseguira compor em tão pouco tempo e com tantas outras a planejar.

- Com nossos companheiros curados, nosso alpha desperto, faltava-nos ainda uma missão. Destruir as duas Pedras da Lua. Sim! A Colméia Moinho Fluiminense tinha duas Pedras da Lua! Sobra-Fatal se dispôs a plantar as bombas enquanto os demais ajudavam os feridos e levavam os corpos dos Garous falecidos para fora da Colméia. Ofereci a ele a capa que me ocultava, já que ele precisaria dela mais do que eu, ainda poderiam restar inimigos ali... Então, todos nós voltamos e ficamos a esperar. Por um instante, tememos que ele não iria voltar, mas... - gesticula para o Andarilho - ei-lo aqui, devidamente purificado, depois de tantas provações.

Chegava ao final, com alívio, e fez o possível para terminar com uma frase de efeito.
- Com uma série de grandes explosões, a Matilha Moinho Fluminense foi reduzida a pó. Cumprimos nossa missão. Triunfamos sobre a Wyrm.

Sombra da Noite - Todos

Declan estava em silêncio, ouvia cada palavras de Sopro da Tempestade e cada vez mais se surpreendia com a capacidade que o Galliard tinha em se envergonhar e trazer vergonha ao nome de sua tribo. O Garou faz seu papel de Galliard e ao mesmo tempo, tenta fazer o papel de mãe do Roedor de Ossos Ragabash de sua matilha, Cabelinho de Fogo. Tentar fazer uma manobra daquele naipe em um combate dentro de uma colmeia é alguma coisa que se desse certo, realmente seria algo plausível, se desse certo. Fora feito por um garou imaturo que muito mal sabia a relação entre a gnose e ele mesmo.

Não esboça reações, apenas o observa e observa as duas juízas em seu julgamento, Hrist lutou lado a lado com o Ragabash e ele pode ver quão valorosa era a Philodox, tinha grande força no combate e também muita dureza ao realizar seus julgamentos, uma excelente garou aos olhos do Senhor das Sombras. Ouvia todas as críticas ao Alpha da matilha e concorda com cada uma delas, ouvia todas as críticas ao Galliard da matilha e também tinha que concordar, ouvia sobre a Fianna e concordava também, tinha que concordar por ter visto o desempenho da Fianna com seus olhos.

Sentimentos realmente eram coisas que atrapalhavam a vida de Garous, via a Fianna jogar sua vida fora copulando com um Roedor de Ossos e trazendo ainda a notícia que ela trouxe para o Caern, não sabia mais o que pensar sobre a Garou, se por um lado era uma guerreira valoroso no campo de batalha, em situação de conforto era fraca e nenhum pouco esperta. Não havia o que ser comentado, Declan não achava inteligente relacionamento entre Garous e seguiria defendendo seus pensamentos, se a própria seita era a favor daquilo, o Senhor das Sombras não iria nadar contra a correnteza, não publicamente.

Logo que haviam terminado suas histórias e julgamentos faltava apenas uma garou a Titãs, era uma Fúria Negra mas ainda assim uma Galliard, óbvio que puxaria toda glória para as mulheres da matilha mas no fim das contas havia surpreendido o Senhor das Sombras. Uma cantoria e uma missão muito bem sucedida é o que ela conta, aparentemente um outro Ragabash havia feito muita diferença na missão, não sabia quem era e nem se importava, ele seria o melhor Ragabash que aquela seita já tivera e mostraria aquilo com o tempo, tinha certeza disso.

Aman escuta então o relato da Philodox da Esquadrão, a outra matilha criticada nas missões. Ela era dura como um Fenris sempre era, e mais que isso, depois de sua fala, uma Fianna vem revelar que teria um filhote. Em meio a toda aquela bagunça e humilhação, uma notícia boa surgia, o amor de dois Garous geraria um filhote que seria muito amado, e aparentemente tinham muitas profecias sobre ele.

Aquilo arranca o mais breve dos sorrisos da Philodox, que prossegue ouvindo o discurso de Nymmeria, era uma Galliard fantástica, e deixa a Peregrino um pouco mais feliz também, mas não esboça sua alegria, pois a situação de sua matilha era grave, mas se a Arautos fosse desmantelada e Aman sobrevivesse à degola, já sabia para onde quereria ir.

Sombra Fatal - Todos

Kevin havia se aproximado de sua matilha, se põe próximo de Selene durante os discursos e julgamentos que tomam inicio e preenchem a assembléia. Tudo indicava que a Arautos fora a pior matilha da noite, não por falta de atitude mas por excesso dela, o Garou envolvido na chacina de uma matilha havia jogado o nome de uma ótima matilha pro barro e seus irmãos numa tentativa inútil de defender a honra de toda a matilha foram humilhados e escrotizados perante toda seita, o pior era que o Garou que tinha feito tal cagada fora um Andarilho, o que de certa forma envergonhava o Ragabash.

A Crias de Fenris que faz o julgamento da Esquadrão da Fúria é bem rígida e bota todos os integrantes no chinelo, principalmente o Alpha e o Galliard, um Alpha fraco que fugia, abandonando sua matilha em meio ao combate e um Galliard que não conseguia resistir ao combate e caia diversas vezes, estando assim incapaz de contar os feitos de seu próprio irmão de tribo e exaltar os feitos da bela ruiva cegueta, era um absurdo, infelizmente.

Tão logo a esquadrão da fúria termina, Nymmeria toma seu lugar no centro da ferradura para contar a história da Titãs, Kevin tinha certeza que a garou não iria fazer feio, ela mostrou seu valor ao realizar uma emocionante cerimônia pelos falecidos, o Andarilho sabia que ela não iria fazer diferente e que ia dar uma banho em todos. Começava de forma simples porém decidida, tinha o controle de cada palavra, de cada memória, cada acontecimento que havia acontecido dentro e fora da colmeia, esteve nas missões que foram cumpridas com êxito pela matilha e ela sabia exatamente como passar cada uma delas.

Suas primeiras palavras são sobre Pantaneiro, não sabia que o Garou tinha ido tão bem durante a invasão, ao que parecia ele e Selene haviam se destacado bastante, assim como Hal também havia feito. Kevin estava orgulhoso da matilha que estava, seus irmãos eram leais e fortes, a Selene era uma chata e maluca mas aquilo não tirava o mérito de ser uma ótima Theurge e muito inteligente, o Andarilho sabia que estava em uma ótima matilha e não tinha um pingo de dúvidas sobre aquilo. Ouviu a canção que Nymmeria inventou para o Ragabash e se sentiu maravilhado e com certeza teria que agradecer a Galliard por aquilo.

Uma Philodox interessante e dura na queda faz um relato interessante da Esquadrão da Fúria, a quantidade de frenesis daquela matilha era preocupante, talvez fosse proveniente do nome, porém os problemas com Impuros, existentes ou porvir deixa Flávio meio ressabiado com aquela matilha, aparentemente eles não gostavam de seguir a Litania, ele procura seu Mentor com os olhos, vendo o que ele achava do julgamento brando daquela Seita com aquele tipo de perversão.

Então, a pequena maconheira finalmente resolve falar, não tinha ninguém pra impedir ela, então se não conseguisse agora era melhor deixar outro tentar no lugar dela. E ela começa super empolgada, talvez não fosse maconha que ela usasse, talvez fosse alguma daquelas drogas novas, que deixa os jovens doidões nas baladas, ecst... alguma bosta. Coisa de playboy filhinho de papai, como tinha naquela matilha aos montes.

No entanto, o relato da Garou é interessante, ela consegue exaltar os feitos da matilha mesmo sem terem inimigos exuberantes como Nexus e Dragões, e as ideias pré-combate da Matilha também haviam sido interessantes, o Senhor das Sombras aprovava aquela inteligência em combate.

Ele escuta as canções, talvez um pouco empolgadas e infantis demais, ou talvez ele fosse ranzinza mesmo, no entanto, pareciam boas o suficiente, e transmitiam muita emoção, ponto para a Galliard.

Ela corre bem durante todo seu discurso, e orgulhara a Matilha, e até homenagem ao totem havia sido feita. Sabendo dos protocolos básicos de Assembleia, Flávio decide dar uma moral para ela, se continuasse mandando bem assim ele até aceitava a tal roda com a fogueira, desde que ela não pensasse em tocar a porra de um violino.

O Ahroun, mesmo novato na Matilha, demonstra sua aceitação ao discurso da Galliard, e sua felicidade em ter caido na aparentemente, matilha mais competente daquela seita. Ele dá um passo a frente e uiva à seguir do discurso da Fúria Negra, esperando que a Titãs o acompanhe em exaltação ao preciso discurso da Garou.

Então ele acompanha o discurso do líder da Seita, recitando o renome de cada um ali, e dando as devidas informações. Com certeza o uivo final estaria próximo. No entanto, o inesperado acontece, e o Caern cai sob um ataque.

Os gritos do cemitério, os filhotes desesperados, a confusão reinava, e aparentemente seria uma batalha dura para fechar a noite. Felizmente, Flávio havia alongado ao acordar. Porém, mesmo sendo um Ahroun, ele devia esperar as ordens do Alfa, ele parecia um Garou competente, e saberia como organizar a matilha, em todo caso, Flávio fica de olho em Nymmeria, não a deixaria ficar exposta depois de seu discurso, ela ainda estava alguns passos afastada da matilha.

No entanto, ele aproveita o momento para analisar os drones, procurando fraquezas que pudesse utilizar para derrubá-los.

OFF: Uso Fraqueza Fatal no Drone.

Sombra da Noite - Todos

Declan estava atento à distribuição de renome, ouvia as palavras de Ira de Thor e se orgulhava de si mesmo, seu renome refletia a perfeição com que havia cumprido as missões que se comprometera a cumprir, não havia o que falar, aquilo era o esperado.

Sem que os Garous esperassem, o Caern sofre um terrível ataque, drones lançavam um líquido inflamável e logo em seguida sons de explosões já podem ser ouvidos por todos se misturando e ecoando juntamente aos gritos de dor de vários Garous, estava explicado o cheiro de morte que vinha incomodando os Theurges. Sua matilha era designada a ajudar os filhotes, sem pestanejar, o Filho de Margrave logo faz sua pistola presente e ao empunha-la com firmeza tenta se harmonizar com o espírito que habitava dentro de seu fetiche.

Offgame: Solicito ao narrador o teste para ativar o fetiche.

Sombra Fatal - Todos

Kevin mal tem tempo de curtir sua música e Ira de Thor já começa a falar, o Crias de Fenris faz um discurso com toda a distribuição de renome, ao que parecia o Ragabash teria condições de tentar passar de posto, estava mais feliz agora, para sua matilha só haviam notícias boas.

Se preparavam para curtir o final da Assembléia quando do ar veio uma chuva de combustível, uns tipos de drones despejavam sobre os Garous e sobre o Caern aquele combustível e logo em seguida muitas bombas eram arremessadas, uma verdadeira chacina estava acontecendo no Caern, aquilo não podia estar acontecendo, Kevin já se encontrava em sua forma de batalha e sua matilha tinha que ajudar os filhotes no cemitério e era exatamente isso que o Ragabash faria. O Andarilho expele sua Besta de Caça Urbana e logo tenta se harmonizar com ela.

Offgame: Solicito ao narrador o teste para ativar o fetiche.

Bardo Forasteiro - Todos

O Fianna estava em seu lugar após retornar com o corpo de seu irmão ferido, o garou era curado por um dos garous do Caern e o Alpha não diz nada, apenas permanecia concentrado naquela reunião que acontecia. Dentes e sangue haviam sido jogados no solo do Caern e não havia porque tentar mais corrigir a visão da seita com relação aos garous da Arautos, o julgamento falaria por si.

Conforme as coisas vão sendo ditas, o Fianna vai analisando os feitos das outras matilhas, ninguém havia conseguido derrubar duas colmeias em uma noite só e se não fosse pela atitude imbecil de John Montecchio, eles estariam sendo ovacionados aquela altura do campeonato, não teriam sido humilhados e muito menos teriam envergonhado suas tribos ao tentar proteger aquele Garou. Danniel sabia que tinha que proteger seus irmãos de matilha a todo custo mas que estava puto com o Andarilho, ele estava.

As canções da Fúria Negra eram bastante inspiradoras, elas serviram para acalmar os ânimos na assembléia e trazer um pouco de paz para Danniel, a Galliard era uma verdadeira Galliard e conseguia demonstrar aquilo com suas palavras e excelente controle de tudo. A Fenris, juíza da Esquadrão da Fúria é rígida, rígida como uma pedra, ou um martelo, era o que se esperava de seres que tinham uma pedra no lugar de um cérebro, não surpreende o Ahroun. A condição de Mayra por outro lado é preocupante, a Fianna estava cega e grávida de um garou cercado por profecias, precisavam se reunir para conversar sobre aquilo, o último encontro com a garou não fora muito agradável mas as coisas haviam mudado, tinham que traçar novos caminhos.

Ao fim da Assembléia, Ira de Thor começa a falar, seu discurso e a distribuição de Renome se encerram ao mesmo tempo que o Caern recebe o ataque de vários drones despejavam um tipo de combustível no Caern e começavam a queimar tudo, nada caminhava bem naquela noite e o encerramento dela demonstrava que nada estava tão ruim que não pudesse piorar. Diante de tudo, a Arautos era enviada a auxiliar as matilhas que iriam cuidar dos filhotes, Danniel tem suas habilidades de luta reduzidas sem sua lança mas aquilo não o faria deixar de lutar, tenta se concentrar e chamar seus ancestrais, visava aumentar suas habilidades na hora do combate corpo a corpo.

Offgame: Solicito ao narrador o teste de ancestrais. Direcionando os sucessos para briga.