Ruas - Zona Oeste

 Os olhos da lunática se arregalaram. Nenhuma resposta, nem uma voz, mesmo que inaudível. E isso era engraçado. Por que era realmente um silêncio absoluto, daqueles que experimentara poucas vezes desde que deixou de ser mortal para entrar no mundo da escuridão eterna. Por alguns instantes ela se esqueceu de Vincent e Natanael. Se esqueceu que estava em um carro que se movimentava pela estrada. Não durou muito, entretanto, o esquecimento. Vincent lhe perguntou algo.

Ela respondeu com um aceno de cabeça. Mas ele mudou no meio do caminho. Era positivo. Depois se tornou negativo. E, assim, falou.

- Estamos sendo seguidos. - enquanto falava ela se levantou sobre o banco, ficou de pé olhando pelo vidro de trás do carro. Ela parecia assustada. Ao ver o veículo cessando seu movimento ela ficou um pouco mais alarmada. Olhava de um lado para o outro, com pequenos movimentos do pescoço.

Guille sorri quando o Brujah fala que os Toreador não eram machos, de fato era algo que o Toreador pessoalmente concordava, mas ele sabia lidar com as rosas, quer elas mostrassem espinhos ou somente pétalas.

O lutador confere o endereço para Luis, era ali mesmo, tinham chegado, Guille olha para trás para garantir que Vincent estava os seguindo direitinho, e com a mão para fora do carro indica a entrada da Chácara para o carro de trás.

O toque e as palavras de Guille, não só acalmam a bailarina, como trazem à tona emoções mais intensas, deliciosamente inquietantes. O toreador magnetiza a atenção dela, que fica feliz em saber que, pelo menos aparentemente, ele estava ao lado dela, e de Thomas.
- É... eu vou avisar.

Retribui o sorriso de Luiz Filippi com ainda mais alegria, completando o comentário dele.
- Sim! Thomas é muito mais esperto do que aparenta. - ri, lembrando-se que o menino vampiro parara de respirar há mais tempo que ela. - mas não tem jeito. Não tem como eu não me preocupar com ele, eu gosto demais desse menininho.

Suspira, parecendo se perder em algumas reflexões, enquanto Filippi corrige seu comentário sobre os toreador.

Estava ligando para Thomas quando percebe que o brujah freou o carro. Gira os olhos ao redor com uma expressão de surpresa.
- Já chegamos?

O automóvel de Luiz parece parar à frente. Vincent se perguntava se ali seria a Capela Tremere ou se teriam que fazer o trajeto a pé. Vincent estaciona e ainda aguardava a resposta de Claudia. Ele sai do carro, não sem antes dar um maravilhoso sorriso à Natan e se dirige a porta de trás, abrindo-a para que a pequena Malkaviana desça.

A pequena meneia a cabeça diversas vezes. Parecia aquelas bonecas de porcelana que a qualquer tremor, por mais leve que fosse, movimentava sua cabeça de cima a baixo e da direita para a esquerda sem muito nexo. Vincent sentira que não tinha alguma coisa muito boa vindo da boca da lunática. Quando ela comenta que estavam sendo seguidos, Vincent olha em volta imediatamente.

-Fique dentro do carro mademoiselle Denbrought. Natan....fique com ela dentro do carro e fiquem atentos e tentem encontrar alguma coisa. Preciso avisar os outros.

O desespero toca Vincent de leve. Ele havia passado pelo incêndio no Elísio e ser atacado em campo aberto não parecia tão ou mais perigoso do que ocorrera na Ilha Fiscal. Ele viu o carro de Luiz Filippi adentrando a chácara, mas Vincent tem uma ideia.

Ele entra no carro em que dirigia, liga o automóvel e acende e desliga os faróis algumas vezes. Esperava que os três porquinhos entendessem que ele estava tentando dizer alguma coisa e que parassem antes de entrar na tal chara Tremere.

*Filippi dá uma breve risada dos comentários de Emilie, mas está prestando mais atenção na entrada da chácara. É então que vê o sinal de luz de Vincent e comenta, cauteloso*

- Tem alguma coisa errada... Melhor entrarmos logo. Se ficarmos parados aqui seremos alvo fácil de qualquer coisa.

*Pisca os faróis de volta para Vincent, fazendo um gesto que não sabe se ele irá ver para que não pare, que siga, e dirige na direção da entrada da chácara*


OFF: SEGUE NA CAPELA TREMERE

Ela parecia não ver os outros, estava imersa em seus próprios pensamentos, em suas próprias reflexões a respeito de quem quer que fosse que os estivesse seguindo. Se é que realmente estavam. Mas para a pequena lunática não havia dúvida. Algo os perseguia. Mesmo que os outros não fossem o alvo. Ela o era! Quando Vincent pediu para que ela ficasse dentro do carro assentiu com a cabeça, sem pronunciar nenhuma outra palavra.

Imagens se formavam em sua mente. Era fogo. Escuridão. E pior do que tudo. Alguns novos sons possuíam seus ouvidos. Seus pelos mortos se arrepiaram. E ela permanecia com o olhar atrás do carro. Não reparou no jogo de luzes. Só tinha pensamentos para o perigo.

O carro com os quatro Brujah seguia velozmente, já entrando na Zona Oeste, rumo à Capela Tremere. Com a pergunta retórica de Virgulino, Paolo finalmente retira os olhos das ruas e dando uma breve olhada no relógio, ele volta os olhos para a vista que se podia ter do para-brisas.

As palavras de Lampião tranquilizaram a Brujah, pelo menos alguém nesse carro compartilhava com o desgosto de mancumunar com Tremeres, e apesar de ela saber se safar muito bem em discuções políticas, ela também detestava o assunto, sabia que precisava disso para ser considerada algo a mais do que uma máquina de matar, mas sua Natureza gritava contra estas atividades...
Nada mais do que derrepente, a mulher tem uma nóia estranha, e começa a olhar alternadamente entre todos os espelhos do carro, como quem procurasse algo, até que no retrovisor do carro, ele o viu, o maldito homem que a perseguia, sem as asas angelicais de sempre, com o rosto coberto em trevas novamente, pelo espelho não havia mais ninguem sentado do seu lado no banco de trás do carro, apenas ele, inerte, como quem esperasse por uma oportunidade para atentar contra a sua integridade, seu semblante muda, visivelmente estressada e surpresa, seus olhos fixavam-se apenas no espelho retrovisor, a voz do homem que saia sem que sua boca se mechesse e ecoava como um grito em uma casa abandonada, dizia, sendo que apenas ela podia ouvir:

" - Mancumunar com feiticeiros, bruxos, talvez os mais vis entre a maldição do sangue de Caim, você nunca fez isso, mesmo em todo esse período de sua guerra infernal, está cada vez mais se entrelaçando nas correntes do inferno..."

Joanna sabia que não podia responder, mas seu íntimo sabia que estava fazendo algo terrível, e o sentimento era de desespero, mas ela se manteve, mas simplesmente não podia se mecher, apenas ficou fixa observando o espelho retrovisor do carro, como quem esperasse um ataque repentino daquela direção...

Nada comum o caminho que tomamos, pensei comigo mesmo.

Aguço meus sentidos para ficar mais alerta, e foco minha concentração no motorista, para ver os detalhes de sua aura. Não estou confortável com esse caminho, não me parece nada correto.

Pego o telefone e ligo mais uma vez para Eva Kramer.

* O Roedor de Ossos seguia seu percurso, conduzindo o veículo pelas ruas daquela região que agora já conhecia como a palma de sua mão. Já havia esfolado muito a sola de seu pé pelo asfalto daquela cidade em geral, mas aquela era uma região especial. Era a área destinada aos cuidados de sua matilha e tinha uma especial apreço pelo local. Pensando nisso, não soube se o sentimento era realmente de apreço ou se não passava de senso de dever.. sorri seu meio sorriso mais despreocupado, dialogando internamente com suas próprias perspectivas: *

" Senso de dever!? Carai mermão.. desde quando Roedor tem isso ae?! "

* Mas Roedor ou não, pelo menos agora dirigia carros ao invés de suar camelando pela cidade. Não era difícil enxergar que sua vida havia mudado muito nos últimos anos. E para melhor, concluía. Cortava as ruas da zona oeste com familiaridade e não demora até perceber que estavam próximos ao destino. Mayra seguia calada, talvez se concentrando no que estava por vir, ou talvez meramente evitando contato em demasia com o "babaca que fodeu a sua vida". De qualquer forma, Julian resolve romper o silêncio. Já estava dando nervoso passar tanto tempo calado, sem ter uma breja nem um baseado por perto.. precisava de distração. Puxa assunto: *

- To ligado que deve ser foda ter qui voltar aqui.. principalmente pra você.

* Deixa as palavras pairarem sobre eles por alguns instantes silenciosos. Deveria ter ligado o radio, pensou. Logo já era possível vislumbrar a fachada daquele hospital desgraçado que havia destroçado tantos Garous. Guia o veiculo até uma vaga próxima e estaciona sem maiores dificuldades.. roubar carros aperfeiçoava a capacidade de direção bem mais do que uma auto-escola. Puxa o freio de mão e desliga o carro assim que estaciona, retirando o cinto de segurança e retirando a chave do contato. Leva a mão à maçaneta da porta e para naquele instante. Desiste de abrir a porta apenas para olhar profundamente para Mayra, no banco do passageiro, e afirmar com algum grau de sinceridade estampado na fronte: *

- Se não quiser, cê num precisa entrar nessa porra..

* Observando a Fianna, apenas aguarda a resposta com a decisão que deixava a cargo dela. *

O carro popular que não chamaria nenhuma atenção desnecessária continha seguindo seu trajeto...

O toreador se dirige para a capela tremere.

Off: segue no post da Capela Tremere.

O carro dos Brujah chegavam à Zona Oeste, estavam se movendo em direção de onde Stevie tinha entrado na cidade, ele tinha feito o caminho inverso quando chegara, e imaginava onde no caminho que viera poderia uma Capela Tremere se esconder.

Stevie percebe que seus companheiros de Clã estavam absolutamente calados, eles não eram muito de falar, e Joanna estava definitivamente preocupada com alguma coisa, porém o Cainita estava intrigado com a cidade, e queria saber o máximo possível para entender o que estava acontecendo e como proceder em sua busca e na luta contra o Sabá na cidade.

Então continua intrigado perguntando, mostrava interesse muito grande e total atenção nas respostas de Lampião, e lançava olhares de lado para ver as reações de seus companheiros e se eles estavam interessados na discussão também.

Primógeno sem nem ao menos conhecer a cidade era um cargo irreal, além do que, Stevie nunca tinha tido um cargo na Camarilla, e não se achava pronto para oficialmente participar da pirâmide da Seita.

"- N'ao' pretendo ser primogen n'ao'. Uma pena por Jorgi, seria interessante um Prínce Brujah! Pessoalmente n'ao' tenho interesses em cargos, mas acho que nosso clan deveria assumir as investigaçOEs contra o Sabbath, dane-se os cargos, nós que vamos lutar e eles vAO observar anyway!"

Stevie demonstra um pouco da revolta Brujah de praxe, e não era uma simulação, eram suas palavras sinceras, era um sentimento que estava se desvanecendo com seus últimos estudos, com suas descobertas sobre Cartago, com a busca por sua grandsire, tudo aquilo desviara o foco do Guerreiro da rebeldia e do anarquismo, mas ele não esquecia suas causas, e iria lutar por elas, de um jeito ou de outro.

"- Também seria bom já que a Corte n'ao' está montada, que os malditos Ventrue e também os Tremere ficassem fora da liderança, eles já tiveram oportunidades demais em todo o mundo, e não conseguiram que as coisas funcionassem."

Os Tremere tinha sido uma colocação mais pautada pelos interesses demonstrados por seus companheiros, e principalmente pelo ódio de Joanna, que queria até mesmo esfaqueá-los ali naquela noite, Stevie mantém uma nota mental de prestar absoluta atenção na garota durante a reunião, para evitar que ela partisse para cima de algum Feiticeiro e causasse uma confusão maior do que poderiam resolver. Mas o ódio que o Brujah pronunciou a palavra Ventrue era muito mais profundo, enraizado de várias lutas contra o Clã, e um desprezo imenso por sua política padrão de ignorar a humanidade, e achar que eles eram deuses, Stevie sempre desconfiava que isso era algo muito próximo da filosofia do Sabá para aceitar o Clã como algo saudável à sociedade Cainita, principalmente como líderes, quando pronunciou 'Ventrue' ele segurou fortemente a moeda em seu bolso, quase deixando o formato dela encravado na palma de sua mão.

O carro entra em uma zona Rural da cidade e logo a Capela Tremere é avistada. Lampião confere o endereço no celular e fala:

'- Nós chegamu...'

E em resposta à Stevie diz:

'- Oxe homi, e vai sê quem? Os tan tan? Os Bambi? Os cara di ratu? Num tem opção bôa, só tem merda mesmu...'

Diz enquanto o carro entra.

OFF GAME: Já há um post para os jogadores no tópico da Capela Tremere.

A Fianna esteve calada durante todo o trajeto se concentrando. Só sai do seu transe pessoal quando se aproximavam do local e Julian estaciona o carro e sai do mesmo dizendo que ela não precisava entrar. Já estava ali, olhava de dentro do carro para a fachada do local amaldiçoado e depois de respirar fundo, sai do carro e diz para o Roedor:

- Eu já estou aqui, vou até o fim.

Após falar com Julian, a Fianna respira fundo e volta a olhar para o hospital, lembrando de todos aqueles que ela viu caírem para aquele local. Dessa vez seria sem baixas, ou pior. Mayra não ia aceitar ver mais ninguém morrer naquele lugar maldito.

A toreador chega até o parque e liga para Natanael Lacerda.

AMITYVILLE

3 MESES ANTES

A lua vermelha despontava no céu do Condado de Suffolk...
Contos de Adoração do Demonio afastavam os humanos do numero 112 da avenida Ocean, mas servia de imã aos mais inúmeros seres da noite, fossem eles mortais ou não...
Naquela noite de setembro, no entanto, apenas hum deles se tinha noticia nos subterraneos daquele lugar e ele sequer era visto.
Os escritos conseguidos pelo Nosferatu apontavam a existência de um artefato antigo naquele local, colocado ali por um antigo culto de adoração de Baphomet, mas que era pelo menos 500 anos mais antigo do que a criação da própria idéia de se mesclar um bode ao corpo de uma mulher, estando bem enterrado nas catacumbas.
O ar era pesado e falava por si só... Movimentos fugidios no canto do olho e o leve som de passos invisiveis competiam com  ofuscação do Cria da Noite.
Percebendo a desnecessidade de permanecer oculto Calebros desfaz a nevoa que o cobria apenas para descobrir que o caminho que o levava mais abaixo era tão escuro quanto a alma do proprio demonio.
Sacando sua lanterna o Nosferatu desce o caminho tateando este da forma que lhe foi indicada nos escritos... Sussurros e maldiçoes invisiveis lhe são lançadas... Mas não lhes dá atenção... Espiritos são assuntos de italianos e ele era grego.
Finalmente Calebros localiza o que viera procurar... atrás de uma ilusão de ótica, no encontro de duas sombras mais negras que a propria escuridão, uma alavanca e um estalido revelam um pequeno oratório... Um crânio demoníaco dominava o covil... Mas o prêmio estava atrás daquele simulacro de idolo... uma pequena ampulheta de uma areia tão vermelha quanto vitae e uma pequena inscrição que se repetia por toda delicada armação de osso ssanguinis reus
Para um estudioso descuidado entender-se-ia como uma menção ao próprio Caim... Talvez o fosse... Mas se Calebros estivesse correto essa descoberta era muito mais venal.... Mas mais estudos seriam necessários e o Nosferatu já sabia para aonde se dirigir...

RIO DE JANEIRO
DATA ATUAL

A noite já era alta quando o carro que o Nosferatu alugara sob o psedonimo de Jhon Doe cruzara a Avenida Brasil levando-o a Zona Oeste daquele que tinha sido por muito tempo um reduto do Sabah.
O GPS o guiava gentilmente por aquelas ruas, mesmo que não precisasse do mesmo... A memória fotográfica do Nosferatu apontava milagrosamente os caminhos que havia estudado antes para chegar ao local que marcara com seu contato no Rio de Janeiro.
No banco de trás um dossie descansava dentro de uma pasta de papel acartonado...
Nas ruas o faro do Nosferatu apontava muito bem os párias daquela sociedade... Pequenos traficantes e usuários se mesclavam com as prostitutas e os travestis... O jantar era farto por ali.. Talvez mais tarde...
Verificando que chegara ao local marcado o Cria da Noite estaciona e sem qualquer cuidado, ao menos visivel, saca um maço de cigarros de fumo escuro e seu estimado zippo comemorativo da queda da bastilha... A como adorara assistir a decaptação de reis...
Acende um os cigarros, lembrando que seus unicos outros 19 amigos estavam naquele pacote... Olhou seu relógio e aguardou

Quando Dimas ia responder ao comentário de Cabelinho, ele já volta ao normal. Sem falar mais nada, os dois seguem por uma rua e descem na primeira estação de metrô que daria acesso a Vargem Grande.

Paulo segue Dimas para a estação do metrô. Em breve estariam em Vargem Grande.