Ruas - Zona Sul

Lupinatti já imaginava que os Nosferatus cobrariam mais aquela ajuda e o ancião, por mais que estivesse agradecido, estava começando a ficar incomodado com o acumulo de favores que devia aos donos dos esgotos.

- Certamente... Estou indo para o Ellisiun agora mesmo. Já fui informado do abate da traidora. Chegarei em alguns minutos...

Pelo visto o caos estava reinando no Ellisiun aquela noite e Lupinatti precisava ir até lá para ver com seus próprios olhos e tirar suas conclusões sobre o que diabos estava acontecendo.

Não sei se você já esteve no Rio, mas o trânsito carioca tem uma coisa interessante na madrugada: os sinais ficam piscando em amarelo. Depois fiquei sabendo que isso era por causa da violência, coisas do Rio. O irônico é que isso me ajudou a ser mais rápido e em minutos eu já estava próximo ao endereço da mensagem.

OFF: continua em Instituto Europeu de Design - Antigo Cassino da Urca

A ligação de Andreas é encerrada antes que Lupinatti atendesse.

Lupinatti desliga o telefone e nota que outra pessoa ligava, mas a ligação é cancelada antes que ele pudesse atender.

O ancião vê que seu celular estava lotado de mensagens e rapidamente começa a passar o olho em cada uma delas para ver do que se tratava.

Ao ver que uma delas se tratava de um membro do Clã recém chegado Lupinatti aperta o botão de discar e liga para o mesmo.

Assim que o táxi chega no endereço determinado por Christopher, Andreas abre a porta do táxi e observa o local, tentando identificar o Primógeno e Regente. Já o conhecia de fotos que lhe foram enviadas antes de seguir ao Rio de Janeiro e não foi difícil identificá-lo. Antes de seguir na direção de Lupinatti, o Tremere diz ao taxista:

-Aguarde um momento, por gentileza.

Não esperava que Rhykan o seguisse. Com o sobretudo em mãos, ele se aproxima de Lupinatti e estende o sobretudo para que ele se vestisse.

-Senhor Lupinatti. Aqui está o que requisitou. A senhorita Nyimbo está no táxi.

Não sabia se ela tinha seguido com ele até onde Lupinatti estava.

-É um prazer conhecê-lo.

Abriu um sorriso para o Regente e estendeu o braço para que ele seguisse ao táxi:

-Por aqui. Por gentileza.

Aguardou o Primógeno seguir ao táxi e o acompanhou. Assim que os dois entram no táxi, Andreas aguarda que o Regente indique o novo endereço ao qual deveriam seguir. Andreas demonstrava ser uma pessoa mito prática e carismática, apesar de não ter apertado a mão de Lupinatti.

Lupinatti desliga o telefone e se mantém onde estava, esperando ainda que nenhum infeliz decidisse entrar naquele beco, pois teria que garantir que ele jamais chegaria do outro lado ou que sairia dele de qualquer outra forma.

Enquanto esperava, conferiu mais uma vez as mensagem em seu celular e viu a mensagem de Lyon. O Primógeno Toreador falava sobre a captura da traidora do Clã, mas não havia enviado nenhuma mensagem sobre seu extermínio. Aquele assunto ainda era estranho demais e quando pensa em ligar para o Toreador notou alguém entrando no beco.

A julgar pelo sobretudo que trazia deduziu que se tratava de Petrev. Saiu então das sombras para que pudesse ser visto pelo Tremere. Lupinatti vestia um sobretudo bastante rasgado, uma camisa com um buraco no peito e calça social, todas pretas e sujas de sangue.

Assim Petrev lhe estendeu o sobretudo Lupinatti retirou seu velho e colocou o novo sobretudo, fechando-o para garantir que as manchas de sangue não seriam vistas.

- Obrigado Sr Petrev, o prazer é meu... Seu taxista é um dos nossos?

Questionou pelo fato de que havia muito a ser dito, mas se o homem fosse um simples mortal teriam que apagar a mente dele ou dar um fim a sua existência e Lupinatti não queria mais mortes em sua conta esta noite. Ao menos não de humanos.

Respondeu imediatamente:

-Não senhor. É um mortal. Não possuo lacaios e portanto não tive tempo hábil de alugar um automóvel. Como imaginei que era importante vir encontrá-lo o mais rápido possível, não fiz distinção quanto a isso. Peço desculpas pelo descuido.

Percebeu as roupas rasgadas e ensanguentadas de Lupinatti.

-O senhor está ferido? Caso precise de sangue, poderemos utilizar o motorista do táxi.

Lupinatti estava ferido sim, mas estava bastante satisfeito quanto a sangue. Depois de pensar em como iriam proceder com relação ao taxista disse:

- Não se preocupe... Esse é o menor dos nossos problemas. Se for preciso pediremos a Rhykan que apague a mente dele.

Enquanto fala, Lupinatti começa a caminhar em direção ao taxi. Assim que entra o ancião olha para Rhykan e deixa sua mente guiar-se até a dela (Telepatia).

(Apague a mente dele quando chegarmos ao Ellisiun.)

Feito isso esperou apenas que Andreas entrasse no carro e então diz ao taxista, olhando em seus olhos pelo retrovisor:

- Vamos para o hotel Glória no bairro da Glória, por favor...

Dito isso o taxista toma as ruas da cidade em direção ao Ellisiun.

Off: Segue no tópico Hotel Glória

Guille pega seu carro na saída do Hotel, e então parte em direção a sua Academia.

Vincent segue na direção do Hotel do qual Thomas Haulot vivia. Na verdade soubera do endereço através de uma reportagem em um jornal local. Não tinha sido há muito tempo o incêndio, e provavelmente pistas poderiam ser encontradas. Só queria que mais nenhum membro de seu clã estivesse envolvido neste tipo de barbárie. O Toreador não era muito adepto à ações de violência, somente quando necessário. Henry estava no banco do carona e Vincent se concentrava no trânsito. Em breve estariam no tal prédio.

O telefone de Vicent acusa uma ligação. Quando olhar no visor o toreador identificará o número de Bruno Modenesi.

O celular de Vincent toca e o Toreador pensa em estacionar o automóvel. Era adepto da segurança e mesmo com seu carro blindado recém adquirido, um acidente não era agradável, ainda mais falando ao celular. Resolve então deixar a conversa no viva voz, para que não precisasse parar o carro e atrasar sua chegada ao prédio de Thomas. Era Bruno Modenesi, seu irmão de clã de gosto duvidoso.

-Bon soir monsieur Modenesi. A que devo o prazer de sua ligação?

Era bem simpático com o bicheiro de modos grosseiros enquanto dirigia pelas ruas da Zona Sul.

O bicheiro bebericava seu uísque quando escuta a voz de Vicent do outro lado da linha. Ele seca aboca com a manga do terno e responde:

"-E aí Vicente, tudo tranquilo?" - a voz do bicheiro não transparecia em nada a alteração vivida momentos antes. Era, como sempre, agradável e melodiosa.

"- Mermão, vi agora tua mensagem sobre esse negoço de doação de sangue. Que parada é essa? Tem alguém que vei se operar precisando de doador?"

A forma grosseira, apesar da voz melodiosa de Bruno se faz presente novamente.

-Tudo ótimo monsieur Modenesi, tirando os problemas causados na noite anterior e todos os outros que se acumulam, está tudo perfeito.

Vincent faz uma curva e então retoma a conversa com Bruno.

-Mademoiselle Wilson solicitou uma doação de sangue para verificação de eventuais problemas que possam estar nos afetando. Se é que me entende.

Lembrou-se que quem tinha feito a coleta na noite anterior era um Tremere recém chegado e que provavelmente ele que faria este trabalho novamente.

-Procure monsieur Petrev no Hotel Glória para isso.

Queria conversar sobre todas as nuances dos acontecimentos da noite anterior, pós saída de Bruno, mas não confiava em nada nas linhas telefônicas atuais e queria muito que Bruno entendesse isso. Resolveu então mudar de assunto.

-Quero ajudá-lo no caso de monsieur Borges. Quero ajudá-lo pessoalmente. Acredito que um trabalho bem feito tenha que ser realizado pela própria pessoa e não por terceiros. Estou seguindo ao endereço xxxxxxxx para averiguar o que ocorreu por lá há alguns dias. Poderia me aguardar no Hotel Glória, se for possível.

Dera o endereço do prédio de Thomas Haulot. Se Bruno preferisse encontrá-lo no local para onde Vincent estava indo.

Saíram com o carro e silêncio surgiu. Apesar da demonstração de proximidade de Vincent, eles haviam acabado de se conhecer e não tinham muito assunto, e além disso, Henry parecia um pouco perdido e entretido com as ruas da cidade. Mas seria indelicado ficar apenas observando o caminho e então resolveu tentar começar alguma conversa com Vincent.
Porém mau abriu a boca para dizer algo e o celular de Vincent tocou, uma versão digitalizada de Vivaldi, um trecho de as quatro estações, um clássico. Aquilo quase fez o coreano querer pegar o violino e tocar aquela composição, mas não era o lugar apropriado nem o momento.
- Vivaldi... bom gosto... - murmurou baixinho mais para si do que para Vincent enquanto pensava na melodia toda daquela musica e instintivamente movia os dedos demarcando a música e mudanças de acordes.
Quando deu por si, Vincent já falava no viva voz com Bruno, o jeito de falar solto e sem pudores com a voz marcante de Bruno faziam o Coreano rir baixinho especialmente frente ao contraste que eram as palavras de Vincent. Era divertido, mesmo não entendo bem tudo que Bruno dizia em suas expressões e o chamando de japa.

Bruno escuta as palavras de Vicent instruindo o bicheiro a procurar um sujeito de nome Petrev para a doação solicitada pela príncipe. O bicheiro se resume a simples, porém significativas, expressões para mostrar que entendia o que seu interlocutor estava falando:

”- Uhum....Uhum...Uhum…”

Não tinha nada a acrescentar até que Vicent menciona Rildo Borges. Bruno instantaneamente contrai a mão apertando o telefone enquanto seu semblante aparentemente tranqüilo se transforma. Sua vontade era de esbravejar ali mesmo, dar a volta e ir, pessoalmente, catar o filho da puta, jogá-lo dentro do micro-ondas e ouvir seus ossos estalarem diante do calor acarretado pela queima dos pneus. No entanto, isso teria que esperar e, para ele, resta apenas aceitar o pedido de seu primogeno.

”- Tranqüilo, Primo! Vou dar um tempo no hotel pra gente trocar umas idéia.”

Sem mais o que dizer ele apenas aguarda, num espasmo de educação, seu interlocutor encerrar a ligação

A atitude de Bruno deixa Vincent um pouco impressionado. O bicheiro sempre tinha alguma gracinha para dizer sobre cada assunto e achou que ele iria soltar uma de suas firulas estranhas das quais o francês não entendia direito. Mas desta vez não. O que deu a entender que Bruno estava realmente preocupado com Rildo ou que não ligava nem um pouco para ele.

-Não sei o que pretende realizar sobre Rildo Borges, mas precisamos conversar muito bem a respeito e coordenar ações. Mas conversaremos sobre isso no Hotel Glória.

Olhou para Henry que tinha comentado sobre o toque de celular de Vincent e sorriu. Mas nada disse ao sobrinho, retornou sua atenção nas ruas, em breve estaria no prédio onde Thomas vivia. Resolveu encerar a ligação.

-Obrigado monsieur Modenesi. Qualquer coisa entre em contato, nos vemos em breve.

Caso Bruno tivesse alguma coisa a dizer, essa era a oportunidade, caso contrário a ligação seria encerrada.

O Toreador gostou muito da atitude de Bruno de acatar o que ele pedia. Não por ser o Primógeno e ele lhe devesse respeito, mas porque achou sensato que se reunissem e planejassem algo mais sólido contra Rildo. Não sabia dos pormenores da situação, mas sua obrigação como Primógeno era ajudar os membro de seu clã com seus problemas. Mesmo que este membro fosse mais que vulgar e tivesse gostos duvidosos para roupas.

O coreano permaneceu em silêncio durante a ligação, estava no viva-voz, e apesar disso mostrar que Vincent não se incomodaria com ele estar ouvindo, achou melhor ficar quieto e não participar da ligação. Talvez bruno preferisse que estivesse apenas falando com o primógeno e não houvesse outros ouvindo. Além do mais, ele mesmo não saiba muito sobre o que conversar.
Ao notar que a ligação chegava ao fim soltou em voz baixa a interrogação
- Rildo Borges, quem seria?
Se iria ajudar Vincent era melhor saber tudo que podia sobre todas as situações em que estava prestes a se colocar.

"- Ok." - Essa é a única expressão emitida pelo bicheiro diante das ultimas palavras de Vicent. Com muito esforço ele tenta disfarçar sua contrariedade diante da simples menção do nome Rildo Borges.

A ligação é encerrada.

O carro levando o bicheiro cruza as ruas da zona sul rumo ao Hotel Glória.

A ligação é finalizada e Vincent ouve o que o sobrinho perguntava sobre Rildo Borges.

-Também não sei. Mas aparentemente esse homem tomou alguma coisa de monsieur Modenesi. Infelizmente ontem a reunião do clã foi tão conturbada que não me lembro exatamente o que era. Mas preciso ajudar os membros do meu clã, não só como Primógeno, mas como alguém que realmente se importa com eles. E por mais vulgar que monsieur Modenesi possa parecer, eu me importo com ele e com monsieur França.

Virou à esquerda em uma rua e já conseguia ver o prédio onde Thomas vivia.

-Mesmo eu me importando, não tenho poder para passar por cima das leis da Camarilla ou burlá-las. Também tentarei salvar monsieur Guille e acredito que a Primógena Malkaviana Blanc e o Xerife Fillipi poderão nos ajudar. Só não sei o quanto.

Mais alguns minutos e já estavam na esquina do quarteirão do prédio que era o objetivo de Vincent. Ele estaciona próximo à esquina e desliga o carro, dizendo:

-Chegamos. É aquele prédio do qual viemos investigar. Deixarei o automóvel afastado para não chamarmos a atenção. Se preferir ficar no carro, posso deixar a chave na ignição.

A decisão de ficar no carro era de Henry e somente dele. Vincent pega seu celular e o coloca dentro do bolso interno do terno, mudando o som de chamada para vibrar. Não queria ser interrompido no meio de uma investigação, isso é se ele encontrasse alguma coisa.

OFF – Próximo Post – Cobertura no Jardim Botânico - Residência dos Haulot.

-Entendo
Responde o coreano frente as informações sobre Rildo e continua a ouvir o primógeno sobre sua preocupação com aqueles pertencentes a casa, que levou o rapaz a lhe abrir um sorriso sincero de agrado com aquilo.
- Sim creio que mademoiselle Le Blanc possa querer ajudar... – comenta baixo quase sem perceber o que dissera ao recordar de Xica cochichando com Guille e colocando o nome de Emily na conversa.
Logo chegam frente ao local que Vicnent buscava. E então o Primógeno questiona se o coreano iria o acompanhar ou se preferiria ficar ali no carro, indicando que poderia dirigir ou fugir caso fosse necessário.
- Prefiro acompanhá-lo, pode ser útil. E além do mais... – diminui o tom de voz – Eu não sei dirigir... – toma pra si um ar de fracassado.
Por fim sai do carro e se põe a seguir Vincent.

((OFF – Próximo Post – Cobertura no Jardim Botânico - Residência dos Haulot.

O carro de Guille continuava indo em direção a sua academia.