[ELLISIUM] Ilha Fiscal

Natanael ouvia com uma expressão de espanto a explicação de Eloá. Realmente os sanguinários do Sabá andaram fazendo o que bem entendiam na cidade. A contratação de Assamitas era realmente algo necessário, apesar de perigoso. Mas se Villon o faz, quem pode condenar a corte do Rio?

Mas a questão das Bestas da Lua era igualmente preocupante. Haviam lobisomens capazes de controlar parte da sociedade tão bem como faziam os Membros e Natanael nunca ouvira falar disso antes. Pelas palavras de Gille, parece que o Toreador concordava com seus pensamentos. De todo modo, os Ventrue conseguiram uma espécie de trégua com os lupinos, o que não era a situação ideal, apesar de tudo. Haviam muitos inimigos que colocariam a segurança da vida camarilleña em risco e isso não deveria ser tolerado. Mas deixem que os bárbaros cuidem dos bárbaros. O Brujah e os Assamitas já estavam ali para resolver isso... Natanael tinha outras preocupações.

Nesse tempo, Claudia o responde e ele sorri entusiasmado, mas quando iria responder à pequena, uma outra menina adentra o recinto. Parecia uma garota no início da adolescência, mas que se tornaria uma mulher linda se tivesse tido a oportunidade de continuar vivendo. Natanael imagina como ela poderia ser mais velha e lamenta por isso ter sido tirado dela. Quando ela termina de se apresentar como a representante do Clã dos Loucos, Guille toma a palavra e logo em seguida Natanael também o faz:

_Sou Natanael Lacerda, senhoria. Cria de Victoria Ash e pertencente ao Clã Toreador. Encantando.

Ele sorria de forma sedutora, mas não toma a mão da garota para beijar como havia feito com Eloá.

O Toreador estava gostando dos rumos que a conversa estava tomando, principalmente por já conhecer um bom número de Membros de variados clãs em apenas alguns momentos de conversa. Mesmo assim, ele estava ficando impaciente e lançava olhares para todas as direções, não querendo deixar escapar o mais baixo murmúrio ou o mais discreto gesto. O silêncio de Thomas e de Vincent também era perturbador...

'- Parabéns, mademoiselle Blanc. Deve ser uma grande honra representar um clã que tem expoentes como a Mademoiselle Dembrough, o Monseuir Constantine e o Monseuir Conselheiro.' - Diz sorrindo e tentando ser simpática, Hildegrand que logo olha para seus irmãos de clã e acrescenta mais uma informação para a conversa:

'- Eles não controlam os jornais até onde eu sei, mas de alguma forma o Exército e as forças nacionais de segurança foram influenciados por eles. Pelo que o Sr. Kennedy disse, foram eles que limparam a máscara e, realente ela foi limpa. Agora, vampirismo é uma doença causada por uma droga e os excessos do Sabá tem uma desculpa natural que faz a sociedade toda ligar pras forças armadas ao menor sinal da nossa presença...'

Emilie cumprimenta Guille e retribui o sorriso para Natanael, sem conseguir evitar um surpreso arquear de sobrancelhas quando o último se apresenta como cria de Victoria Ash. Estivesse mais bem arrumada, Emilie pareceria uma menina de 15 anos em seu baile de debutante, mas mesmo com o simples vestido branco, havia um charme delicado em seus gestos airosos de dançarina.

Com as considerações de Cláudia e Eloá, Emilie responde graciosamente.
- Obrigada! É de fato uma honra representar um clã com membros tão notáveis, e ter o auxílio mais que bem-vindo da adorável Cláudia. O Rio de Janeiro também está ganhando belas rosas - comenta com um olhar de aprovação para os dois recém-chegados. - o clã Toreador deve estar orgulhoso, certo Hildegrand?
A malkaviana tentava sutilmente sondar como estaria a questão da primogenia no clã, que deveria ser o mais numeroso do Rio de Janeiro. Eloá parecia estar se posicionando como tal.

Nada diz frente aos comentários que ela faz sobre a questão dos Lobisomens e do Sabá, apenas olha a seu redor, com uma expressão pensativa.

*Filippi finalmente ri, achando graça do uso que Thomas faz da palavra "guri". Abaixando-se um pouco, pela primeira vez olha o toreador menino nos olhos*

- Não, eu não sou guri, piazinho, guri é o mesmo que piá... moleque... err... menino *faz um gesto apontando o garoto de cima a baixo, depois vira as costas subitamente*

*Lança um olhar de desprezo para o assamita, sem se preocupar em explicar o que tinha em mente - já está suficientemente irritado de ficar uma noite inteira preso no Elísio. Mas algo o faz mudar de ideia, quando já está dirigindo os primeiros passos para a saída. É o que escuta de Hildegrand. Toca o ombro de Ian*

- Xará, acho melhor a gente ficar, não tem um índio dos nossos clãs por aqui... Seria bom fazer pelo menos figura.

*Acaba ficando por ali, meio de cara amarrada, sem participar de nenhuma conversa, até que Emilie chegue. Sorri para ela, chegando perto*

- Então está de primógena! Não sei se dou os parabéns ou os pêsames...

*Dá uma risada, piscando charmoso para ela*

Natanael se apresenta para Emilie como cria de Victoria Ash, ele já havia se referido àquilo previamente na noite, mas na confusão de tantas apresentações Guille deixou aquilo passar, Victoria viva nos Estados Unidos, então seria Natanael de lá também? Muito embora Claudia o conhecesse, e ela parecia ser da França, de Paris, aquilo intriga fortemente o Toreador, que não se segura e dispara a pergunta sorrindo para o Cainita de pele rosada pelo sangue.

"- Desculpe-me não ter trazido isso a tona antes senhor Lacerda, mas como o senhor mesmo disse, é cria de Victoria Ash. Ouvi muitas histórias e muito comentado sobre sua Senhora nessa última década na Costa Leste dos Estados Unidos, o senhor também vem de lá? Pois meu refúgio era nessas terras, até pouco antes das invasões Sabá, quando migrei para o centro do país, e depois a Costa Oeste. Talvez tenhamos nos encontrado, ou ao menos tenha encontrado Sua Senhora."

Guille também observa e escuta o que Hildegrand estava dizendo sobre a limpeza da Máscara, aquilo era muito interessante, os lobos no controle do exército, e muito perigoso o rumo que o "conserto" da quebra foi realizado, poderia ser a cobertura perfeita ou a ruína completa de qualquer alimentação na cidade.

A piscadela discreta de Natanael faz com que Vincent entenda que ele seu irmão de clã estava inclinado às suas investidas. Isso era perfeito. Talvez Natanael fosse muito mais interessante do que apenas sua beleza demonstrava e isso agradava fazia com que o Toreador pensasse em muitas outras possibilidades. O Toreador sorri para Natanael discretamente e continua a observar o grupo que parecia se formar, exclusivamente Toreador.

Depois começam os comentários sobre política. Vincent não tinha nenhuma aspiração na corte, desejava apenas se divertir e aproveitar aquela cidade “maravilhosa”. Talvez um cargo como Harpia da corte seria interessante, apenas para manter o status, mas não seria o foco principal do Toreador. O foco principal, agora, era Natanael e se ele não se rendesse aos encantos de Vincent, ainda havia Bianca de Nice, a Tremere. Quem sabe se Natanael aceitaria um convite de Ménage a Trois entre eles? Seria magnífico.

Permaneceu quieto por alguns instantes quando é retirado de seu “transe imaginativo” por Natanael novamente. Agora, o sorriso de Vincent se alargara e ele voltara os olhos para Hildegrand, perante a resposta que Vincent havia feito à ela. E ele é sucinto:

-Intrigante.

E então, quase que como uma parição e desejando matar a todos de susto a pequena Claudia reaparece no Elísio, segurando um ursinho de pelúcia. Vincent a olhara e depois à Thomas e percebia o abismo que os separava. Claudia parecia mais infantil, enquanto que Thomas era tão adulto quanto qualquer um ali. E uma surpresa agradável, Claudia conhecia Natanael de outro local, assim parecera. Após ela ser erguida no colo por Natanel e cumprimentar Vincent, ele sorri para a pequena dama e profere, agachando-se para ficar na mesma altura que a dela:

-Boa noite senhorita Denbrought....é um prazer encontrá-la novamente aqui no Elísio. Espero que seu descanso tenha sido agradável.

Vincent então prefere não interferir na conversa entre Natanael e Claudia. Era interessante saber que eles pareciam bem amigos. Talvez o clã Malkaviano pudesse apoiar Horazio para o cargo de Príncipe, o que poderia dar uma reviravolta tremenda.

Guille procura saber mais do que acontecera na noite anterior, sobre o Sabá. O Toreador parecia estar desejando maiores informações para uma futura guerra, já que anteriormente se dispusera à seguir com o Tremere e o Brujah. Hildegrand dá um resumo do que acontecera para situar tanto Natanael quanto Guille e então outra malkaviana aparece, Emilie. Emilie informa que Claudia era a secretária do clã malkaviano e ela própria a Primógena. Os loucos já haviam escolhido seu secretário e seu primógeno. Educado, Vincent profere:

-Boa noite Primógena Blanc. Espero que tenha tido um ótimo dia de descanso.

Sorriu carismático. Manteve-se apenas observando o rumo da conversa entre o grupo e percebeu que Luiz desistira de sua empreitada na investigação do Sabá. Uma pena na opinião de Vincent, já que a presença do homem não o agradava muito. Ian, por outro lado era muito sucinto e agradável e ele não tinha motivos para desgostar do oriental, por enquanto.

Olhou para Natanael novamente e sorriu sem dizer nada. Parecia ter saído de seu transe pessoal e desejou estar sozinho com Natanael em algum outro lugar que não o Elísio. Seria este o momento para informar Natanael e Guille que a Primogenia do clã estava em aberto? Ele acreditou que não.

Ian já estava sentindo a brisa que vinha de fora do Elísio quando Luiz o interrompe dizendo que seria melhor ficarem no Elísio. De certa forma ele concorda com aquela proposta. Não possuir nenhum membro de seu clã para recepcionar os Arcontes e fazer sala era intrigante para Ian e ele deveria fazer as vezes de anfitrião pelo seu clã até que alguém chegasse ali.

-Não acredito que seja problema ficarmos. E pensando bem, o rastro do Sabá naquela região já deve ter desaparecido ou ainda ter poucos resquícios. Podemos manter a atenção nos noticiários, mesmo achando que a Espada de Caim não se movimente por enquanto.

Retornara com Luiz para o imenso grupo que se formara e infelizmente não ouvira absolutamente da conversa que se sucedera entre os presentes ou apenas ignorara as palavras. Quando da chegada de Claudia e de Emilie, Ian sorrira, mais para Emilie do que para Claudia e se dirigira às duas:

-Boa noite senhorita Denbrought. Primógena Emilie é um prazer revê-la.

Era perceptível ver que Ian se referia à Emilie pelo primeiro nome.

-Espero que esteja tudo bem com o senhor Conselheiro. Confesso que fiquei muito preocupado com o ocorrido na noite anterior.

Aguardou a resposta de Emilie para depois, se fosse possível conversar com Guille. A forma com que o Toreador o tratou, Tokunaga-san, poderia dizer muito sobre o tipo de pessoa que ele era, mas ainda teria que investigar. O Toreador o interessara, talvez ele pudesse ser alguém com quem pudesse treinar, assim como Emilie.

O dialogo prosseguia da forma como Cláudia desejava e esperava, quando Vincent curvou-se para cumprimenta-la ela reforçou a impressão que queria causar. Seu sorriso foi ainda mais infantil do que antes e a pequena lunática acariciava seu ursinho de pelúcia como uma criança mortal junto de seu brinquedo favorito.

- É impossível não ter um repouso agradável numa cidade como essa. Apesar dos problemas que enfrentaremos para organizar a corte e estabelecermos o Rio como um bastião da camarilla, logo ela se tornará mais um de nossos magníficos parques de diversões. – respondeu ao toreador Lyon. Logo após alguns instantes ouviu outra coisa que lhe interessou.

- Então teve sorte, senhor França. Deixar a Costa Leste dos Estados Unidos pouco antes da invasão do sabbat mostra que sua percepção é valiosa. Assim Cláudia deve supor que seremos felizes no Rio de Janeiro, seus auspícios não teriam permitido que viesse até a cidade sem que soubesse que ela seria segura. – os comentários da garota tiveram um tom completamente casual. Enquanto falava ela continuava acariciando Pimpão.

Quando terminou de falar ela percebeu que Ian e Luiz Fillippi tinham se reaproximado do grupo. Voltou seu olhar na direção deles, sorrindo, enquanto os cumprimentava alegremente.

- Boa noite senhor Luiz Fillippi, boa noite senhor Tokunaga. Está tudo bem com Antônio. Foi apenas uma visão do que estar por vir, mas nada que exija muita preocupação da corte.

A situação era realmente interessante. Os lupinos tinham grande influência e as pessoas comuns estavam mais alertas depois do ataque dos arruaceiros do Sabá. Agora todo o cuidado seria pouco e Natanael ficou aliviado por saber que tinha fontes confiáveis para se alimentar. Sair caçando pelas ruas na situação atual poderia gerar muitos problemas, principalmente se algum vampiro sem etiqueta fizer algo de errado durante a alimentação...

O Brujah e o Tremere voltaram para o círculo de conversa. Agora Natanael não falaria mais de política. Ele não havia comentado nada sobre a posição de Claudia como Secretária do Clã Malkaviano, mas percebe o paradoxo entre o comportamento pueril da menina vampiro e suas palavras repletas de uma lógica fria. Depois que a garota responde a Guille, Natanael se aproveita para responder aos dois:

_É verdade, muita coisa aconteceu em Atlanta, onde vivi a maior parte do tempo em que morei nos Estados Unidos. Coisas das quais não quero me lembrar. No entanto, a Torre não caiu por completo por lá, grande parte devido aos trabalhos de minha Senhora como Primógena. Mas a Costa Oeste para onde o senhor se mudou também não é tão tranquila - sorri e continua de forma muito polida - Mas é verdade senhor Guille, certamente possamos ter nos encontrado em algum Elísio, não me recordo, infelizmente. Onde exatamente se situavam suas terras?

Nesse instante, Natanael percebe o olhar fixo de Vincent e retribui o sorriso. Enquanto aguardava a resposta de Guille, o Toreador discretamente dá alguns passos e se posiciona ao lado de Vincent depois que este cumprimenta Emilie. Ao chegar mais perto, comenta sutilmente de forma que apenas o senhor Lyon pudesse ouvir:

_Já estava preocupado com seu silêncio. Pensei ter feito algo que tivesse o desagradado...

Sorri de forma enigmática e, voltando ao círculo, continua, mas se dirigindo a Claudia:

_E vejo que mudou bastante, ma petite. Além de assumir um cargo de tamanha responsabilidade, ainda se posiciona com bons argumentos perante assuntos tão sérios. Meu caro amigo Bill deve estar muito orgulhoso, e com razão! Devemos mesmo tirar um tempo para conversarmos...

Sorri fraternalmente para a pequena lunática.

Emilie vira-se para Filippi assim que ele chega perto dela, dando-lhe um sorriso amistoso.
- Filippi! Recebeu minha mensagem? - ri com a brincadeira dele - Estou sim, é um grande dever e estou feliz de ter recebido a confiança de meu clã para isso. ainda que eu lamente não poder ajudá-lo... diretamente.
Há uma forte insinuação na última palavra de Emilie, que também dá uma piscadela conspiradora para o brujah.

Vira-se para Vincent retribuindo alegremente o cumprimento dele.
- Boa noite, senhor Lyon. Eu tive sim, espero que também tenha tido. Parece que vai ser uma noite agitada hoje...

A malkaviana não deixou de reparar na pergunta que Guille havia feito à Natanael, bem como no comentário sutil e venenoso de sua irmã de clã. Segurou a vontade de rir, pensando que a baixinha se daria bem como harpia. Talvez junto com Thomas. Duas crianças lindinhas soltando espinhos com palavras para os membros supostamente adultos da corte. Tornaria o Rio de Janeiro uma cidade ainda mais singular.

Saúda Ian com outro soriso, e apesar de Cláudia ter explicado, Emilie complementa.
- Boa noite, senhor Ian. O prazer é meu. Não se preocupe com Conselheiro, nem com qualquer um de nós com nossas atitudes... excêntricas. Nunca podemos prever quando as mensagens do futuro chegarão até nós, nem como vamos reagir à elas. Elas podem ser bem perturbadoras, mas nós sobrevivemos, sempre sobrevivemos...
Ela lança um olhar de contemplação para o vazio.

- Oh, decerto, não sabia que os arcontes já estavam tão perto!

*Thomas fica um pouco surpreso quando Hildegrand conta que Horazzio disputará o principado, mas não muito: aquela notícia o anima extremamente. Buscando evitar deixar transparecer, diz diplomaticamente, o que não é muito seu estilo*

- Oh, de fato! Acredito que qualquer um dos candidatos será uma boa escolha para a cidade.

*Sorri para Filippi, deliciando-se com a palavra nova*

- Tá bom, então só eu sou guri...

*Nesse momento seu telefone toca, e Thomas pede licença para atender, afastando-se bastante do grupo até onde considera que não será ouvido. É Anne, que quer lhe perguntar coisas sobre a organização da casa nova que ele ainda nem conhecera. Qualquer outro vampiro teria repreendido um carniçal que interrompesse uma reunião com algo tão banal, mas qualquer outro carniçal não seria a própria irmã do vampiro, e Thomas escuta pacientemente, ajudando no que pode. Quando retorna, Cláudia já está no grupo, e o toreador rapidamente percebe a intimidade entre ela e Natanael. Sorri, guardando para si o final de conversa que ouve, e logo Emilie também se junta a eles. Thomas aproveita para saudar ambas*

- Oh, Cláudia, bem-vinda de volta! Emilie! Então você é a nova primógena!

*Quando Hildegrand se manifesta, pisca o olho para ela, inclinando a cabeça com charme*

- Quem quer que seja o primógeno de nosso clã, terá os outros cerrados a seu lado, estou certo disso... Eu estou na disputa *comenta animado para os outros toreadores* Para quem já foi zelador de um Elísio antigo como o de Rennes, vai ser uma experiência diferente lidar com uma corte recém-criada. Oh, já mencionei que a marquesa de Rennes é minha senhora, Maëlle Riou?

A conversa no Ellisium estava movimentada, e mesmo aqueles que estavam por partir retornam e novamente se unem ao círculo de Rosas. Como de praxe o Clã era o centro das atenções onde gostava sempre de estar. E como sempre palavras e farpas eram soltas, e quando uma simples frase era mal colocada seria impossível não ser atingido, a pergunta era, porque Guille tinha baixado a guarda daquela maneira? Enquanto resolvia sua confusão mental, manteve um sorriso simpático para Claudia e Natanael, os novos amiguinhos da Corte.

Então se dirige aos dois respondendo.

"- Como senhor Lacerda disse, minha percepção não foi tão apurada quanto me lisonjeia senhorita Denbrought, realmente a Costa Oeste também teve seus problemas, com Anarquistas e criaturas do Oriente. E também, uma previsão com uma década de antecedência, acredito que nem um excelente profeta teria tanta clareza. Mas indo ao ponto levantado pelo Senhor Lacerda, minha residência era principalmente no norte e nordeste do país, região de Baltimore, Philadelfia. Ao menos até os anos 80, quando minha arte, as lutas de Mixed-Martial-Arts, me fizeram migrar para angariar patrocinadores, treinadores, lutadores. Lembro como ontem da minha arena em Delaware, muitos Membros lutavam naquela arena, patrocinada pelo próprio Príncipe, lutas amistosas, que fortaleciam a cidade, e enriqueciam o Ellisium, de fato tempos gloriosos... Mas desculpe-me divagar. Talvez se o senhor não visitou os Estados mais ao norte não tenhamos nos encontrado mesmo."

Vincent acompanha a conversa sem se intrometer muito. Estava de certa forma interessado no que ocorria aqui e ali. Mas quando Claudia o responde acidamente, o Toreador apenas arqueia de leve sua sobrancelha esquerda. O Toreador estava tentando ser agradável e Claudia, por outro lado não parecia estar colaborando. Era até impensável que o maravilhoso e educado Natanael pudesse ter conhecida a menina de outro lugar. Um homem tão educado com uma menina tão mimada.

Com vontade de dar um tapa na cara de Claudia e ensinar-lhe boas maneiras, ele percebe que Natanael se aproximava de Vincent e enquanto se levantava, ouviu o que não imaginava ouvir do irmão de clã. A má educação de Claudia fora completamente dizimada de sua mente, e ele quase flutuou no ar desejando seguir Natanael quando ele se afastou. Vincent queria respondê-lo, mas as palavras permaneceram apenas em sua mente e sua língua travara imediatamente. Infelizmente não houve mais tempo hábil para responder o irmão de clã e Vincent odiou isso do fundo do seu coração e o máximo que conseguiu fazer foi ficar com cara de bobo olhando Natanael e expressar o seu melhor sorriso.

Natanael era o homem perfeito para ele pintar, amar e quem sbe passar a sua não vida inteira. Poderia ficar olhando-o eternamente que não se cansaria. Poderia mergulhar naqueles olhos azuis e afogar-se neles sem nenhum problema, morrer por ele, afagar seus cabelos, tocar aquele corpo perfeito. Ele poderia indicar mil e uma qualidades do homem à sua frente e que flertava com ele, mas Emilie o tira de seu transe, respondendo ao seu cumprimento. Vincent, todo atrapalhado, desfaz o sorriro e olha primeiro para Natanael e depois parece procurar Emilie entre os presentes, sorrindo e completando:

-Ah oui Primógena.....teremos uma noite muito......Olha para Natanael e completa a frase.-....animada.

Hildegrand profere alguma coisa sobre o clã do qual não interessa à Vincent. Mas agora, Vincent queria que Natanael tivesse a chance de ser Primógeno, pois se ele quisesse ser seu amante, já o era antes mesmo de saber. Thomas deixa o grupo por um curto período de tempo e retorna logo após dizendo que estava concorrendo à Primogenia. Vincent sorri para a criança e diz:

-Realmente monsieur Haulot está concorrendo à Primogenia de nosso clã, assim como mademoiselle Eloá. Disse sorrindo sem se dirigir a ninguém em especial. Depois diz à Natanael:-Seria interessante a Primogenia para monsieur, monsieur Lacerda?

E para não deixar Guile de fora, ele comenta para o outro irmão:

-Se interessa também monsieur França? Acredito que não há restrições quanto aos candidatos. Haveria alguma restrição mademoiselle Eloá?

Dizia, tentando tirar Natanael de sua cabeça.

O Elísio estava ficando movimentado. Muitas conversas paralelas surgiam e se entrecruzavam.
Melhor assim, agora Natanael poderia selecionar melhor seus interlocutores mais interessantes.
Enquanto Guille falava, se dirigindo a Claudia e Natanael, este não prestava muita atenção. Estava tentando advinhar as expressões feitas por Vincent logo após seu comentário sobre o silêncio do Toreador e resolvera deixar que Claudia desse continuidade ao diálogo.
Mas então, algo que o senhor França diz chama a atenção de Natanael:

"quando minha arte, as lutas de Mixed-Martial-Arts".

Nesse instante, era como se um sino soasse na mente morta-viva do Toreador e ele teve de fazer um tremendo esforço para não expressar surpresa, ou mesmo indignação, perante o comentário de Guille. Assim, ele nem sequer presta mais atenção ao restante da conversa e fica se indagando a respeito do status de arte daquilo. Ele não conhecia a luta, é verdade, mas era uma luta. Ele nunca havia entendido o porquê dos outros dizerem "artes marciais". Era uma tremenda afronta à Arte, era praticamente uma blasfêmia... mas um Toreador dizer que "sua arte" era aquilo era, de fato, inconcebível. Guilles era certamente um poseur Toreador e deveria mesmo sair para caçar Sabás com o Brujah...

Natanael bem sabia que o conceito de Arte mudava com o tempo, mas ele não conseguia aceitar novas tendências ou a inclusão de novas modalidades. Ele era ainda preso à Arte vigente até ao século XIX e início do XX e nada que veio depois do Modernismo lhe despertava um profundo interesse.

Mas enquanto divagava sobre os conceitos de arte, Eloá afirma algo sobre o Clã da Rosa e o pequeno Thomas, que havia saído por um tempo, diz que está na competição pelo cargo de Primógeno. Aquilo chama a atenção de Natanael, que havia decidido internamente não discutir mais sobre política devido à presença de Membros de outros Clãs. No entanto, a pergunta de Vincent não poderia deixar de ser respondida. Ele se volta para o senhor Lyon e responde, lançando o olhar para todos posteriormente:

_Confesso que ser Primógeno não estava em meus planos imediatos, mon cher Vincent. Acredito que tanto a senhorita Eloá quanto o senhor Thomas seriam perfeitos representantes do Clã da Rosa. Mas admito que, caso o senhor Horazzio consiga chegar ao cargo de Príncipe - e diz isso naturalmente, sem se importar com a presença de outros Clãs - o cargo de Zelador do Elísio seria o mais indicado para mim.

Na verdade, tanto Eloá quanto Thomas pareciam ser mais antigos que Natanael. Certamente, competir com os dois não seria algo sensato a se fazer, pelo menos por enquanto. Ele então sorri, colocando as mãos nos bolos como de forma casual, e complementa:

_Certamente esse é um belo local para fazermos algumas exposições. Eu por exemplo adoraria fazer um sarau e apresentar alguns de meus poemas e claro, traria ótimos artistas mortais para expor sua arte também. A propósito - e dirige o olhar para os membros da Rosa - adoraria discutir um pouco mais sobre aquilo a respeito do que mais sabemos. O senhor Guille já se anunciou como um praticante de... de quê mesmo? Mixed-Martial-Arts não é?

E se virando aos demais:

_O que os senhores pensam a respeito?

Olha para Vincent desejando saber, sobretudo, o que ele pensava daquilo. Natanael não gostava de ser tão descortês e tentava não parecer tão ríspido, mas certamente ele gostaria de saber onde estava pisando. Se os demais Membros da Rosa fossem adeptos de "artes" tão excêntricas, ele deveria saber de antemão para evitar gafes futuras. Principalmente com Vincent...

Ele desejava profundamente encontrar escultores, pintores e músicos e não grafiteiros e criadores de arte minimalista...

Ian recebe as respostas das suas perguntas naturalmente. Mas saber que Antonio Conselheiro tinha tido “visões do futuro” era bem estranho para o Tremere. Sabia bem que tudo poderia acontecer no mundo cainita, até as tais “visões” e os Malkavianos eram envoltos em mistérios além da compreensão da maioria dos clãs.

Respondendo à Claudia e Emilie, Ian diz:

-Entendo. E por gentileza Primógena, pode me chamar apenas de Ian.

Era visível que o clã Toreador estava ficando bem numeroso no Rio de Janeiro. Sorriu à ela e não deu muita atenção às conversas alheias, se aproximando de Guille depois de ele comentar que a arte que ele praticava era a marcial.

-Senhor França, desculpe-me se atrapalho mas.....o senhor é praticante de artes marciais mistas, certo? Percebi pela reciprocidade de meu cumprimento que talvez o senhor conheça alguma arte marcial oriental ou mesmo um pouco da cultura oriental.

Sorriu ao Toreador e continuou:

-Se não for incomodar, gostaria muito de participar destas lutas amistosas das quais o senhor comentou, claro, se elas forem instituídas na cidade.

Olhou na direção de Emilie e preferiu não comentar das habilidades da malkaviana nas artes marciais e depois percebeu que Natanael fizera alguns comentários. Talvez tenha desistido de flertar com Vincent e tratar mais da política do clã. Vincent havia informado que o cargo de Primógeno ainda estava em aberto e a concorrência era aberta. De resto, preferiu aguardar a resposta de Guille, nome idêntico daquele personagem do Street Fighter, jogo do qual Ian gostava.

A malkaviana permanecia com tranquilidade ouvindo o que se passava ao seu redor. Diferente de alguns que tentavam concentrar sua atenção a apenas um ou outro dialogo, dos vários que se desenrolavam ao mesmo tempo na roda, Cláudia poderia parecer uma antena, captando minucias, arquivando palavras e tonalidades na fala de cada um deles. Se o mal moderno chamado Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade tivesse catalogado na época em que ela foi abraçada com certeza a pequena teria sido diagnosticada com ele.

- A idade vai se aproximando da gente, Natanael. E com ela, apesar de permanecer com a mesma e sublime aparência de quando Cláudia foi abraçada, hoje ela é um pouco mais experiente. Ela deixou de ser uma criança da noite e se transformou numa bem relacionada neófita. – o comportamento e as palavras da vampira eram contraditórios. Em um momento ela se mostrava a educação encarnada, logo em seguida demonstrava uma rispidez fria. Trocava palavras ferinas com uma humildade sacrossanta.

Logo ela voltou-se para Thomas, sorria para o garoto.

- Tenho certeza que no meio desse magnífico jardim os toreador escolherão o que melhor vai se encaixar entre eles para representa-los no Conselho de anciões. – assim que respondeu ao pequeno, meio que se intrometendo na discussão dos toreador a respeito da representatividade do clã, ela prosseguiu em sua conversa com Guile França. As palavras dele foram certeiras, assim como tinham sido as da criança-vampira. Embora ela sorrisse por dentro diante da colocação dele sobre as previsões. Provavelmente o lutador não conhecera realmente profetas. Com quantos malkavianos ele teria interagido em sua não-vida? Sem pensar muito a lunática diria dois nomes capazes de previsões certeiras ali no elísio: Cláudia e Emilie. Provavelmente os toreador também teriam seus próprios profetas. Na corte do Rio Terry, Luna e Conselheiro se sairiam bem com adivinhação.

- Entendo, monsier França. Cláudia não luta, embora seria engraçado vê-la em um octógono, não? – falou com humor, tentando desanuviar o clima que tinha se formado. Com sua visão periférica percebeu o arquear de sobrancelhas  de Vincent Leon. Aparentemente ele não tinha gostado da resposta de Cláudia. Não disse mais nada. – Tem alguma notícia dos ventrue, mademoiselle Eloa? – perguntou quando viu que ela estava no tablete.

Emilie lança um olhar afetuoso à Thomas.
- Sim! Espero poder fazer um bom trabalho...

Por tagarelice inocente ou calculada, o menino havia dito exatamente o que Emilie desejava saber: quem era o primógeno do clã toreador, no caso, ninguém ainda.  Precisou conter o impulso de agarra-lo colo e enchê-lo de beijos pela informação adiantada. Saber que seu pequeno e arguto amigo tinha chances de liderar o clã mais numeroso da cidade tornava tudo ainda mais agradável. Acabou deixando um sorriso largo esticar seu rosto.

Percebendo a campanha que Thomas estava fazendo de si mesmo, a primógena malkaviana dá uma força.
- Uma experiência diferente, deveras, mas que alguém com sua experiência prévia e sua linhagem nobre teriam condições de conduzir. - e dá uma piscadela rápida para o menino.

Percebendo a distração de Vincent, ela apenas retribui com um sorriso a resposta que ele lhe dá. Lançou um olhar para Eloá quando o toreador mencionou que ela também concorria à primogenia. Poderia ser uma forte candidata, já que estava a mais tempo no Rio de Janeiro que seu pequeno amigo, teria também as mesmas qualificações dele?
Em relação aquilo, apenas concordou com as palavras de Cláudia.
- Certeza absoluta. A senhorita Eloá também deve ter experiência e competência para liderar o clã, além de sua inegável beleza. - balança a cabeça, com cortesia para Hildegrand.  

Um olhar sonhador toma o rosto de Emilie quando Natanael propõe atividades artísticas no Elísio caso fosse Zelador. Iria adorar fazer uma bela apresentação de balé restrita aos Membros, mas ainda era cedo para apoiar a pretensão de um recém-chegado. Talvez, dentre os dois candidatos que concorriam a primógenos no clã Toreador, Thomas e Eloá, aquele que não fosse escolhido poderia ficar com aquele cargo.

Guille dá uma resposta à altura à provocação de Cláudia, e por um momento, Emilie se perguntou como sua irmã de clã lidaria com aquilo, mas o que mais chamou a atenção da loira foi às referências artes marciais e à combates entre membros numa arena. Lutas não eram a maior especialidade de Emilie, mas ela não faria feito numa disputa.

Ian também recebe um belo sorriso da malkaviana, porém, mais doce e cúmplice. Presta atenção na conversa que ele engata sobre instituir lutas amistosas na cidade. Gostaria muito de assisti-las. Participar exigiria que ela refletisse um pouco mais a respeito.
- Um assunto que poderíamos levar ao príncipe, assim que ele for escolhido.

Por fim, apenas olha com curiosidade para Eloa, esperando a resposta que ela daria à pergunta de Cláudia.

Muitas coisas atraíam a atenção de Guille, conversas sobre Primogenia e arte, o que o Toreador pensava ser apenas uma puxada de assunto e possível bajulação quanto ao passado de Natanael se torna um jogo de palavras entre Guille e Claudia, e o tom da conversa em geral se torna mais ácido, inclusive com o Toreador criança e o Brujah Filippi.

Então Lyon publicamente questiona aos Cainitas que eram novatos na cidade sobre suas pretensões, então talvez os que haviam chegado antes já tinham discutido aquilo, o que preocupava um pouco França, mas não demais. Após escutar as falas de Natanael, polidas e não se colocando como um candidato, o Toreador lutador então responde à Vincent:

"- Primogenia, Primogenia, acho que tal honrado cargo exige um grande conhecimento político e principalmente habilidade social inigualável, e um talento para lidar com todos os Clãs, não apenas com seu próprio. Pelo que posso notar aqui, é praticamente unânime a habilidade de todos os do Clã da Rosa para assumir o cargo, e acredito que quando chegar-se a uma conclusão, os vencidos serão secretários da mais perfeita ordem, e todos ajudarão o Clã a trazer o melhor para a melhor cidade do mundo."

E então Natanael divaga sobre artes, e talvez tenha achado estranha a preferência de Guille, o Toreador não era uma nulidade em outras artes, e acima de tudo apreciava uma boa música, mas nada, e nada no mundo superava o sabor de três tapas no chão de seu adversário, e apenas quem lutava sabia aquilo, era a única arte que dava poder, que garantia a submissão e a admiração, e mesmo assim, mantendo o respeito, não precisando de maneira nenhuma esnobar quem não fosse o melhor. Competição, era muito mais sua paixão do que qualquer imposição de alguma visão limitada.

Guille acena com a cabeça concordando no ponto que Natanael faz uma pausa, e sorrindo com a mais perfeita simpatia.

"- Seria maravilhoso escutá-lo recitando seus poemas, mal posso aguardar! E todos nós poderíamos nos deixar levar e expor um pouco do que nos apaixona, para deleite de todos."

Um leve olhar é dado para Vincent nesse momento, pois a troca de olhares entre ele e Natanael tinha sido reparada, e por um palpite, França imaginava que ambos queriam mais que tudo se expor e se deleitar.

Então Ian, o Tremere oriental se aproxima para conversar com Guille, que o ouve com atenção, e sorri largamente com o primeiro candidato a participar de suas lutas, seria maravilhoso quando pudesse organizar um evento daqueles.

"- Meu mestre, Maeda-san, era das terras do Japão, e ele me ensinou tudo que sei e me fez me tornar tudo que sou." -Uma leve reverência com a cabeça em memória ao falecido mestre - "- O senhor Maeda ensinou a mim, ao meu irmão e à família Gracie a arte do Jiu-Jistu, a arte suave, e com a ajuda dessas outras pessoas desenvolvemos a arte e seguimos os ensinamentos de Mestre Maeda. Seria uma honra tê-lo como meu primeiro convidado para lutar em minha arena. Já possuo aqui no Rio uma academia de artes marciais e dentro dela temos um ginásio que seria um excelente lugar, restrito e particular onde poderíamos instaurar tal prática se for do desejo da Corte." - e estendendo o convite aos demais, falando para todos - "E todos estão mais do que convidados para participar do evento, que organizaremos todas as sextas-feiras, com um novo torneio de MMA na cidade, com os lutadores mortais mais proeminentes do país, seria uma honra ter a presença dos senhores e talvez até mesmo suas apostas."

Talvez as apostas atraíssem mais os Cainitas que a própria arte, ou o acesso à Vitae que um evento desses poderia fornecer, com a devida discrição. O olhar de Ian à Emilie só faz o Toreador aguardar com anseio as palavras daquela garota. As palavras de Cláudia vêm antes e o Toreador responde com o máximo de respeito.

"- Um lutador sério jamais acharia graça em seu adversário, senhorita Denbrought, não interessando o que ele aparenta, pois o jiu-jitsu ensina que o menor dos corpos pode excercer a maior força se usado de maneira adequada."

O Toreador respeitosamente, termina sua frase e faz uma leve reverência com a cabeça para a pequena garota. Então Emilie se pronuncia e sugere que leve-se ao Príncipe o assunto das lutas, revelando interesse também.

"- E tenha certeza que tenho essa intenção senhorita Blanc. E mais uma vez estendo o convite à senhorita, para que visite minha academia, e nas noites de sexta se delicie com os melhores lutadores nacionais."

Guille então puxa um bolo de cartões da sua academia de artes marciais, Sonic Boom Dojo, era o que estava escrito, além do endereço do local na zona norte, na Tijuca, uma marca conhecida no estado de Delware, onde antigamente o Toreador mantinha sua academia, entrega um para Ian e um para Emilie, aguardando para ver se mais alguém se interessaria.

Bianca saiu do carro, pediu para seu carniçal voltar a seus afazeres na cidade e pegou o barco para o Ellisium. Era sempre incômodo ficar no mar. Sabia que era uma proteção, mas isso não mudava o desconforto que sentia. Andou até a entrada e se desvencilhou dos carniçais o mais rápido que pode. Tinha um pressentimento que a noite seria desagradável e depois do mal estar durante a conversa telepática sua ansiedade apenas aumentou.

Ao se aproximar viu um grande grupo de membros. Apesar de levemente espalhados, as principais conversas pareciam se dar em um ponto central do grande salão. Vampiros não precisavam perder tempo com amenidades, mas a longa vida fazia com que achassem isso gratificante.
De cara percebeu que as longas pernas de Jessica Montecchio não estavam presentes. Que pena, poderia ter que tirar mais informações dela até o fim da noite. Felizmente havia estudado seu tablet no caminho até ali e rapidamente reconheceu a presença das Malkavianas e dos novos Toreador. Jorge ainda não estava lá e teria que lidar com Fillipi, e o pior, aquelas medonhas crianças. Que horror! Na Bretan... digo, em Moçambique, a princesa Abimbola teria queimado no sol os menores transformados em membros à primeira vista. Tinha aprendido com o falecido regente Jitugeusi do Zimbabwe a odiar em especial os malkavianos que transformavam tolos simplórios em vampiros e os chamavam de iluminados.

- Boa noite meus queridos, sou Bianca de Nice do cla Tremere e é um prazer vê-los em tão boa companhia. Não conseguiu evitar um olhar mais demorado para Vincent, que com seu charme e beleza se destacava no ambiente. Ao seu lado estava o novo Toreador Nataneal, e pareciam um tanto íntimos.

- Querido Ian, vejo que estava mantendo a boa imagem do nosso clã nesse país. Fico muito feliz, espero que todos estejam animados com o rumo das conversas essa noite.

Olhou e sorriu para todos, se forçando especialmente a olhar para os pequenos demônios Thomas e Claudia. Esperava que sua não vida fosse breve.

Emilie conversava com todos de um jeito educadíssimo e muito carismático. A Malkaviana estava se saindo uma companhia muito melhor do que a de Claudia, a criança esnobe. Claudia, mesmo sendo a secretaria do clã já ganhava e muito a antipatia de Vincent, enquanto que Emilie, toda graciosa, delicada e quase uma boneca de cera ganhava a simpatia máximo do Toreador. Vincent sorri para Emilie e assim que seus olhos batem em Claudia, ele continua sorrindo, mas seu interior não queria fazê-lo. Como Claudia parecia ser amiga de Natanael, ele tinha que fingir gostar da menina para talvez ganhar pontos com o belo irmão de clã.

”O que não se faz pelo amor....estou mendingando agora? Mon Dieu...”

Natanael deixa no ar suas pretensões quanto a Primogenia do clã. O interesse do belo homem que flertava com Vincent era de ser Zelador do Elísio. Um cargo muito interessante na opinião de Vincent que almejava, sem deixar claro suas pretensões, um simples cargo de Harpia e quem sabe o cargo de Mestre das Harpias? Não tinha muita certeza de que Horazio ganhasse o cargo de Primógeno, mesmo ele indo buscar os Arcontes pessoalmente. Com certeza os Assamitas na corte pudessem arranhar a imagem da qual ele estava tentando criar. Os Ventrue possuíam mais apoio e tinham feito muito mais na cidade do que Vincent sabia que os Toreador tivessem feito. Seria um jogo bem interessante.

Guille então responde sobre a Primogenia à Vincent e ele se limita a dizer:

-Mon Dieu monsieur França. Non, non, non.....vejo que todos nosso irmãos de clã possuem as qualidades necessárias para serem Primógenos, mas não anseio por tal título.

Deixava claro que não queria de forma nenhuma a Primogenia. Muitas reuniões, muitos compromissos, muita porcaria que o impediria de aproveitar sua não vida com Natanael ou com Bianca de Nice ou ainda com qualquer outro na corte. Sendo Harpia, com certeza Vincent teria mais tempo livre.

Neste meio tempo, Natanael pergunta sobre os dotes dos irmãos de clã. Guille já tinha dito que ele gostava de artes marciais? E isso era arte? Enfim, Natanael recitava poemas.

”Digno de um príncipe recitar poemas. Que pena o senhor ser um blefador não é mesmo monsieur França? Já caiu muito no meu conceito dentro do clã. Veremos o tipo de reação que monsieur Pezzini terá.”

E então Vincent comenta enquanto que Emilie, Ian e agora Guille conversavam sobre um torneio de artes marciais.

-Minha arte se resume apenas a pintura monsieur Lacerda. Minha especialidade é o óleo sobre tela. Andei me aventurando na arte da escultura também. Prefiro as artes clássicas.

Encarou Natanael profundamente, como se desejasse despi-lo de suas roupas com os olhos e continuou:

-Se conseguirmos organizar um recital, ou mesmo um encontro de artes, gostaria de ter a permissão de pintar este evento tão interessante.

Guille começa então a entregar cartões de alguma coisa que ele deixara para lá. Mas como educação, ele pega um e responde-o:

-Interessante monsieur França.

Mas não era muito interessante para Vincent a violência. Observava Natanael para ver sua reação diante da entrega dos cartões quando a senhorita Bianca chega ao Elísio e se aproxima do grupo cumprimentando-os e Vincent percebe que o olhar da Tremere se demora um pouco mais no Toreador. Ele se aproxima dela, educado e simpático e toma a mão da Tremere, beijando-a de leve:

-É um imenso prazer reencontrá-la mademoiselle De Nice. Espero que tenha tido um maravilhoso dia de descanso.

E depois de beijar a mão da Tremere, ele levanta o olhar para a face da mulher e sua face possuía um sorriso. Após a resposta da cainita, Vincent se posiciona ao lado de Natanael. A chegada de Bianca era apenas um pretexto para se posicionar ao lado de seu irmão de clã desejado, podendo tocá-lo quando bem entendesse além de poder também observar Bianca. Esperava que Natanael gostasse de sua atitude.

A conversa sobre as lutas parecia estar ganhando certa força por causa do apoio de Emilie, agora Primógena Malkaviana. Com o apoio dela, Guille poderia ter, em um futuro próximo, o torneio de que tanto gostava. Enquanto aguardava a resposta de Guille à sua abordagem, Emilie sorri para Ian de forma agradável e o Tremere fica um pouco tímido diante daquela ação da Malkaviana e o que consegue fazer no momento foi sorrir de leve à ela.

Guille então o responde e diz que seria uma honra tê-lo em seu futuro torneio. Ian, como bom oriental coloca uma mão no peito e faz uma reverência, respondendo-o:

-A honra será toda minha senhor França em participar de seu futuro torneio. Pelo que posso perceber, temos muito o que dialogar sobre artes marciais e mestres, se isso for possível, é claro.

Guille explica que já possuía uma academia na cidade e então entrega um cartão à Ian, informando o endereço e dando outras informações sobre as lutas. Ian sorri e guarda o cartão no bolso. O dojo tinha o nome de um golpe de um dos jogadores do Street Fighter e Ian imagina que o nome de Guille teria sido adotado depois de seu abraço ou se ele era um cainita relativamente novo, caso seu nome de mortal ainda fosse aquele.

-Entrarei em contato com o senhor futuramente, senhor França.

Não tratava Guille com o habitual “san” à frente de seu nome. Ainda não o conhecia muito bem e para que ele ganhasse o “san” depois de seu nome, teria que verificar se ele o merecia. Logo, Bianca de Nice chega ao Elísio e aborda o grupo. Vincent é o primeiro a cumprimentá-la e o cumprimento entre os dois parecia ter algo mais. E isso não era da conta de Ian. Ele faz uma reverência à Bianca e responde-a:

-Boa noite senhorita De Nice. Tentei fazer o meu melhor senhorita De Nice.

Ian meneia a cabeça levemente enquanto a responde. Para Ian, socializar-se era uma lástima, ele preferia mais os estudos. Mas a corte do Rio de Janeiro parecia estar mudando-o e ele esperava que fosse para melhor.

Se Claudia teve a intenção de ser um pouco mais ríspida, isso passou completamente despercebido pelo Toreador. Natanael tinha uma imagem formada da pequena que não era compatível com as respostas ácidas e essa imagem não foi abalada. Talvez o Toreador não estivesse esperando esse tipo de atitude por parte dela, talvez havia muitas coisas tirando sua atenção. Seja como for, ele só ouviu verdades nas palavras da pequena e simplesmente responde:

_Tem toda a razão, ma petite. E todos podem ver o quanto você cresceu na sociedade dos Membros.

Ele era sempre muito polido e, com Claudia e Vincent, tinha um tom até carinhoso. Ele também gostava de observar os outros vampiros puxando saco de Thomas e Eloá. Certamente eram eles os mais proeminentes ali dentro. Todos eram unânimes ao afirmar que qualquer um dos dois seria um ótimo representante do Clã na cadeira da Primigênie. Era óbvio que ninguém queria tomar partido.

Então Guilles afirma que irá adorar ouvir algum poema de Natanael. Ou ele estava sendo polido para não criar uma situação indelicada ou não havia entendido a crítica nas palavras do poeta. Quando França diz que cada um poderá apresentar um pouco daquilo que o deleita, o olhar dirigido a Vincent não deixou de ser notado. No entanto, Natanael não pôde deixar de sorrir ao imaginar Guilles, Ian e até a aparentemente delicada Emilie apresentando algumas cenas de luta no Elísio. Quão bizarro aquilo seria!

_Deleite é a palavra chave, monsieur França.

Nesse momento, Vincent também o responde a respeito de arte e parece que o Toreador de olhos azuis conseguia ler a mente de Natanael. Isso era um bom sinal. Lyon diz que prefere as artes clássicas. Natanael não pôde deixar de sorrir ao imaginar muitas coisas quando seu pretendente diz ser pintor e também escultor. Ele então responde a Vincent:

_De mim o senhor tem permissão para pintar o que quiser, mon cher ami. E claro, aguardo o convite para contemplar algumas de suas criações.

Natanael dá um sorriso sedutor novamente. Os olhares de Vincent já o denunciavam. Ou ele fingia muito bem ou estava apaixonado por Natanael. Este já não se preocupava com todos percebendo os flertes trocados com o senhor Lyon. Apesar daquilo ser bastante perigoso para ambos. Então o Toreador lutador começa a falar sobre seus negócios na cidade. A princípio, Natanael não se interessou muito, mas então Guille diz algo a respeito de apostas... querendo ou não, apostas em eventos tão grandes são feitos por pessoas da classe alta. Seria, talvez, um interessante modo de fazer amizade com alguns mortais importantes.

Nesse meio tempo, Vincent responde a Guilles sobre seu desinteresse em concorrer à Primogenia e aceita um dos cartões oferecidos. Natanael não pega um cartão. Ele poderia usar isso como pretexto para conversar com Vincent em uma outra ocasião.

É então que uma senhora adentra o recinto. Não era tão bela, mas era elegante. Ela dispara um olhar mais demorado a Vincent e este a cumprimenta de um jeito diferente. Ela se apresentou, mas não cumprimentou ninguém em particular, já se dirigindo ao seu irmão de Clã. Diante disso, Natanael também não se viu na obrigação de se apresentar a ela. Vincent a cumprimenta e volta para seu lado, o que tranquiliza um pouco a Natanael. Mesmo assim, o Toreador lança um sorriso apagado a Vincent e sua expressão facial claramente queria dizer: Devo me preocupar?...

Eloá então volta à conversa. Como era de se esperar de alguém que está competindo pelo cargo de Primógena, ela foi imparcial no que diz respeito às preferências artísticas. Diz ser tradicional, e agrada a Natanael, mas diz que sempre há espaço para novas artes e agrada a Guilles. Ela sabia ser política e o poeta a responde com um cortês sorriso. Nisso, ela os convida para o Saguão Principal do Elísio pois os Arcontes estavam chegando. Natanael se sentiu animado. Nunca havia estado na presença de dois Membros tão ilustres de uma vez e a visão luxuosa do Saguão Principal encheu seus olhos. O Toreador, discretamente, observava quais obras de arte poderiam ser as mais valiosas...

Emilie pega o cartão que Guille lhe oferece com um sorriso de interesse. O lutador seguia uma filosofia oriental que também era de grande estima para ela, ainda que sua arte marcial fosse diferente. Talvez um dia pudesse pôr à prova sua arte de "usar a força do oponente contra ele mesmo". O Judô era irmão do Jiu-Jitsu.
- Agradeço o convite. Pra mim é um prazer assistir à demonstrações de arte e habilidade. Assim que eu tiver uma data para minha próxima apresentação de balé irei convidá-lo também.
Quem conhecia o treinamento de balé clássico sabia que ele era tão brutal quanto o de um lutador.

A conversa sobre um possível sarau de arte captura um olhar de esguelha da malkaviana, que acaba emendando uma conversa na outra.
- Quem sabe eu não transfira este espetáculo para o Elísio? Saberia pintar uma bailarina em movimento, senhor Vincent?
Lança um olhar maroto de desafio para o pintor, percebendo então o motivo da distração dele. Haveria deleite mais agradável do que presenciar o nascimento de um romance?

A chegada expansiva da tremere logo chama a atenção de Emilie. A malkaviana ainda não a conhecia, mas se lembrava de ter visto ela no Elísio. Não era uma recém-chegada à cidade, nem se portava como tal. Retribuiu o cumprimento, não com o gesto arcaico de Cláudia, até porque, seu vestido não era o mais recomendável para isso,  mas com tranquila cortesia.
- É um prazer conhecê-la, senhorita de Nice. Meu nome é Emilie Blanc, primógena do clã Malkaviano.
Quem sabe os tremere estivessem interessados em discutir política...

Ficou curiosa pelos dotes artísticos de Cláudia, e perguntaria à sua irmã a respeito, mas com a informação de que os arcontes estavam chegando, Emilie se adiantou, acompanhando Hildegrand até o Salão Principal, encantadoramente decorado. Ninguém poderia dizer que os toreadores não tinham bom gosto.