Capela Tremere - Chácara em Vargem Grande

O beijo fora correspondido por Natanael. A sensação era ótima. Se soubesse que aquele beijo ia ser tão primoroso e que aconteceria depois da morte de Claudia ele a teria matado antes. Poderia tê-la empurrado no fogo que consumira o Elísio ou arrancado a cabeça dela enquanto estavam no mar. Ou colocar seu plano de um “pequeno” acidente com o carro que dirigia em curso.

”O que estou pensando?!?”

Resolveu voltar sua atenção somente ao beijo. Sangue de Claudia ainda estava nos lábios de Vincent e ele nem tinha percebido e nem se importara se o próprio amigo dela estava aceitando aquilo. Vincent não tinha certeza dos sentimentos de Natanael, mas quem poderia ter certeza dos sentimentos de qualquer um? Sendo mortal ou imortal, você poderia estar sendo enganado no amor ou não.

O amor era uma loteria da qual ganhar era complicado, difícil e muitas vezes raro. Por enquanto aproveitaria Natanael ao máximo. O que ele sentia pelo poeta era verdadeiro e o próximo que se intrometesse poderia encontrar o mesmo destino de Claudia. Claro que não conscientemente.

Depois de aproveitar o beijo e de ele terminar, Vincent não desfaz o abraço e olhando nos olhos de Natanael ele sorri e profere:

-Obrigado por tudo Natan....obrigado pelo apoio. Confesso que poderia ficar a eternidade aqui...beijando-o.....mas sei que é impossível.....pelo menos por enquanto.

Passa o dedo no lábio sujo de sangue de Natanael para limpá-lo e desfaz o abraço. Era hora de se recompor.

-Precisamos nos tornar um pouco mais apresentáveis para a reunião.

Sorriu meio sem jeito. Virou de costa para Natanael, foi à pia e limpou o resto de sangue que cobria seu rosto. Não poderia, de forma nenhuma lavar o que estava em suas roupas semi destruídas pelo fogo e por todas as intempéries que passara para chegar até ali. Somente a beleza do Toreador seria seu chamariz, suas roupas, no entanto estavam completamente inutilizáveis.

Depois de limpar-se e arrumar-se como pudera, ele diz:

-Minhas ações pesarão muito para o nosso clã nesta reunião....perdi o controle no meio de toda a corte. Isso vai fazer com que os outros clãs não nos vejam com bons olhos na corte.....o que.....podemos fazer? Isso se há algo a fazer.

Agora se aproxima de Natanael e começa a arrumar o que sobrara de sua roupa, arrumava seus cabelos e limpava-o aqui e ali, lembrando-se de comentar sobre o braço ferido dele. Apontou o ferimento e proferiu:

-Este ferimento.....fui eu? Eu te feri?

Um pesar começa a tomar conta de Vincent por achar que teria sido ele o causador daquele ferimento. Sua mão direita afaga os cabelos de Natanael carinhosamente.

Vincent havia se desvincilhado dele e o mundo real voltou a surgir, com todos os seus pesadelos reais. As palavras e os gestos de Vincent eram reconfortantes depois de tantos problemas. Ele havia sido um bom achado na côrte do Rio.

_Não há pelo o que agradecer, Vincent. E você tem razão, estamos terríveis!

Sorriu e aproveitou que Vincent começou a se lavar para terminar de se arrumar o mínimo possível. Encontrou um estojo de primeiros socorros no armário e retirou de lá algumas faixas e gazes. Havia carniçais na Capela, um estojo daqueles não seria difícil de se encontrar. Ele vai ouvindo as palavras de Vincent e começa a enfaixar seu braço machucado para que a ferida não ficasse exposta e causasse ainda mais uma má impressão. Ele então responde:

_Não se preocupe com isso, encontrarei um jeito de lidar com essa situação. Todos os outros Clãs cometeram erros, não seremos os únicos a pagarmos por isso. Claro, os Tremere não erraram, ainda.

Não se referia aos Brujah que já eram um erro por conta própria, mas Vincent tinha razão. Era o segundo erro do Clã na noite e os outros usariam isso contra eles. Precisava de Xica e Durriex ao seu lado e se Thomas e Guille se opusessem a ele quando se apresentasse como o primógeno, as coisas realmente desandariam. Será que seriam tão tolos a esse ponto? Era provável... Nisso, Vincent se aproximou para ajeitar as roupas do poeta e, ao ver ele enfaixando o seu braço, perguntou se era ele o responsável. Natan sorriu por causa da preocupação do pintor e respondeu:

_Não, mon cher, não foi sua culpa. Foram as pequenas mordidas de Claudia que fizeram esse estrago, mas logo vou ficar bem. Eu até preferiria que ficasse alguma cicatriz, para que eu me lembrasse dela, mas nossos corpos não nos permitem nem isso...

Tinha um olhar distante preso no ferimento e complementa:

_Vamos voltar ao salão, você precisa conversar com Durriex para que ele fique ao nosso lado e eu mandarei o endereço para que Xica venha sozinha. Não voltarei para buscá-la depois de tudo o que aconteceu.

Se prepara para sair.

_Vamos?

A conversa entre os dois continuam. As palavras de Natanael continham verdades. Realmente os Tremeres foram os únicos que não haviam errado. Apesar de que na concepção de Vincent, não terem verificado os rituais de proteção poderia ser considerado um erro. Talvez o maior desencadeador de todos. Mas não poderia dizer isso diante de seu descontrole diante da Besta e dos erros de Horazio trazendo os Assamitas ao Elísio.

-Parece-me que a reputação dos Tremeres em serem eficientes continua intacta. Mas é como você disse.....por enquanto.

Sorria ao irmão de clã e continuou:

-Conversarei com monsieur Durriex....devo confessar que estou preocupado com ele. Ainda não o vi na Capela durante minha entrada...na verdade....não vi ninguém quando entrei....ainda estou um pouco abalado pelo que fiz.

Mentiu.

-A primógena Blanc vai me odiar o resto da eternidade pelo que cometi....e isso pode causar uma crise entre as relações de nosso clã para com os Malkavianos. Afinal de contas mademoiselle Denbrought era a Secretária do clã.

Suspirou fundo e ficou contente por não ter sido ele o causador dos ferimentos de Natanael. Mas odiou quando ele disse que queria que ficasse uma cicatriz em seu braço causada pelas mordidas de Claudia.

”Mesmo morta e em cinzas esta praga me persegue. E Natanael quer uma marca dela....que adoravelmente odioso. Gostaria de saber alguma coisa para apagar da mente dele a diabinha maldita.”

Pousou a mão no ferimento de Natanael e sorrindo proferiu:

-Não se preocupe com isso....a culpa foi inteiramente minha e sabemos disso. Arcarei com todas as consequências.....

Beijou-o desta vez na testa em sinal de respeito e concluiu:

-Claro....vamos retornar para o circo de cães famintos. Deseje-me sorte...precisarei dela com toda certeza. Vamos nos separar entre os presentes, assim chamaremos menos atenção. Tome cuidado Natan....muito cuidado.

Desta vez beijou calorosamente na boca durante alguns instantes e depois sorriu. Estava gostando que aqueles beijos estavam se tornando frequentes. Colocou a mão na maçaneta e abriu a porta, dando de cara com Evandro. Com um sorriso proferiu:

-Boa noite monsieur Villanova. Peço desculpas pelo meu estado anterior, não que tenha melhorado muito.

Riu e sentiu uma atração pelo belo homem:

-Poderia nos conduzir de volta a sala de estar por gentileza?

A Nosferatu atravessa a rua, se identifica com um homem parado à porta (ignorando por completo uma mulher que mexia em marcas de combate espalhadas pelo chão dos jardins da Capela), e tem a sua entrada e a entrada dos demais Nosferatus autorizada.

Linda, com muita tranquilidade, entra na Capela Tremere sorrindo a todos com sua aparência nada encantadora. A Nosferatu vestia-se muito bem, estava elegantemente maquiada, mas sua medonha aparência transforma o que poderia ser a bela aparência de uma dama na mais grotesca das criaturas do sexo feminino presente.

Logo após a chegada de Vincent e Natanael e quando todos já estavam reunidos no salão a Nosferatu se apresenta a todos:

'- Linda Wilson, do Clã Nosferatu, é um prazer conhecê-los.'

Caminha pela sala olhando na direção de Natanael, para quem além de sorrir dá uma piscada nada discreta e nada sedutora.

OFF GAME: A partir desse ponto, para facilitar o trabalho da Narração e evitar travamento de cena, vamos considerar que todos os personagens de jogadores já estão dentro da Capela e na Sala onde irá acontecer a reunião. A descrição da sala é por conta da personagem Beatrice Verlanghieri. Para quem a ação andou rapido de mais, interpretações retroativas que não mudem o rumo do que já aconteceu estão liberadas.

*Filippi tenta ajudar como pode, indo daqui para ali, enquanto os outros membros estão em frenesi. Quando a confusão diminui, olha em volta, tentando ver se todos estão bem. Já está pronto a se dirigir para Emilie quando vê.*

*Os restos de Cláudia desfazem-se rapidamente diante dos olhos do brujah. Filippi já é duro demais para sentir, é o que diz a si mesmo; fora ele quem descobrira a morte de um de seus companheiros mais antigos pelos lobisomens, na noite mesmo em que haviam derrotado o Sabá em Joinville; também estava com Hector quando encontraram as roupas vazias de Germano, as cinzas já lavadas pela chuva. Nem conhecia a menina vampira há mais que duas noites; não deveria sentir.*

*No entanto, ao ver os cabelos loiros de Cláudia desmanchando-se ao vento, uma dor surda, profunda, ancestral, quase esquecida, acorre aos nervos do militar. Uma cabecinha loira, outra morena, apertadas a seu peito. Dois olhares risonhos enfrentando seus olhos severos. Mãozinhas de criança agarrando-se a seus músculos, um abraço que só quem já foi pai sabe o significado. Uma despedida, um até logo, duas cabeças desaparecendo na pista do aeroporto para nunca mais...*

*Não é mais Cláudia que vê. Sofia e Flávia são os nomes que vêm a seus lábios e se manifestam num gemido baixo. As filhas de que jamais pudera se despedir. As filhas que nunca souberam como ele morrera ou que permanecera então. As crianças para quem voltara uma vez, voltara sempre, sem poder nunca se aproximar de novo. Seus braços cruzam-se, suas mãos crispam-se em sua pele até doer, seus olhos cerram-se com força; só assim consegue manter o controle. Vira suas filhas crescerem sem ele, terem filhos, envelhecerem, adoecerem, morrerem; seguira-as por tanto tempo, de longe, alimentando a dor de não tê-las nos braços nunca mais, e agora aquela criança que nunca crescera, nunca envelhecera, mas continuara sendo, desaparece diante de seus olhos, vitimada de uma maneira tão estúpida. Filippi já está tão distante da humanidade que isso não deveria abalá-lo mais. Mas ele sente.*

*Finalmente, quando abre os olhos, é com admiração que vê o próprio sangue sob suas unhas. Abaixando a cabeça, silencioso, ele é o último a entrar.*

Ainda dentro do banheiro, continuou conversando com Vincent:

_As relações dos Loucos conosco já estavam abaladas desde que eu resolvi concorrer com o pequeno Thomas. Emilie já estava me olhando com desprezo desde o submarino. Mas não se preocupe com os Malkavianos... apesar de que considero uma lástima perder a amizade de Emilie que me pareceu ser tão sensata, pena que não sabe escolher bem suas companhias! - sorri para o pintor e continua _ E tome cuidado você também, mon amour. Boa sorte, e pare de se culpar! As coisas aconteceram como deveriam ter acontecido.

Tentava se convencer com essa filosofia barata, mas a morte de Claudia mexia muito com ele. Além disso, Natan estava sendo sincero sobre Emilie e lamentava perder a amizade do Clã dos Lunáticos. Recebe o beijo de Vincent, retribuindo com carinho, e sai do toilete depois de se despedir de seu novo consorte. Já do lado de fora, se encontram novamente com Evandro que lhes dirige um sorriso perfeito. Natanael ficou com raiva por não ter encontrado Evandro antes dos Tremere para fazer dele seu carniçal. Teve vontade de roubá-lo... apenas a Presença já seria o suficiente, mas não deixaria seus desejos interferirem na relação com os Feiticeiros. Não por enquanto. Mas infelizmente Evandro fica para trás...

Na sala de estar, faz um leva aceno de cabeça para Vincent e os dois se distanciam. O jogo estava começando. Nisso, uma Nosferatu se apresenta e estava acompanhada por outros Membros dos Ratos de Esgoto. Natanael sorriu para ela quando ela se apresentou e Linda deve ter percebido, já que pisca para o poeta. Natanael se adianta um pouco e, mesmo com as roupas naquele estado, se porta como um verdadeiro dândi, tomando a mão direita cheia de verrugas e extremamente gélida e úmida da vampira e a  levando aos lábios em um cumprimento. Era uma sensação completamente diferente de tocar a pele perfeita de Vincent.

_Natanael Lacerda dos Toreador, seu criado. É um prazer conhecê-la, senhorita Linda.

Se apresentou para ela nos moldes vitorianos. Natanael era fútil com muitas coisas, mas não com a política camarilleña. Ele bem sabia que os Nosferatu eram discriminados pela maioria de seu Clã, mas sempre gostou de ser do contra e angariar contatos dentre aquele Clã. Alguns deles não gostavam e pensavam, com sensatez, ser pura falsidade. Mas e daí? O jogo político é inteiramente falso... Assim que se apresenta, duas lendas vivas começavam a se digladiar. Era uma boa coisa para Natanael. Filippi havia sido infeliz em suas palavras no submarino e Natanael não tinha interesse no Clã que há muito era chamado de Erudito. Agora tinha interesse nos Escondidos e queria que os dois Clãs se enfrentassem... sorria entusiasmado ao ouvir as respostas de Carlent e não gostava das respostas do outro que havia sido chamado de Lampião e cangaceiro. Sua identidade era óbvia. Nessa briga, duas informações importantes vieram à tona: Carlent havia matado aquele Brujah que era candidato a Príncipe e os Ventrue não viriam. Duas coisas pelas quais o poeta não esperava.

A noite ainda estava longe de terminar...

Guy Fawkes entrou acompanhando Linda Wilson e Calebros. O homem magro e esguio tinha sua face escondida por detrás de uma rústica máscara de madeira, marcada pelo tempo e pela sujeira, poupando à todos da visão de sua face horrenda. O Nosferatu trajava roupas pesadas para o clima do Rio de Janeiro. Guy exalava um cheiro fétido e seus roupas ainda encontravam-se molhadas do imundo esgoto por onde havia caminhado antes de chegar à Capela. Fitou toda aquela corte de imbecis e manteve-se em silêncio. A palavra era de François Carlent. Ver a lenda dos Nosferatu pela segunda vez não reduzia o impacto que aquilo causava. Guy se limitou a acenar positivamente em concordância com as exigências de Carlent. Ele mesmo se ofereceria para cuidar do Porto quando sua posse fosse do clã Nosferatu. Afinal, Guy era peça chave nessa manobra.

Lampião começava a se irritar e Guy já podia ver aonde isso iria dar. Ele olhou fixamente para o Brujah e começou a ver as pálidas cores que prenunciavam o que quase certamente aconteceria. Lampião emanava uma Aura pálida de fracas luzes púrpuras e começavam a cintilar de maneira fraca. O Brujah logo entraria em frenesi. Era irônico como, naquela sala, provavelmente apenas os Nosferatu poderiam fazer o cangaceiro se acalmar, e eles queriam o exato oposto disso.

O Toreador permanecia ao lado de Emilie, suas mãos ainda se tocando, e dessa maneira ele ve o retorno do casal Toreador e a entrada de Luiz Fillipi, finalmente eles poderiam começar o que interessava, a reunião, que Guille, ao ver a quantidade de Membros presentes, imaginava que poderia ser absolutamente infrutifera, principalmente se ficassem emrolando e não fossem direto ao assunto.

A chegada de mais 3 Nosferatus, todos deformados, inclusive Linda que se vestia como uma dama, a quem Natanael beija a mão, todos eram horríveis mas não chegavam aos pés de Carlent e sua falta de qualquer traço humano. Seja qual for. O ultimo Nosferatu a entrar usava uma máscara conhecida em alguns lugares, e atialmente muito famosa no Brasil pelo que Guille lera nos jornais.

E então tudo começa com um baque, antes que os Tremere pusessem se apresentar, antes que alguma politicagem fosse feita, Carlent derruba duas bombas neles, a não vinda dos Ventrue, que acabaria com a união dos Clãs entorno de um Príncipe, pois os Sangue Azul não aceitariam nada definido para a Camarilla ali. Guille se aproxima do ouvido de Emilie e sussurra extremamente baixo após Carlent falar dos Ventrue.

"- Seu contato Ventrue não disse que vinha?"

Então Guille ouve a segunda bomba do Nosferatu, o assassinato de Jorge, que Guille pouco conhecia, porém respeitava, e a reação do Ancião Brujah, que fora chamado de Lampião, do nordeste onde nascera Guille vem o sotaque do cangaceiro, gritando e exigindo o sangue de Carlent, destruindo um móvel do lugar no processo. E a discussão procede, aquilo tinha começado de um jeito pesado e com certeza não terminaria bem, o Toreador não imaginava os Brujah pagando preço nenhum e Carlent não era quem daria pra trás em sua decisão.

Guille permace atento, porém calado, esperando para ver se Emilie tinha informações quanto aos Ventrue. Eles precisavam de um Príncipe e rápido, para decidir essas contendas e quebras de Tradições.

Então os Nosferatu começam a chegar, mais três representantes do Clã, todos horrendos, todos uma sombra do que era Carlent, também chega um homem que Stevie imaginava ser Luiz, pois mais cedo ele tinha se dirigido a Lampião de maneira que o conhecia, e imaginava ser ele um Brujah.

O Nosferatu Ancião, Carlent, que todos conheciam por ser completamente inumano, e mesmo assim não ser tomado pela Besta, começa a reunião indo direto ao ponto, e para surpresa de Stevie os Ventrue pareciam não estarem interessados naquela reunião, das duas uma, ou eles achavam que já controlavam a cidade e a reunião era de Clãs subalternos, ou superestimavam sua importância, porque, de fato, parecia que todos, senão quase todos, os Membros da cidade estavam ali.

Ele fala também de arranjarem uma explicação para o que acontecera no jardim, algo que Stevie e nem ninguém parecia ter, e então o Nosferatu faz uma acusação muito grave, e dentro dela confessa também ter ofendido uma das Tradições, a que alguns consideravam tão sagrada quanto a Máscara. O músico havia visto muita destruição de Cainitas em seu tempo, e não achava que era such a big deal em alguns casos, mas um Brujah morto e com seu assassino confesso não era algo que o Clã aceitaria facilmente. E então, como esperado, Lampião explode, gritando e quebrando um móvel, ele tinha deixado claro seu ponto, e não mudaria com certeza, Stevie também não achava justa a acusação, nem o preço cobrado, preço que os Ratos costumavam cobrar anos depois, mas nesse caso era uma retaliação imediata.

Stevie não queria se intrometer pois não conhecia a cidade, seus Membros, a política e muito menos era o representante do Clã, porém era uma coisa interna dele defender seus interesses e ele não costumava ficar calado nem abrir mão de seu ponto, era muito convicto no que dizia. E dá um passo a frente, toca no ombro de Lampião e se dirige diretamente a Carlent, o olhando nos olhos, sem temer o Ancião tão poderoso, conhecera Anciões absurdamente poderosos e lutara contra um em Nova York.

"- Senhor Carlent, devo dizer que a quebra de TradiçOEs nAO é algo a ser tratado de maneira leviana, e nem intempestiva. Em primeiro lugar o senhor está fazendo uma acusação e nAO apresenta nenhuma prova, como o senhor sabe que ele usou algum poder para atrair o Assassino? Ele nAO poderia ter simplesmente seguido Jorge para os esgotos? E mesmo assim vem até aqui e exige um pagamento por ter adimitidamente assassinado um Membro? Devemos tomar apenas sua palavra como verdadeira e pagar o que quiser na hora que quiser? N'ao acredito nisso, e imagino que qualquer Membro sensato vai perceber que faltam evidências para qualquer cobrança, ainda mais nesse momento, que não temos um Príncipe para decidir a desavença."

Stevie era enérgico e sua voz encantadora lhe empresta força ao seu argumento, junto com o tom grave porém muito audível, de quem sabe impor a voz. Obviamente o Nosferatu retrucaria suas palavras, falaria que sua palavra era mais forte e contestaria quem ele era para se pronunciar ali. Porém Stevie estava convicto do que dizia, os Brujah não entregariam o porto. Então ele mantém o olho em seus companheiros, para ver como reagiriam.

O toreador enquanto olha a sua volta calmamente, e admirando os móveis se depara não com uma mulher ou um Anjo, ou arcanjo, não sabia dizer o que era aquela mulher, não sabia o que fazer ou como fazer, se ainda sabia andar ou falar, nem ao menos pensar ele conseguia mais, ficou olhando com uma cara de besta. quase de retardado, por pouco um fio de baba não escorre por sua boca enquanto admirava aquela visão do paraíso, nem em sonho tinha visto alguém tão perfeita, aquela era a prova de que a perfeição não apenas existia, mas estava presente na frente de François, toda a sua ansia de voltar a sua terra acabou enquanto olhava para Beatrice. Nem o mais belo dos portos, ou a mais bela das escultura eram tão perfeitas quanto aquela face. por um instante pensara, "Se picasso ainda estive aqui morreria feliz ou muito triste ao ver esta mulher"... François lembra-se de onde está e o porque ali está e toma o seu controle novamente, desta vez não poderia deixar cair em tentação, do jeito que estavam as coisas a última coisa que podia acontecer era cair em fascínio, apesar de que aquela face JAMAIS sairá da cabeça do Toreador.

Enquanto se recuperava ouve Carlent falar sobre a malkaviana e o outro toreador sobre os sentimentos ainda humanos presentes naquela cena, François enquanto olhava para Carlent se segurando para não sair gritando "UM RATO, UM RATO" responde:

- Concordo senhor Carlente, ainda vemos estas coisas depois da pós morte... Não sei como podem ainda ter tais sentimentos... Parecem que foram abraçados a pouquíssimo tempo... Quase humanos ainda...

Apesar de estar falando um membro de seu clã, François não podia admitir que um vampiro pudesse ter tais sentimentos, ainda sentir culpa ou pior... lágrimas... Coisas ridículas de um humano, uma sensação que era inaceitável ao seu ver... Entendia aquilo vindo do clã dos loucos, porém um dos seus passando por aquilo? Era desgastante de mais até para seu gosto...

François vira-se para não ver mais aquela cena patética e continua a ouvir Carlent.

François ouve uma das Magas mandando que todos fossem para o interior da capela e segue o fluxo, vai com todos, espera que todos se apresentem, pede a palavra e se apresenta também:

- Boa noite, sou François Durriex, do clã das Rosas, é um prazer estar aqui, ainda mais com tal Anfitriã cuja beleza é indescritível (Enquanto fala olha para Beatrice).

François após ver toda a bagunça gerada por uma do clã dos loucos e ver todo o desfeche, inclusive do que os tremere são capazes e agora um Brujah descontrolado que arrebentou uma mesa com apenas um porrada aguarda para ver o que a noite promete a eles...

Sorriu com as palavras da Nosferatu. Na verdade, era um sorriso também de alívio, pois alguns são tão sensíveis que reagiriam mal a um cumprimento cortês. Certamente ela era muito acima da média, com uma autoestima admirável para os padrões do Clã.

_Fico contente em ouvir isso. Na verdade, estou representando o Clã enquanto o senhor Haulot não reaparece. Posteriormente decidiremos isso de forma democrática entre os membros de meu Clã, no entanto, a maioria aprovou minha representação.

Se sentiu ridículo ao dizer aquilo, mas era necessário não passar a impressão de ser ditador. Linda não dava atenção à discussão que tanto interessara a Natanael, mesmo assim, ele complementa:

_Fico honrado em ouvir suas palavras, senhorita Linda. Digo de antemão que a boa relação com o Clã Nosferatu será uma de minhas principais preocupações caso minha posição seja consolidada de forma efetiva. O que eu tenho a certeza de que será.

Falava com segurança. Após a resposta de Linda, ele pega seu celular e diz para ela:

_E falando em boas relações, uma de meu Clã chegou recentemente e está perdida. Permita-me apenas comunica-la sobre nossa localização. Com licença.

Não saiu do lugar e envia uma mensagem para Xica o mais rápido que conseguiu, a tempo de acompanhar mais um pouco as discussões e ver que um outro Membro intervém. Como assim? Ou era um Ancião ou era um outro Malkaviano...

Depois se volta novamente para Linda com cara de desculpas e iria continuar o diálogo, mas sua mente é novamente invadida abruptamente com cenas terríveis da morte de Jorge. Como se já não tivesse visto a Morte por tempo suficiente... as cenas eram terríveis e provavam o que o Nosferatu dizia, mas Natanael havia se focado mais em Thomas. Pena que ele não mais respirava, podia ter se afogado no esgoto!    Ainda embasbacado pelas imagens, olha para Linda para ver sua reação àquilo enquanto tenta perceber as reações dos outros Membros às palavras de Carlent.

Off: percepção da Aura em Linda.

Petrus, com as mãos nos bolsos, apenas observava à invasão da Capela por aquela horda de mentecaptos. Estava ao lado de seus irmãos de Clã e apenas observava a discussão entre os Anciões. Não conhecia Lampião, mas já tinha ouvido falar sobre Carlent. Se eles resolvessem fazer qualquer coisa para desrespeitar a Capela, deveriam agir. Esperava então a intervenção de Beatrice, Fátima ou Johanna.

A apresentação de Joana D'Arc surpreendeu a malkaviana, mas seus olhos arregalados foram a única demonstração disso. Seria a histórica guerreira francesa? Não, não podia ser, não pelo que Emilie conhecia de sua história. Era mais provável que fosse uma farsante que tinha adotado o nome.

A malkaviana permaneceu em seu lugar, apática, junto a Guille, até que Vincent e Natanel retornasse à sala. A ira subiu às fuças da malkaviana que com os olhos injetados de raiva soltou a mão do lutador e andou em passos largos até o irmão de clã dele. As imagens terríveis do coração de Cláudia sendo devorada pelas presas dele ainda fermentavam em sua mente, mal digeridas. No ponto de provocarem uma explosão.

Assim que chegou perto de Vincent, seu pulso se ergueu num átimo de segundo, e a palma da sua mão se brandiu violentamente contra o rosto do toreador.
- ASSASSINO! Como pôde fazer isso? Seu assassino! Ela era só uma menina, era minha irmãzinha... você matou a minha irmã! Desgraçado!
O dedo acusador de Emilie estava a todo tempo apontado sobre o toreador, mas era uma expressão muito mais de mágoa do que histeria que se desenhava no rosto expressivo, ainda tomado pelas marcas de sangue.

Provavelmente, continuaria soltando impropérios contra Vincent, mas Guille à lembra de sua relação com os ventrue, e logo em seguida um conflito muito maior acaba estourando entre os anciões Nosferatus e Brujah. A malkaviana franze o cenho com decepcionada incredulidade. Mas que raios de Camarilla aqueles membros pretendiam formar quando as tradições pétreas eram violadas com tanto despreendimento? François Carlent, que tanto se impunha como um ancião de respeito, não era desprezível apenas pela face deformada de seu clã. Um membro como aquele parecia pertencer muito mais ao Sabá...

O nosferatus parecia ter ouvido seus pensamentos, pois menciona à criança toreador, fazendo ela engolir em seco, tensa, e logo em seguida as imagens sem aviso arrombam a sua mente, e a já atormentada dançarina é obrigada a ver a cena chocante da morte de Jorge.

Temor e indignação se digladiavam no cenho chocado da loira. Se fosse uma brujah, sabia que não seria capaz de manter o controle, e isso a fez pressentir o caos que poderia ser retomado à qualquer momento. E, sinceramente, ela já não sabia se fazia questão de evitá-lo.

Guy pensou em se adiantar e defender a palavra de Carlent, mas não era necessário. O Ancião nosferatu foi rápido e certeiro, como um direto de Thysson. Reviu em sua mente o momento da morte do Brujah jorge. Não era, mecessáras mais provas. Guy se limitou a dar um passo a frente como quem corroborasse a chamada de Carlent à seu nome.

O Toreador percebe quando Emilie larga sua mão e parte para cima de Vincent, lhe desfere um tapa e o chama de assassino, era a segunda acusação de assassinato em menos de 5 minutos, aquela reunião seria quente.

Guille amda junto a Emilie, mas quando estava a um passo dela sente a visão daorte de Jorge e imediatamente volta seus olhos a Carlent, que além de matar um Membro, admitir, ainda mostrou a todos, e não demonstrava um pingo de medo de ser culpado, aquele Nosferatu tinha todas as cartas na manga, e acabara de tacar um fosforo no palheiro, bastava que o palheiro estivesse seco que aquele lugar iria queimar.

O lutador se prepara para o caos que as duas acusações simultaneas iam causar, temendo a reação dos Brujah, e esperando que Vincent não reagisse mal a Emilie, pois se tentasse agredi-la de volta, o Toreador estava pronto para evitar, as coisas ali estavam mais fisicas que de costume com Cainitas, aquele lugar pareciamais um ringue de lutas do que uma reunião Camarilesca. A um passo de Emilie, Guille observa atentamente Vincent, tentando tirar a imagem horrenda da morte do Brujah Jorge de sua mente.

E então, a provocação e resposta de Carlent é imediata, e praticamente a umica coisa que Stevie vê é a morte de Jorge, o Nosferatu estava tentando provocá-lo, e era óbvio que tinha conseguido, antes que ele começasse a frase após a visão de Jorge, Stevie solta um rosnado gutural e salta em direção ao Amcião, em meio ao ar expõe suas presas e pula tentando morder o pescoço da coisa que estava tentando balbuciar algo em sua frente, o Cainita estava tomado pela Besta, aquilo era obvio, e nem parecia ter tentado resistir, sua resposta foi imediata e muito violenta.

Bianca continuou recebendo os membros da corte e os levando para a capela. Um belo homem que disse trabalhar para Beatrice se apresentou para receber os convidados e ele possuía uma aura magnética. Ficou imediatamente encantada e curiosa. Depois falaria com ele. Evitou que seu desejo se manifestasse na conexão mental pois sabia como Beatrice era ciumenta com seus brinquedos. Quando criança ela não aprendeu a dividir.
Os Brujahs se apresentaram e um nome especial chamou a atenção de Bianca. Joanna D'arc era famosa entre os humanos. Será que ela era tão fanática quanto os humanos diziam? E o que sempre intrigava Bianca, será que depois da transformação você aprendeu algo? Alguns ali eram a prova de que idade não significava discernimento.

- Bem vindos, sou Bianca de Nice, membro do clã Tremere.

O servo de Beatrice levou Vincent e Natanael para o banheiro onde eles iriam se recompor. Bianca poderia ter feito isso depois do acidente da capela, mas gostava que o sangue no sapato a conectasse com os outros presentes ao mesmo incidente. Quando Vincent saiu do banheiro Emilie se dirigiu a ele e acertou um tapa. Era realmente uma reação esperada por parte de uma Cainita com reações tão humanas. Será que ela se preocupava com a Golconda? De qualquer forma uma agressão no interior da capela não poderia ser ignorada e quando Bianca se preparava para repreende-la foi surpreendida pela discussão entre o Nosferatu e o Brujah.
E lá se foi uma mesa da irmã. Podia sentir o desgosto dela pelo link mental que compartilhavam e não pode deixar de se divertir. Beatrice ainda se apegava a pequenas coisas como móveis. Há anos Bianca tinha apenas um foco em mente e ver a demonstração telepática de Carlent a deixou extasiada. Não sabia que Nosferatus poderiam ter aquele nível de poder mental e sempre ouviu histórias sobre os anciãos. Ficou muito feliz de conhecer um, e com um pouco de inveja de sua irmã Johanna que estava adiantada na sua boa relação com ele. Só que os brujahs são facilmente irritáveis e percebeu que Lampião estava ficando fora de si. Olhando para ele disse enquanto utilizava seu poder mental para erguê-lo:

- Sem agressões dentro da capela - e foi surpreendida pela força de vontade do vampiro ancião. Franzindo o cenho pelo esforço e fazendo um gesto teatral (desnecessário, mas importante para demonstrações de superioridade mágica), levantou o Brujah até onde pudesse se debater inutilmente.

Linda era uma verdadeira dama. Tinha postura, elegância e atitude, fora a voz perfeita. Natanael teve desejos por ela e logo viu o quão grotesco era esse pensamento. Será que ele tinha um gosto duvidoso tal qual os odiosos Toreador Antitribu? Não sabia e nem queria saber...

Ele acena e sorri dando licença para Linda e outra cena chama sua atenção. Emilie ao chão e uma mulher gritando com ela. Vincent estava envolvido e Natanael se aproxima a ponto de ouvir que Emilie tinha agredido ao pintor. Que absurdo! É então que a mulher diz que Claudia era a responsável por aquilo. Natanael ficou se perguntando como ela seria capaz de tal ato, mas sabia que era o grito dela que havia despertado sua Besta. Não teve tempo de pensar nem de agir, ia ajudar Emilie a se levantar mas resolve deixar para o Toreador metido a Brujah fazer isso porque Bianca literalmente ergue o Ancião Brujah no ar em um show de mágica. Linda fica ao lado de Carlent e ambos desafiam aos Brujah. A coisa ficaria muito interessante mesmo e se Natanael fosse mover alguma peça, agora era a hora. Se adianta um pouco, ficando próximo a Linda para mostrar apoio ao Clã Nosferatu e diz:

_Com o perdão da palavra, senhores, sou Natanael Lacerda, cria de Victoria Ash, e hoje represento o Clã Toreador. Na medida em que o senhor Thomas Haulot, um de nossos proeminentes Membros, teve sua vida ameaçada pela atitude do finado senhor Jorge Silva, essa discussão também nos diz respeito. No entanto - olha para Bianca que era a única Tremere que conhecia - sugiro que por essa noite a Capela seja considerada um Elísio e qualquer atitude violenta - olha para Stevie - pode ser considerada não apenas uma quebra das Tradições da Camarilla, mas também um atentado contra o Solo Sagrado. Alguma objeção, senhores?

Olha ao redor. Esperava que os anciões acatassem sua opinião ao verem o poder de Bianca. Se cada um resolvesse usar suas disciplinas ali, seria muito mais perigoso que qualquer coisa que haviam enfrentado até agora.

Natanael estava com as roupas sujas, cabelos desgrenhados e com um braço enfaixado, mas ainda era altivo e sabia se portar. Tinha segurança, afinal, estava em seu habitat natural: o salão e suas intrigas...