Ruas - Zona Sul

O Toreador não pode perceber quem estava jogando mais ali. Se era Vincent ou André. Mas era muito divertido desafiar as pessoas, tanto mortais quanto imortais. O beijo de André não tinha comparação com o beijo do belo e delicioso Natanael. Natanael era como um Deus Grego esculpido em mármore e que talvez Afrodite ou Eros resolvera dar vida por sua exuberância.

Já André passava a sensação de ter o corpo de certa forma apodrecido. A língua que o beijava parecia faltar partes aqui e ali como se vermes tivessem se incrustrado naquele músculo e carcomido várias áreas. Isso não abalou em nada Vincent. Nem nojo, nem luxúria, nem nada. Os dentes do Nosferatu pareciam terem sido cuidadosamente colocados na boca de André. Cuidadosamente colocados em tamanhos diferentes, é claro.

A pele fria do imortal não tinha muita diferença com a pele de Vincent, que era talvez tão ou mais fria que a do Nosferatu. Naquilo eles eram completamente iguais. Mas havia alguma coisa no beijo do Nosferatu que parecia acender algo no íntimo de Vincent e por tal, o Toreador morde a língua de André e toma um pouco de sangue dele. O êxtase da mordida poderia alcançar André. E neste meio tempo o Toreador morde sua própria língua, ainda durante o beijo, e deixa algumas gotas de sangue chegarem até André em meio ao êxtase que ele poderia estar sentindo devido a mordida.

Era um troca. Uma troca muito justa entre os dois no ponto de vista de Vincent. Ao fim do ato, Vincent se acomoda novamente e sorri ao Nosferatu. Parecia contente, interessado.

-Devo confessar que além de me impressionar monsieur Gabrois....

Pega um guardanapo de papel da mesa e limpa o canto de sua boca delicadamente.

-...me causou uma maravilhosa impressão. E já que agora estamos ligados....

O Mestre das Harpias dá um sorriso malicioso e dobra cuidadosamente o guardanapo e o põe na mesa, em cima do croissant que fora apenas tocado.

-....o nomeio uma das Harpias da corte do Rio de Janeiro. Na verdade a primeira Harpia da corte.

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-Sorvido 1 ponto de sangue de André durante o beijo.
-Para não sucumbir ao beijo vampírico e entrar na onda de prazer André tem que passar num teste de FV com dificuldade 8.

O nosferatu foi incapaz de resistir ao êxtase. Não era isso que ele queria, mas também não esperava que Vincent Lyon sorvesse de sua vitae e lhe oferecesse da própria. Ali, talvez estivesse a primeira surpresa que a rosa provocara no rato. O ex-guerrilheiro não limpou a sua boca, deixou que o resto rubi da vitae escorresse por sua face, misturando-se aos fluidos que escorriam de seu corpo podre.

- Ligados para toda a Eternidade, que espero ser longa como o passado que agora ficou para trás, Vincent. - sorria enquanto envolvia novamente o toreador em seus braços e o puxava com força, mas delicadeza, sentando-o em seu corpo asqueroso. - Harpia! - disse pensativo. - Os cainitas do Rio temerão essa língua podre, minha criança.

O Nosferatu pareceu estar em êxtase quando Vincent o morde na língua e sorve o sangue do Rato. Era muito bom ver que um laço entre eles havia sido criado mutuamente.

Viu a vitae escorrendo pela face de André e pegou um guardanapo para limpá-lo. Estavam em público de deixar aquele filete de sangue secar na face do Nosferatu poderia chamar alguma atenção.

Quando André o puxou para seu colo, Vincent não se negou a acomodar-se. Neste momento ele aproveitou para limpar a vitae na face do rato e sorrindo, proferiu:

-E será eterno este laço. Claro que irão tremer.....o escolhi porque percebi seu potencial no momento em que entrou em contato comigo por telefone.

Terminou de limpar a vitae da face de André e então se levantou do colo do homem, proferindo:

-...eu só precisava ter a máxima certeza de que era completamente capaz.

Retornou a sua cadeira e deu uma piscada para o Nosferatu:

-Não queremos chamar muita atenção, não é mesmo?

Olhou em volta e terminou sua fala:

-Deseja mais alguma coisa monsieur Gabrois? Algo para comer, beber? Ou confabular?

Precisava fazer um pequeno teste o mais rápido possível.

O Toreador sai apressado da mansão de seu colega de Clã. Seu carro deslizando pelas ruas debaixo de muita chuva, ele via a cada motorista, a cada motoqueiro, a cada semáforo, a cada esquina aqueles longos cabelos pretos, o seguindo, o vigiando, e ele lembra de uma criança gritando, e presas arrancando a cabeça dela. Sangue esvaindo em cima do cadáver já frio de sua genitora, e sente prazer naquilo, queria mais, queria uma criança pequena como aquela, pequena como Emilie...

Emilie, o som da palavra em sua mente desperta algo que ele não identifica, ele procura no porta-luvas e lá encontra, seu telefone reserva, rapidamente os números aparecem na tela, ele ligava para a Academia, precisava que seus funcionários procurassem o telefone de Emilie, senão iria na casa dela, afinal, sabia o endereço. Como estaria? Seria possível que ele tivesse a atacado também? Como não lembraria? Mas ele não lembrava de muito, e mais de 10 segundos se passam depois que a voz fraca da atendente atinge seus ouvidos.

Então responde, discute rapidamente e por um milagre uma Emilie o havia ligado procurando-o, seria a própria? O anjo que o havia salvado? O anjo que o havia condenado? Ele não saberia a não ser que ligasse, digita os números e não envia a chamada. Uma buzina toca distante, atrás de si, estava parado no farol verde, sai cantando pneu, joga água nos pedestres que esperavam no ponto de ônibus, nada o interessava, não via o mundo, só aquele som era o que escutava, aquele som que chamava, um grito de desespero, tuuuuu, tuuuuu, tuuuu...

- Tudo o que eu poderia querer dessa noite, já consegui. - ele respondeu, fazendo esforço para usar um tom de voz sedutor, mas Vincent Lyon percebia que o nosferatu não estava acostumado a esse tipo de interação social.

O Nosferatu parecia um diamante bruto no quesito trato social. Mas qual era o problema disso? Para Vincent nenhum. Ele apenas visava que a Harpia com seu jeito um pouco mais rústico desse patadas a torto e a direito e quem merecesse. Não no clã da Rosa, é claro, afinal o clã da Rosa seria especialidade de Vincent e ninguém poderia soltar seu veneno nas belas rosas do Rio de Janeiro.

-Hum....confesso que o que imaginei para esta noite foi...

Vincent estende sua mão até tocar a mão do Nosferatu e continua:

-...muito melhor do que eu imaginava.

Parou de acariciar a mão de André e proferiu:

-Sabe aquele favor que me ofereceu? Será que eu já poderia pedir?

Deu uma piscadela para o Nosferatu e olhando para os lados como se não quisesse ser ouvido completa:

-Monsieur conseguiria informações de membros da Torre com facilidade? De qualquer membro?

É claro que sim. Afinal ele era um Nosferatu e informações eram a especialidade do clã.

VIncent sente um toque conhecido em sua mente.

- qualquer membro? - ele respondeu, sorrindo. - Talvez não. Existem nomes que são intocáveis e cujos segredos valem mais do que nossa própria vida, monsier Lyon.

O toreador não sabia, mas podia imaginar de quem Gabrois tratava. O nosferatu não tinha pretensões de correr o risco de se indispor com François Carlent, nem com Linda Wilson. Por que criar intriga com a príncipe era o mesmo que fazê-lo com o ancião.

- Entretanto posso fazê-lo com boa parte da crônica, assim que estiver estabelecido na cidade. Cheguei aqui depois do senhor, em meio ao caos que todos podemos ver. Não vai ser fácil espionar quem quer que seja. Mas o farei.

-Ah não.....os membros que você deve estar pensando não me interessam.

Imaginou que André pudesse estar falando dos anciões e talvez dos membros de seu próprio clã.

-Eu não quero lhe causar problemas....

E acariciou a mão de André novamente.

-...muito obrigado querido Gabrois.

Sentiu o toque de Natanael em sua mente e sua feição não mudara em nada para com André. O Toreador abre sua mente para seu amante e Primógena e deixa a imagem de um laço de sangue surgir na mente do primógeno para fazê-lo saber que o Nosferatu estava laçado a si, mas não mostrara a imagem real do que acontecera. Não queria que Natanael ficasse com ciúmes ou coisa parecida.

-Bem monsieur Gabrois....podemos nos ver de novo na próxima noite? Em um local mais......apropriado?

Passou a língua em seus próprios lábios e deixou um sorriso malicioso nascer em sua bela face. Queria muito experimentar o Nosferatu em sua verdadeira forma.

(Telepatia) "_Interessante, mon amour. Estou intrigado. Mas diga-me, ainda irá demorar? A noite está avançada e devo ir me encontrar com a Príncipe. Posso sair sem que tenha chegado ou quer que te espere? Farei a sua vontade."

O tom era afável.

Enquanto aguardava André respondê-lo, Vincent continua a se comunicar com Natanael.

Vincent mostra a seu amante a imagem de seu celular e esperava que o Toreador entendesse que ele deveria ligar para o pintor o mais brevemente possível.

- Sendo assim, poderemos compartilhar informações, meu caro Vincent. - agora era o momento dele jogar a sua cartada. - Você quer saber sobre os outros, eu tenho interesse em conhecer um pouco a respeito da vida de seus irmãos de clã. Assim nos entendemos extremamente bem, não?

O nosferatu aproximou-se novamente do toreador, acariciando-lhe a face e beijando-lhe ternamente.

- Claro que nos veremos de novo amanhã. Num local mais apropriado. E mais reservado!

Antes de poder ter a resposta de André, Vincent sente o link telepático sendo quebrado. Não se preocupou muito achando que seu amante ligaria em instantes, mas não foi isso que aconteceu no momento. O Nosferatu então lhe dirige a palavra e o Toreador sorri diante do carinho e do beijo no rosto que recebera:

-Compartilhar somente informações? Que lástima....

Um sorriso malicioso nasce na face de Vincent que aguardava a ligação de Natanael que não acontece.

-Deseja então saber dos meus irmãos de clã? Ah..que pena....eles são tão desinteressantes quanto uma poça d´agua turva no meio da rua. Mas se é seu desejo saber deles......com certeza trocaremos informações.

A preocupação diante da demora da ligação de Natanael começa a tomar conta e ele já imagina Natanael fazendo orgias com Guile, Francisca e Bruno. Se Alanis estivesse envolvida no tal bacanal ela seria punida com chicotes e pontas incandescentes de fero em suas nádegas. Iria marcá-la para sempre. Quanto aos irmãos de clã ele tinha outras ideias mais perversas que aquela.

-Nos encontramos amanhã então querido Gabrois.

O pintor pega uma caneta de dentro do paletó e anota seu número de celular no guardanapo de papel e estende para o Nosferatu.

-Aqui está meu número. Entre em contato nas primeiras horas da próxima noite e combinamos um local mais reservado.

Guardou a caneta no bolso d dentro do paletó e retirou a carteira para pagar a conta. Deixou uma nota de cem reais sobre a mesa:

-Devo dizer que foi um imenso prazer conhecê-lo monsieur Gabrois. E deixe que a conta fica sob minha responsabilidade. Tenha uma ótima noite....com sua licença.

Se levantou e passou por trás de André para acariciar a sua nuca. Se aproximou da orelha do Nosferatu e mordiscou-a de leve, deixando o membro da Casa dos Escondidos logo em seguida. Saiu do café seguindo para seu carro. Ganhou as ruas da Zona Sul rapidamente. Desejava chegar na sua casa em menos de dois minutos, mas isso era impossível diante da chuva torrencial que ameaçava inundar o Rio de Janeiro e criar uma nova Atlântida. Nunca vira tanta água cair do céu antes, mas a sua real preocupação era o possível bacanal que incluía seu amante e ainda em sua casa.

Vincent dirige pelas ruas da zona sul com o pensamento da orgia que poderia estar acontecendo em sua residência e o ódio crescendo. Se Natanael estivesse participando de algum ato sexual sem sua presença ele seria empalado e deixado em seu jardim para ver o sol nascer. Os outros seriam estripados e empalados até morrer finalmente depois de décadas.

O trânsito estava terrível por causa da chuva e ele odiou por não ter um helicóptero à sua disposição. Mas lembrando do Elísio queimado logo deixou esta ideia sumir de sua mente. O gps informava mais cinco minutos até sua casa. Ele soltou um sonoro "Tsc!" e ergueu a cabeça para ver o trânsito. Não demoraria cinco minutos.

A ligação de Guille termina e seu carro já quase chegava na academia.

A SUV que levava Eugênio cruza às ruas da zona sul da cidade, chegando rapidamente no endereço combinado.

- Prazeroso ainda não foi - ele respondeu, tentando ser descaradamente e despreparadamente safado. - Até a próxima, Vincent. Espero poder vê-lo, um dia, sem essas roupas molhadas e num ambiente mais aconchegante.

OFF GAME: A Cena deve seguir no tópico do Cobertura na Lagoa - Refúgio Público de Paul G.

A ligação seguiu até que caísse. A chuva era algo que não o animava a seguir até os esgotos e Calebros era seu único contato na cidade. Permaneceria caminhando pelas ruas, até que algo chamasse a atenção do empodrecido nosferatu.

O telefone de Andre sinalizada a chegada de um sms de Calebros...

O nosferatu não conseguiu falar com Calebros, mas assim que encerrou a ligação o aparelho começou a tocar. Na tela, ninguém menos que a príncipe do Rio de Janeiro.

- Boa noite, majestade. André Gabrois, a seu dispor. - atendeu com cortesia. Enquanto falava percebeu que tinha chegado uma SMS, mas não daria pra ler falando com Linda Wilson.

- Estou indo, senhora. Provavelmente consigo chegar até lá em menos de meia hora. - ele respondeu. Aguardou pela resposta dela, mas enquanto isso já se dirigia para o bueiro mais próximo. No fim da chamada, entrou na rede de esgoto seguindo em direção à Central do Brasil.

O Toreador dirigia seu carro pelas ruas e não percebia nada em Bruno. Na verdade ele estava muito silencioso até o momento. A chuva torrencial continuava e não tinha previsão de terminar. Vincent liga o som do carro e coloca uma música clássica.

-Espero que não se incomode...monsieur Modenesi.
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Música tocando no carro.