A Rede de Esgotos do Rio de Janeiro

*Thomas levanta-se o mais rapidamente que pode, desorientado. O cheiro terrível bagunçara com seus sentidos aguçados, e os ruídos apenas pioram a situação. A primeira coisa que faz é desligar Auspícios. Depois tenta organizar sua cabeça tonta para perceber onde está, e nesse intervalo recebe a imagem mental de Cláudia mostrando que conseguira sair e que o prédio todo queima. Passam-se vários minutos até que consiga perceber que só pode estar no sistema de esgotos, e ainda que, para sua felicidade, o maldito feitiço de silêncio não tem alcance ali. Trata de tentar passar isso mentalmente para a malkaviana, a escuridão e o cheiro insensato, mostrando que está suficientemente bem.*

*Pensa em gritar um agradecimento para quem quer que o tenha atirado ali, mas antes que tenha tempo disso, ou de formular uma estratégia, ou de qualquer outra ação, o menino ouve o barulho da água e percebe que é possivel que outra pessoa tenha caído.*

*Procurando aproximar-se de onde tinha ouvido o som, diz baixo e destacando as sílabas para soar menos estrangeiro*

- Olá? Quem está aí?

O brujah foi bem sucedido em seu uso de presença, entretanto não tanto quanto gostaria. O inimigo parou de ataca-lo, mas o manto de escuridão não caiu. O assamita que tinha arrancado o braço do futuro príncipe do Rio de Janeiro estava diante dele, incapaz de ataca-lo. Jorge não conseguia vê-lo, mas nesse instante não queria enxergar o ser que lhe causara tanto dano. Antes queria interroga-lo, mas não haveria possibilidade de fazer isso naquele instante. Enquanto pensava foi atingido de novo. Pelas costas! Não com uma espada, ou outras armas, mas com uma mordida. O prazer incomparável do beijo atingiu o negro, que se deixaria enfeitiçar por aquele ato, mas ele é arremessado ao chão. O prazer cessou, abrindo espaço para que a dor de seus ferimentos voltassem a inundar seu pensamento. De que forma, entretanto, os assamitas tinham deixado que ele permanecesse livre, abandona-lo o néctar chamado vitae?

O nojo. Algo que exalava asco tocou a mão que restava ao filho de Ogum e o arremessou para um buraco. Ele caiu. Desabou não saber por quanto tempo até sentir seu corpo tocando a água pútrida. Silêncio. Mas não o absoluto e sepulcral que tinha inundado o salão principal do elísio. Após alguns instantes o atordoamento do brujah parou, embora a dor ainda latejasse na ausência do membro que tinha sido arrancado. Quando seus olhos se acostumaram com o lugar ele reconheceu uma voz. Lépida e infantil.

- Thomas! Você está bem? – Jorge perguntou levantando-se. Seu terno estava rasgado em várias partes, assim como seu corpo. A alvura das roupas e acessórios do brujah tinham sido tomadas pelo rubro da vitae. Seu corpo desgrenhando estava extremamente pior que o do toreador criança. – é Jorge!

Parou de falar olhando ao redor. Não sabia onde estava, embora imaginado. Aquele cheiro lembrava dejetos humanos. Jorge daria o outro braço se não estivessem nos esgotos. Tinha uma suposição a respeito de quem os tinha resgatado. Mas estaria certo?

- Como chegou até aqui, pequeno? - Graças a Ogum eles estavam salvos, embora a mão que o tinha resgatado o fazia se lembrar de Obaluaê! Tinha acabado de falar quanto sentiu uma presença diferente sondando sua mente. Ele nunca tinha entrado em contato mental com aquela consciência, mas a forma como ela tinha se aproximado deixou o vampiro curioso, então perguntou mentalmente. "Quem está aí?"

Uma voz carregada soou pesada na escuridão. A voz parecia abafada como um som gutural sussurrado. A voz respondia a pergunta de jorge antes que o pequeno o pudesse fazer.

"- Do mesmo jeito que você. Foram salvos."

Uma pequena luz  começou a piscar em meio a escuridão. A luz intermitente subiu no ar até a altura da face de um homem de estatura mediana. Nesse momento, olhando com cuidado era possível ver a silhueta de uma face geometricamente errada, pálida, uma máscara. O homem que portava a luz levou o indicador da mão direita até o que seira sua boca e emitiu um chiado, pedindo silêncio.

"-shhhhhhi"

A luz intermitente se apaga tão subitamente quanto havia se acendido, e o silêncio pairou novamente na escuridão.

*Apesar da situação, Thomas sorri quando reconhece a voz do brujah. Tenta caminhar na direção dela, embora a água fedorenta o atrapalhe*

- Jorge! Que bonne nouvelle! Como está lá em cima?

*Mas não tem tempo de responder que está bem, apenas coberto de sujeira, pois uma voz estranha fala perto deles. Thomas leva um susto e tenta se agarrar a Jorge, enquanto vê a luz que mostra um desconhecido... naquele lugar, raciocina, só poderia ser um dos Escondidos. O silêncio e a escuridão voltam, deixando-os sozinhos com o barulho da água e os ruídos do lado de fora. Passam-se alguns segundos antes que Thomas o quebre*

- Olá! Olá?... Meu nome é Thomas Haulot. E o senhor, quem é?

O brujah estava mergulhado até o meio da cintura nas águas fétidas do esgoto. A escuridão também envolvia seu corpo e talvez ele ficasse receoso dela, se não tivesse acabado de sair do meio de uma mortalha das trevas. Quando ouviu a voz de Thomas lhe respondendo.

- As coisas não estão do jeito que poderíamos esperar, Thomas. Não sei se alguém conseguiu escapar, mas acredito que sim. Tudo me leva a crer que eu estava entre os principais alvos daquela emboscada. Estive próximo da janela várias vezes, mas sempre me derrubavam... até que eu coloquei um dos atacantes em transe. Imediatamente depois outro vampiro cravou as presas em meu pescoço.

Quando chegou a essa parte de sua história ouviu a voz diferente. Alguém falando que tinham sido resgatados. Thomas se agarra a ele e o desconhecido pede silêncio. Jorge o mantém por alguns instantes, assim como Thomas, mas logo continua a conversa.

- Se foi assim, devo agradecer pelo resgate. Jorge está agradecido ao senhor. - enquanto falava o brujah se concentrava. Não estava bem, mas ainda acreditava ter certo controle sobre o assamita que tinha enfeitiçado com a presença. Iria tentar leva-lo aos esgotos, mas não diria isso aos outros. Sua mente ainda mantinha a sensação de alguém se aproximando, só que não obtivera resposta.

- Alguém, e acredito que tenha sido o senhor mascarado, afastou o agressor que tinha me dado o beijo e então me trouxe para cá, por meio de um alçapão.
OFF: Jorge usa 1 ponto de sangue e ativa presença 4, convocação. Queria atrair o assamita que tinha caído sob seu transe.

A voz soou novamente na escuridão em resposta ao pequeno Toreador.

"- Nome? Eu tenho alguns...pode me chamar de Fawkes, ou de John Johnson...ou de Guido... O nome não importa muito."

Foi a vez do Brujah se manifestar em agradecimento.

"- Não fique agradecido agora. Ainda haverá o tempo para agradecimentos. Com sorte outros ainda se juntarão a vocês."

Finalmente Guy conhecia François Carlent. Seu nome era uma lenda dentre os Nosferatu, mas até então, não passava disso. Uma lenda. Mas uma lenda real, e Guy estava no meio de seus domínios.  Ele voltou-se para os outros, acendendo novamente a pequena luz que trazia consigo, mas dessa vez de forma constante, sem intermitências. Deixou a luz branca iluminar sua máscara pálida.

"- Eu avisei para ficarem em silêncio... Sigam-me. Vão descobrir que a saída é por aqui. Não corram, não gritem, não sigam por outro caminho, não usem celulares...e aproveitem da hospitalidade dos Nosferatu.

Um riso abafado se ouviu por fim, enquanto o vampiro iniciava uma vagarosa caminhada em meio aos dejetos e fedor.

*Thomas escuta a narração de Jorge e anima-se finalmente a um sorriso, procurando pelo homem da máscara*

- Que bom que você fez isso então, tem a minha gratidão também, não só por mim! *escuta os nomes que ele se dá e diz* Guido... posso chamá-lo de Guy? Eu gosto de Guy... *pronuncia o nome à francesa, não como "gái"*

*Mas não tem tempo de dizer mais nada, pois alguma coisa cai em cima de si e mergulha-o de novo na água putrefata. Luta para libertar-se e percebe que é uma pessoa - um outro membro, aparentemente -, mas então nota o assamita e nota a luta. Encolhe-se, agarrando-se a Ian - reconhece-o agora - e afastando-se um passo para trás. Quando já pensa em alternativas para fuga, Carlent aparece e termina com aquilo. Mata o assamita... e acaba de uma vez com o sofrimento de Jorge*

*Thomas sufoca um gemido e aperta os olhos, mas não solta uma lágrima. Já vivera coisas piores. Sua mente volta para quase quarenta anos antes, na porta do Elísio que zelava com tanta atenção em Rennes. Da janela, vira seu "papa" chegando: Hervé, o marquês de Rennes, o toreador de lindo rosto e voz de barítono, de espírito guerreiro e alma de trovador, que era amante da senhora de Thomas e a quem o menino servia com o mesmo desvelo com que se sentia cuidado. Correu para a porta, para recebê-lo, para abraçá-lo e contar-lhe as novidades do dia, um percurso de alguns metros, de dez segundos. Mas quando Thomas chegou à soleira, seu mundo havia sido estraçalhado. Ainda teve tempo de ver Hervé saltar para trás, um segundo antes que a bomba lançada pelos anarquistas despedaçasse seu corpo. Thomas sobrevivera àquilo... Como sobrevivera, antes de seu abraço, à morte de sua mãe, à morte de seu pai, aos horrores do abandono e da incompreensão. A dor que nunca passava se reabrira de ver a morte de seu potencial amigo, mas o pequeno toreador sobreviveria também, mais forte, mais duro, um pouco mais amargo. Mas haveria um momento em que os culpados pagariam. Um deles acabara de pagar*

*Resmunga uma maldição em bretão, certo de sua bela língua impenetrável e segue Guy em silêncio, puxando Ian pela mão. Aproveitando o silêncio, remete para Cláudia uma imagem mental do que acontecera: ele, Ian, o assamita, os nosfertu e a morte de Jorge nas mãos de Carlent*

Quando imaginou que seria morto, uma mão o agarra e o puxa para algum lugar, deixando-o cair na água. Ele sente alguém debaixo de si e tenta se movimentar. Bianca falava à sua mente mas ele ainda não conseguia respondê-la. Tudo estava muito confuso e quando ele consegue se levantar, percebe que Thomas estava a seu lado e que o maldito Assamita Ahktasr estava ali, desejando matar Jorge.

É então que Carlent chega e em movimentos tão rápidos decepa a cabeça tanto do Assamita quanto de Jorge. Ian não tem tempo de fazer absolutamente nada, a não ser utilizar seu braço existente e trazer Thomas para perto de si. Calado, o oriental nada diz à Carlent que se vai com a mesma velocidade que aparecera.

Quando a luz se acende, um homem mascarado se faz presente, falando com Thomas e Ian. É neste instante que ele responde Bianca mentalmente:

”Estou vivo Bianca. Muito ferido, mas vivo. Thomas está comigo. Sairemos dos esgotos em breve.”

Ele sente as palavras de Emilie em sua mente também. Muitos saíram vivos do Elísio, aparentemente. Depois das respostas de Thomas ao mascarado, Ian profere:

-Obrigado pela hospitalidade senhor ...Guy? Sou Ian Tokunaga....

E neste momento ele sente que Thomas pegara na mão de Ian e o puxava para seguir o Nosferatu em meio à água pútrida e aos dejetos que flutuavam aqui e ali. Ian, depois do que presenciara, não tinha vontade de fazer nada, apenas de seguir Guy pela rede de esgotos e sair dali. Tinha que se recuperar, estava muito ferido e cada passo parecia uma faca adentrando seu corpo. Horazio Pezzini teria que se explicar para a corte depois.

*Thomas vai seguindo atrás de Guy do jeito que pode, de mãos dadas com Ian, mesmo tropeçando na água com suas perninhas curtas e muitas vezes tendo de se esforçar para não ser arrastado pela correnteza imunda, mesmo coberto de detritos e enfrentando criaturas horripilantes e nojentas quase a cada passo. Mesmo assim, segue dando apoio ao tremere ferido da maneira que lhe é possível e avançando sempre, sem se queixar - embora às vezes solte uma imprecação em gallo*

Ian aguardava algumas palavras do Nosferatu. Pelo que sabia sobre o clã, eles eram na maioria reclusos e nojentos, como era fácil de perceber andando pelos esgotos. Mas aquele mesmo Nosferatu estranho e nojento tinha salvado a vida de Ian e ele não tinha do que reclamar.

Thomas ia à frente guiando Ian. A criança Toreador tinha a estima do oriental a partir do momento em que ele viera falar com o Tremere na noite anterior. Parecia que no meio daquela escuridão, podridão, dejetos, ratos, baratas e sabe-se-lá mais o que, a criança imortal não tenha percebido que um dos braços de Ian estava faltando. Era melhor assim.

Ian teve vontade de pegar o Toreador no colo, pois mais de uma vez eles tiveram que “nadar” pela água podre daquele local. Algumas vezes a criança era quase levada pela correnteza de dejetos, mas Ian estava ali, para ajudá-lo. Thomas não falava nada, apenas dizia algumas palavras de uma língua que infelizmente Ian não conhecia, ainda.

Em determinado momento, ele diz à Thomas em meio a sussurros:

-Está ferido senhor Haulot?

E recebe a mensagem telepática de Emilie pedindo que avisasse quando estivessem fora dos esgotos. Não dá tempo de Ian respondê-la, pois Bianca dizia que precisava fechar aquele canal de comunicação. Ela também estaria passando por problemas? E para onde ela correra antes do fogo e das sombras tomarem conta do Elísio? E porque não o ajudou? Muitas perguntas que talvez fiquem sem resposta durante um bom tempo.

Guy responde ao Tremere com a voz abafada.

"- Pode me chamar de Guy, Ian."

O Nosferu fez uma pausa ao chegar no entroncamento da central do brasil. Ele contemplou os túneis como que escolhesse uma direção. Ele olha de rabo de olho para seus convidados. E segue andando para a zona norte da cidade.

"- Venham, sua experiência dantesca está quase no fim. Enquanto isso, por que não me dizem quem são vocês, além de seus nomes."

*Thomas sussurra de volta para Ian*

- Não, estou bem, não me feri, mas o tio Yves vai achar tão ruim quando vir meu estado!

*Permite-se rir abafado pensando na reação do tio e da irmã com a absurda sujeira de que se revestia. Pensa que queimaria aquele terno imediatamente ao chegar em casa - não, queimar não, já tivera o bastante de fogo por aquela noite, talvez picar, jogar no mar, qualquer coisa que deixasse o cheiro e a lembrança bem longe. Esses pensamentos acabam melhorando o humor do menino, que segue mais animadamente então e começa a animar Ian de tempos em tempos, sempre sussurrando*

- Só mais um pouco, logo vamos sair daqui e você vai ficar melhor, vou pedir para Anne virn os buscar e você vai poder tomar um banho, deve ter lugares legais para caçar perto do apartamento.

*Qaundo Gui para, espera em silêncio, e assim que recomeçam a andar tagarela, sempre baixo, mas afetando estar tão calmo e inabalável como se estivesse em seu Elísio em Rennes*

- Eu pertenço ao clã da Rosa, e o amigo Ian aqui é dos Feiticeiros. Eu sou cria de Maëlle Riou, marquesa de Rennes, e fui o zelador do Elísio por mais de 50 anos! Também canto. Você gosta de música, Guy? Eu posso cantar, se você quiser. O que gostaria de ouvir?

Ian recebe a resposta do Nosferatu. Ele gostaria de ser chamado de Guy. Talvez nem fosse o verdadeiro nome dele, mas não iria questionar um cainita que salvara sua vida e a vida de Thomas. A resposta do pequeno de que estava bem deixa Ian mais tranquilo. A criança cainita era muito agradável de se acompanhar e ela lembrava Ian quando pequeno, mas Thomas tinha uma única diferença, era muito mais calmo e educado.

Ian fala de volta ao Nosferatu:

-O chamarei de Guy, então. Devo agradecê-lo por sua hospitalidade senhor Guy. Se não fosse sua hospitalidade eu estaria em pedaços agora. Muito obrigado.

O Tremere tinha uma dívida para com Guy e a pagaria quando o Nosferatu precisasse. Talvez o apoio Nosferatu pudesse ser incluído na Torre de Marfim. Infelizmente um Nosferatu não faz verão e ter o apoio de um único membro do clã poderia não significar nada. E ele diz à Thomas:

-Fico feliz que não esteja ferido senhor Haulot. E....que língua é essa que o senhor falou em alguns momentos de nossa jornada?

Estava curioso a respeito disso. Ian gostava de aprender outros dialetos, outras línguas e Thomas poderia ensinar aquela à ele. Thomas parecia realmente preocupado com o Tremere. Vez ou outra o animava dizendo que estavam chegando. Ian apenas sorri para a criança e o responde:

-Obrigado pela ajuda senhor Haulot. Uma pena eu não ter sido de grande valia contra nossos adversários. Realmente uma lástima.

O sangue estava baixo no corpo de Ian e ele realmente teria que se alimentar. E, além disso, teria que se curar. Estava muito ferido e até caminhar para ele era uma dor excruciante. Logo o Nosferatu para, parecia analisar alguma coisa e a caminhada recomeça. Thomas é o primeiro a falar, apresentara-se e apresentara Ian, depois de recomeçarem a caminhar. E conta sobre seu passado com um entusiasmo gritante. Permaneceu calado.

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Usado 1 ponto de sangue para curar-se.

*Thomas dá um sorriso orgulhoso ao ver que Ian reparara no seu querido idioma natal*

- É gallo! É uma langue d'oïl, é a língua que falamos no oeste da Bretanha! Parece muito com o francês, mas pertence a nós, bretões, e é falada até Mayenne e o sul da Normandia! Eu posso ensinar a você se quiser, o gallo e o bretão! E o senhor, fala japonês? Eu sempre quis aprender japonês...

*Quando o oriental se lamenta, segura-se a ele e diz com voz muito infantil*

- Oh, mas você está me protegendo agora da correnteza e dos ratos! Isso já não é o bastante?

*Apoia-se contra Ian, puxando-o para si, fingindo que se apoia contra ele, mas na verdade amparando-o*

- Vamos, só mais um pouco... logo Anne vai estar tocando para nós e vamos contar essa história como uma aventura...

O Nosferatu segue avançando pelos detritos, guiando o Tremere e o Toreador até a zona norte da cidade. Ele responde à Criança.

- Sem cantorias, pequeno. Aqui embaixo não é lugar. Além disso, acredite, você não vai querer chamar a atenção do que mais vive aqui embaixo...


E deixou no ar, tornando a falar apenas para responder ao Tremere.

- Não é a mim que devem agradecer à hospitalidade. Isso vocês devem à François Carlent. A mim, vocês apenas devem suas vidas.

E segue.

Thomas responde à Ian que a língua que ele utilizava era Gallo. Havia ouvido falar daquela língua apenas, mas nunca achou que poderia aprendê-la, ainda mais de outro membro da corte. Sorriu para Thomas e o respondeu:

-Gallo?!? Já ouvi falar...mas nunca imaginei que encontraria alguém que falasse esta língua. Gostaria muito de aprendê-la....quando fosse possível, é claro. Falo japonês e mais algumas outras línguas. Neste caso, podemos trocar conhecimento. Eu lhe ensino o japonês e você me ensina o Gallo e o Bretão.

A criança imortal se aproxima de Ian como tentando confortá-lo. Ele sorri com o apoio do Toreador. Era perceptível que era Thomas quem o apoiava. Ian estava muito ferido e no momento não conseguiria proteger nem a si mesmo.

-Acredito que isso seja suficiente senhor Haulot...pelo menos por enquanto. Sim, sim.....uma história muito boa que termos para contar.

O Nosferatu fala novamente. E o Tremere o responde de pronto:

-Então estou em débito com você senhor Guy e com o senhor Carlent. No momento nem sei como agradecer...mas acredito que o futuro possa mostrar como poderei pagar meu débito.

Os esgotos imundos já começavam a irritá-lo. Ian queria sair dali, tomar um banho e se recuperar. Claro que teria que se reportar à seu clã sobre o ocorrido. Não sem antes lavar-se e tirar aquele cheio de fezes de si.

-Senhor Guy....está há muito tempo na cidade? Parece conhecer bem os esgotos do Rio de Janeiro.

O Nosferatu responde prontamente ao Tremer.

- Sim Ian. Num futuro, e talvez não tão distante, vocês terão a chance de quitar seu débito para comigo..."

O nosferatu pondera ao questionamento do Tremere:

-Nenhum membro está realmente há muito tempo nessa cidade. Inclusive eu. Mas digamos que os Nosferatu tem um bom senso de direção aqui em baixo.

Quando chegam à Praça da Bandeira Guy os guia para uma saída próximo as imediações da Rua Ceará.

- Venham, é por aqui.

O celular de Ian apita algumas vezes, indicando que havia uma mensagem vinda do celular de Johanna o esperando.

- Magus Tokunaga, entre em contato comigo assim que possível. Ordens diretas da regência de sua Capela.

- Oh, é mesmo?! Gallo é minha língua natal, e bretão, minha segunda língua! Só fui falar francês, mesmo, quando tinha três ou quatro anos... Será um prazer trocar conhecimentos. Aprender uma nova língua nunca é demais!

*Cala-se, observando a conversa entre Ian e o nosferatu. Não falaria em pagamento - é evidente que teria de pagar essa dívida em algum momento, e esperava que fosse mais cedo e não mais tarde; odiaria cada dia em que devesse aos ratos de esgoto. De qualquer maneira, não lhe parecia bom lembrá-lo do que lhe era devido...*

*Por fim, passam por um lugar ainda mais nojento que os anteriores, e Thomas, mergulhado na sujeira até os cabelos e tendo de se agarrar até a Guy para conseguir transpor o entroncamento, tem um instante de fúria com aquela situação. Internamente, grita, esperneia e se queixa para Maman, mas, além de um brilho muito zangado nos olhos azuis que espreitam no meio da sujeira incrustrada em seu rostinho, e de permanecer ferreamente calado a partir de então, nada mais se faz perceber. Mas, logo a seguir, por fim, o nosferatu indica que já vão sair, e o pequeno toreador acaba dando uma risadinha de alívio*

- Oh, muito obrigado, Guy. Posso fazer uma pergunta? Lá fora, é um lugar onde... err... possamos sair neste estado?

*Imediatamente, sem confiar que seu celular ainda esteja funcionando ou mesmo que permaneça em seu bolso, Thomas busca mandar uma mensagem mental para sua irmã Anne, dizendo "Venha me encontrar, traga o carro, mas cubra o banco de trás e o chão com um plástico bem grosso!". Ao mesmo tempo, usa de Convocação para que ela possa encontrá-lo, já que nem ele sabe onde está.*

O Nosferatu responde ao pequeno Toreador:

"- Que estado?..".- e solta uma risada abafada - "Sinceramente criança, esse parece ser o menor dos seus problemas. Um homem asiático sem braço ao lado de uma criança loira nesse local irá atrair muito mais atenção do que seu odor. Eu poderia ajudá-los com isso também, mas acredito que vocês já tenham débito demais para comigo."

*Thomas trata de dar a Guy o sorriso mais encantador de que é capaz naquelas condições e diz com a maior gentileza*

- Já está ótimo, não posso me queixar, muito obrigado! Gostaria de nos dar a honra de nos acompanhar até minha casa?

*Secretamente, torce para o nosferatu dizer que não, enquanto faz planos para evitar que Guy assustasse sua irmã e para que sentisse sua dívida paga caso dissesse sim, mas seu rosto adorável não mostra nenhum sinal disso. Começa a subir para sair dos esgotos, tentando ajudar Ian como pode, mas para e diz para o tremere*

- Minha irmã vem nos buscar daqui a pouco, devíamos sair o mais tarde possível daqui... não sei onde estamos, então não sei se ela vai demorar.

*Então, pensando mais um pouco, tira o paletó e a gravata, pendurando-os onde consegue. Também tira os sapatos e os atira dentro do esgoto, com um esgar de nojo, e desarruma a camisa só um pouco menos suja por cima da calça imundíssima. Ri, pensando que não deve estar nem um centímetro mais apresentável, mas pelo menos não pareceria que saiu de um casamento e foi jogado no bueiro*