[CAERN] Clareira Central

Após Kor escutar as palavras de Kathya, retribuir as mesmas condolências para a Presas de Pratas, escuta Ryan dizer para todos o quanto a Vingadores tinha sido foda naquela noite. Kor não esperava menos de uma matilha como aquela. Tinha orgulho da Vingadores. Como já sabia e acreditava no potencial da Vingadores que Ryan estava reforçando em seu discurso, apenas acenou com a cabeça aprovando a fala do Alpha. Não tinha muito o que se dizer. Não via nenhuma matilha que equiparava o poder de combate ao da Vingadores.

" Vingadores é realmente sinistra, meu caro..."

Porém algo incomodava Kor, tinha ido até Henker para cumprimentar o novo garou membro da Vingadores que ainda não havia tido tempo devido as formalidades que estava acontecendo no Caern. Kor tinha esticado a mão para Henker e ainda complementou fazendo comentários de que ficaria para tomar uma cerveja com eles mais tarde para comemorar a atuação da Vingadores naquela noite, mas eis que algo que irrita Kor acontece.

Aquele negão metido a besta, pelo menos agora estava com essa aparência, simplesmente ignorou seu cumprimento e suas palavras. Kor que tinha um sorriso amigável no rosto, se transformou agora em um semblante sério, carrancudo e firme como de quem fosse enfiar a mão na cara dele. Na verdade, sua mão até coçava para dar de fato uma porrada naquela cara lambida. Essa hipótese parecia muito provável agora. Kor abaixou sua mão lentamente sem desfocar os olhos da cara de Henker enquanto cerrava seu punho. Não dizia nada, até porque pouca coisa poderia ser dita a não ser através da pancadaria, mas seus pensamentos borbulhavam.

" A é assim então, seu negão Baitola?! Olha pra mim, seu muleque! Se não vou te dar um bom motivo pra olhar! "

Henker só poderia realmente estar fingindo não ver Kor, já que estava em sua frente, porém sua atenção se desvia quando escuta Hrist perguntando se alguém gostaria de pegar carona com ela, afinal todos estavam dispensados. Kor já tinha uma resposta para aquela pergunta, já que também era de seu interesse saber qual era a conversa que Hrist pretendia ter. Na verdade, estava curioso, e quando pensa em sair dali e responder de uma forma que não tivesse problema, eis que Henker de novo, atravessa seu caminho. Já não era ruim suficiente o desgraçado ter ignorado Kor que foi lá com tanta simpatia e alegria, agora queria tomar seu momento. Era seu momento porque a carona com Hrist seria ideal para ter uma conversa com a Fenrir.

" Tá de sacanagem comigo, neh negão!? Além de me ignorar, quer mexer nas minhas gavetas..."

Seus olhos tinham acompanhado Hrist, mas por mais uma vez, deu outra encarada em Henker. O Fenrir negão responde para Hrist cheio de fuleiragem que aceitaria e vai até próximo a ela dizer isso. A cara de pau desse sujeito era sinistra. Como ele conseguia, Kor não sabia, mas de uma coisa era certa, se aquela situação não terminasse em porrada, seria muita sorte. Estava enfurecido, mas não deixava isso transparecer a ponto de falar besteiras, mas quem olhasse para Kor iria perceber um semblante tão fechado quanto uma noite em eclipse.

" Olha aí o cara! Mal chegou no busão, já quer sentar na janela!"

Ao passo que Hrist respondia Henker que qualquer coisa, e esse qualquer coisa parecia mais um "eu não tenho opção" se encontrariam no estacionamento, mas agora ela tinha e era uma opção de verdade. Kor se aproxima dos dois, e antes que Hrist pudesse se afastar muito, o Senhor das Sombras chama sua atenção. Ela poderia deduzir para que.

- Hrist, espere!

Voltou seu foco para Henker novamente, esticou o dedo em sua cara e dessa vez suas palavras foram totalmente diferente das anteriores. Não poderia apelar com o Fenrir negão já que não tinha motivos suficientes para isso, mas sua indiferença não poderia ser escondida também. Não era um simples lacaio para ser tratado daquela forma. Exigia respeito. E era sábio não entrar na porrada com ele, sendo que ele era mais forte. Inteligência sempre ganha da força, e seria ela que usaria. Disse em um tom tranquilo, porém firme como uma pedra.

- Henker, não sei quais foram seus motivos para me ignorar de uma forma tão estúpida como essa, rapaz! Mas te aconselho a pelo menos me tratar com a mesma educação que te tratei... pelo menos... para que talvez ambos sejamos amigos.

Abaixou sua mão, virou as costas para o negão metido a besta e seguiu até Hrist que não estava muito longe. Ia de encontro a ela. Seu semblante que era sério, ainda continuava sério, então olhou para a Fenrir que estava bem perto agora e disse:

- EU que vou com você... afinal, temos alguns assuntos importantes para conversar, tanto eu quanto você e você não vai precisar esperar alguém menos importante do que eu.

Parou diante de Hrist e a mesma poderia notar a entonação quando se referiu a ele mesmo no começo de sua fala. Aquela carona era dele. Como Henker tinha feito com Kor, Kor fez com ele, ignorou totalmente seus comportamentos ou até mesmo palavras. Iria pagar na mesma moeda. Esboçou no rosto o que parecia ser um princípio de um sorriso de tranquilidade e finalizou.

- Vamos?

Kor que mantinha um semblante sério ainda esperava algumas respostas de Hrist. O interesse pela pressa de ir embora era a conversa que a Fenrir tinha para oferecer que despertava atenção, poderia ser algo importante para alavancar seu poder, sem falar na vontade que estava de chegar logo em casa. Talvez essa fosse a maior. Tinha algumas pendências pra resolver lá também. Henker só serviu como um obstáculo entre esses fatores que foram agravados por sua ignorância e falta de educação, e falta de educação do lugar que veio era coisa séria, tão séria quanto as formalidades políticas. Você ignorar um cumprimento simples é uma coisa, ignorar um cumprimento simpático convidativo repleto cheio de palavras e comentário para que fique uma boa primeira impressão é totalmente outra.

Pensava sobre seus valores próprios, sobre sua vida e como seria punido se algo daquela forma acontecesse se fosse ele, quando Henker se põe no meio dos dois, de frente pro Kor, segurando sua mão que tinha apontado o dedo na cara dele. Henker colocava força suficiente em sua mão para que sentisse um desconforto enquanto tentava apresentar uma personalidade mortífera ou maligna, como já era de se esperar de um Fenrir metido a besta como ele que sempre achava que tinha a razão, mesmo quando estava errado. Kor não mostrou nenhuma reação de início. Apenas olhava sério para o Fenrir da mesma forma que ele o olhava fazendo caras e bocas pagando de valentão. Já sabia que depois do que tinha dito ele não iria deixar barato, por isso não se assustou nem um pouco com sua atitude. Talvez deveria por causa do seu tamanho, da sua força, da sua hostilidade, mas Kor sabia que ele era grande mas não era dois e muitas vezes a inteligência era superior a força.

Pacientemente, apesar de ainda portar muita seriedade, aguardou até que Henker terminava aquele discurso fajuto com a intenção de por medo. Era perceptível que o Fenrir era idiota o suficiente pra saber que aquilo não colava tão facilmente enquanto não fosse demonstrado em atos ou atitudes. Ingrid, que é uma mulher, dava muito mais medo do que Henker. Para Kor, ele era simplesmente um Fenrir que tinha acabado de sair da casca do ovo que se achava o galo preto do cu branco. Em alguns momentos de sua fala tinha que se segurar enormemente para não partir pra violência. Poderia até apanhar, mas pouco importava isso. Contou até dez quando seu sangue ferveu para que não fizesse uma besteira dentro do Caern.

" 1...2...3...4...5...6...7...8...9...e...10..."

Não seria como ele. Kor tinha visto que tinha perdido a razão no momento em que se baixou ao nível dele, por isso se recompôs, respirou fundo, colocou suas emoções de lado onde não afetasse seu ego novamente, deixou sua inteligência fluir e usou a razão em primeiro lugar.

Antes de responder ao que Henker havia vomitado pela boca então, Kor que até então tinha sua mão pressionada por uma força considerável, agiu da mesma forma. Discretamente apertou a mão de Henker como se aquele fosse um aperto de mão de um macho de verdade. Claro que o Fenrir tinha muito mais força, mas Kor colocou força suficiente para que parecesse com a dele. Olhou para Henker e disse:

- É um prazer te conhecer, HENKER Von Fenrirsuflr. - disse sério e em um tom tão baixo quanto o de Henker - Se você escutou somente o seu nome que pronunciei errado por causa de seu desconhecimento, é um bom sinal de que você nem se quer fez questão de prestar atenção em um irmão novo seu de matilha que estava na sua frente entusiasmado te dando as boas vindas. Você foi rude primeiro me ignorando de propósito. O recém-chegado aqui é você. Não gosto de ameaças e só estou seguindo seu exemplo, meu irmão...

Kor ao final de sua fala, que seguia em um tom de voz baixo sem alarde, esboçou um pequeno, muito pequeno sorriso. A cara de pau de Kor era incrível, e precisava ser cara de pau pra situação não sair fora do controle naquele momento. Seria ruim pros dois, mas ainda sim Kor tinha uma justificativa para aquilo acontecer. Continuou agora em um tom mais tranquilo mostrando que não se sujeitaria ser tão baixo e ignorante quanto Henker.

- A Vingadores é uma matilha unida, ela é sinistra. Ela é boa do jeito que está. Não seja o primeiro a disseminar a desunião aqui... Para sobrevivermos nas batalhas é preciso confiar cegamente em cada irmão que luta ao seu lado... Como vou poder confiar em alguém que, sem ao menos conhecer, já me trata com desprezo e arrogância logo de cara?

Kor não pretendia levar a diante essa discussão. Talvez outra hora em um lugar menos público. Teria essa conversa mais precisa depois no ponto de encontro, mas não ali. Ali era exposição de mais, por isso tratou logo de passar um pano nisso e encerrar aquela cena que o Fenrir tava louco pra fazer uma graça. Kor dava um boi pra não entrar numa briga, mas se de tudo fosse preciso, dava uma boiada pra não sair. Desvencilhou sua mão da do Henker, olhou para os lados como se tivesse algo mais importante para fazer do que aquilo e então finalizou o que tinha para se falar no mesmo tom de voz.

- Se não se importa, tenho coisas mais importantes para resolver agora. Teremos tempo de trocar experiências históricas a hora que você quiser depois, ainda hoje se preferir... já que está com vontade de contar sobre seu passado...

Dito isso Kor aguarda uma resposta de Henker enquanto já procurava Ryan com os olhos pra avisar que já estaria indo pro ponto de encontro. A intenção de pegar a carona com Hrist era pra facilitar uma conversa amigável, mas se Henker insistia tanto com ela, que ficasse então. Isso não importava agora. Precisaria de Hrist ao seu lado para que seus planos dessem certo. Iria conversar com ela mais cedo ou mais tarde. Ainda faltava a resposta dela também e isso poderia mudar tudo.

O frango começa a cacareja, e começa a fazer força tentando se igualar, e o garou imediatamente começa a desfazer a carranca por um princípio de riso debochado ante a tentativa patética, mas então ele consegue se desvencilhar, e aquilo foi até bem impressionante, e o ahroun não consegue deixar de olhar para a mão do mesmo.

*Vai lá, massageia a mão, eu sei q vc quer, eu sei que tá doendo.*

Ele simplesmente não conseguia se concentrar nas palavras do galliard a sua frente porque era mais divertido ponderar quanto tempo ele aguentaria sem demonstrar dor, e ele começava a fazer apostas consigo mesmo de que em breve ele iria usar algum artificio para lamber a ferida e praticamente torcia.

*vai... vai... vai...!!!*

E enquanto o mesmo termina de falar, notadamente aguardando uma resposta, e o negão alí, olhando para a mão com o prenúncio de uma risada, a sua fêmea cisma em se intrometer.

O tom alto e estridente, comum às fêmeas inicialmente incomoda o ahroun, mas o que mais o enfada era o tom autoritário.

*Eu ainda nem montei essa aí e ela já ta achando que pode me mandar?*

A atitude do garou é cruzar os braços e fazer uma cara de: 'ahn.. e aí!?' enquanto ela decidia que iria ditar os termos de como machos deveria agir. Ou melhor, uma vez que o Senhor das Sombras, como era de se esperar, arregara, a sua forseti queria definir como o único macho naquela equação deveria se portar ante uma ofensa declarada.

- Forseti...! Eu posso entender que para o seu gênero, uma conversa entre homens possa parecer demasiadamente pesada e complexa, eu compreendo isso. Mas como eu disse para o Galliard aqui, essa noite é de celebração pois ele foi bem visto, e, de mais a mais, eu estava dizendo à ele quem eu sou.

Ele faz uma pausa, como que se o ato de explicar aquilo lhe entediasse ao extremo.

- Assim sendo, eu acho um despropósito você falar sobre briga. Eu não brigo, nem faço ameaças, e muito menos recebo ordens destituídas de razões.

Ele aponta para ele e para Kor.

- O que aconteceu aqui, é coisa de macho, é coisa de lobo, e é coisa de homem. Eu não me lembro de ensinar julgamentos, justamente porque não gosto de ser ensinado como agir como homem e como guerreiro.

O olhar do garou, pairava do condescendente ao didático, e finalmente para o enfadado.

- Mas se você insiste em fazer manifesto, o que até então estava reservado, ok, mas não espere que eu faça parte disso. Não quer que eu vá contigo, ok, mas não venha querendo me ditar o que fazer.

Do princípio ao fim, o tom de voz do garou era contido, no mesmo tom em que ele falara com Kor, não via motivos para expor-se desnecessariamente, e ficara intrigado quando notara que não fora tão discreto como pensara e a Cria de Fenris interrompeu seu 'diálogo' dando a entender que ouvira tudo, mas não havia problemas, desde que a situação pudesse ser contornada e aquela sandice de forçá-lo a uma ação indesejada cessasse.

Olha então para Kor e fala, com a cara de total indignação e reprovação enquanto levanta as mãos em um gesto que seguia a frase:

- Viu o que você fez!?

Kor pretendia sair daquela situação sem causar muito estrago em sua moral, mas talvez seria um pouco tarde pra isso. Ao terminar de dizer suas palavras pro brutamontes metido a besta com cérebro de merda, chega Hrist no meio dos dois praticamente roxa de raiva. Pelo menos era o que sua expressão aparentava. Por um momento ficou perdido analisando porque ela estaria tão brava. Na verdade, tinha se entretido demais trocando farpas com Henker que por um momento esquecera o motivo dela estar ali.

Olhou para Hrist observando que a mesma segurava seu martelo. Se lembrou da cena com Joshua. Sabia que a Fenrir quando avisava, era só uma vez, por isso não ousou discutir com ela. A paciência dela era curta com situações como aquela. A juíza deu um grito mandando parar com aquela putaria, uma putaria que até agora na concepção de Kor estava sendo bem formal. Na verdade, quem estava começando o barraco todo era ela com esse princípio de gritaria. Não conhecia esse lado, talvez fosse um pouco difícil admitir já que a conhecia tão pouco, mas chegou à conclusão de que Hrist era barraqueira. Escutou a mesma passar as ordens do que era pra ser feito seguido de um olhar assassino, porém ao final de sua fala quando ela disse que os dois (Henker e Kor) iriam de táxi, foi como se tivesse dado um tapa em sua cara.

No mesmo momento Kor deixou escapar um semblante misturado de incredulidade, dúvida, indignação, negação, raiva etc. Definitivamente não gostou daquilo. Não iria com ele de táxi de jeito nenhum, nem que tivesse que sair na porrada com os dois ali mesmo, mas também soube que se contrariasse a Juíza naquele estado iria levar uma martelada na fuça, por isso não disse nada. Ficou na sua digerindo a situação. Preferia ir a pé pra casa. Ir de táxi com aquele negão metido a sabichão definitivamente não era o melhor modo de apaziguar a situação, se era isso que ela estava tentando fazer.

Para completar aquela doideira, a Juíza então resolve chamar Arthur pra ir com ela. Não entendeu muito bem o porque dessa atitude, o Fianna nem estava cotado nessa disputa por essa posição máscula. Estava parecendo que Hrist tinha que levar alguém em sua garupa pra ser encoxada ou então não ficaria contente. Deixou isso de lado, esse não era seu foco, não poderia criar problemas com outra Fenrir.

Eis então que o Negão cruza os braços com uma cara de quem parece gostar de dar ré no quibe e começa a se justificar e se explicar que nem uma gazela perdida no deserto do Saara. Ainda teve a audácia de dizer basicamente que Hrist na posição que estava não tinha o direito de lhe dar ordens. Resumidamente, foi isso. Queria impor seu poder sobre a Juíza só porque se dizia um "machão" e se fazia de vítima da história. Só faltou chorar dizendo que não tinha feito nada. Kor sacou a jogada, iria usar isso contra ele. Pretendia não levar uma martelada, mas iria fazer com que ele levasse. Pelo menos iria tentar. Ele merecia uma bem dada pra desmaiar. Escuta o que Henker diz entre apontamentos de dedos e mentiras, e então seu semblante muda mais uma vez. Ficou sério e carrancudo. Era incrível como ele conseguia tirar Kor do sério. Já pensava na possibilidade de enfiar a mão na cara dele. Era uma bem provável. Tinha que admitir que ele sabia ser uma ótima mocinha quando o assunto era manipular os fatos.

" Vai chorar é? Tá mais pra um Negão Kiwi, cascudo por fora e uma fruta por dentro... se apertar mais um pouquinho, espana... certeza..."

Quando então Henker finalmente terminou mais uma vez de vomitar um monte de merda pela boca, o cara de pau ainda olha para Kor meio que perguntando o que ele tinha feito. Aquela pergunta não tinha sido de graça. O desgraçado tava querendo o incriminar. Cerrou bem os olhos para Henker como se aquele fosse um aviso do tipo "esse jogo eu sei jogar".

" A é seu viado... é assim então!? É na piranhagem!? É na covardia, neh!? Beleza!..."

Era hora de agir. Iria jogar como ele estava jogando. Deixou cair por terra todo aquele semblante sério, raivoso, carrancudo e encarnou um totalmente tranquilo com um aspecto de não se importar com absolutamente nada, pelo menos não aparentemente. Mas por dentro tava se corroendo de raiva, mas não demonstrou. Colocou as mãos nos bolsos e então disse olhando para Henker com uma cara de despreocupação.

- Henker, meu irmão... Cuidado com suas palavras. Você deveria ter mais respeito e menos audácia para com a Juíza da nossa matilha. Não é porque você se considera erroneamente o mais másculo de todos aqui que têm poder para ultrajar as ordens dela...

Fez uma pausa enquanto fazia uma cara de decepção balançando a cabeça negativamente como se reprovasse aquela atitude.

- Entenda uma coisa, você não está acima de ninguém. Aqui todos são iguais, querendo você ou não. Seja um pouco mais humilde, para o seu próprio bem, lobo...

Dito isso Kor que mantinha um semblante de desaprovação no rosto, normaliza sua expressão. Vira-se para Hrist ao seu lado e sem firulas diz, como que já não suportava mais aquele chororô.

- Hrist, por mim tudo bem, eu só quero ir embora logo pra casa. Quem tá causando problemas aqui é ele. Você mesma tá vendo com seus próprios olhos...

Pretendia mostrar para ela de forma simples que não pretendia causar problemas ali, que o causador era ele. Pelo menos sua intenção em suas palavras era essa, o que era a mais pura verdade. O negão era audacioso demais e não tinha amor aos dentes. Agora só restava esperar que a Juíza tivesse a sensatez de julgar quem estava sendo o causador daquele turbilhão de problemas.

Kor tinha acabado de voltar sua atenção para Hrist respondendo o que havia perguntado, quando Henker, o imbecil metido a besta que se achava o pica das galáxias, começa a rir descontroladamente. Kor olha para Henker com uma cara do tipo "cara, você tem problemas sérios" e simplesmente encara o Fenrir assistindo aquele teatrinho fajuto de quem achava que tinha sido experiente um dia. Se mantinha sério. Se aquilo tinha graça pro Fenrir, não sabia qual era e também não pretendia saber. Pra um idiota, tudo é engraçado. Kor não pensava dessa forma, levava a vida com plenitude até ali.

De repente, observa um movimento muito duvidoso vindo do Fenrir, que o abraçava e segurava pelo os ombros enquanto falava. Kor mais uma vez cerrou o olho e viu o momento ficar crítico novamente. Sabia que provavelmente Henker gostava de abraçar homens, mas ao contrário do que ele gostava, Kor preferia abraçar mulheres. Aquele movimento que Henker tinha feito, para Kor só ficou mais claro o quanto ele tentava disfarçar sua homossexualidade pagando de "machão". Desvencilhou-se imediatamente daquele abraço grotesco voltando a forma que estava antes. Não ia ser de maneira alguma cúmplice daquela... viadagem.

De frente para ele, escutava o que ele dizia sem simplesmente se importar. Não tinha porque dar ouvidos àquele monte de baboseira que saia da boca do Fenrir. Era apenas palavras sem sentido que procuravam um sentido alheio da coisa. Talvez faltasse maturidade e massa cinzenta em meio aqueles músculos de seu corpo, o que era normal pra um garou como ele. Ficou claro que a burrice e força bruta eram seus valores. Cansado então, em um movimento sutil com uma expressão de que aquela brincadeira já tinha perdido a graça, Kor levanta sua mão esquerda fazendo um gesto de desprezo comum do tipo "fala aqui com minha mão".

Ao passo que demonstrava o gesto, com um semblante de que nada daquilo que estava dizendo importava para ele, disse de forma simples e desprezível:

- Beleza, Henker... fala aqui com minha mão.

Antes que Henker terminasse sua fala, Kor praticamente ignorou tudo que o Fenrir sem miolos disse. Ao final, vendo que o mesmo tinha estendido sua mão para cumprimento, Kor fez o mesmo. Cumprimentou sem delongas como quem já estivesse farto daquilo tudo e então voltou suas mãos para seu bolso em um movimento totalmente displicente.

Foi aí então que Hrist, a Juíza, entrou no meio da conversa expondo seus pensamentos meio que chamando atenção e elogiando Kor pelo que tinha sido. Quando fez isso, acenou com a cabeça para a Fenrir demonstrando gratidão. Escutou atentamente tudo que lhe dizia respeito. Entendia o significado de suas palavras e concordava gradativamente, ao passo que também a opção de discorda-las só iria trazer mais problemas, o que era nada inteligente.

Quando achou que as palavras da Juíza ia ficar por isso mesmo, eis que a mesma detona Henker. Aquela frase fazia sentido agora. Quem ri por último, ri muito melhor. Kor abre um largo sorriso em seu rosto ao ver a comida de rabo que o Fenrir metido a besta leva de outra Fenrir fêmea que tinha poder sobre ele. Talvez uma martelada de Hriste teria doido menos do que essa chamada de atenção expondo-o ao ridículo para todos. Nada diz, apenas degusta esse momento de satisfação vendo o negão metido a besta prestes a colocar o rabinho entre as pernas e chorar feito uma menininha sem a sua mamadeira. Quando Hrist finalizou o sermão, Kor olhou para Henker e em um tom bem baixinho para que talvez ele pudesse somente fazer uma leitura labial do que disse, falou:

- c-h-u-p-a!

Ainda com um largo sorriso no rosto, ouviu por final Hrist novamente oferecendo a carona. Vendo novamente que aquele seria uma ótima oportunidade de demonstrar sua influência ali dentro, virou-se para Hrist e disse agora com mais educação e polidez:

- Hrist, se não se importa, eu gostaria de ir com você para resolver esse assunto que temos que tratar. Quanto antes, melhor. Tenho outras pendências para organizar.

Dito isso, Kor aguardava uma resposta de ambos. Por ele, essa discussão já havia sido encerrada da melhor maneira possível: expondo o Fenrir metido a besta ao ridículo. Era o suficiente por enquanto.