Enseadas - O fundo das baías, lagos, lagoas, praias e mar aberto do Rio de Janeiro

Ela desliga o telefone e volta-se aos outros. Não fez rodeios ao que Carlent tinha dito. O vampiro fora claro com suas exigências.

- Os nosferatu não virão ao submarino. Eles não aceitarão a hospitalidade ventrue, nem a toreador pela falha dos clãs ao permitirem que o elísio caísse. E não aceitarão a hospitalidade brujah, por Jorge ter levado um assamita aos esgotos. A única alternativa que François Carlent deu, para que todos os cainitas da cidade se reúnam, é a capela tremere. - ela parecia falando no automático. Não havia sentimentos em sua voz. Nem alegria, nem tristeza, nem empolgação, nem desânimo. Apenas palavras, como se elas fossem pronunciadas por um dos robôs de Terry Constantine.

Natanael volta à sala enquanto Terry fala com Emilie. Parecia que ele também concordava com a reunião na Capela. Então Claudia diz a resposta do Nosferatu e Natanael quase não acreditava na petulância do mesmo em dizer que a culpa da invasão tinha sido do Clã Toreador, sendo que a maior parte dos Membros era recente na cidade. Todo o Clã pagando pelo erro de um... Mas enfim, ele certamente era o representante do Clã dos Ratos de Esgoto e, mesmo sendo os Nosferatu, não era bom criar qualquer tipo de inimizade. Engolindo as palavras, Natanael apenas responde:

_Então acho que temos um acordo. Podemos combinar um horário para nossa reunião na Capela, senhores? A noite já vai alta...

*Depois que Emilie começa a organizar a votação, Filippi se joga de costas no sofá, esticando e cruzando as pernas compridas e os braços. Apenas responde a ela*

- Eu voto na capela tremere.

*Logo depois Terry se manifesta e tanto Cláudia, que fala com Carlent, quanto Natanael concordam que essa é a melhor alternativa. O brujah, se se mover, diz em seu tom grosseiro, franzindo o rosto naturalmente mal-encarado*

- Alguém tem alguma coisa contra?

Emilie ficou satisfeita por Terry, de certa forma, ter concordado com ela sobre a reunião não ser no submarino. A menção a tal Ordem da Razão deixou a malkaviana curiosa, tentada a perguntar o que ela era, mas não era um bom momento. Focou-se no conselho que ele tentou dar, e balançou a cabeça com concordância.
- Claro. Vamos reunir todos primeiro e quando a oportunidade aparecer, cada membro se "prontifica" a ocupar um cargo e os demais concordam. Simples. - insinua Emilie com um sorriso.


Assim que Cláudia desliga o telefone, uma fala salta à atenção de Emilie, ainda mais dita com a voz assustadoramente impassível de sua irmã de clã.
- Jorge levou um assamita para os esgostos?! Que história é essa? - e após alguns segundo de raciocínio, especula - o assamita deveria estar seguindo Jorge e acabou alcançando ele nos Esgotos, foi isso...?

Por que Terry insistia em ficar perto dela com aqueles cigarros, mesmo com o incômodo que ela não cansava de demontrar? Parecia estar fazendo de propósito para provocá-la. Limita-se a fitá-lo com um ar de censura e em passos bruscos se afasta de seu irmão de clã fumante. O ar turvo trazia de volta memórias ruins, de uma sensação de impotência desoladora, lembranças que ela não queria jamais reviver. Isso a fez considerar mais uma vez sair da sala ou até abandonar de vez o bom senso e a compostura, mas conteve-se. Não podia ignorar o argumento de Terry, que resolvia parcilamente as suas desconfianças. A exigência de Carlent e as concordâncias dos outros membros parecia levar a votação a um resultado óbvio.

Já estava farta daquela discussão, daquele cigarro, de forma que não prolongou sua resposta.
- Vá lá então! Vamos à Capela Tremere. Vou ligar para a praetor de novo. - com passos duros, voltou a caminhar para fora da sala, mas se deteve por um momento, não sem antes uma tosse seca, e uma nota de rancor - Terry, acho que esta é uma boa hora para você fazer o submarino emergir. Quanto menos tempo perdermos melhor.

E deixa a sala no mesmo ritmo, ainda atenta caso alguém fosse falar alguma coisa atrás dela. Após se afastar o bastante encosta em algum canto dos corredores, e pressiona o canto dos olhos com os dedos, tentando evitar, mas mesmo assim, duas lágrimas despontam em seus olhos enquanto ela sofregamente, puxa o ar como uma mortal que tapara sua respiração por muito tempo.

Natanael ficara pensando tanto sobre a culpa atribuída, por Carlent, ao Clã Toreador inteiro que não notou a outra informação dada por Claudia. Felizmente, Emilie era mais atenta e acabou trazendo à tona novamente a questão do Assamita nos esgostos. Então foi assim que Jorge morrera? O assassino o seguindo... mas como Ian e Thomas lidaram com isso? Talvez estivessem, felizmente, em outro ponto dos esgotos. Enfim, todos concordavam, mesmo que relutantemente da parte de Emilie, ao encontro acontecer na Capela. Natanael então diz a Terry:

_Senhor Constantine, como sou novo na cidade não faço ideia de onde se situa a Capela, pode colocar o endereço nessa tela projetada para que eu possa informar o endereço à senhorita Xica da Silva? E claro, em quanto tempo chegaremos lá?

- Thomas provavelmente explicará melhor, quando o encontrarmos - a malkaviana respondeu para sua irmã de clã, ainda sem demonstrar quaisquer carga sentimental. Todos tinham aceitado a capela tremere como ponto de encontro temporário, talvez mais pela imposição nosferatu e por falta de opções seguras do que por completga confiança nos tremere.

- Agora então precisamos nos preparar para irmos até a dita capela, claro que antes os tremere precisam nos indicar como chegar até lá. E nós mesmos precisamos de uma forma segura de chegar até lá.

A discussão chega ao ponto de considerarem os Tremeres traidores, eles podiam ser tudo na não-vida, de malucos a inúteis, mas traidores não parecia um conceito que se encaixava com Tremere, e Guille fica aliviado que tal sugestão não ganha força entre o grupo. Porém ir a uma capela Tremere para se reunirem já era um abuso da boa vontade de qualquer um, por mais protegido e o que mais fosse, ninguém ia se sentir a vontade, e os Feiticeiros poderiam impor sua vontade, porém o Toreador percebe que aquele discussão seria inútil, já tinham 'votado' por lá, agora os Membros votavam, ele tinha saido da Terra dos Livres para a democracia falsa brasileira e encontrara uma Camarilla muito mais liberal do que na velha Águia.

O Toreador assente com a cabeça para o conselho deliberativo e aceita ir para a tal Capela, mesmo não sendo um Brujah sua paciência já estava no limite, e mesmo sua meditação o havia deixado com bastante irritação no corpo, e agitação, queria fazer algo, queria lutar. Como muitos, o Toreador olha estranhado à referência a Ordem da Razão, coisa que ele não fazia ideia do que seria e não tinha a menor vontade de saber também.

"- Assim que os Tremere informarem a localização da tal 'capela' o senhor Constantine podia criar nesses 'tablets' um evento para todos, com endereço e horário da reunião, outra coisa senhor COnstantine, creio que seria uma boa ideia desabilitar o tablet que eu peguei no Elysium, pois ele ficou no meu terno que acabou ficando lá, e talvez esteja nas mãos do inimigo ainda, não seria bom eles localizarem a Capela Tremere de maneira tão fácil assim. E por final, acho que estamos prontos para encerrar essa proveitosa reunião, e estendê-la apenas com os outros Clãs presentes, não creio que tenhamos mais o que decidir sem eles, não é senhores?"

Então Guille vê a saída apressada de Emilie, e se levanta, indo atrás da Cainita que ficava visivelmente afetada pelo cigarro de Terry, ele a vê respirando fundo e com lágrimas escorrendo de seu rosto, o Toreador então pega a toalha com a qual estava se secando e passa delicadamente pelas bochechas de Emilie secando as lágrimas.

"- Está tudo bem Emilie, nada vai lhe fazer mal aqui, já estamos procurando um lugar para desembarcar e podemos evitar o que não desejemos."

Guille sorri e olha fixamente para os olhos da Malkaviana, completamente simpático e tocado com a situação desesperadora que ela ficava ao ver aquela fumaça de nicotina.

Emilie se sobressalta assustada ao sentir que alguém a toca, mas ao ver que era Guille, se acalma. Com as costas da mão, enxuga as lágrimas que ainda haviam ficado em seu rosto e tentando se recompor, responde ao toreador, .
- Está tudo bem. Tudo bem sim, melhor agora, obrigada. Toda essa confusão deixa a gente nervoso, não é. - dá um sorriso, meio forçado na tentativa de convencê-lo do que dizia, meio grato pela preocupação que ele demontrava.

Por fim, dá um suspiro resignado, junto com um desabafo.
- Não vejo a hora.

Ergue o celular de Terry, checando as horas e ponderando se ligava para Marie-Amélie ou esperava mais um pouco. Abaixou o aparelho sem digitar o número da praetor.
- Uma pena terem recusado a sua academia. Seria muito melhor que essas mansões chamativas ou os porões sombrios dos tremere, mas Ian e Bianca se provaram bons membros. Espero que o resto do clã também seja.

Guille dá de ombros quando ela fala da academia dele sorrindo de canto de boca.

"- Tremeres, nunca se sabe... Uma pena, uma pena que apenas a Cainita mais linda dessa cidade vai poder conhecer o meu lugar favorito... Ao menos se nosso treinamento ainda continuar de pé daqui pra frente?"

O Toreador sorri e coloca a toalha nas costas de Emilie, o que esquentaria ela se como uma morta-viva ela produzi-se calor próprio.

Natanael se irrita profundamente. Não pela resposta do Malkaviano, mas pela sua própria gafe. Se fosse no Elísio, as Hárpias não perdoariam aquilo. A pergunta só demonstrava seu desconhecimento a respeito do Clã dos Feiticeiros e deixar isso tão à vista só o fazia parecer mais neófito do que na verdade o era. Muitos Membros não têm problema em indicar a localização de pelo menos um de seus Refúgios, na verdade, os Toreador acabam conhecendo as residências de seus irmãos de Clã, bem como Vincent já havia o convidado para conhecer a sua. Mas era óbvio que a Capela teria sua localização protegida. Sério, o Toreador apenas sorri em resposta a Terry. Com toda aquela tecnologia ele poderia saber a localização do que quisesse, mas a menção a isso iria contra as boas maneiras, sem mencionar a Hospitalidade.

Natanael aperta com força o celular, como que para descontar a frustação, mas então apenas desvia o olhar e vê o lutador deixando a sala indo atrás da bailarina. Estava ficando interessante...

Então, ele completa:

_Acho que o próximo passo é o senhor Fillippi entrar em contato novamente com a Primógena Tremere e já partirmos para lá.

Logo ao ouvir o elogio, um sorriso leve estica com uma insinuação sedutora os lábios de Emilie . A dançarina balança suavemente o quadril, aproximando-se, não mais que uma polegada de Guille e responde com a voz um pouco mais baixa e cúmplice.

- É claro! Eu vou te ensinar a usar uma katana, nós dois vamos descobrir quem é melhor no judô e talvez você também possa me ensinar algo a mais. Adoraria aprender essas chaves e torções dos lutadores jiu-jitsu.

E sorri, com um sorriso verdadeiramente genuíno, com um pouco de entusiasmo e algo a mais que navegava misteriosamente nos olhos lunáticos.

A toalha de Emilie ainda estava, solta e folgada nos ombros dela, mas ela aceita a dele, fazendo um gesto com os ombros para encaixá-la melhor e fazer a outra deslizar pelas costas, direto para as mãos ágeis da loira. Usa a sua para secar o rosto e os cabelos de Guille, deslizando as bordas cuidadosamente pelas orelhas marcadas do toreador. A bailarina sabia o que aquilo significava. Se tivesse começado a treinar ballet antes de se tornar vampira também teria pés terrivelmente deformados pelo desgaste tremendo da arte tão exigente. Com um olhar de doçura, ela percorre o rosto dele e deduz.

- Você começou a lutar quando ainda era mortal.  

Guille segura a cintura da Malkaviana enquanto ela olhava de perto para ele e toca em suas orelhas, ele assente brevemente com a cabeça quando ela afirma que ele treinava ainda mortal, tocando sua testa na testa da garota, isso o faz brevemente se lembrar de seu irmão e por menos que uma fração de segundo os olhos do Toreador divagam, mas ele rapidamente volta a sorrir bem próximo a Emilie, e responde com um tom de voz baixo, só para ela escutar.

"- Você já me deu a melhor chave possível Emilie."

E seus lábios se aproximam da Malkaviana, tocando os dela, em um beijo com seus corpos bem próximos, enquanto suas mãos fortes e calejadas de quem passou muito tempo deitado em um tatame e socando um saco de areia tocam com uma suavidade improvável o rosto tão impressionante de Emilie.

*Filippi faz um gesto, abrindo as mãos no ar*

- Chegamos a um acordo então? Na capela tremere será. Vou falar com Beatrice.

*Está com o celular na mão quando vê Emilie saindo e Guille atrás dela. Abaixando um pouco a cabeça para que os outros não percebam que os observa, responde a Natanael*

- Sim, está certo, vou ligar para ela agora.

*Levanta-se e, casualmente, segue pela mesma porta que eles, bem a tempo de ver o toreador se inclinando para beijar a malkaviana. Filippi abaixa a cabeça, mas não diz nada. Apenas termina de ligar para Beatrice e, encostando-se numa parede próxima, de onde possa ser visto, diz bem alto, embora a ligação nem tivesse sido completada*

- Alô?!

Os lábios de Emilie se entreabrem, aceitando a aproximação de Guille. Um beijo era uma forma prazerosa de deixar para trás as tensões, os incômodos e as preocupações que tanto pesavam nela  e se deixar levar por um momento pela doce sensação de afeto, mesmo que ela fosse ilusória. As mãos rudes do lutador, capazes de gestos tão macios afloram a sensibilidade de malkaviana que gira o rosto na direção delas durante o beijo, percorrendo com os dedos os ombros largos do toreador.

A voz grave de Luiz Filippi faz a malkaviana se sobressaltar mais uma vez, se afastando bruscamente de Guille. Gira os olhos na direção do brujah, com uma expressão de surpresa, quase assustada ao vê-lo ali, e suas sobrancelhas se franzem numa sutil nota de lástima, na tentativa de avaliar a reação dele.

Volta a encostar na parede, erguendo o celular na altura do peito, como se criando uma barreira entre ela e Guille. Sem olhar nos olhos do toreador, começa a teclar os números, dizendo com um murmúrio.
- Preciso ligar para a praetor ventrue.

Coloca o aparelho na orelha, dando as costas para os dois e se afastando alguns passos, balançando o pé contra o chão enquanto espera Marie-Amélie atender.

O beijo do Toreador e da Malkaviana estava se desenvolvendo e eles estavam realmente conectados quando a voz grave do Brujah Filippi os interrompe, Emilie parecia envergonhada com o que tinha feito e se afasta bruscamente, até mesmo saindo de perto de Guille para fazer um telefonema, ela talvez não quisesse que ninguém visse aquela cena, ou o problema era especificamente com aquele Brujah, assim que a pequena Malkaviana sai da frente de Guille ele encosta uma das mãos na parede e abaixa levemente a cabeça, fechando os olhos e contando até 3, lembrando dos ensinamentos de Mestre Maeda, ele respira profundamente, e vira para a direção de Luiz, e dá um sorriso largo para o Brujah, e então passa em sua frente, e lhe dá um sorriso mais profundo e um olhar direto e simpático a caminho da sala de reuniões, onde fica do lado da porta, e fica mexendo em seu celular.

Natanael já havia voltado para perto de Vincent depois que Filippi saiu no encalço dos dois outros Membros dizendo que ia ligar para os Tremere. O poeta lança um olhar de cumplicidade a Vincent apontando, discretamente, a porta por onde haviam saído e, quando se vira, vê o lutador novamente de volta. Ele não diz nada e se junta ao silêncio de Vincent que parecia ponderar sobre algo. Mas então ele vê a pequena vampira também imersa em seu silêncio. Tudo o que ela vinha falando até agora tinha um tom frio e sério. O Toreador não consegue se lembrar se ela já estava assim antes do telefonema ao Rato, estavam discutindo muitas coisas ali embaixo, afinal. Ele então se aproxima dela, se abaixa para que seu rosto fique perto do da menina vampiro e brinca com um de seus cachos, de forma carinhosa.

_O que há de errado, ma petite? Está triste pelo afogamento do Pimpão? Se quiser, posso te conseguir outro diretamente de Paris.

Sorri como que para uma criança. Os dois sabiam que a pergunta sobre o ursinho era uma brincadeira. Ele queria apenas tirá-la daquele estado letárgico.

Enquanto aguarda, Natanael dá uma olhada na direção da porta. Guille havia voltado, estava cabisbaixo, mas tanto a Malkavian quanto o Brujah haviam ficado para trás. Obviamente a curiosidade veio à tona!

OFF: Percepção da Aura em Guille.

- Cláudia não está triste - respondeu a malkaviana ao abrir um novo sorriso e se colocando de pé. - Ela só está pensativa. Temos muitas variáveis para analisar antes do próximo passo, Natanael. E a conversa dela com monsier Carlent trouxe a pequena de volta a realidade. Em uma corte há sempre cobras comendo cobras. Como disse Terry, não podemos esperar lá fora a mesma boa vontade que encontramos aqui dentro.

Ela não parecia mais a garotinha de poucos minutos, nem a vampira infantil que tinha sido no elísio antes do incêndio. A cainita parecia mais madura, pelo menos nas aparências.

- O sabbat não será nosso único adversário. Cada um dos membros que estão nessa cidade tem objetivos pessoais. E podemos ter certeza de que não altruistas.

Natanael ouve a pequena enquanto desviava seu olhar de Guille. Assim que ela termina, ele abre um sorriso e, levantando-se, responde:

_Tem razão, Claudia. É sensato se lembrar disso, mas não se esqueça de que temos um inimigo maior em comum. Mesmo sendo rivais, os Membros da Camarilla não sobreviveriam por tantos séculos se não tivessem um apoio, mesmo que nada altruísta, de seus companheiros de Seita. Ou seja, recorrendo ao clichê, o "inimigo de meu inimigo é meu amigo". É claro que cada um tem seus próprios assuntos e interesses, mas, no momento, temos um motivo em comum para nos unirmos: a consolidação da Torre.

Ele põe as mãos no bolso e diz em tom desanimado:

_Sim, sei que isso soa idealista e simplório demais. Mas o mínimo de união é nossa principal chance de sobrevivência agora, ma petite. E apesar de tudo, eu costumo acreditar nos outros, mesmo sendo Membros.

Diz a última frase olhando para ela e depois para Vincent. Externar aquela opinião não fazia os planos irem à frente, e pior, deixava transparecer uma imagem que outros Clãs e Membros considerariam fraca (melhor assim) mas a intenção do Degenerado era acalmar a pequena vampira, que apesar de se demonstrar madura e adulta em seus argumentos, será sempre a criança que ele conhecera em Paris.

Logo após, Terry diz que os Giovanni também foram atacados. E a menção ao Cosme Velho fez o poeta se lembrar de Machado de Assis que escrevera sua obra prima tendo como protagonista um defunto. Que fina ironia a Famiglia viver justamente na região na qual o escritor vivera...

_Giovannis? Parece que todos os tipos de Membros estavam na cidade antes da Torre chegar. De todo modo, os Italianos sempre estiveram ao lado da Camarilla quando foram solicitados, mesmo que seja apenas para o comércio. Será que uma aliança temporária com eles não nos seria útil nessa empreitada contra o Sabá?

Joga a pergunta no ar, sem dirigi-la especificamente a ninguém.

A malkaviana agora de pé, as mãos ajeitando seu cabelo que estava armado por conta da água do mar. Seu corpo cheio de pequenos cristais de sal.

- Sim, Natanael. Todos vão trabalhar juntos de alguma forma, mas isso não significa que não teremos tapetes puxados. - ela estava com outras coisas na sua cabeça, mas não era o momento propício para que pudesse dizer o que pensava. Quando terry falou sobre o ataque ao território dos giovanni, logo depois dos setitas terem sido atacados também, ela deixou escapar uma interjeição de surpresa.

- Não da pra saber com certeza o que passa na cabeça de nossos inimigos, mas Natanael levantou um ponto interessante. O inimigo do meu inimigo é meu amigo, não? O sabbat atacou a camarilla, os seguidores de set e os giovanni. A Espada de Caim tem São Paulo sob controle. Tinham o Rio, mas com nossa chegada pode ser que tenham se sentido ameaçados e, dessa forma, quiserem mostrar quem é que manda no pedaço. Atacaram antes que pudessemos nos organizar. Nossas forças que já eram pequenas, foram ainda mais reduzidas. Uma aliança com o Cairo e com Veneza seria bom, na medida do possível. Caso consigamos entender todos a mesma língua, primeiro dentre os membros da camarilla e depois com as serpentes e os necromantes.

*Filippi fica com o aparelho telefônico na orelha sem dizer nada, olhando sem ter sucesso em disfarçar a movimentação de Emilie e Guille. Quando o brujah lança-lhe um sorriso simpático, fita-o nos olhos com sua cara de mau ainda mais amarrada que de hábito, mas é difícil dizer exatamente o que expressam seus claros olhos azuis. Assim que o toreador deixa a sala, passa a observar a malkaviana descaradamente.*

Esperando Marie-Amélie atendê-la, Emilie gira o rosto para atrás, olhando para as costas de Guille que se afastava, bem como reparando na troca de olhares entre ele e Luís Filippi.

Mantém o rosto virado, mesmo depois que o toreador sai de seu campo de vista, movendo os olhos cor de mel para Luís Filippi. Sustenta um olhar longo para o brujah, ainda que com intenções indefinidas no mar de insanidade que eram suas pupilas. Alguma emoção mais clara parecia estar prestes a emergir, mas então Marie-Amélie atende e ela volta a olhar para frente, falando com a ventrue em bretão.

"Quem é que manda no pedaço"? Claudia estava se acostumando muito facilmente ao Rio para já estar falando desse jeito, ou então estava com muita amizade com os Brujah...
De todo modo, Natanael a ouve e depois responde:

_Sim, podemos colocar na pauta da reunião de hoje a questão da relação com os Italianos, mas não creio que seja uma boa ideia nos aliarmos de qualquer jeito com os Setitas. Confesso nunca ter encontrado um em minha não-vida, mas já fui alertado sobre eles por minha Senhora. Se teme ter nosso tapete puxado, ma cherrie, não façamos alianças com serpentes... no entanto, se for necessária uma aliança, forjar uma temporária com os Giovanni nos dariam muitas vantagens.

Ele falava como se fosse a opinião mais inteligente do mundo, mas sabia que estava falando o óbvio.