[CAERN] Cemitério

Kiba não comenta nada. Apenas fica em silencio esperando que a dupla terminasse de conversar.

Vendo que a cerimonia havia acabado deixando apenas a tensão no ar, o Theurge se lembra de Cabelinho e do corpo que carregava. Dimas, que era um Theurge gente boa, poderia ter sido um companheiro de barril. O grandão então se aproxima de Cabelinho e fala, pegando metade do peso de Dimas.

"- Vamos Cabelinho, preparar o Dimas pro Kor poder começar a Cerimonia."

Ao receber a resposta de Severino ela assume sua forma racial e então olha para Danniel e Steven assentindo com a cabeça, como quem confirmava as palavras do Ahroun que chegava. Dessa maneira, a negra de longos vestidos amarelos floridos fica esperando a resposta do Alfa para poderem proceder para a gruta e também com a apresentação do novato.

Pelo visto tudo ia acabar bem. Apesar do clima tenso e da desconfiança generalizada, os Garou iam desarmando seus espíritos diante do novato. Faltava o Alfa se manifestar.

Seguindo Nymmeria e a comitiva, assim intitulada por Sombra de Loki, Titãs, ela chega no cemitério. Muda para a forma Crinos para honrar a cerimônia ali presente e faz o máximo possível para não atrapalhar e não ser percebida. Talvez por ser uma impura ela sempre tentara fazer este tipo de coisa antes e agora isso estava tão arraigado nela que o fazia sem nem perceber.

Estrela Cadente ouve as palavras de uma garou que se apresenta como Ubuntu, Philodox dos Peregrinos silenciosos. O nome da garou é muito interessante e faz com que Yasmine ganhe certo interesse nela. Talvez conversaria com a mulher depois. As palavras dela são bonitas, cheias de dor e ao mesmo tempo falava das glórias e feitos dos garous caídos. Yasmine já tinha visto isso diversas, inúmeras vezes. E no Caern do Rio de Janeiro já era a segunda vez.

Olhou para as covas e depois olhou para sua atual matilha, a Titãs e imaginava quanto tempo eles durariam ainda. A vida de um garou era completamente efêmera e poderia terminar a qualquer momento como a chuva que cessara de repente há algum tempo. Vida longa aos garous não era uma virtude, e quando acontecia era um presente raríssimo na opinião de Yasmine.

Permaneceu quieta enquanto ouvia os relatos da cerimônia e não se abalou. Passara por aquilo tantas vezes na vida que já não tinha tantos sentimentos assim, ainda mais por garous que ela nem conhecia. Sabia que era uma perda grande para Gaia, mas isso não era inevitável.

Um sorriso nasceu na face de Yasmine que permanecia calma e diante das palavras de Coração Sábio e do Dom Borboletas de Papel ela sente sua calma aumentar ainda mais. Era assim que um Portador tinha que se portar e ela imaginava que estava fazendo muito bem este papel. Yasmine viu que Pantaneiro se aproximou dos dois Portadores do caern e resolveu ficar apenas observando. Desta vez não faria parte da comitiva Titãs para que Sombra de Loki não lançasse mais piadas a respeito da matilha.

Yasmine observava e uiva uma segunda vez em respeito aos mortos. A cerimônia aos mortos termina e Yasmine deixa a forma Crinos. Era possível perceber que outra cerimônia aos mortos seria feita em breve e ela realmente não queria participar mais de nenhuma. Já bastava a contagem de mortos por uma noite para ela. Draven deixa a matilha para falar com Pantaneiro e se juntar aos dois Portadores.

Percebeu o olhar de Pantaneiro na direção dela e de Hal. Mas permaneceu em seu lugar, não queria criar um grupo muito grande e chamar a atenção, principalmente de Sombra de Loki. Hal então segue para se juntar a Pantaneiro e Draven. Yasmine ainda permanece em seu lugar.

Os dois Portadores deixam o cemitério e Yasmine sabia que era sua hora de seguir seus irmãos de tribo. Ela olha para Nymmeria e os outros membros de sua matilha e os segue para os alojamentos, não sem antes dizer:

-Com licença...

E parte na direção dos alojamentos.

Próximo post – Alojamentos

Cabelinho permanecia ali, segurando Dimas enquanto Ubuntu fazia a cerimônia para os mortos da Arautos do Trovão. Logo seria a Esquadrão que o faria. A dor excruciante que sentia em todo seu corpo continuava a atingir seu corpo. Ele se sentia como um animal preso em uma armadilha que apertava cada vez mais forte e os dentes da armadilha se fechavam em sua carne, fazendo doer mais e mais.

O peso do corpo de Dimas em seus braços começava a mudar. Antes era uns cinquenta quilos, agora parecia que o corpo do Theurge falecido tinha quase duzentos. Perguntava-se quanto tempo ele conseguiria segurar Dimas em seus braços ainda. Mudou para Crinos quando pensou nisso e percebeu que o peso diminuíra um pouco, mas não tanto quanto gostaria.

No momento do uivo em respeito aos mortos da Arautos, Cabelinho uivara, mas não com a força que desejava. O uivo tinha respeito, mas a garganta de Cabelinho queimava em fogo. Talvez um filhote do Dragão de Fogo enfrentado no Lixão estivesse alojado dentro de seu corpo, queimando seu interior na ânsia de ganhar o ambiente exterior.

Os relatos seguintes a respeito dos mortos faz com que Cabelinho encha seus olhos de lágrimas pro perceber que falaria enquanto chorava pelos seus amigos mortos. Principalmente Dimas. Jurava por dentro que não deveria chorar, mas já o estava fazendo em Crinos, quem dirá quando fosse falar na frente de todo mundo, isso se conseguisse falar. O relato mais comovente que ele ouvira fora o de Invocador.

Baixou a cabeça para esconder suas lágrimas enquanto a cerimônia continuava. As palavras de Tyrion também tocam profundamente Cabelinho. Alguma coisa parecia ter acontecido, porque ele iria para o tribunal acusar alguém da morte dos garous. Mas a culpa não era da Wyrm? Cabelinho não entendeu direito aquilo, mas permaneceu quieto.

Cabelinho adorou as palavras de todos e especialmente as borboletas que apareceram de repente para ganhar o céu noturno. Aquilo foi realmente algo que também tocou o Ragabash ferido. Os Portadores pareciam ser bem calmos e sabiam uns truques legais. Kiba deixa o lado de Cabelinho para seguir na direção de outro garou. Paulo apenas observa. Esquecido segue Kiba logo depois falando com Kor antes de deixar a matilha e Cabelinho se perguntava:

”Como ele vai honrar os mortos da matilha se estava a maior parte dando uma de bela adormecida ou correndo com o rabo entre as pernas? Cala a aboca Cabelinho que isso não é da sua conta....”

Olhou para Kor por alguns instantes sem nenhuma expressão na sua feia cara de Crinos, não que ele fosse bonito em hominídeo, mas era um pouquinho menos feio. Hrist parecia meio abalado pela morte de um parente e Cabelinho entendia isso perfeitamente pois ele próprio estava abalado pela morte de Dimas que nem era da sua família mas era quem ele se apegara muito. Família? Cabelinho nem sabia direito o que era isso, mas tinha a Esquadrão como a sua e era tudo que ele tinha mesmo. Mais uma vez ele uiva ao pedido de um outro garou (Danniel), mas de novo seu uivo sai fraco devido aos seus inúmeros ferimentos.

Um garou avisa que na outra noite teria uma assembleia. Cabelinho nem sabia o que era isso e achou que fosse tipo as igrejas assembleia de deus, mas achava que ali seria assembleia de Gaia ou coisa parecida. Hrist retorna para a matilha e Cabelinho sente que ela estava bem mal. O clima no cemitério era horrível.

Philip então fala com Cabelinho. O ragabash estava em Crinos ainda para poder aguentar melhor suas feridas e quando o Theurge de dois metros de altura o ajuda com o corpo de Dimas, ele responde:

-Obrigado Drink.....obrigado mesmo.

Olhou para os outros membros da Esquadrão esperando ser seguido por eles.

Assim que chegam próximo das covas, Tolerãncia Zero se dirige à Cabelinho. Diante do comentário da Philodox, o Ragabash diz:

-Eu fiz questão de trazer o corpo de Dimas, Tolerância Zero. Peço desculpas se isso atrapalhou alguma coisa.

Cabelinho percebeu a cova vazia do lado da de Dimas e colocaria as cinzas de Dereck que fora fulminado no túnel de prata e que ele tinha guardado num pote de palmito. Mas antes disso ele perguntaria à Tolerância Zero se poderia fazê-lo.

-Obrigado Drink no Abismo pela ajuda. Acho que posso colocá-lo sozinho dentro da cova.

Cabelinho se ajoelha ao lado da cova destinada à Dimas e repousa o corpo do Theurge morto como se ele fosse um vaso de porcelana muito frágil. O tempo que ele leva para baixar o corpo de Dimas na cova é bem grande, como se ele estivesse se desfazendo de uma parte de si, como se estivesse cortando seu próprio braço para ser enterrado. Quando o corpo de Dimas estava dentro da cova, ele se iria se dirigir à Tolerância Zero, já abrindo sua mochila e retirando o pote de palmito de dentro, com as cinzas de Dereck, mas a Philodox havia saído. Então ele se vira para Philip e diz:

-Drink no Abismo....posso lançar as cinzas de Cracker na cova vazia do lado de Guardião dos Segredos?

Ele segurava o pote de palmito cheio de cinzas que pertenciam ao corpo de Dereck e olhava para Drink no Abismo. A voz de lamentação de Cabelinho era gritante.

Amanda olhava para o mais novo membro da matilha e só desvia o olhar quando Steven os chama para irem a gruta.
A Andarilha concorda com um aceno de cabeça e diz para o Uktena:

- Seja bem vindo... Amanda Ross, mas pode me chamar de Boom... Ragabash dos Andarilhos do Asfalto.

Era o mais simpatica que podia ser na situação em que estava. Conforme começavam a andar a Ragabash pode notar os olhares feios na direção da matilha. Tanta antipatia já lhe dava ideias do nome de sua proxima bomba.

Off:

Segue para o topico Gruta

Philip escuta as palavras de Tolerância-Zero e concorda, mas Dimas era amigo pessoal de Cabelinho e ele entendia o lado do Garou. Dando uma distância respeitosa ele deixa com que o Roedor entregue o corpo de Dimas a terra de Gaia. Quando no entanto o jovem Garou lhe pergunta sobre as cinzas, Philip responde.

"- Cinzas são livres para voar, mais do que corpos, por mais que elas retornem à terra também, elas podem viajar antes. Eu sugiro que coloque um pouco das cinzas com o companheiro de matilha. E disperse pelo ar o resto quando Sopro-da-Tempestade estiver em meio ao Ritual. Faça essa homenagem aos nossos companheiros. É só uma sugestão, tu que decide piá."

O grandão sorria o mais simpático que conseguia, mas tinha menos carisma que a Philodox tinha tolerância.

Solenemente e apenas simpática o suficiente a Philodox se apresenta.

"- Aman Ubuntu, Philodox dos Peregrinos Silenciosos."

Não era uma apresentação completa, mas bastava naquele momento. Ela segue Steven esperando que John saisse logo de sua catotonia e os seguisse.

Cabelinho ouve as palavras de Drink e só por ele ser Theurge e ser gente boa, apesar de ter uma cara carrancuda, ele aceita as palavras do meio gigante.

-Tem razão. Vou fazer isso....acho que o Cracker ia gostar disso....voar por aí como um pássaro até encontrar um bom lugar para descansar.

Seus ferimentos gritavam dentro de seu corpo, mas mesmo assim ele abre o pote de palmito, joga um pouco das cinzas de Dereck dentro da cova que seria a dele e guarda um pouco para a cerimônia que seria feita por Kor. Tampa o pote de palmito e fica em silêncio observando as duas covas dos dois garous de sua matilha que tinham falecido. Sentia um pesar muito grande pela perda deles e uma felicidade pelos outros membros estarem vivos. Era um misto de sentimentos estranho.

Agora que o Theurge repara que Cabelinho estava muito ferido ainda, então ele fala para o Garou batendo a mão nos ombros altos no momento pela forma Crinos do Ragabash.

"- Brother, to sem Gnose agora pra te curar. Foi mal. Mas assim que a cerimonia acabar vou meditar ou barganhar com algum espírito por um pouco e dai posso te curar e os outros da matilha, que estão mal ainda."

O grandão dá um meio sorriso e indica com a cabeça para eles se juntarem a matilha novamente.

Havia sido uma cerimônia grandiosa, o que não era algo positivo, se tratando de uma Cerimônia pelos Falecidos. Discursos do líder da seita, de representantes tribais. Garous importante deveriam ter tombado para haver uma reunião daquele porte. Chama sua atenção o que o Portador da Luz faz com as borboletas, deixando a Galliard encantada pela beleza melancólcia daquele momento.

Sente um pouco de alívio em saber que a Assembléia seria adiada. Isso daria tempo para ela descansar e se recompor, mas mesmo a mini-assembleia de Renome exigiria da Galliard, que teria que pensar bem em suas palavras.
Não tanto quando os envolvidos no Julgamento, que a deixava arrepiada só de imaginar.

Junta-se aos uivos quando necessário, e depois que a cerimônia termina, volta à sua forma racial. Observa Pantaneiro, Hal, Yasmine e Draven se juntarem aos outros Portadores da Luz e saírem do Cemitério, mas fica, esperando a próxima Cerimônia.

* Julian apenas mantem o cumprimento sabendo que estava diante de um cara que eventualmente poderia ter chamado de amigo fossem as circunstancias diferentes, fosse o ódio familiar menor.. De qualquer forma, acena positivamente uma única vez e responde ao presas de prata: *

- Podecrer, é isso memo.. mas mesmo correno junto hoje nois pago um preço alto pra mandar a Wyrm de volta pra porra do inferno.

* Novamente Esquecido pensa em quantos bons Garous haviam tombado naquela noite e novamente conclui que o preço estava muito alem do aceitável. Complementa com pesar: *

- Então vamo lá despidir dos nosso parça? Eles merecem isso e acho que ja ta tudo meio ajeitado. Se cês num se importarem a Esquadrão queria conduzir a cerimônia..

Cega, a Ahroun não tinha muito o que fazer. Mayra se mantém na mesma posição que estava, aguardando que a cerimônia de sua matilha tivesse início. Estava cansada, queria descansar, mas sabia que ainda tinha uma longa leva de formalidades pela frente.

Sua matilha inteira tinha ido falar com os Portadores da Luz Interior, e até agora os dois que tinham se afastado, a Theurge e o Ragabash não haviam voltado, ou não tinham ido para o cemitério, o que sobra apenas Nymmeria da matilha ali, assistindo a Cerimônia Pelos Falecidos.

O Senhor das Sombras se aproxima.

"- Noite ruim pra Gaia... Muitos Garous caídos... Ao menos alcançamos algumas vitórias pelo que soube."

Depois de falar com Cabelinho, o grandão apenas segue para junto de sua matilha, queria poder logo recuperar sua Gnose e ajudar seus companheiros, agora que percebe que muitos ainda estão feridos. E além disso, ainda precisava convencer o Lobo a ajudar Mayra. Seria uma longa noite, e subsequente manhã.

* Apos ouvir a resposta de Falcao-Vingador Julian simplesmente acena positivamente com a cabeça indicando que iria dar inicio aos ritos. Sem ter muito mais o que dizer simplesmente da um tapa amigável no ombro de Kiba e comenta com o Ahroun: *

- Vamo lá, brodi..

* Se afasta de Remly para se juntar novamente com a Esquadrão da Fúria e comenta com seus pares: *

- Já tá tudo pronto e agora é nossa veiz. Kor, faz essa, a cerimonia é contigo.

* E tendo liberado o inicio dos trabalhos apenas aguarda que o Senhor das Sombras proceda com a despedidas aos caídos naquela noite agourenta. *

O Presa de Prata fica em silencio ouvindo a conversa de Julian e Renly. Quando o Roedor de Ossos lhe da um tapinha no ombro o Ahroun sorri diante do gesto:

- Bora lá...

Assim que Julian começa a caminhar em direção a matilha Kiba olha na direção de Renly e o cumprimenta com um aceno de cabeça. Ainda queria falar com o Ahroun, mas a cerimônia de sua matilha era mais importante naquele momento.

Kiba se junta a Esquadrão, ficando próximo a Julian e agora esperava que Kor começasse a cerimônia.